Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 41
Torre de Astronomia




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Eu sabia que era questão de dias até os Comensais entrarem em Hogwarts, e não importava quantas vezes eu perguntasse para Draco quando iria acontecer, ele sempre me respondia “logo”, como se isso bastasse.

Eu precisava saber, precisava avisar Dumbledore, avisar meus amigos e protegê-los, mas eu estava começando a acreditar que nem o próprio Malfoy soubesse quando eles iam chegar. Aquilo estava me enlouquecendo. Eu não conseguia dormir direito porque achava constantemente que alguém ia entrar no dormitório e me matar enquanto eu dormia.

Draco também estava mais paranóico que o normal e eu tentava o acalmar, mas nada adiantava. Quando finalmente tive tempo de falar com as meninas, Cece logo me cobrou:

- Você não levou o seu namorado secreto para o almoço!

Dei de ombros, se ela ao menos soubesse tudo o que eu estava passando.

- Eu esqueci. – menti.

Ela estreitou os olhos e apenas bufou, provavelmente estava cansada de tentar entender o meu comportamento estranho naquele ano.

- Você parece agitada, está acontecendo alguma coisa? – Jesse perguntou e eu neguei com a cabeça. Não estava acontecendo nada e era isso que me enlouquecia, eu não sabia quando os Comensais iam aparecer e começar o ataque.

Talvez eu devesse avisar Dumbledore que seria logo, mas simplesmente não iria adiantar e ele provavelmente já sabia. Desconfiei de que quem entrou na minha mente naquele dia tinha sido o professor Snape, porque nada tinha acontecido. Acho que ele estava checando se Draco estava fazendo tudo certo.

Eu não sabia se Snape estava de fato do nosso lado ou se estava ajudando Dumbledore, mas eu precisava confiar nele para não deixar Draco matar o diretor. Era essa a prioridade. Quer dizer, a princípio o ideal seria ninguém matá-lo, mas eu achava que ele teria que morrer... Eu não sabia porque me sentia assim, mas simplesmente sabia que se Draco não o matasse, alguém o faria.

E seria minha culpa. Porque eu ajudei Malfoy a trazer os Comensais para dentro de Hogwarts, eu consertei o armário idiota...

Engoli um seco. Seria a qualquer momento.

- Liz? – Su me chamou para a realidade e eu fitei seus olhos claros. – Você tem certeza que está bem? Sua cabeça está doendo?

Sua pergunta era cheia de segundas intenções, ela queria saber se eu tinha me lembrado de mais alguma coisa sobre os Lestrange. Tudo que Suzanna achou na biblioteca sobre Borgin & Burkes não acrescentou nada para eu descobrir mais sobre o meu passado. Em todos os livros dizia a mesma coisa que ela mesma já sabia, Rabastan não estava em nenhum relato, nenhuma de nós sabia porque ele estava no comando da loja.

- Eu estou bem. – respondi. Tinha tantas coisas para pensar sobre meu passado, mas precisava me concentrar em Draco e sua missão homicida.

Eu sai da sala comunal e fui andar para tentar não pensar muito naquilo. Estava me perdendo nas escadas quando Barão Sangrento apareceu para me fazer companhia.

- Algum dia você vai se meter em sérias encrencas por andar por Hogwarts assim. – ele me alertou e eu dei de ombros.

- Já tive encrencas para a vida toda nesse ano. – respondi indiferente.

- Escuta... Dumbledore não vai estar em Hogwarts hoje a noite, acho que é hoje que... Você sabe. – Barão disse e eu arregalei os olhos, virando-me imediatamente para fitá-lo admirada. Sabia o quanto ele estava se arriscando ao me contar aquilo. – É bom você avisar os seus amigos.

- Muito obrigada! – agradeci freneticamente e corri de volta para as masmorras, precisava pedir para que Jesse, Su e Cece ficassem por lá e não saissem de jeito nenhum para ver o que estaria acontecendo. Porque eu sabia o que estaria acontecendo. E era uma guerra.

Eu corri como nunca corri na vida, pegando atalhos que aprendi ao longo dos meus anos me perdendo pelo castelo. Então, bati de frente com alguma coisa... Não, alguém. E cai para trás, dolorida.

- Olha por onde anda! – exclamei, antes de olhar em quem eu esbarrei.

- Você sabe com que está falando?! Você que...

- Draco! – gritei, ao reconhecer sua voz. Ele se levantou e me deu a mão ao me reconhecer.

- Eu estava te procurando. – ele falou e eu vi em seu olhar que ele sabia. Ele sabia que seria agora, que os Comensais estavam a caminho. Estremeci.

