Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 40
Sucesso




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Eu desviei meu olhar e provavelmente estava vermelha de vergonha, não queria encarar o olhar indiferente dele depois de me declarar tão pateticamente assim. Eu quase conseguia sentir a minha face queimar-se de tanto constrangimento.

Admito, fui covarde. Eu não olhei em seus olhos acinzentados antes de sair da ala hospitalar quase correndo. Não olhei para trás, apenas continuei andando rápido com a cabeça baixa, esperando que ninguém fitasse minha face corada.

Me vi dentro da Sala Precisa, onde sabia que ninguém podia me achar e simplesmente me encolhi no chão e fiquei me perguntando porque tinha me mostrado tão vulnerável. Eu era tão burra às vezes, por que deixava os meus impulsos me controlarem?

Eu fiquei olhando para o armário, eu sabia como consertá-lo, alguma coisa dentro de mim simplesmente sabia como fazê-lo funcionar. Eu não sabia exatamente o que, só sabia que existia. Talvez as memórias sobre artefatos mágicos das trevas fossem as que Dumbledore se esforçou mais para apagar, por isso era tão difícil alcançá-las.

Eu sabia que se ficasse ali por muito mais tempo, seria pega nos corredores à noite, então voltei para o Salão Comunal e fui dormir. Eu tive um pesadelo que mostrava Draco morrendo pelas mãos de Voldemort, prefiro não comentar.

Olhei para Cece na cama do lado e me lembrei da minha promessa do dia anterior. Esqueci completamente que teria que falar com Peter para que ele fingisse ser meu namorado. Eu sabia que ele pensaria que eu estaria com segundas intenções, mas eu tinha preocupações mais importantes.

Simplesmente teria que falar a verdade para ele, mesmo que achasse que eu estava fazendo joguinhos idiotas, ele teria que acreditar em mim.

Me levantei mais cedo, ainda afetada por tudo o que tinha acontecido e ainda mais pelas imagens tão vívidas do meu pesadelo. Andei como um zumbi, me perdendo pelos milhares corredores da escola, observando os quadros se mexendo e tentando não acordar os que ainda estavam adormecidos.

Eu gostava de Hogwarts e eu sentia falta dos dias que eu via tudo aquilo com surpresa e como se fosse uma novidade. Queria entrar ali pela primeira vez de novo e redescobrir a magia de novo.

Agora, com parte da minha memória de volta, eu sabia que minha infância trouxa era uma mentira, mas eu ainda me deslumbrava com tudo. Não acreditava que cheguei a acreditar que a minha vida bruxa era tediosa.

Fui para a biblioteca, sabendo que encontraria Peter lá, ele era tão esforçado, era inacreditável. Eu não sabia o que ele queria fazer depois de se formar, mas tinha certeza que conseguiria.

- E ai, nerd? – falei, sentando-me a sua frente, assim que o localizei. Ele tinha dezenas de livros abertos e metros de pergaminhos espalhados pela mesa, seus olhos claros estavam cansados atrás de óculos que eu nunca tinha visto e seu cabelo estava extremamente bagunçado. Vi uma xícara de alguma coisa em um dos cantos da mesa e sorri, ele nunca me pareceu tão incrivelmente bonito. Suspirei, por que as coisas tinham que ser tão dificeis? Seria tão mais fácil se eu amasse ele e não Draco...

- Estou ocupado, sonserina, o que você quer? – ele me perguntou, sem erguer o olhar – Eu não tenho outro passe proibido pra você.

- Não é isso. – respondi. – É uma coisa idiota, na verdade...

Comecei a rir de forma nervosa, como aquelas garotinhas que querem flertar e não conseguem. Lógico que comigo isso não ia funcionar. Peter tirou os óculos, apertou seus olhos e levantou o olhar. Meu coração acelerou, o azul penetrou na minha alma e eu percebi que não conseguiria mentir nem se quisesse.

- Fala Liz, faço tudo pela minha víbora favorita. – ele murmurou e eu revirei os olhos.

- Bem... É... – gaguejei, como eu pediria aquilo sem parecer que estava apaixonada por aquele azul celeste e aquele charme?

Então uma garota extremamente bonita sentou-se ao lado dele e jogou mais alguns livros em cima da mesa. Ela tinha cabelos negros compridos, extremamente lisos que caiam no seu rosto de uma forma sensual como os meus nunca cairiam. Seus olhos eram negros também, mas não de uma forma tediosa, eram extremamente vorazes e energéticos.

Parei de falar, não podia competir com aquela beleza simples, mas sensual.

- Oi, você veio estudar com a gente? – ela perguntou, me dando um sorriso. Aquilo era injusto, ela não devia ser simpática.

- Essa é a Lisa. – Peter falou, me encarando de forma indiferente. Ótimo, era só eu ter o rejeitado que ele já tinha arranjado outra pra me substituir. Não que eu me importasse, eu estava com Draco, mas me senti completamente descartável.

- Oi, eu sou Elizabeth. – respondi em um murmúrio emburrado. Eu não tinha nenhum direito de estar com ciúmes, mas o que eu podia fazer? Acenar e soltar arco-íris pela boca?

