When The Moon Light Meets The Sun Light escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 5
Será?




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Depois do treino, ele disse que ia ler um livro em grego, pra praticar e eu perguntei se podia acompanhá-lo, já que meu grego não era assim tão bom. Ele assentiu e saímos da arena, indo em direção a floresta. Eu olhei pra ele e ele olhava pro livro em suas mãos. Cada vez mais, íamos adentrando a floresta, por caminhos que eu nunca tinha passado.

-Hã... Por que estamos entrando na floresta?

-Por que aqui é calmo o bastante pra ler. Mas se não quiser ficar aqui, tudo bem.

-E você sabe voltar pro acampamento depois?

-Lógico. – Disse ele com segurança.

-Pra mim é tudo igual, não consigo saber como chegamos aqui. – Ele me olhou e deu um sorriso de lado.

-Não seja boba, você precisa prestar atenção nas coisas por aqui, vai ver que não tem nada em comum entre uma coisa e outra. E confie em mim, já passei por aqui muitas vezes, sei pra onde estou indo.

-Você é bom com direções é? – Eu disse, me abaixando e passando por baixo de um galho de árvore, quando outro galho prendeu meus cabelos e eu tentava desprendê-lo aos poucos, porém tropecei em algo e caí no chão, forrado de folhas. O meu ombro tinha um leve corte feito pelo galho de árvore que estava tentando roubar os meus cabelos, aparentemente. Eu franzi o cenho e Alex me ajudou a levantar, tirando as folhas do meu cabelo delicadamente. Eu olhava fixamente pro rosto de Alex, que era calmo como o de um anjo, enquanto ele ainda tirava partes do galho do meu cabelo. O galho era fraco, tinha se quebrado e ido comigo pro chão quando eu caí.

-Não muito. Mas na floresta, eu me viro bem. É como se eu estivesse em casa.

-Ah sim...

-Tenha mais cuidado pra não tropeçar de novo. – Disse ele rindo.

-Ok. – Eu disse passando a mão pelo meu cabelo, percebendo que não tinha mais nenhuma folha sequer.

-Chegamos. – Eu olhei em volta, levantando uma sobrancelha.

-Ah claro. Onde estamos? – Ele riu novamente.

-Está vendo essa árvore? – Disse ele apontando pra uma grande árvore que já devia estar ali há muito tempo, com muitos galhos fortes.

-Acho que não tem como não ver uma árvore desse tamanho.

-Ela deve ser uma das árvores mais velhas dessa floresta.

-Ah...

-Então, eu costumo ler aqui. É calmo, não faz tanto calor e a árvore faz uma sombra enorme. – Eu olhei pra cima. As folhas que ficavam na parte mais alta da árvore tapavam praticamente toda a luz do sol. Eu só conseguia ver alguns raios que escapavam pela grande barreira de folhas, iluminando o lugar. Eu senti falta de um lugar ensolarado, lugares escuros e muito quietos me deixavam meio depressiva, mas esse lugar não era tão ruim.

-Você não deve gostar muito daqui, não? – Disse o garoto, me olhando como se estivesse me estudando.

-Na verdade... Não é que seja ruim, é só...

-Muito calmo pra uma filha de Apolo? Quase sem sol? – Ele disse rindo.

-É. – Ele parecia ler minha mente.

-Eu gosto daqui por causa disso mesmo, a falta de agito e de sol...

-Entendo. – Pensei que pelas habilidades dele com o arco, talvez ele fosse filho de Apolo, mas ele não tinha nada a ver com nenhum filho de Apolo que eu conheço e nem comigo. Depois dessa declaração de “eu não gosto de agito nem de sol”, eu tive certeza que ele não era mesmo filho de Apolo. Talvez ele só fosse tão bom com o arco por treinar muito mesmo ou talvez fosse apenas sorte.

Ele se sentou no chão, com as costas encostadas na árvore, abrindo o livro que era enorme, de capa dura e preta, com algo escrito em dourado na capa. Eu me sentei ao lado dele, olhando pra página do livro que ele estava lendo concentrado. Muitas palavras em grego, eu conseguia entender algumas, mas como eu disse meu grego não era lá muito bom. Mas pra mim, parecia mais fácil ler em grego do que em inglês às vezes.

-Livro sobre a segunda guerra mundial?

-É. Gosto de ler sobre grandes guerras.

-Sei... – Eu ainda tentava me concentrar no livro, o que era meio difícil, eu sentia que tinha que fazer algo, falar com alguém, era difícil me concentrar por causa do déficit de atenção e tudo mais. Comecei a mexer o meu pé de um lado pro outro. Depois de alguns minutos, as folhas no chão chamaram minha atenção. Eu olhava pra ela, vendo as cores de algumas flores caídas no chão se misturando com as folhas secas. Uma brisa leve passou, fazendo as folhas e flores dançarem no chão por um breve momento. Então eu olhei pro Alex. Ele ainda lia o livro atentamente. Comecei a prestar atenção em cada mínimo detalhe de seu rosto, agora que ele olhava pro livro tão concentrado que não se importaria com os meus olhares que o estudavam, tentando entendê-lo.

Seus olhos eram realmente muito bonitos, hipnotizantes. Olhei pra pele dele, tão branca, devia ser tão macia, me senti tentada tocá-lo por um momento. Ele tinha uma beleza diferente da dos outros garotos aqui do acampamento. Algo nele, naquele rosto tão misterioso, pedia pra que eu me afastasse, pra que eu parasse de tentar descobrir seus segredos. Mas algo em mim, queria descobrir ainda mais. Quando algo parece complicado ou proibido, sempre desperta ainda mais a minha curiosidade. Então ele olhou pra mim e eu ainda estava perdida, olhando seu rosto.

-Hã... Alice?

-Sim? – Eu disse, saindo dos meus pensamentos e olhando pra ele. Talvez eu estivesse corando, talvez fosse só impressão minha, mas aquilo foi meio vergonhoso.

-Eu perguntei se você quer voltar ao acampamento agora. – Ele disse rindo, provavelmente eu estava mesmo corando e esse era o motivo da risadinha.

-Pode ser.

-Ah eu já li o bastante por hoje. Não consigo ficar lendo por muito tempo. – Se comparado a mim, ele lia bastante, na verdade.

-Ok, vamos voltar. – Eu disse sorrindo. Ele se levantou e eu fiz o mesmo.

-E então, gostou do livro?

-Hã... Ah claro.

-O que você mais gostou?

-Ah, de tudo. – Na verdade, eu só sabia que o livro era sobre a segunda guerra. –E você?

-Acho que é o modo como o autor descreve os acontecimentos, sem favorecer nenhum lado mais do que o outro, no contexto da guerra.

Ele era bom com direções, mesmo que fosse só na floresta como ele diz. Ele estava lendo fazia um bom tempo, mas mesmo assim achava que não lia muito. E o jeito como ele descreveu o livro... Será que ele era filho de Atena?


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