Arrumei a minha saia e tirei o pó do meu suéter, enquanto pensava em algo para dizer. Eu tinha pensando tanto no momento em que eles entrariam em Hogwarts, mas nunca parei para pensar no que eu iria fazer. Eu não podia simplesmente me fazer presente e ir falar com Rabastan. Será que Voldemort estaria entre eles? Será que ele me acharia e me mataria logo para não ter que pensar em mim mais tarde?

Engoli um seco, pela primeira vez, eu estava com medo de verdade. Eu estava completamente apavorada.

- O que foi? – perguntei e ouvi minha voz afetada.

- É agora. – ele disse simplesmente e eu senti um arrepio. O que iríamos fazer? O que eu podia fazer agora? Era tarde demais.

Mas os olhos cinzentos de Draco estavam mais apavorados do que os meus, ele estava suando e inquieto. Eu simplesmente não podia deixá-lo. Eu já tinha ido tão longe por ele, não podia parar, não podia deixá-lo sozinho e ir me defender. Ele morreria, eu não iria suportar se ele morresse.

- Vamos, então. – falei, relutante. As meninas e Jesse iam ter que esperar, eles eram da Sonserina, não iriam ser atacados se não atacassem e eles não eram tão burros assim. Eu sabia que tinha uma resistência em Hogwarts, que Dumbledore tinha tomado providências e colocado aurores na escola naquele ano, mas eles não seriam o suficiente para proteger todos. Não para um ataque surpresa.

Chegamos a Sala Precisa tempo o bastante para vermos o armário em ação, várias pessoas começaram a sair por ele e, antes que me vissem, Draco me empurrou para um lugar escuro da Sala.

Eu não reconhecia ninguém, mas suas aparências pareciam malignas. Quer dizer, eles estavam trabalhando para Voldemort, como não poderiam ser do mal? Tentei ao máximo saber quem eram os Lestrange, mas tudo aconteceu tão rápido, não consegui ver o rosto de ninguém direito, ainda mais no escuro e de trás de todas as pilhas de tralhas onde Draco tinha me jogado.

Ouvi muitas vozes e berros entusiasmados, algumas congrutalações para Draco e então, silêncio. Fiquei estática, não queria me mover e encarar a realidade. Não queria morrer e não queria matar ninguém.

A minha coragem de antes, a que eu clamava que me sacrificaria por Draco e que mataria Dumbledore por ele se fosse necessário, estava comigo escondida. Eu me senti inútil. Dei um longo suspiro.

- Lizzie, vamos! – Draco me puxou pelo braço e eu nem tive tempo para reagir. Eu não podia sair dali, os Comensais iriam me matar, todos iriam me matar.

- Espera! – pedi, suplicante.

- Não se preocupe, os Comensais estão segurando os aurores, tenho que ir até a Torre de Astronomia. – ele disse, exaltado. Eu estava apavorada, como ele não estava surtando? Ele realmente estava bem com tudo aquilo?

- Torre de Astronomia? – perguntei.

Agora já estávamos correndo, eu tentava ignorar os flashs de luz que exalavam das varinhas ao meu lado. A maioria era verde, a cor da Maldição Imperdoável mortal, a cor fria da morte. A cor da Sonserina.

O embaçado no meu olho agora me impedia de ver mesmo se eu quisesse, estava tentando não chorar, mas a culpa batia mais forte. Eu tinha causado aquilo. Meus amigos podiam estar ali lutando e era culpa minha.

- Onde Dumbledore vai estar.

Não perguntei como ele sabia disso, provavelmente algum Comensal tinha o informado. Subindo as escadas do castelo, eu nunca me senti tão pecadora na vida até olhar para a aparição no céu da noite.

A Marca Negra.

A marca dele.

Parei de correr. Não pude andar, simplesmente não consegui dar nem mais um passo. Aquilo estava errado. Eu não queria matar ninguém, eu não queria machucar ninguém, eu não queria ninguém ligado àquela marca na minha escola.

- Liz, temos que correr! – Draco me dizia, mas eu não ouvia mais. O que raios ele estava fazendo? Tudo para salvar a honra da sua família? Tudo para impressionar um bando de sangue-puros arrogantes? Não, aquilo estava errado.

Mesmo assim, voltei a correr. Me deixei ser levada por ele até a torre mais alta de Hogwarts, onde a Marca Negra pairava no céu. Logicamente, eu não entendi porque estava fazendo aquilo, mas o amor é realmente inexplicável. Eu olhava nos olhos aflitos de Draco e não podia deixá-los sozinhos.

Não podia deixá-lo cometer aquele crime, ele nunca se recuperaria. Eu precisava ir com ele para impedí-lo. Aquela sempre fora minha missão. Barão me falou, até Dumbledore me avisou... Eu finalmente iria cumprir o que eu tinha prometido.