Lisa esbanjava sorrisos e eu só conseguia ficar encarando-a em puro choque. Por um momento me esqueci o que fui fazer lá, mas a energia dela me lembrou a de Cece e a minha promessa passou pela minha mente. Claro, eu tinha falado que Peter era meu namorado e que o levaria para almoçar conosco.

Como mesmo eu iria falar isso pra ele na frente de sua nova piri... Namorada?

- Liz, o que você ia dizer? – ele perguntou, enquanto a menina abria alguns livros e lia com toda a sua graça.

- Hm... Nada. Queria perguntar se você podia me ajudar com algumas lições, mas tudo bem, eu me viro. Você obviamente já tem muito pra fazer.

Sim, eu amarelei. Mas eu simplesmente não podia me fazer de idiota na frente da minha competição... Quer dizer, na frente de alguém que eu não conhecia.

Vi Peter estreitar o olhar, como se dizesse “certo, agora fala a verdade”, mas eu simplesmente me levantei. Meu orgulho era maior do que meus pensamentos racionais que diziam que aquilo seria bem mais fácil do encarar Cece mais tarde.

- É... Até mais tarde. – consegui dizer, antes que ele me impedisse. Sai da biblioteca e suspirei. Por que raios eu tinha me sentido daquele jeito? Eu amava Draco e sabia disso. Eu não queria nada com Peter, mas por alguma razão vê-lo com outra pessoa me fazia me sentir trocada.

Desde quando eu era tão possessiva?

Talvez eu sempre fora e nunca soubesse porque nunca tive amigos que gostassem de mim....

Fui para as minhas aulas e evitei falar com Cece, Jesse e Su. Não porque eu sabia que teria que inventar uma desculpa depois, mas simplesmente porque estava me sentindo péssima. Eu fui covarde duas vezes e me humilhei para Draco por nenhuma razão aparente.

Entrei na Sala Precisa e encarei o armário, era tudo culpa daquele móvel idiota. Dei um soco na madeira que com certeza doeu mais em mim do que no objeto.

Então, eu sucumbi. Comecei a berrar e chorar, eu nunca fui de descarregar assim, mas de repente me pareceu a coisa mais certa a fazer. Tudo estava dando errado, eu iria causar uma guerra em Hogwarts, Dumbledore provavelmente iria morrer e eu não estava fazendo absolutamente nada para impedir. Eu estava com Draco, mas sabia que não iriamos durar... Pela primeira vez eu percebi. Não tinha um cenário no qual aquilo daria certo.

Quer dizer, se ele não matasse Dumbledore, ele iria embora e não iria voltar para Hogwarts de qualquer jeito. O que eu iria fazer, virar uma Comensal da Morte e me dar de bandeja para Voldemort?

Minhas lágrimas molhavam meu rosto e não paravam de cair. Eu tinha estragado tudo. Minha vida era uma mentira e eu não podia mudar nada, não importava o quanto eu tentasse.

Então, eu senti uma mão nas minhas costas e me virei em um susto. Era Draco. O meu impulso era abraçá-lo por estar bem, mas meus olhos estavam marejados e eu provavelmente estava com o rosto inchado e mais feia do que o normal, então virei o rosto.

- O que houve? – ele perguntou. Parecia irritado com a alguma coisa, mas eu não iria ficar para ouvir a sua explicação.

- Nada. – murmurei com a voz fraca e me levantei, enxugando o meu rosto com a manga do meu suéter.

Eu me virei e dei alguns passos para sair de lá, mas o aperto no meu braço me impediu. Parei, eu não aguentaria qualquer coisa que ele fosse me falar. Me repreender ou qualquer outra coisa. Eu iria voltar a chorar, iria cair de novo. Precisava ser forte.

- Espera. - ele pediu com seu tom autoritário característico, mas eu não me virei. – Miller, você ainda precisa me ajudar a consertar o armário.

Segurei minhas lágrimas. Era claro que era só isso que eu significava pra ele, eu sabia disso, não sabia porque ainda ficava surpresa.

- Eu... Eu não quero... Não quero mais fazer isso. – consegui falar entre soluços.

- Para de brincar. – ele retrucou rapidamente e se colocou na minha frente, me encarando com seus olhos acinzentados que eu observei distantemente por tanto tempo. – Por que você está chorando?

Sua pergunta foi em um tom de irritação. Ele já tinha dito que não gostava de me ver chorando, mas eu sabia que era a minha fraqueza que o irritava. Draco não aceitava gostar de alguém tão fraca, porque ele mesmo já tinha perdido as forças. Quer dizer, assumindo que ele gostasse de mim...

- Não é nada. – repeti rouca.

Ele revirou os olhos.

- Isso é por causa daquela história do beijo? Eu não ligo, vamos, venha me ajudar. – ele murmurou e eu engoli um seco. Não era por causa do beijo, ele nunca entenderia. Nem eu entendia.

Eu não me mexi e nem falei nada. Não podia ser impulsiva, eu precisava pensar antes de agir e pensar...

- Você está melhor? – perguntei, o fitando de cima a baixo, porque quando eu o vi nos braços de Snape, ele parecia quase morto e a descrição do feitiço pela Murta parecia bem séria também.

