"A memória,

é uma ilha de edição!

A memória,

é uma ilha de edição!

Nasci sobre um teto sossegado

Meu sonho,

era um pequenino sonho meu.

Na ciência dos cuidados fui treinado.

Agora, entre o meu ser,

e o ser alheio,

a linha de fronteira,

se rompeu!

A linha de fronteira,

se rompeu!

Câmara de ecos."

Uali Dias Salomão

As Crônicas da Tempestade

— O Livro dos Horizontes -

Cap. lll

O Salto

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estava acordado, mas seu corpo permanecia inerte.

 

A última coisa que se lembrava era de estar subindo no dorso de Gamabunta com Jiraya em seus braços. Antes disso, e era como se uma cortina negra descesse por sobre seus olhos. Tentou forçar a se lembrar o que havia ocorrido, uma dor aguda no alto de sua cabeça o fez gemer por dentro fazendo-o desistir. Com os olhos semicerrados, acompanhava todo o movimento em torno de si, as pessoas indo e vindo rapidamente no decorrer das horas, ao se movimentarem pareciam deixar um rastro borrado de sua presença. Eram tantas e tão rápidas que não conseguia fixá-las por muito tempo na mente. Viu Sakura passar rapidamente e se postar ao lado da cama, a cor de seu cabelo tingiu praticamente tudo de rosa, fez um gesto de mãos para outras duas pessoas que não conseguiu distinguir mas sabia serem as enfermeiras poque elas deixavam uma aura branca da cor de seus uniformes nos seus olhos. Queria poder falar alguma coisa, mas estava entorpecido pelo aquele ar gelado e fresco que era empurrado pelas suas narinas através da máscara de oxigênio, quando retornou o olhar a Sakura, viu que a imagem dela desvanecia no ar, ela não estava mais ali. "O que.... aconteceu..... ", a mente estava confusa demais, e aquela dor de cabeça pareceu instalar-se agora de vez como se tivesse uma estaca no cérebro, foi quando viu aquela imagem que parecia ser a única que realmente estava ali, parada e olhando para ele sentada à frente de sua cama, era Hinata, ao concentrar seu olhar naqueles olhos que pareciam parados no tempo, a enxaqueca pareceu diminuir um pouco. O mundo a sua volta se movia rápido demais para o seu cérebro debilitado pelo cansaço, mas ela, parada ali e olhando diretamente para ele, era como se tivesse encontrado um oásis de paz no meio daquela torrente de cores. Novamente ele tentava se comunicar, falar alguma coisa, e mais uma vez não conseguiu. Tentou mexer alguma parte do corpo, um dedo que o fosse, sentiu como se cada braço e perna estivessem amarrados a cama, ainda estava imobilizado, subitamente toda a sua atenção se voltou-se para ela, o rosto capturado na sua retina começara a ser esmiuçado pela mente, percebeu como seu cabelo descendo pelos ombros à havia deixado com uma expressão mais feminina do que anos atrás, a pele parecia brilhar com o reflexo da luz nela, seus olhos pareciam mais alvos e brilhantes, o nariz perfeito, a boca pequena que sempre parecia disposta a falar algo e que logo em seguida se fechava em timidez sempre que estava em sua presença.

 

—Aaaaaaaaaaaaa Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnaaaaaaaaaattttttttttaaaaaaaa....... pooooooooooorrrrrrqqquuuuuuuuue vvooooooooooocccccêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêêê nããããããããããããooooooooooo vaaaaaaaaaiiiiiiiii paaaaaaaaaaaaaaarraaaaaaaaaaaaaaaa caaaaaaaaaaaaasssssssssssssaaaaaaaaaaaaaaa?

 

Escutou a voz de Sakura mas não conseguia vê-la, a escutava como se ela falasse através de um grande e comprido tubo, a imagem dela aparecia agora junto a Hinata que permanecia indelével, foi quando a audição pareceu recuperar-se, mas mesmo assim o eco das palavras em sua mente permanecia.

