Tiramos a sorte para saber quem iria guardar tudo e lavar a louça. Onew e Minho não tiveram a tal da sorte, partiram desanimados para a cozinha, mas foram ágeis e voltaram logo. Para a minha alegria. Er...

Estávamos todos na sala de estar conversando.

Corrigindo, os meninos estavam sentados no chão, Anna e Maggy ficaram sentadas num sofá, eles conversavam e eu estava sozinha no outro sofá. Deitada. Cochilando.

Muito bem, talvez eu estivesse só de olhos fechados porque de algum modo eu ouvia as risadas escandalosas de Maggy e Key (eles dois tinham risadas... risadas cheias de vigor).

Eu estava sendo sacudida. Virei meu corpo, me encolhi e fiz um som parecido com um ronronar.

- Sunie! Anda, levanta!

Eu pisquei meus olhos e os abri devagar. Anna era só um borrão na minha frente me puxando para cima. Mas que chata, eu poderia dormir ali no sofá mesmo, estava tão bom... Elas sabem como meu humor muda quando estou dormindo e tentam me acordar.

- Para cama, Sun. – ela voltou a me puxar e eu fiquei de pé cambaleando. – Se dormir aí amanhã vai encher o meu saco com dor nas costas. Anda garotaa!

Eu murmurei alguma coisa que nem mesmo soube o que foi e fui arrastando os pés até a escada.

- Sunie, deseje boa noite. – a voz de Anna agora estava sem paciência.

- Hum. – fiz eu. – Ba noth. – foi o que saiu da minha boca.

Elas se despediram e me ajudaram a subir a escada até o quarto. Anna e Maggy ficaram me enchendo o saco enquanto eu subia, degrau por degrau, cambaleando bêbada de sono.

- Você deveria mudar esse seu humor quando está com sono, Sunie. – Anna me disse.

- É. Vai que o Minho não gosta de garotas mal-humoradas... – Maggy quem disse dessa vez.

Meus olhos que estavam fechados de repente despertaram como se uma lâmpada fosse acesa no meio da escuridão. Olhei para elas que me miravam com sorrisos presunçosos no rosto enquanto entrávamos no quarto.

- Vocês... acham mesmo? – eu simplesmente despertei. Não achava mais meu sono.

Subi na cama de cima do beliche e fiquei olhando para baixo enquanto elas arrumavam suas camas para dormir e mordiam os lábios evitando rir.

Aquela cena me pareceu um déjà vu, ou seja: seria uma noite de conversa feminina, séria. Total. Senti minha barriga dar uma volta enquanto eu abraçava meu travesseiro sentindo cheiro de lavanda.

- Eu acho... – Anna se sentou na sua cama agarrando seu travesseiro também. – é que você está caidinha por ele. E isso não é bom, Sun.

- O quê? – eu arregalei meus olhos. – Não sou só eu quem tenho um favorito aqui, lembram?! – falei um pouco alto demais.

- Shiiih! – elas fizeram.

Eu fechei a cara para elas com um bico e abracei mais meu travesseiro cheiroso.

- Sunie... – Maggy começou tentando me acalmar.

- Não vem! – bufei. – É o seguinte, nós três corremos o risco de gostarmos de mais desses meninos, então acho que se recusarmos o serviço enquanto é cedo será melhor para nós. Eu não quero sair de culpada no final!

Senti meus olhos se encherem d’água. Eu odiava discutir com elas. E odiava mais ainda a idéia de que elas poderiam levar a sério o que eu falei sobre sair da casa e não fazer a pesquisa para a revista. Elas deveriam saber que não deveriam levar a sério as coisas que eu digo quando estou estressada!

Agora me sinto a mais infantil por ter começado a choramingar. Argh!

- Sunie, não é bem assim. – elas pularam para minha cama e nos esprememos ali rezando para a cama agüentar o peso. – Não podemos simplesmente recusar uma coisa que nossa chefa nos manda fazer! – disse Anna. – Somos jornalistas há pouco tempo lá, não podemos sair escolhendo o que fazer.

- Eu sei. – murmurei. – Mas não quero estragar tudo. Como sempre. Eu sempre quebro as coisas, as deixo caírem da minha mão e acaba dando tudo errado! Por que eu nunca sei o caminho certo? Por que sempre preciso de um apoio para saber onde andar? Feito um bebê que engatinha e não tem forças nas pernas para se manter em pé! – senti minhas bochechas ficarem molhadas.