- Estou... O que raios aconteceu com você? – ele perguntou irritado. Ele não estava esperando que eu me preocupasse assim com ele, mas não era óbvio que eu me importava?

- Nada, Draco. Eu estou bem. – consegui dizer sem fraquejar. Respirei fundo, eu precisava ser forte, eu ainda tinha uma missão, eu ainda precisava falar com Rabastan e impedir Draco de matar Dumbledore. Eu não podia decepcionar o Barão e o diretor. E Draco precisava de mim, mesmo sem ele admitir. Ele já estava enlouquecendo com a minha ajuda, não saberia o que faria sem ela.

Então, assim, do nada, eu soube como consertar o armário. Virei de costas para ele e soltei um feitiço que surgiu na minha mente quase que imediatamente. Eu não entendia exatamente como eu tinha lembrado ou o que estava fazendo, mas testamos o teletransporte e funcionou.

Sorri, alguma coisa finalmente tinha dado certo.

Ele me olhou surpreso.

- Como você fez isso? – perguntou, esboçando um sorriso extremamente delicioso que eu não via faz muito tempo.

- Não faço ideia. – respondi sincera e simplesmente comecei a rir. Finalmente, finalmente alguma coisa.

Para a minha surpresa, ele riu também e começamos a comemorar, nos esquecendo de todo o resto e de tudo o que eu iria acontecer a partir dali.

- Conseguimos! – ele exclamava e eu apenas ria a toa, me deliciando com a felicidade repentina dele. – Deu certo! Eu estou salvo!

- Eu disse que tudo ia dar certo. – falei, mesmo tendo perdido as esperanças.

- Finalmente! Conseguimos! – Draco continuava a comemorar e eu ria. Eu também estava feliz, mas também sabia o que o conserto daquele armário significava - Lizzie, eu estou salvo!

Não o corrigi, eu gostava quando ele me chamava de “Lizzie”.

- É, agora temos que decidir quando podemos dar o sinal verde para que eles venham. – falei, mas ele não me ouviu. O Draco angustiado e surtado de antes tinha se tornado realmente feliz por alguns instantes. Eu sabia que duraria pouco, então não pude estragar aquele momento falando que ele ainda tinha que matar Dumbledore.

Quer dizer, que ele não mataria Dumbledore, que isso não ia acontecer. Que eu não iria deixar.

Draco me fitou radiante e eu sorri honestamente para ele. Apesar de tudo, estava feliz por ele estar bem. Então, ele se aproximou e me abraçou forte e eu retribui, aliviada por ele não estar bravo comigo a ponto de não querer nenhum contato físico.

Fiquei surpresa quando ele não me soltou rapidamente. Apenas ficamos abraçados por um tempo, eu fechei os olhos e absorvi aquele momento, guardando com cuidado para que eu pudesse lembrar depois. Senti o calor do seu corpo e o cheiro de seus cabelos loiros.

Então meus olhos ficaram marejados novamente, porque eu sabia que aquilo iria acabar. Eu simplesmente sabia que não iríamos durar. Não sei porque, mas eu tinha certeza, era como se alguma coisa dentro de mim dissesse para aproveitar todos os momentos daquele ano letivo porque eles seriam os últimos.

Acho que ele me ouviu fungando, porque me afastou o suficiente para ver o meu rosto, mas não me largou.

- Para de chorar, deu tudo certo! – ele exclamou e eu forcei um sorriso. Certo, tudo certo.

- Eu estou feliz. – menti como nunca na minha vida. Não queria deixá-lo triste. Enxuguei minhas lágrimas e engoli meus soluços.

Estávamos próximos demais, eu conseguia sentir o calor de sua boca e seus olhos cinzas penetrando minha alma. Nenhum Peter conseguia substituir as borboletas que eu sentia no meu estômago sempre que estava com Malfoy.

Encarei seus lábios, será que se eu o beijasse ele me afastaria? Ele diria que eu deveria ficar com Peter e nunca mais vê-lo?

Não ligava, simplesmente o beijei e, felizmente, ele não me afastou. Na verdade, ele me colocou deitada e ficamos nos beijando e nos acariciando de forma voraz, Draco parecia completamente insaciável naquela tarde e eu não podia reclamar, eu gostava de dar uns amassos com o meu namorado em uma sala escondida, onde Filch não podia nos achar e repreender.

- Liz... – Draco falou no meio dos nossos beijos. – Eu também... Gosto de você.

Eu soube que ele queria falar que me amava como eu disse para ele, mas que era simplesmente muito para ele mesmo admitir. Eu sabia o que aquilo significava e não precisei ouvir mais nada. Sorri comigo mesma e o beijei ainda mais.

Depois, fitei o armário e percebi que era questão de dias até que tudo se desmoronasse.


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Notas finais do capítulo

Oie, cap novo! Depois desse, acho que mais uns 3 caps e a fic acaba D:
Sei que perdi muitos leitores pro causa de todos os meus hiatus e demora, mas espero que alguém ainda leia essa fic, porque eu vou ficar tão mal quando ela acabar D:
Enfim, gostaram? ♥

:*



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