Slytherin Pride escrita por Gaia


Capítulo 13
3 Anos




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Eu tentei fingir que não vi a cena, mas Suzanna já estava de boca aberta enquanto os professores socorriam Kate no chão.


Fechei os olhos e desejei desaparecer. O pacote estava no chão, Kate estava no colo de alguém, Suzanna ainda estava em choque e parecia que Harry e seus amigos levaram a culpa. Deu tudo errado.


Absolutamente tudo que poderia dar errado, deu.

Fiquei furiosa comigo mesma e com Draco, apesar de tudo. Deixei Su sozinha e corri para o castelo, evitando o interrogatório dos professores. Potter certamente teria um discurso melhor que o meu.

Tinha colocado tudo a perder. Agora ele não me contaria o que aquilo era, e provavelmente Kate iria se lembrar que eu a enfeiticei, ou pior, achar que foi o Draco.

Bufei. Como pude ser tão idiota?

Cansada e ainda brava, corri para o banheiro das meninas mais longe que pude achar.

Ao ouvir um murmúrio, hesitei.

– Você não devia ter feito isso. – ouvi o que me pareceu a Murta-Que-Geme dizer.

– Eu não tive escolha! – berrou ninguém menos que Draco Malfoy.

Saltei de susto e arregalei os olhos, agora prestando toda atenção possível. Sua voz parecia ainda mais cansada que a minha e ele fungava de vez em quando. Estaria chorando?

Meu coração apertou e ameacei entrar, mas sabia que ele não me diria nada. Se Murta conseguisse tirar alguma coisa dele, era lucro para mim, então continuei na surdina.

– Lógico que tinha, era só não envolver ninguém. Tenho certeza que aquela sua amiguinha vai ser pega e colocar tudo a perder.

Murta parecia assustada, como se fosse uma obrigação consolá-lo, como se ela tivesse que ser boa com ele por um motivo maior.

– Ela não é minha amiguinha. É só alguém que eu achei pra fazer o trabalho sujo. – Draco ralhou e eu revirei os olhos. Simplesmente não acreditava naquilo. Como ele conseguia ser tão frio e indiferente? Eu o estava ajudando por vontade própria e ele ainda me tratava daquele jeito?

– Realmente! – gritei ao entrar subitamente. Estava cansada daquilo tudo. – E você está certa, eu coloquei tudo a perder. – disse seca para Murta como se eu soubesse do que estava falando.

Andei até onde ambos estavam e tentei ao máximo não fitar os olhos cinzentos de Malfoy. Eu sabia que se visse algum sinal de tristeza e perdição naquele olhar, eu mudaria de idéia.

– E quer saber, Draco? Não vou contar a ninguém o seu planozinho, porque fiz aquele pacto idiota, mas eu estou fora! Ache outro alguém pra fazer o trabalho sujo. Porque claramente eu não sirvo para isso. Eu estava levando Kate ao castelo quando ela caiu inconsciente, então, vai saber do que ela vai lembrar quando acordar. Espero que seja de você na porta do banheiro só esperando ela sair. – falei como se soltasse veneno de minha boca.

Ainda não o fitava, mas sabia que ele fixava o olhar em mim. Não liguei. Decidida, virei as costas e bati os pés ao andar para fora do banheiro.

Assim que coloquei os pés para fora do banheiro minha cabeça começou a doer. Fazia dias que ela não doia tanto assim e eu pensei que fosse desmaiar novamente. Tentei fazer com que todos meus pensamentos ficassem vazios, como Snape havia me ensinado.

Mas dessa vez, parecia que minha memória era mais forte que qualquer coisa que eu tentasse fazer. Eu não conseguia controlar como já havia aprendido e feito algumas vezes.

“- Mamãe, onde eu está o papai? – eu perguntei. Tinha aproximadamente 5 anos.

– Ele está resolvendo uns assuntos, Liz. Estará em casa daqui a pouco. – minha mãe respondeu.

– Mas já faz tanto tempo que ele saiu! – exclamei inquieta. Meu corpo pequeno se debruçava na janela e eu olhava fixamente para a rua a espera do meu pai.

Minha mãe levantou-se e guardou seu livro em uma gaveta ao seu lado.

– Querida, ele deve estar chegando a qualquer momento e tenho certeza que não vai gostar de ver você cair da janela! – ela me pegou e voltou a sentar na poltrona, agora comigo em seu colo. Vendo a minha expressão emburrada, começou a me fazer cócegas eu gargalhei me remexendo.

– Mamãe, pare, pare! – falava, entre as risadas.

– Se rende?

– Me rendo! Me rendo! – gritei, ainda rindo.

Ela parou e me beijou no rosto. Logo depois, a porta da sala abriu-se e o meu pai entrou ofegante e carregando várias malas.

Gritei algo indecifrável e corri em direção a ele. Soltou sua bagagem e me pegou no colo, com um sorriso no rosto. “


Quando voltei a realidade, percebi que meus olhos estavam marejados e eu estava sentada no chão frio da porta do banheiro feminino. Tentei ignorar o que eu tinha lembrado, mas não consegui.

Essa foi a primeira vez que eu lembrava de meus pais biológicos. Minha mãe era morena e muito bonita, nada parecida comigo. Já meu pai, tinha os olhos castanhos que eu herdara. Nós parecíamos muito felizes, o que será que tinha acontecido? Talvez fosse por isso que eu não conseguira afastar essa memória.

Dumbledore não tinha dito que meu pai tinha morrido quando eu nasci? O que será que realmente aconteceu com os meus pais biológicos? A única coisa que eu sabia é que aos 8 anos eu já estava no orfanato, então foram em 3 longos anos que tudo mudou.