 

—Awwwwwww! Sakura-chaaaaaaaaaaaaaaan?

 

—Você já está aqui à horaaaaaaaaaaasssss! - O eco diminuía a medida em que elas falavam, agora já escutava um pouco melhor apesar de que o som ainda parecesse ainda distante.

 

—Mas o Naruto-kun, ele............

 

—Não vai sair daqui hoje. - Disse Sakura colocando as mãos na cintura e olhando para o leito. - O melhor que podemos fazer agora é irmos para casa e descansarmos, ele é o Naruto! Amanhã mesmo ele vai se levantar dessa cama como se nada tivesse acontecido!

 

—Nada? Será mesmo?- Questionou Hinata.

 

A pergunta feita em tom de resposta as fez ficarem em um silêncio desconcertante para si mesmas, Naruto que estava desperto, acompanhava cada palavra do que diziam. "Sakura-chan, Hinata-chan, vocês...", antes que terminasse o pensamento, um peso irresistível invadiu-lhe o corpo inteiro e tomou conta de suas pálpebras que contra a sua vontade se fecharam rapidamente, pela pequena fresta de luz ainda podia ver suas duas amigas paradas à sua frente. Dentro da escuridão de sua mente, se viu na mesma posição em que estava naquele quarto, deitado e sem poder se mover, um brilho vermelho tomou começou lentamente a preencher as trevas, com os olhos fitou o ambiente onde estava, próximo à jaula dela, mas distante o suficiente para que a fera não lhe molestasse, foi quando aqueles olhos vermelhos e animalescos o encararam por cima de si, "Ela saiu?! Não pode ser!", a mente, apesar de debilitada, começou a engendrar um meio de sair daquela situação movida por um instinto de sobrevivência primitivo, o de uma caça na frente de seu predador. Sentir o ar quente da respiração da Raposa ao redor da cabeça, como se lesse seus pensamentos ela esboçou um sorriso e disse.

 

—Ainda vai continuar a resistir a resistir a mim garotinho? Quanto mais você resiste ao meu poder, mais a minha fúria aumenta! E quanto maior ela for, maior é a minha vontade de matar!

 

A pergunta seguida da ameaça velada, veio seguida de sua gargalhada aterrorizante entremeada por um roncar baixo e rouco, porém poderoso, na sua mente, a fera estava por cima de seu corpo e o encarava com aquele desdém de sempre, tentou responder, e se descobriu surpreso que até em seus pensamentos estava tão fraco que não conseguiu se expressar.

 

—Qual é o problema moleque? Você não vomitou dias atrás que não precisava do meu auxílio? Que era para que levasse o meu poder ao abismo? Ao que parece você nem mesmo pode se mover se este meu poder "infernal" não estiver aqui para reparar essa sua carcaça fétida!

 

A riso diabólico ecoou tão alto em seu cérebro que ele achou que sua cabeça fosse explodir, estava ali completamente a mercê da besta, mas não se daria por vencido tão facilmente.

 

—Seu tolo! Não preciso mais ficar buscando uma saída deste seu corpo humano débil! Não agora que este maldito selo começa finalmente a ruir! Eu quero ver o seu sofrimento e a dor em seu corpo e alma quando eu rasgar ambos em pedaços ao sair desta prisão em que aquele maldito Yondaime me encerrou. Será maravilhoso poder ouvir a sua alma gritar quando o momento da minha liberdade chegar!

 

A cabeça latejava à cada palavra, não conseguia afastá-la de sua mente, em todos aqueles anos em que foi obrigado a enfrenta-lá sempre sentiu um certo medo, mas ali naquele momento foi a primeira vez que se sentiu o desespero tomar conta de si. Sem poder dizer nada ela continuava à torturar a mente fadigada.

 

—Mas o que quero agora é me divertir! E talvez eu começe por essas duas fêmeas que estavam aqui! O que você acha? Qual será o sabor da vida delas quando eu devorar as sua almas e retalhar seus corpos com as suas próprias mãos?

