As aulas se arrastaram e quando fui ver, já estava na hora das últimas aulas do dia. A peste da Educação Física.

  Os colégios deviam ser proibidos de passar a Educação Física. É como um teste para ver quem é o mais descoordenado da turma!

- Bom. Hoje é livre. Quem quiser fazer a aula, faça. Quem não quiser, pode sentar na arquibancada e ficar conversando e blá, blá, blá! – anunciou a professora. – A propósito, meu nome é Kathlyn Krusch.

   Krusch? O Trevor é filho dela? Que estranho!

   Alguém chegou por trás de mim e sussurrou em meu ouvido.

- E ai, o sorvete ainda está de pé, não é mesmo? – arrepiei.

- Claro.

- Hmm, vai fazer o que agora? – perguntou Trevor.

- Não vou ficar conversando com um bando de patricinhas, isso pode ter certeza. – afirmei.

- O.k. Que tal um jogo de vôlei?

- Tá. Tudo bem.

   Fui até o final da quadra e peguei uma bola. Arremessei a Trevor que mandou de volta em um perfeito saque.

   Ficamos jogando em um ritmo bem lento até que o sinal tocou declarando o final do primeiro dia de aula. Amém! Quando Trevor me mandou a bola, ao invés de rebater, segurei no peito e mandei novamente para o final da quadra.

  Meu celular tocou no bolso. Peguei e me surpreendi: Você recebeu uma mensagem de BFN as duas e cinqüenta e nove. Duas mensagens não lidas? Nossa!

De: BNF

Para: Non Sense!

   Hey, Rach, queria saber se você está com tempo para vir me visitar hoje... Ah, tenho uma boa notícia pra você!

Beijos L.M

   Notícia boa? O que será? Passei para a mensagem que tinha acabado de chegar.

De: BNF

Para: Non Sense!

   Sabe, não agüento mais esperar pra saber sua reação quando eu contar a novidade. Então, por favor, me liga ou manda uma mensagem?

Beijos L.M

   Revirei os olhos.

De: Non Sense!

Para: BNF

   Acho que hoje não vai dar, mas quem sabe no final de semana? Calma, pro final de semana chegar faltam só dois dias!

Ps: Que mania do colégio começar as aulas na quarta-feira.

Beijos.

   Levantei os olhos da tela do celular e percebi que só eu estava ali. Coloquei o celular no bolso, peguei a mala surrada, coloquei os óculos escuros e caminhei em direção a saída.

   Já estava pisando dentro do ônibus quando senti alguém puxar meu braço. Virei para trás, já pronta para xingar o infeliz, quando vi quem era.

- Nossa! Desculpa. Eu já tinha esquecido. – sussurrei mordendo a boca.

- Ah, relaxa! – disse Trevor sorrindo. – Ainda tá de pé?

   Fiz que sim.

- Então vamos?

- Claro! – disse eu.

   Caminhamos até a sorveteria na frente do colégio e ficamos ali conversando. Ele muitas vezes fazia perguntas do meu relacionamento com Luke, perguntava sobre coisas dele... Bom, pra mim, não fazia mal responder as coisas. Afinal, ele era um fã. Não era?

   Olhei para o nada por um segundo e fiquei sorrindo. Trevor me fez olhar para ele quando disse:

- O pôr-do-sol, é uma das minhas preferidas do dia.

- Então... Posso te mostrar uma coisa? – perguntei levantando.

(...)

- Uau! É lindo! – disse Trevor hipnotizado com a imagem a sua frente.

   Estávamos na beira da praia sentados no capô de Cheer, observando o pôr-do-sol e conversando.

- É um dos lugares que você e Luke visitam? – perguntou ele meio do nada.

- Aham... Gostou? – perguntei ingenuamente.

- É lindo! – disse ele novamente. – Mas, com você aqui, o pôr-do-sol fica meio bobo.

   Corei e ri de nervosismo.

- Você fala isso pra todas as garotas? – perguntei.

   Ele colocou a mão no peito fingindo indignação. Ri (agora de verdade).

- Claro... – como eu suspeitava. -... que não! – completou Trevor.

- Tá bom. – ironizei voltando a atenção para o pôr-do-sol.

   Quando o sol deu lugar à lua, virei para Trevor que me olhava de canto.

- Vamos? Tá ficando tarde e preciso chegar cedo em casa. – disse eu saindo do capô. Parei fazendo as contas. – Que dia é hoje?

- Acho que é dia 2 de setembro. Por quê? – perguntou ele.

   Daqui a uma semana é o meu aniversário de catorze anos de amizade com o Luke.

- Nada não. – respondi entrando no carro e ligando.

   Quando pisei no acelerador, a música “Magic” do B.O.B começou a tocar no rádio. Para minha surpresa, Trevor começou a cantar no ritmo fazendo com que eu começasse a dar risada.

(...)