Doce Sonho escrita por Choko


Capítulo 13
Capítulo 13: A angústia de Tomoko.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo meio sofrido esse...mas, boa leitura! =)



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Capítulo 13: A angústia de Tomoko.


Achei que quando já tivéssemos passado pela floresta densa, Tomoko ficaria mais tranquila. Mas, ao contrario do que eu esperava, ela parecia cada vez mais assustada. A cada passo que era dado, e quanto mais entravamos no centro, mais sintomas Tomoko apresentava.


Via-a segurar com as mãos tremulas parte da yukata, o tempo todo. Parecia agarrar a própria vida ao invés de um simples tecido. Olhava cada vez mais para os lados, como se estivesse sendo seguida. Parecia que entraria em pânico e fugiria dali a qualquer momento. Tinha a impressão de que ela desejava se esconder do mundo, mesmo que nenhum olhar estivesse voltado para ela.


–Tomoko-san, está mesmo bem?  - fiz a pergunta novamente, apesar de não ser necessária a resposta – ...podemos voltar para a mansão... e se quiser até explico para as criadas que você não estava se sentindo bem.


–Não, não precisa... - disse ela, fazendo mais um grande esforço para parecer estar bem -  ...não me sinto mal. Apenas gostaria de voltar para a mansão antes de anoitecer, pois é mais seguro.   - e então, começou a andar na frente – ...vamos indo, deve bastar se comprarmos alguns vegetais e frutas naquela lojinha!


Continuei a seguindo, até que ela entrou numa pequena loja que vendia legumes, frutas, pescados e outras coisas. Apesar de parecer um lugar comum a principio, logo notei que havia algo errado. Todos os senhores, senhoras e suas crianças haviam parado de conversar. O local, de repente, ficou silencioso e agora estavam nos encarando de forma pouco amigável.


– Okaa-san, por que aquela moça tem cabelo branco? -ouvi a vozinha de uma criança quebrando aquele pesado silencio.


– Vamos, não olhe!   - respondeu a mulhe,r enquanto cobria os olhos do pequeno filho com a manga de seu quimono, como se o protegesse de algo ruim.


As outras pessoas ao redor também pareciam desconfortáveis como aquela mulher. Eu havia logo percebido não não eramos bem-vindas no local. Mesmo assim, Tomoko continuava alheia a tudo, apenas concentrando toda sua atenção em escolher as verduras.


Foi então que uma velha senhora, que antes estava no caixa, foi em nossa direção segurando o cabo de uma vassoura.


– Como podem ver, estão incomodando nossos clientes. Por favor, saiam. - pediu ela, apontando o objeto para nós - Não aceito a entrada daqueles que não são humanos aqui.


Naquele momento fiquei realmente irritada, como raramente acontecia. Queria dizer muitas coisas a aquela velha senhora que não tinha o direito de nos privar de fazer compras apenas por não sermos como ela.


– Ora, porque?! Não fizemos nada! Estávamos aqui apenas escolhendo alguns...


Mas antes que pudesse dizer mai alguma coisa, Tomoko pousou as mãos em meu ombro:


–Chizuru-sama...vamos...


Ela não precisou dizer mais nada. Era como se implorasse, silenciosamente, para que eu não continuasse a falar.


–...desculpe-nos o incomodo, senhora.   - tornou a dizer Tomoko, se curvando respeitosamente antes de sair do estabelecimento. Apenas imitei seu gesto, mesmo não concordando com isso. 


Quando tínhamos andado um pouco e estávamos longe o suficiente daquele local, voltei a falar.


– Isso é um absurdo! Não podem fazer isso conosco! Não fizemos nada! Aposto que foi apenas implicância daquela velha senhora...se nós fossemos para outra loja, com certeza...!


Comecei a andar, mas Tomoko me impediu segurando uma ponta de minha yukata.


– Não importa em que loja eu entre Chizuru-sama, enquanto tiver essa aparência, sempre me tratarão dessa forma.

– Como pode dizer isso com tanta certeza? Ainda não tentamos...

– Porque isso já aconteceu várias vezes comigo. E é por essa razão que nunca saio sem ser acompanhada por Amagiri.


Naquele momento tudo fez sentido. Agora compreendia o comportamento estranho de Tomoko.

E sem saber disso eu acabei insistindo para que fossemos ao centro, a forcei e fiz ela passar por algo desagradável como isso.


– Eu...eu realmente sinto muito. -disse por fim, arrependida agora que tinha consciência de meus erros – Como nunca fui tratada assim, não sabia que os onis eram...


