When The Moon Light Meets The Sun Light escrita por Between the moon and the sun


Capítulo 10
O convite




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-Mudando de assunto... – Disse Alice, olhando pra mim. Eu fiquei esperando a continuação que parecia não vir.

-Mudando de assunto...? – Incentivei.

-Você ficou sabendo da festa que vão dar hoje?

-Uma festa? Não.

-É, os meus irmãos e irmãs que estão planejando a festa, sem motivo aparente, mas não precisa ter motivo pra uma boa festa, certo? – Ela disse e sorriu.

 -Ah... Mas por que você perguntou se eu sabia? – Ela rolou os olhos.

-Esquece, Alex.

-Você gosta de festas?

-Quem afinal não gosta? – Ela deu de ombros.

-Você vai?

-Provavelmente não, só poderia entrar na festa se eu tivesse um par.

-Ué, e você por acaso está com falta de pretendentes? Deve ter um monte de garotos querendo te convidar.

-A questão é que eu quero ir com alguém em especial.

-Com certeza ele também iria querer ir com você.

-Tem certeza?

-Claro.

-Mas ele não se toca que eu quero que ele vá comigo!

-Convida ele.

-Ok... – Então ficamos alguns momentos em silêncio, até ela me chamar de novo. –Alex?

-Hm?

-Quer largar de ser idiota e ir à festa de hoje à noite comigo?

-Hã...? – Eu fiquei olhando pra ela sem entender muito bem se eu tinha ouvido certo.

-Fecha a boca antes que você babe. – Ela riu.

-Porque você está me convidando?

-Sabia! Você com esse seu jeito anti-social ia me dar um fora, não sei nem porque te chamei.

-Não é isso! Eu só estou perguntando por que eu.

-Porque não? – Ela deu de ombros.

-Sei lá, com tantos caras no acampamento.

-Você aceita ou não ir à festa hoje?

-Ok. – Eu não sabia se eu tinha aceitado pra mostrar pra ela que ela estava errada sobre eu recusar – porque eu odeio ser “previsível” – ou se eu realmente queria ir. Mas eu creio que foi só pra ser do contra mesmo... Eu não sou o tipo de pessoa festeira, na verdade eu fujo de festas. Quando eu ia, não tinha par. Só uma vez que a Taylor foi comigo pra não me deixar sozinho, mas no fim da festa eu estava sozinho e ela estava se agarrando com algum cara que ela nem deve lembrar o nome.

-Nossa, você fala como se tivesse no corredor da morte. – Ela disse rindo. –Se não quiser ir, tudo bem. Mas eu acho que pode ser divertido, sei lá.

-Não, eu vou sim.

-Legal. – Ela disse e sorriu, sentando mais perto de mim e continuou me encarando.

-O que você está fazendo? – Ela riu.

-Como você é lento. – Ela balançou a cabeça e se levantou. –Vou arranjar alguma coisa pra fazer, nos vemos mais tarde, às 7.

-Ok. E em que parte do acampamento vai ser a festa? – Ela riu.

-Acredite, na hora, você vai saber. – E então ela saiu correndo.

Vamos rebobinar, Alice tinha acabado de me chamar pra festa. Eu, o mané que ela mal conhece. Ela, a garota que todos os garotos do acampamento deitariam no chão só pra ela pisar em cima. Algo parece errado pra você? Bom, pra mim, parece.

Como ainda tem tempo pra essa festa, eu vou tentar descobrir o que tinha na carta que as caçadoras entregaram pra Quíron... Fui andando até a casa grande como quem não quer nada, entrei e olhei a grande sala, vazia. A sala era grande, de madeira antiga. Na parede esquerda, uma grande janela, um sofá branco. A minha frente, no canto esquerdo, uma escada. Do lado da escada, um pouco afastado, uma grande mesa. Do lado direito, uma parede com apenas uma porta, do escritório de Quíron. Bati à porta.

-Quíron? Você está aí?

