Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 18
Capítulo 18: Adeus.


Notas iniciais do capítulo

Ah, é o quarto capítulo seguido que posto, mas o primeiro desse dia...
Boa leitura!



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Capítulo 18: Adeus.

Por um minuto parecia que o tempo havia parado e que nada a nossa volta existia. Mas quando nos separamos, imediatamente voltei para a realidade.

Afastei-me e o empurrei um pouco, mantendo-o a uma certa distancia. Eu não podia me deixar levar por qualquer sentimento. Nós tínhamos que conversar, era o que importava agora.

– Todos ficaram preocupados...e sentiram muito a sua falta...

– Eu sei...eles já me disseram ontem à noite...

– Eu...senti sua falta também.

E aquilo era o que eu mais precisava ouvir. Balancei a cabeça. Era muito difícil conter aqueles sentimentos que eu achava que tinham desaparecido...

– Acredito que depois de tudo eu lhe deva uma explicação. - começou ele – A essa altura não me surpreenderia se me odiasse e me considerasse um verdadeiro canalha.

– Pois para mim é justamente isso que você é. - disse sem rodeios, não desviando meu olhar.

– Aquilo que ocorreu naquela noite...

– Acho que depois de quase seis meses isso nem importa mais, não é?

– Chizuru, deixe-me ao menos terminar de falar.

Por um momento fiquei quieta. Eu o estava atacando sem motivos. Ou melhor, tinha muitos motivos, mas ele merecia pelo menos uma chance para poder se explicar.

– Está bem, você está certo... - não queria admitir - viemos aqui para conversar, não para discutir...

– Exato. Como eu estava dizendo, sobre aquela noite...eu lembro do que ocorreu.

Arregalei os olhos. Agora era eu que não acreditava!

– Mas você disse que não se lembrava de nada!! Que...não me diga!! Não me diga que estava mentindo esse tempo todo!! - exclamei com indignação.

Depois de tudo, depois de todo aquele sofrimento e angústia... fiquei dias esperando que ele me abordasse a qualquer hora e conversássemos apropriadamente, dissesse que aquilo não foi apenas uma noite, que aquilo havia sido importante para ele tanto quanto foi para mim. No final de tudo, ele se lembrava?!

– Eu não estava mentindo naquele dia. Apenas pensei que aquilo não fosse real, que estivesse apenas sonhando ou fosse algum efeito daquela bebida. E como você agiu normalmente no dia seguinte...

Eu apenas soube mais tarde, quando a questionei sobre de quem era essa criança. Você havia dito que era minha. Eu nem tinha processado aquela informação, não conseguia acreditar...mas antes que pudesse colocar as coisas no lugar e dizer alguma coisa, você simplesmente arrumou as malas e partiu! Não avisou ninguém! Todos soubemos mais tarde por Saitou que você tinha ido embora. Tentamos procurá-la, tanto eu, como todos do Shinsengumi e até aquela sua amiga oni, mas não a encontramos em lugar nenhum!

– Então agora a culpa é toda minha? Faz ideia do quanto sofri?! Eu me sentia sozinha e desamparada! Quando você disse que aquele filho não era seu, quando rejeitou aquela criança, eu me senti rejeitada também! Não queria mais ficar ali, não tinha motivos para permanecer ao lado de uma pessoa que não deixa claro seus sentimentos!!

– É verdade...talvez eu nunca tenha dito ou deixado claro o que realmente sentia por você... -admitiu ele – Mas o que esperava que eu fizesse? Também tenho muitas responsabilidades! Não podia largar tudo e ir atrás de você. Muitas pessoas morreram para que continuasse de pé, não podia deixar que o sacrifício de Kondou-san e o sacrificio de todos aqueles homens fosse em vão!!

– Eu entendo, entendo mesmo Hijikata-san...

Não estava mais disposta a continuar a conversa. Ele havia deixado claro que tinha objetivos a cumprir e que eram mais importantes que qualquer coisa. Ele abriria mão até do amor, da felicidade e da própria vida por isso. Era essa a vida de um guerreiro, afinal?

Então era isso, eu não tinha mais o que dizer. Não importava o que dissesse, ele não mudaria de ideia.

– Logo depois, recebi uma mensagem daquela sua amiga. Ela dizia que havia a encontrado, que você estava bem e que eu deveria visitá-la. Mas eu não pude sair da base...

– Por isso me chamou aqui?

– Sim...mas não apenas por isso. Não sei se me perdoará depois de tudo, ainda que considere que não fiz tanto mal assim, apenas fiz o que estava ao meu alcance, ainda que não fosse satisfatório...

– Não é questão de perdoá-lo, Hijikata-san. Depois de toda dor que me causou, e depois de tudo que ouvi, não sei bem como reagir... -admiti.

– Eu...precisava resolver isso antes de partir...

– Partir? Vai para algum lugar?

– Sim, mas diria que indo para este lugar, nós não nos veremos novamente...somente depois de muitos anos.