– Não tem problema. - e ela voltou a sorrir um pouco -  Eu também tenho culpa por não ter te falado nada Chizuru-sama. Achei que, depois de tanto tempo, isso não me afetasse mais. Mas como pode ver...isso ainda machuca um pouco.


Depois daquela conversa, resolvemos voltar para a mansão. O céu já estava alaranjado , indicando que não iria demorar a anoitecer. Como caminhar por aquela floresta a noite seria muito perigoso, então fomos andando o mais rápido possível.


Mas mesmo com nosso esforço, já na metade do caminho estava escuro. Tomoko e eu andávamos sem dizer nada, para não chamarmos muita atenção.


– Chizuru-sama, está ouvindo esse barulho?


– Hã?


– Acho que estamos sendo seguidas...


– Tem certeza?  - perguntei, espantada com tal ideia - ...mas eu realmente não estou ouvindo nada Tomoko-san...


Infelizmente, Tomoko estava certa. Não demorou muito para que aquele que nos seguia se revelasse. Um homem apareceu de repente na nossa frente, apontando a lamina de sua espada para nós.


– Ora, o que temos aqui! Parece que encontramos algo raro!


De repente, nos vimos cercadas. Mais homens saíram de trás dos arbustos, segurando suas katanas, enxadas, foices. Eles nos olhavam como se tivessem encontrado uma boa presa. Comecei a tremer de medo ao imaginar o que planejavam fazer conosco.


– Não temos muito dinheiro e nem nada que possam vender...então, por favor, nos deixem ir!! - disse eu, mais implorando do que fazendo um simples pedido. Sabia que mesmo que tivesse trazido minha espada curta, não conseguiria me defender e nem mesmo ajudar Tomoko.


– Você ainda não entendeu, não é?  - e um dos homens fez um sinal para que me segurassem, enquanto ele se dirigia a Tomoko - ...criaturas como essa valem muito no mercado, ainda mais com esses chifres.


– Mas antes de levarmos ela, talvez possamos brincar mais um pouco! - sugeriu um outro homem, rindo.


Um deles se aproximou e agarrou Tomoko, que tentou se desvencilhar no inicio, mas foi imobilizada assim que o velho senhor encostou a lamina em seu pescoço.

– Vamos, se mexa mais um pouco e terá o pescoço cortado!!

– Seus...covardes!! Soltem ela!!! -gritei, mas logo um daqueles que me segurava tapou minha boca com sua mão imunda. Eu não conseguia mais me mexer e agora nem mesmo falar.


Passaram a segurar Tomoko pelo cabelo, enquanto ela chorava. Implorava para que não fizessem nada com ela, nem comigo, para que nos deixassem em paz. Mas todas as suplicas dela não eram ouvidas, ou melhor, eles a ignoravam propositalmente enquanto passavam as mãos sujas por seu quimono, tentando o abrir.


Eu assistia aquilo em silencio, completamente aterrorizada. Abria a boca, mas a voz não saia e eu não tinha forças sequer para ajudar.


Minha mente por um minuto ficou em branco. Eu precisava tirá-la dali o quanto antes, mas haviam outros homens em meu caminho, segurando-me, impedindo-me de fazer qualquer coisa por Tomoko.


E para humanos...existe o amor?”


Em um minuto, aquela frase dita por Kazama-san passou por minha mente. E fazia certo sentido agora.


Humanos...são criaturas muito, muito cruéis. Eles pisam em nossos sentimentos e não escutam o que temos a dizer. Eles nos abandonam. Até agora eu só havia sido amparada por aqueles que os humanos tanto chamavam de monstros, mas que tinham mais humanidade dentro de si do que os próprios.


Eu não sei bem quando comecei a sentir aquilo, aquela raiva crescente por aquela espécie. Eu havia sido criada como humana e em pouco tempo via tudo isso desmoronar. E junto com isso, desmoronava também a última barreira para que eu pudesse concluir aquela transformação em minha vida.



Continua...







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Notas finais do capítulo

Então, queridos leitores! Aqui está mais um capítulo! =)
Era para ele ter ficado mais longo, mais dramático, mais emocionante, mas acabou ficando assim mesmo. Foi o que pude fazer...
Espero que tenham gostado! E não deixem de comentar, ok?
Se encontrarem erros no texto, falta de acentos, etc, não deixem de me avisar!
Talvez eu demore um pouco para postar o capítulo 14, mas não se preocupem!
E mesmo que eu tenha postado uma nova fic de Hakuouki (pois é, fiz mais uma, não aguentei), "Doce Sonho" e "Destinos entrelaçados" continuam sendo minhas prioridades! =)
Então, até logo! ^--^



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