 

—n-não.........

 

Ouvindo o fraco som de protesto vindo do seu Jinchuuriki, Kyuuby inclinou-se por sobre a figura de Naruto e pareceu sorrir de escárnio.

 

—Vejo que ainda tem forças para balbuciar impropérios mortal! Como espera me impedir de matar à cada um deles na sua frente se você não consegue nem se levantar?

Cada palavra, cada letra que tentava dizer era um esforço incrível, sentiu uma sensação quente no ouvido e um gosto de ferro na boca quando conseguiu dizer.

 

—e-eu me mato antes sua d-desgraça........

 

—VOCÊ? SE MATAR? HÚA HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ HÁ..........

 

Era sangue o gosto que sentia na boca, a gargalhada infernal estava mais alta do que nunca, sentiu como se fosse perder completamente os sentidos quando ela novamente se curvou diante de si e disse ameaçadoramente.

 

—Imbecil ignorante! Você ainda não compreendeu não é mesmo?

 

Aquele riso macabro agora parecia não ter fim em sua mente, sentiu uma formigação por todo o corpo que se concentrou no peito, eram como se agulhas quentes rodopiassem em volta do seu coração.

 

—Então direi a você para que finalmente entenda garoto! O poder que circula por dentre esses selamentos e inunda esta sua carne e alma durante todos esses anos, SOU EU!

 

—O q..... - A mente ainda tateava em busca de uma reação quando ela completou.

 

—Você só morrerá quando eu permitir que isso aconteça! Até lá, deixarei que viva com a dúvida de qual vai ser a momento em que emergirei de sua mente, e se vou realmente matar os seus companheiros quando estiver frente à eles. Mas não se preocupe, deixarei que você ao menos assista eles agonizarem no final.

 

Naruto em resposta à ameaça cerrou os dentes e começou a emitir um som parecido com o de um rugido entre uma respiração e outra, agora, era o máximo que podia fazer. Kyuubi, que estava se deliciando com aquela situação levantou a pata esquerda e a pousou por sobre todo o corpo de Naruto só deixando a cabeça livre para realizar o seu intento.

 

—O Poder tem um preço seu verme, e por ele você agora sua vida me pertence Naruto Uzumaki! E para deixar claro de quem é o seu dono vou lhe dar algo para que se lembre pelo que restar de seus dias de que a partir de agora vou transformar a sua vida num inferno!

 

Antes que terminasse de falar, duas das nove caldas apareceram por detrás da besta, cada uma por um lado da raposa moveram-se em direção à Naruto que ainda tentava buscar forças para tentar escapar, elas se aproximavam lentamente, um tom intenso de vermelho apareceu na ponta das caldas, sentiu o poder e o calor emanados daquele brilho e seu corpo inteiro ficou inerte, não daria a ela o gosto de ver seu desespero. Com a força restante que conseguiu, concentrou-se bem fundo em sua mente e balbuciou.

 

—Volta... pra sua... jaul AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAaaaaaaaaaaah.................

 

As pontas das caldas desceram ao mesmo tempo e enterraram-se no rosto do ninja no momento em que tentava uma última reação, elas rasgavam e queimavam como duas lâminas quentes . O grito de dor se emudecia pela fraqueza de seu corpo ainda debilitado, a tortura continuava, sem poder mais gritar, só restou-lhe sentir aquela dor e aquele calor a calcinar a face, a mente que já estava confusa, entrou em um turbilhão de imagens, pensamentos e lembranças.

 

—E lembre-se Uzumaki! Se você tentar se matar, eu salvarei essa carcaça, se tentar sair desta vila, eu o farei voltar e matarei um dos seus como punição pela desobediência. Se tentar avisar alguém da minha presença, eu o impedirei e matarei seu confidente! Agora você é o prisioneiro, e não há escapatória.