As memórias destes nunca vinham e eram deles que eu mais queria saber. Também ainda não tinha descoberto como tinha chegado na Travessa do Tranco aquele dia, estava sedenta por respostas que estavam sendo bloqueadas pela minha própria mente.

De repente, a oclumência não me pareceu uma boa idéia. Eu queria lembrar. Se Voldemort não sabia de mim em 16 anos, não seria agora que ele descobriria. A partir daquele momento, deixaria minhas dores de cabeça me consumirem. Eu iria saber o que acontecera naqueles 3 anos.

Ainda no chão e tentando entender tudo, senti a porta abrindo-se e vi Draco saindo do banheiro. Me parecia ainda furioso. Quando me fitou, seu olhar mesclava raiva e pena. Depois de hesitar por um bom tempo, ele voltou a sua expressão normal e falou, com ódio:

– O que você pensa que está fazendo?

Apertei meus olhos e os limpei, a última coisa que eu queria era que Draco me visse em um momento de fraqueza. Tentei voltar ao estado que eu tava quando sai do banheiro. Forte e decidida.

– Estou sentada aqui. É proibido? – falei, tentando demonstrar firmeza. Mas minha voz me entregou, esta rouca e um tanto fraca.

Notando minha situação, Draco suspirou e olhou para os lados, como se não quisesse que ninguém visse que era capaz de sentir pena. Ele abaixou-se e ficou no mesmo nível que eu.

– O que foi, Draco? Está com dó da “só uma pessoa que você achou para fazer o trabalho sujo?” – perguntei, ainda sem sucesso em demonstrar dureza.

Ele bufou e revirou os olhos.

– Escuta, Elizabeth. Foi uma ideia idiota desde o começo envolver outra pessoa no meu plano. – ele falou, me surpreendendo com seu tom de voz. Arregalei os olhos, surpresa. Ele devia estar pensando que eu chorei por sua causa e estava sentindo remorso.

Achei graça e resolvi me aproveitar da situação para tentar descobrir mais sobre o lado doce dele.

– Me desculpa, eu não queria estragar tudo. Mas eu realmente acho que não sirvo pra isso. Qualquer coisa que esteja fazendo, aposto que não precisa da minha ajuda. – falei, sinceramente.

A verdade é que eu queria continuar ajudando-o e tentar descobrir o que iria fazer. Ainda mais, me aproximar dele. Mas além de tudo, eu tinha que me focar no meu passado e me afastar dele me fez lembrar de coisas importantes, então talvez aquele fosse realmente o melhor caminho.

Ficamos em silêncio por um tempo, quando ele finalmente cedeu e disse, claramente a contra-gosto:

– Na verdade, eu preciso. Ainda não consegui consertar aquele armário idiota.

Ergui as sombrancelhas. Ele tinha admitido que precisava de fato da minha ajuda. Deixara seu enorme orgulho de lado. Com um sorriso involuntário, o fitei e encontrei seus olhos cinzentos que me fez mudar de idéia na mesma hora.

Consertar aquele armário era realmente importante para ele ter que admitir que não conseguia sozinho. Talvez eu não devesse ter quebrado para começo de história.

– Acho que é verdade, você nunca vai conseguir sozinho. – falei, deixando de lado a parte que ele já tinha conseguido sozinho. Enfim.

– Não se acostuma, Miller. – ele disse, com um meio sorriso. Se referindo, provavelmente a sua bondade repentina.

– Nem você, Malfoy. – respondi no mesmo tom, mas meu sorriso era completo.

Draco levantou-se e me ofereceu a mão para me ajudar. Assim que a toquei, os arrepios já conhecidos tomaram conta e as borboletas no meu estômago ficaram loucas novamente.

Corei e de pé, desviei o olhar do cinza intenso e soltei sua mão, hesitante.

– É… - as palavras já não faziam sentido na minha mente. – Acho melhor eu ir para o dormitório… Su-Suzanna deve estar preocupada.

Ele acenou com a cabeça, mas ficou parado. Enquanto eu me virava e andava para longe eu só conseguia pensar em nossas mãos se tocando.

O que tinha acontecido? Nunca tinha visto Draco ser legal daquele jeito. Isso não ajudava em nada com a minha paixonite infantil. Suspirei e continuei andando, ainda mais confusa.

Eram muitas coisas para pensar. Minhas memórias, Draco bom, Draco mal, Cece, Jesse, Dumbledore, Voldemort…

Eu não aguentava tudo isso.

Deixando meus pés me guiar, não notei direito para onde estava indo e quando percebi, já estava na frente da gárgula de Dumbledore. Percebi, finalmente, que não era tudo aquilo que estava me fazendo mais mal, e sim a culpa por ter machucado Kate.

A verdade, é que no fundo, eu queria saber se ela estava bem, queria saber se o que eu fizera tinha a afetado permanentemente. Fiquei feliz em saber que mesmo com meus pensamentos sonserinos, eu ainda era humana.

– Acidinhas. – eu disse, e entrei.

O pacto não me impedia de contar a Dumbledore o que eu fizera, era só eu não mencionar Draco e o armário. Só iria perguntar se Kate estava bem e o que era aquele pacote, só assim entenderia o que Malfoy realmente queria fazer e também talvez tirasse sua culpa de tudo.

Era quase como um sacrifício involuntário.



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Notas finais do capítulo

Ooi oi,
Mais um capítulo para vocês, viiu, prometi que não ia demorar tanto dessa vez! Hhahaha, vou tentar manter o ritmo.
Espero que tenham gostado, revieeews? (:
Beeijos



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