– Não estou entendendo, vai para algum país estrangeiro?

– Não, pretendo permanecer exatamente neste.

– Você não está...

– Tenho consciência que o Shinsengumi já não tem mais condições de continuar, muitos homens abandonaram seu cargos, perdemos muitos outros em batalhas que não estão nos levando a qualquer luga. Não há mais nada que possa ser feito, mas sei que devo continuar a lutar até o final.

– Isso quer dizer...

– Eu penso em morrer no campo de batalha. Não pretendo jogar tudo para o alto depois de tudo que construímos. Se for para morrer, que não seja fugindo como um covarde, vou morrer com honra.

– Por isso precisava resolver este assunto?

– Sim...

Estaria tudo certo, não é?

– Peço para que cuide de nosso filho, ainda que eu não o veja nascer...

– Mesmo que você me abandone eu seguirei em frente. Cuidarei de nosso filho, pode ficar tranquilo.

Nós simplesmente não podemos ter um futuro, não é mesmo? Eu acreditava que sim, e que seríamos felizes nós três, mas eu estava enganada. Sempre estive.

Ele sorriu um pouco e tocou em meu ventre. Fiquei um pouco assustada de inicio, não esperava que tomasse essa atitude.

Senti que a pequena criatura que se formava se mexeu um pouco. Será que reconhecia o seu pai?

– Será um menino.

– Não há garantias de que seja mesmo.

– Não, eu tenho certeza.

– Acha que será parecido com o pai?

– Talvez. Mas não quero também que ele siga o mesmo caminho que eu. Talvez fosse melhor que fosse parecido com você...

Hijikata-san naquele momento começava a parecer mais melancólico, ainda que conformado com seu destino. Eu também estava conformada, não poderia lutar e tentar convencê-lo do contrário, o conhecia bem a ponto de saber que quando ele estava decidido iria até o fim com esta ideia.

– Você mudou. -observou ele.

– Ah, se refere a cor do meu cabelo, também dos olhos e esse par de chifres?

– Não isso. A Chizuru que eu conhecia não conseguia olhar em meus olhos direito, sempre era submissa. E também em uma situação como essa era provável que estivesse chorando.

– Mas eu estou... não percebe? -disse, um pouco mais triste.

Conseguia esconder bem, mas já começava a chorar por dentro. Eu repetia várias vezes aquelas frases, tentando me convencer de que estava tudo bem, que era melhor que as coisas terminassem dessa forma...mas...

– Entenda... Eu não poderia levá-la para a base e nem poderíamos viver juntos. Sei que posso morrer, foi o caminho que escolhi e não gostaria de envolver mais ninguém nisso. E além disso, agora tem essa criança. Você precisa continuar viva e cuidar dela...

– Eu sei...

Silêncio. Por alguns minutos ficamos assim, até que resolvi falar:

– Um nome...tem preferência por algum?

– Pode escolher qual quiser. Desde que seja você se escolha, acho que será bom e adequado.

– Então, essa é a última vez que nos veremos, não é?

– Creio que sim.

E mais silêncio.

– Hijikata-san, ainda que morra, quero que saiba que jamais o esquecerei, meu coração não pertencerá a outro, apenas a você. Ainda que tenha me magoado muito nesta vida, os momentos que passamos juntos, mesmo que breves, muitas vezes foram maravilhosos.

Sim, eu ainda tinha algumas boas lembranças, mesmo que quase tivessem sido apagadas depois da raiva que comecei a sentir por ele.

– E eu me lembrarei dessas palavras certamente até o ultimo minuto de minha vida. Você se tornou uma pessoa importante para mim e não imaginaria nenhuma outra mulher que pudesse ser mãe de meu filho.

Dei um breve sorriso. Ele não havia dito que me amava, mesmo assim, da sua maneira havia expressado o quanto eu era importante.

Talvez estivesse satisfeita se ele apenas se lembrasse de mim.

– Chizuru-sama...nós precisamos ir. -advertiu Kimigiku-san, apenas agora nos interrompendo. O céu já estava alaranjado, não demoraria para a lua aparecer- ...temos que ir antes de escurecer.

Apenas concordei. Olhei uma última vez para aquele homem que estava na minha frente, seria a última recordação que teria dele.

– Hijikata-san, não nos veremos mais, mas espero que esteja fazendo o que quer e esteja seguindo seu coração. -disse, e então me virei e comecei a caminhar – Adeus.

– Adeus, Chizuru.

Meus passos eram apressados, pois eu não conseguia mais ficar ali. Mesmo que Hijikata-san estivesse vivo, a partir daquele momento deveria considerá-lo um homem morto.

E também a partir daquele momento eu me decidi: voltaria em breve para a mansão de Kazama-san, mesmo que Osen-chan não concordasse.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Hijikata falante..rsrs
Acho que ele precisava falar depois de tanto tempo!
Bem, pessoal, espero que estejam gostando da fic. Agradeço a aqueles que estejam comentando, assim que eu terminar de postar os capítulos devo responder!