Elas me abraçaram e murmuraram coisas boas para mim.

Eu odiava aquilo. Mas também amava.

Me sinto como uma criança bobinha quando isso acontece, mas eu sabia que elas eram as únicas que entendiam a mim. Elas eram minhas amigas.

- Deixe de ser boba. – foi a vez de Maggy falar. – Nós amamos você do jeito que é, acho que não poderia haver uma Sunie melhor que você. – ela beliscou meu nariz. – Deixe disso, ok? Está parecendo um cãozinho carente.

Elas têm a habilidade de me fazer rir em qualquer momento. Limpei meu rosto e voltei para elas mordendo as bochechas.

- Posso fazer uma proposta? – perguntei.

- Ah, lá vem ela. – Maggy disse.

- É que... – comecei. – Bem, nós vamos agüentar esse tempo todos com eles? Vocês sabem... nós não somos beatas!

Elas reviraram os olhos para mim rindo.

- Ah, fala sério! Bem, a proposta é a seguinte: qualquer coisa que aconteça e que não seja profissional, vamos manter em segredo.

Elas entenderam bem o que eu disse. Se entreolharam e cerraram os olhos para mim. Eu me armei com meu travesseiro, pulei da cama (ok, não definitivamente pulei, mas saí escorregando) e saí correndo porta a fora. Corri pela escada com elas atrás de mim armadas com seus travesseiros prontos para mirarem e atirarem em mim. A sala estava escura, eu estava correndo para me esconder na cozinha quando senti meu pé bater em alguma coisa e eu caí em cima de um monte, rolei e bati em outro monte. Tentei me levantar, meu pé ficou preso e caí de novo no mesmo lugar. As luzes se acenderam. Maggy e Anna estavam com seus travesseiros na mão e riam. Eu estava caída em cima do Taemin. Me levantei com rapidez para que Anna não me desse um olhar fuzilante e também para não quebrá-lo. Ele era o mais magrinho dos cinco.

- Desculpa! – disse eu vendo que tinha batido primeiro no Jong e que se eu batesse no monte seguinte seria no Minho. – Desculpa, Taemin! M-me desculpem meninos! Não sabia que vocês estavam dormindo na sala!

Eles se levantaram – com exceção de Onew que continuou no canto embrulhado no seu cobertor dos pés a cabeça – e riram conosco antes de explicarem porque estavam dormindo em colchonetes no chão da sala.

- Nós não quisemos dormir lá em cima hoje. – disse Jong. – Vocês estavam falando alto, pareciam brigar... Não quisemos “ouvir atrás da porta”.

Eu ruborizei. Mag e Anna não tinham gritado, só eu.

- Vocês estão bem? – Key perguntou demorando seu olhar em Mag. Acho que só eu que percebi.

- Ah, estamos. – Anna respondeu. – Foi só... um probleminha com a Sun. Tudo bem já.

- O que houve, Sunie? – ouvi a voz de Minho atrás de mim e meus pêlos da nuca se eriçaram. Meu cabelo estava preso num coque, foi como sentir o hálito dele na minha nuca. Mas ele estava mais longe do que eu queria.

- Ah, nada. – respondi. – Eu sou... dramática. Só.

- Bem, - Maggy se apressou a falar. – vamos deixar vocês dormirem. Ficaremos em silêncio dessa vez.

- Fiquei sem sono. – eu disse fazendo um bico torto.

- O quê? – Anna fez cara de “você está de brincadeira?” – Você estava caindo de sono minutos atrás! Sunie!

- Eu fiquei sem sono. – repeti.

- Também não estou com sono. – Mag disse. – Mas tive uma idéia. Se não for incomodar vocês, será que poderíamos jogar? Se vocês quiserem dormir, tudo bem...

- Não. – Key sorriu. – Vamos jogar! Nós estávamos sem sono também. Como é o jogo?

- Bem eu não sei... – ela disse. – Só dei uma idéia, para jogarmos algo...

- Eu sei! – disse eu. – Que tal aquele jogo em que dissemos do que gostamos fisicamente na pessoa que se sentar do nosso lado direito?

Elas me olharam torto e eu parei de sorrir feito idiota. Realmente, foi uma falha minha. Quero dizer, quem é que brinca de um jogo como esses com garotos que só conhecemos em menos de 24 horas?

Bem, três garotas loucas brincam.