Finalmente chegamos e eu percebi que tinha segurado todo o meu ar até então. Expirei e fitei seus olhos, em desespero. Tinha tantas coisas a dizer, mas nada saiu da minha boca, então eu simplesmente o beijei.

- Fica aqui, se alguma coisa der errado, corre. – ele disse, mas eu não acreditei. Eu não podia aceitar que algo desse errado.

- E você? – perguntei pateticamente.

- Não se preocupe comigo, Miller! Eu sei o que estou fazendo! – ele exclamou, parecendo confiante. Mas eu sabia, eu sabia que no fundo de seus olhos ele não estava pronto para aquilo. Nem um pouco.

Suspirei, eu o impediria. Se ele fosse longe demais, eu o impediria. Apenas acenei com a cabeça e o deixei entrar. Ele arrombou a porta com força e entrou, exclamando com destreza:

- Expelliarmus!

Imediatamente, fiz um feitiço para ouvir através das paredes e me posicionei estrageticamente entre as escadas e a porta escancarada.

- Boa noite, Draco. – ouvi o diretor falar calmamente. Ótimo, mesmo a beira da morte, ele parecia calmo.

- Quem mais está aqui? – Draco perguntou, provavelmente referindo-se à alguma coisa que viu ao entrar.

- Uma pergunta que eu poderia fazer a você. Ou está agindo sozinho? – o outro retrucou e eu estremeci de novo. Se Dumbledore descobrisse que eu falhei em minha missão, provavelmente seria expulsa de Hogwarts, mas se eu realmente ajudasse Draco, também seria expulsa.

A realidade era que eu já estava condenada a não voltar para a escola desde que concordei em ajudar Draco a consertar aquele armário idiota.

- Não. – Draco respondeu. – Tenho apoio. Há Comensais da Morte em sua escola esta noite.

- Bom, bom. De fato muito bom. – Dumbledore disse, como se tivesse dando parabéns para Malfoy por ter feito um bom trabalho. Ele realmente não estava com algum pingo de medo? – Você encontrou um meio de trazê-los para dentro, foi?

- Foi. Bem debaixo do seu nariz, e o senhor nem percebeu! – ele retrucou prepotente. Era engraçado como Draco queria se vangloriar para o diretor, apesar de tudo. Ele ainda o chamava de “senhor” e estava praticamente exibindo seu feito para que o outro sentisse orgulho.

- Engenhoso. Contudo, me perdoe... Onde estão eles? Você parece indefeso.

Dumbledore não parecia surpreso, eu percebi que ele simplesmente sabia de tudo. Ele sabia que eu estava lá, sabia que Draco não seria capaz de matá-lo e sabia que os Comensais iriam aparecer a qualquer momento. Era tão brilhante que chegava a ser assustador.

Dei um longo suspiro de alívio, ele não morreria afinal. Daria um jeito de sair daquela, já que Voldemort não estava no castelo naquela noite e o Lorde das Trevas era realmente o único que tinha alguma chance contra o diretor.

- Eles encontraram uma parte de sua guarda. Estão lutando lá embaixo. Não vão demorar... Eu vim na frente. Tenho... Tenho uma tarefa a fazer. – Draco respondeu. Ele estava hesitando, eu sabia. Se ele quisesse mesmo matá-lo, já teria feito. Talvez tivesse me preocupado à toa.

- Bem, então, não deve se deter, faça-a, meu caro rapaz.

Houve um silêncio e por um instante, achei que meu feitiço tinha falhado. Mas prestei atenção e consegui ouvir a respiração ofegante de Draco, ele estava hesitando. Eu queria gritar de felicidade, correr e abraçá-lo. Dizer que sabia que ele nunca faria aquilo, mas me pareceu cedo demais.

- Draco, Draco, você não é um assassino. – Dumbledore disse por fim. Ele era astuto. Não sabia dizer se estava protelando para que os Comensais chegassem ou se estava tentando se livrar de Draco de alguma forma.

- Como é que o senhor sabe? – o outro replicou de forma inocente, me fazendo sorrir. – O senhor não sabe do que eu sou capaz, o senhor não sabe o que eu fiz! – ele completou, agora com mais firmeza.

Draco parecia uma criança carente por atenção. Ele queria ser reconhecido, queria mostrar-se importante. Estava tão concentrada em analisar a situação de dentro da Torre, que não percebi alguém chegando por trás.

Alguém tinha me pegado pela barriga e coberto minha boca com mãos imundas, me impedindo de gritar. Depois de me arrastar por pelo menos um lance de escada, eu consegui me desvenciliar da mão e gritei o mais alto que pude, imaginando se Draco conseguia me ouvir.


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Notas finais do capítulo

Oooie, cap novo pra vocês ♥
Todas as falas entre Dumb e Draco existem no livro e todos os créditos vão para a nossa querida JK ♥

Gostaram? (:

Beijocas ;*



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