TRÊS ANOS DEPOIS...

Sabe, eu ainda não me acostumara com a vida que ganhei. Já estava cursando o ensino médio, junto com Haven e Kurt que estavam mais unidos comigo do que nunca (Josh havia se mudado, deixando Marianna sozinha e desamparada); Iago já havia saido do colégio e agora estava no primeiro ano de faculdade (que ficava na mesma cidade), cursando arquitetura. Agora, eu chamava o sr. e a sra. Johnson de "sogrinho (a)" ou simplesmente tio (a). Tinha feito amizade com América (minha cunhadinha/meia-irmã), ela agora estava trabalhando e finalmente havia ficado mais civilizada.

Minha vida era bem corrida: eu ia para o colégio e tentava prestar mais atenção, depois ia ao cemitério visitar o túmulo dos meus pais, e em seguida eu ia ao orfanato visitar Meredith. Minha caçulinha parecia ser a única que ainda não se acostumara com a morte de mamãe, pois sempre que me via chegando parecia olhar para a porta e esperar que entre uma mulher sorridente, de cabelos pretos e olhos esverdeados, com um presente interessante. Ela agora tinha treze anos, e parecia mais adulta, se dava melhor com os garotos e percebi que ela já havia beijado, pois não parava de falar em um tal de Frederico.

Além de tudo isso, eu parara de beber, fumar ou ir em casa noturna junto com meus amigos. Eu estava me dedicando ainda mais aos estudos, pois eu esperava entrar em uma faculdade boa e cursar moda, que sempre foi meu sonho. E que Iago aprovava.

Sim, nossa relação andava bastante apimentada nesses tempos para cá, era como se fôssemos casados. Nos viamos todos os dias na mesma casa, tomávamos café, almoçávamos e jantávamos juntos nas maioria das vezes. Depois nos depediámos e cada um seguia seu canto, o meu: colegial, o dele: faculdade.

Eu via muito pouco minha irmã mais velha que havia casado com Jensen e estava no terceiro ano da faculdade de direito, já com vinte anos. Ela parecia bem feliz, e aceitava bastante a morte da mamãe.

Hoje seria mais um dia pacato, só que um sabádo. Resolvi com Iago que tinhamos de visitar Meredith no hospital e lhe dar algum presente, já que logo chegaria seu aniversário. Ele concordou e abriu um sorriso imenso, me deixando toda derretida. Como sempre.

Coloquei um vestido alaranjada e uma sapátilha (sim, eu mudara bastante meu visual. Não aguentava ver xadrez perto de mim). Esperei Iago pegar a chave de seu carro e seguimos direto para o centro.

Eu queria dar algo bem interessante à minha irmã, algo que fizesse ela pensar o quanto é bom aproveitar a vida enquanto jovem. Paramos em frente à uma loja de almofadas e eu entrei junto com Iago na cola.

▬ Olá. ▬ disse uma moça sorridente

Cumprimentei-a e depois segui para "almofada com frases", enquanto Iago me esperava na porta. Peguei a primeira em que achei, onde haviam três ursinhos sorridentes, segurando uma coração (a almofada) e nela, havia escrito: Para sempre, irmãs.

Concerteza, seria essa que eu compraria e eu logo fui para o caixa. Iago pagou e depois saimos da loja.

Colocamos o presente embrulhado dentro do carro e resolvemos passear. Compramos dois sorvetes (um de chocolate para mim e outro de creme para o Iago), e depois fomos até a praça, onde costumávamos ficar quando eramos mais novos.

Depois que terminei meu sorvete e sentia Iago acariciar meu rosto, tirei a minha fitia do reggae e lhe dei.

Coloquei em sua mão, e o mandei olhar dentro da folinha de maconha, onde estava escrito: Para sempre sua, Rose Johnson.

Ele me beijou e depois sua boca encontrou a minha, e elas começaram a fazer movimentos leves e lentes. Me deixando um pouquinho editada demais. Até que fomos interrompidos, e quando eu olhei para cima, havia uma arma em direção ao rosto de meu namorado.

▬ O que você quer? ▬ perguntei, mesmo sabendo muito bem o que era

▬ Passa o dinheiro.

▬ Estou sem nada.

O que era verdade, havíamos deixado a carteira no carro, já que só iríamos tomar sorvete e logo estaríamos voltando.

E logo a mente tomou conta do meu corpo. Eu olhava para o cara armada e via o grandalhão que matara minha mãe, e essa certamente não mataria meu namorado. A pessoa que eu tanto amara, a pessoa por quem eu tanto sofria, isso não ia acontecer.

E quando ele soltou a bala, pulei na frente (de um jeito bem heróico) e senti  meu corpo latejar, doer e finalmente cair no chão. Até tudo fica preto e eu senti pela segunda vez: eu havia morrido. Novamente.

~.~.~

Olhei para meu corpo caído na praça, e pessoas ao redor dele. Iago estava segurando minha cabeça e o bandido havia ido embora, ele certamente não iria querer confusão.

E eu me vi em outro lugar, estava novamente naquela floresta coberta de névoa e com um sol bem forte, mas que certamente não faria minha alma "suar". Olhei para os dois portões em minha frente, os "tais" famosos portões e fui direto para o de ouro com na primeira vez.

Olhei para a placa dourada e procurei meu nome: Rose Hatheway Monroe, dia 28/10. Só que nesse havia um risco, porque eu voltara à Terra, então procurei o outro e fiquei feliz em vê-lo: Rose Hatheway Johnson, dia 14/11.

E então, como havia feito antes, coloquei meus pés na linda estrada de terra brilhante e um figura acima de mim apareceu. Ela não era como a outra, essa brilhava em dourado e era mais cintilante.

▬ Seja bem vinda. ▬ disse com sua voz de sinos e então, me mostrou o caminho para o céu

"Sabe, eu nunca achei que a morte seria assim, tão... monótona. Mas acho que quando você morre por alguém que ama, é perdoada. Como eu fui"...