Liz saiu da cozinha ainda com as pernas bambas. Ainda podia escutar a voz de Damon, que se juntara a Rose na sala. Ele soava tão calmo, que parecia que eles estavam fazendo bolinhos. E não que tinham se atracado no meio da cozinha!

“Elisabeth Marie Fell!” Quase podia ouvir o tom de voz da mãe, recriminando-a, enquanto subia lentamente as escadas. Caminhou até o quarto de Damon para pegar suas coisas. Sorte sua que já deixara tudo arrumado. Pôs a mochila nas costas, pegou o livro de feitiços de Emily e tentou não pensar mais no que havia acontecido.

Ao descer novamente, Liz viu Damon parado junto ao corrimão. Ela não teve coragem de encará-lo. Decidiu ser apenas educada.

“Cadê a Rose?” Liz perguntou olhando em volta.

“Ela tá tomando banho. Você não ouviu o chuveiro?” ele apontou pra primeira porta do andar de cima.

“E você tá esperando aí, porque?” ela fez menção de passar, mas ele lhe bloqueou a passagem. “Damon, sai da frente.”

“Tá com pressa, princesa? Dez minutos atrás, podia jurar que você tinha perdido a noção do tempo.”

“E o velho Damon está de volta! Salve-se quem puder!” ela respondeu com ironia. Ele apenas deu de ombros.

“Você pode negar à vontade. Você pode até tentar esquecer. Mas você sabe tanto quanto eu que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde.” Ele a encarou e fez aquela coisa sexy com os olhos que ela não resistia. “Você bem que gostou de se aproveitar do meu corpinho!”

“Eu não tenho que ficar aqui ouvindo isso!” marchando, ela foi para o jardim. Sem nenhuma surpresa, ele a seguiu. Segurou-a pelo braço e a fez virar pra ele.

“O que aconteceu Elisabeth? Eu tenho o direito de saber!”

“Eu é que pergunto, Damon. O que aconteceu? Na última vez que nos vimos, você mal conseguia lembrar o meu nome.”

“Isso não é verdade e você sabe!” ele se irritou.

“Eu sei? O que eu sei é que você não deu a mínima pra mim, pro nosso compromisso, pros meus sentimentos... pelo contrário, foi se agarrar com a primeira piranha que apareceu!” ela respirou fundo e continuou. “E então, Damon, qual é a verdade? Você cansou da sua obsessão pela Katherine, de ser rejeitado pela namorada do seu irmão, e veio se consolar comigo? Achei que a Rose já estava fazendo isso por você!”

Por um segundo, ela pensou que ele a agrediria. Que lhe jogaria contra a parede e lhe arrancaria a cabeça. Mas ele simplesmente fechou os olhos e deu um passo pra trás.

“Eu só queria te entregar isso.” E estendeu pra ela uma bolsa de sangue de seus suprimentos. “Você disse que estava com fome.”

“Damon, eu...” ela gaguejou. Se sentia péssima.

“Se quiser mais, é só pedir.” Ele lhe entregou a bolsa e voltou-se para a casa. Parou a meio metro da porta e falou sem se virar. “Eu sinto muito”

“Pelo que?” Liz realmente não entendia. Ela era quem devia estar se desculpando.

“Por tudo. Pelos seus sentimentos, seu futuro, sua família, seus sonhos.” Ele virou-se levemente. “Só não pelo beijo.” E entrou.

Ela estava arrasada. Tomou o sangue que ele lhe dera e passou o resto do dia no jardim, lendo e relendo o diário de Emily. Agora sabia exatamente o que precisaria fazer para pegar a pedra e quebrar a maldição.

Por volta das quatro horas, todos se reuniram novamente na mansão Salvatore. Exceto que Tyler agora também se juntara a eles. Liz foi a última a se unir ao grupo. Stefan precisou ir chamá-la, para que ela despertasse dos devaneios.

Eles formavam uma equipe realmente improvável. Era por isso que Liz achava que eles conseguiriam. Resolveu, então, tomar a iniciativa e dar inicio aos trabalhos daquele dia.

“Que bom que você decidiu nos ajudar Tyler. Obrigada. Meu nome é Elisabeth. Acho que Caroline e Stefan já o deixaram a par de tudo” Ela lhe deu um sorriso amistoso. Ele lhe sorriu de volta, assentindo, e ela pôde jurar que viu Damon franzir a testa.

“Agora vamos pras coisas importantes. Tyler está aqui, os humanos conseguiram todas as ervas que eu pedi e Rose...”

“Eu consegui o elixir!” ela interrompeu, gabando-se.

Liz revirou os olhos. “Enfim, uma vez que conseguimos tudo, agora só falta um pequeno detalhe.”

“A pedra da lua” Stefan completou. “Mas como nós vamos consegui-la se ela está com a Katherine dentro da tumba?”

“Eu vou tirá-la de lá. Com uma pequena ajuda das nossas queridas bruxas Bennett, Bonnie e Emily” ela ergueu o diário ao citar o último nome.

“E como você vai fazer isso?” Elena questionou.

“Eu e a Bonnie vamos romper o feitiço da tumba por um tempo, eu vou entrar lá, pegar a pedra e sair.”

“E a Katherine não vai conseguir sair também?” Caroline preocupou-se.

“Não se a Bonnie conseguir segurar o feitiço por tempo suficiente.”

“Eu não sei se eu consigo” a jovem bruxa parecia nervosa. “E se eu não conseguir? Você vai ficar presa lá dentro. Ou pior, morta aqui fora.”

“Não vamos pensar nisso agora, Bonnie. Eu confio em você e sei que você pode fazer. Eu vou ajudar, mas não poderei usar meus poderes enquanto estiver dentro da tumba.”

“E porque não?” Jeremy quis saber.

“Emily” Liz suspirou. “Parte do feitiço que ela colocou na tumba é que nenhuma magia pode ser realizada ali dentro. É por isso que, a partir do momento que eu entrar, a Bonnie vai ter trabalhar sozinha.”

“E por que um de nós não entra na tumba e você fica do lado de fora ajudando a Bonnie?” Damon finalmente se pronunciou.

“Porque seria um risco desnecessário.” Liz olhou para o rosto apreensivo de cada um deles e tentou sorrir. “Não se preocupem, pessoal. Hoje a noite, nós já teremos a pedra.”

Liz pôs-se de pé, colocou a mochila no ombro e falou diretamente com Bonnie. “Vamos?”

“Agora?”

“Nós não podemos perder tempo.”

“Você não está querendo dizer que você duas vão sozinhas nessa missão suicida?” Damon quase gritou, furioso. Será que ela era tão idiota assim?

“E o que você sugere, Einstein?”

“Simples” ele também levantou da poltrona. “Eu vou com vocês!”