Nenhuma resposta. Abri a porta devagar e entrei na sala, vendo a carta na mesa, ainda selada. Olhei em volta, peguei a carta e a abri cuidadosamente, sem rasgar o selo.

Quíron,

Gostaria de estar entregando esta carta em suas mãos, como todas as outras, porém, não foi possível. Devido às circunstâncias, quero pedir-lhe algumas coisas a respeito de Alex. Será que estás o vigiando o bastante? Venho percebido uma interação muito grande entre ele e Alice Night, uma das garotas do chalé de Apolo. Apolo já tomou consciência da existência do garoto, e apesar de não saber muito sobre ele e nem estar curioso sobre isso, espero que não cometa deslizes para que ele venha a se interessar pelo assunto. Ambos sabemos que não é preciso muito para ganhar a curiosidade dele. Sobre a filha de Perséfone, não creio que ela apresente mais algum tipo de risco, mas não fará mal continuar de olho. Espero não estar sobrestimando os seus serviços.

Ártemis.

Dobrei a folha e a guardei novamente no envelope, colocando-o sobre a mesa de novo. Fiquei paralisado por alguns instantes.

Então era isso? Eu era o “assunto”, só isso? Pouco importava o que eu queria ou não, se eu levava uma vida miserável sem me misturar com os outros, desde que nenhum “deslize” fosse cometido? Quantas cartas sobre meus passos ela já não deve ter mandado? Quantas vezes eu fui afastado de pessoas e atividades sem saber o propósito, que era manter Ártemis e seu segredinho a salvo? O quanto ela me vigia, mesmo de longe? Isso era doentio. A sua frieza nas palavras, seu jeito mecânico, tudo tão automático, tudo isso era doentio. Tudo isso É doentio. Falar de uma pessoa ou qualquer ser vivo como se fosse algo irreal, algo que você pode moldar a sua vontade.

De repente, senti algo saindo do chão e amarrando meus pés, me fazendo cair sem bater no chão e crescendo o bastante pra me pendurar pelo pé, me fazendo ficar de cabeça pra baixo.

-Olha, um bisbilhoteiro! – Ouvi aquela voz que não agradava ninguém no acampamento, seguido de uma risada sarcástica. Dionísio. –O que você pensa que está fazendo aqui?

-Eu só estava... Procurando por Quíron, eu queria falar com ele. – Então Dionísio me olhou nos olhos.

-Então... Porque continuou aqui quando viu que a sala estava... Vazia? Estava à procura de algo que não era seu, talvez?

Eu podia sentir todo o meu sangue indo pro meu cérebro, não era a sensação mais agradável do mundo, ainda mais pra pensar em uma boa resposta.

-Deixe o garoto. – Disse uma voz atrás de Dionísio.

-Ah. Você me dá ordens, por acaso?

-Ora Dionísio, eu não disse isso. Mas ele disse a verdade, ele estava aqui a minha procura, eu chamei ele. – Eles se encararam por uns segundos. –Solte-o, eu tenho que falar com ele.

-Que seja. – Dionísio deu de ombros e eu caí de cabeça no chão, ele deixou a sala antes que eu pudesse me levantar.

-Ai! – Eu exclamei, me sentando e esfregando a cabeça.

-Alex. – Disse Quíron.

-Sim?

-Você leu?

-Eu não sei do que você está falando.

-A carta.

-Que carta?

-Não se faça de bobo, você leu.

-Não, que carta? Ah sim, aquela da... Qual mesmo o nome dela? A irmã de Apolo, da qual eu sou o erro, não? Talvez eu tenha lido, mas que diferença faz se eu não devia? Deviam me matar logo, já que querem que eu viva assim. Me pergunto se eu vivo ou se apenas existo, graças a minha querida mãe.

-Eu sinto muito...

-Não, não sente, nem você nem ela. E quer saber? Eu também não. – Eu disse me levantando e saindo da sala, batendo a porta atrás de mim.

Eles realmente achavam que podiam me controlar como uma peça de xadrez? Estavam errados.


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