Capítulo 2: Desmaio na neve.

“É maravilhoso, Chizuru.”

“O que?” , perguntei. Ele me abraçou e eu sorri.

“ A vida...e isso...”

Ele acariciou meu rosto. Os olhos de cor violeta foram se fechando, ele dormiria em breve...

...e eu não poderia ficar lá...

Pois quando amanhecesse seriamos confrontados com a dura realidade. E tudo o que tínhamos vivido não passaria de uma linda lembrança.

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Haviam se passado algumas semanas desde que tinha decidido esquecer daquele ocorrido.

E no final nada ficara daquela noite, nada que comprovaria que ela realmente tivesse existido. Até eu já estava negando tudo aquilo.

Ainda era doloroso passar por Hijikata-san e não comentar nada. E mesmo que comentasse, ele não se lembraria mesmo e pensaria que eu estava maluca.

Sobrava-me apenas me contentar com as tarefas rotineiras: de servir o chá, cuidar dos feridos e das tarefas de casa em geral. Porém, mesmo que nada tivesse mudado, nada diferente do que eu estava acostumada a fazer, essas simples tarefas se tornaram muito mais cansativas.

Pensava agora se talvez estivesse doente, andava fraca demais, e ainda tinham alguns outros sintomas que me indicassem isso. Mas era absurdo se considerasse que já estava ficando doente de amor.

–Parece que estou mesmo pagando por aquele pecado... -suspirava, enquanto tentava tirar um pouco da neve do caminho da entrada do novo quartel Shinsengumi.

Sim, o inverno havia chegado. E junto com ele veio a neve, fria, que cobria todo o pátio. E também as árvores.

Então aquilo...tinha ocorrido no outono. E aquela sakura do pátio que havia desabrochado fora de época já havia sumido na imensidão branca .

–Pecado? Que tipo de pecado, Chizuru-chan?

Quase cai para trás, tamanho o susto. Me virei, e lá estava Okita-san, atrás de mim, se divertindo com a minha expressão assustada. Será que ele tinha mesmo ouvido aquilo?

–Por favor...não me assuste de novo!! -exclamei.

E como não pude vê-lo aqui antes?!, me perguntava. Seria por que eu andava mais avoada, por causa das tonturas que agora eu tinha?

–Chizuru-chan...falando sozinha como sempre...

–Você devia estar na cama Okita-san! O vento gelado pode fazer mal!

–Pior do que já estou? Acho que não fico. -disse, ele debochava mesmo da situação- ...mas eu quero mesmo é saber sobre esse tal pecado.

O tal pecado, eu não iria comentá-lo com ninguém, era minha promessa. Respirei fundo, lamentando profundamente por ele ainda insistir naquilo, teria que responder algo para enrolá-lo. Mas enrolar pessoas nunca foi o meu forte.

–Não é nada... -fiz a cara mais comum que pude, se mudasse um pouco a expressão, isso me condenaria.

–Não mesmo? -perguntou-me ainda desconfiado.

–Claro que não!!

–É mesmo...Chizuru-chan é tão inocente!

Inocente... a palavra passou repetidas vezes em minha mente. Pensando bem, até que ponto eu seria isso? Ou até quando poderia me considerar uma garota inocente? E qual era o conceito de inocência que eu tinha e o que ele tinha?

–Vamos Okita-san! Você deve entrar logo pra não se resfriar!! -comecei a empurrá-lo, era uma tentativa de desconversar, a única que me veio à mente naquela hora.

–Já vou...já vou... -ele deixava claro com sua expressão de desânimo que não queria sair dali.

Apenas parei de forçá-lo quando de repente fui acometida por uma enorme fraqueza, que me derrubou logo no chão gélido.

–Chizuru-chan?!

Enquanto sentia meu rosto afundar na neve, ia perdendo lentamente os sentidos, até me restar na mente apenas a voz de Okita-san, dizendo repetidas vezes o meu nome.

Continua...