 

Ainda escutou novamente o riso diabólico da raposa, foi quando se viu de volta a barraca de lámen no instante em que Gama Kichi aparecia diante de si e dissera sem rodeios, "Jiraya-sama está morto! O contrato Naruto! o contrato, o contrato, o contrato, o contrato..........." o eco das daquelas lembranças ecoavam no interior da sua cabeça como se sua mente buscasse um meio de fugir aquela dor lancinante em sua face. "Jiraya... não...... "

 

<>>

—Ei Hinata! Você tá bem?

 

—Aw? O que? - Hinata se surpreendeu com a aparição de Sakura em meio aos seus pensamentos ainda naquele quarto, com Naruto.

 

Sakura, que estava fatigada pelo longo turno sem descanso, ainda assim percebeu a preocupação no rosto cansado da jovem Hyuuga, "Ela ainda não tá acostumada com o jeito suicida do Naruto de ser! Se bem que, nem eu consigo me acostumar."

 

—Você disse alguma coisa Sakura-chan? - Perguntou Hinata saindo do seu transe.

 

—Vamos pra casa Hinata! - Disse Sakura afastando um pensamento. - Amanhã com certeza o Naruto já vai tá melhor que a gente. Se bobear ele até sai daqui hoje mesmo.

 

Quando já estavam na porta de saída, uma campainha soou na recepção, Sakura virou-se rapidamente na direção da sirene.

 

—Monitor cardíaco? Mas não tem ninguém que... - A voz cortada pelo auto-falante do hospital foi como uma descarga elétrica percorresse o corpo de ambas.

 

)))ATENÇÃO! (((

)))EMERGÊNCIA QUARTO 14!(((

)))REPITO! EMERGÊNCIA QUARTO 14!(((

)))ATENÇÃO! DR. TOMOEDA COMPAREÇA IMEDIATAMENTE AO QUARTO 14! ((((

)))REPETINDO! DR. TOMOEDA QUARTO 14!(((

—Quarto 14? Mas é......

 

—É o quarto do Naruto!— Disse Sakura enquanto as duas corriam de volta para o interior do hospital.

 

 

 

>>>*<

 

—O-o que você disse Gama Kichi-chan?

 

—Não temos tempo Naruto! Vamos!

 

Naruto não entendeu o que estava acontecendo, de repente a invocação se virou e saiu para fora da barraca sem dizer mais nada mas, só aquela impressão de ter ouvido as palavras "Jiraya" e "morte". ditas assim juntas foi o suficiente para deixá-lo apreensivo, pegou o dinheiro pelo lámen que mal havia começado a comer, o jogou no balcão ao lado da tigela e saiu apressado com medo de perder o batráquio de vista. Ao sair ele o esperava com um pergaminho nas patas.

 

—O que você me disse lá dentro?

 

Em vez de responder, ele lhe entregou o pergaminho em suas mãos e lhe disse novamente.

 

—Jiraya-sama está morrendo Naruto! E se você não tiver o contrato em suas mãos quando a alma de Jiraya abandonar o seu corpo, o contrato desaparecerá!

 

Seu cérebro, já naturalmente sobrecarregado pelo fardo de carregar mais uma alma dentro do mesmo corpo, só captou novamente as palavras 'morrendo' e 'Jiraya'.

 

—O-onde ele está Gama.....

 

—Está tudo no pergaminho! Se você demorar mais um não haverá tempo! Boa sorte amigo!

 

Uma pequena explosão de fumaça e Gama Kichi desaparecera deixando para Naruto aquela apreensão em torno de seu sensei.

 

—Merda Gama Kichi! Merda, merda, merda...

 

Naruto abriu o pergaminho enquanto se pôs à correr em direção do escritório da Hokage quando parou ao ler o destino escrito no pergaminho. "Essa não! Não lá, não agora... ", precisava decidir rápido. Se tivesse que acordar Tsunade aquela hora, e até que o seu time estivesse pronto para sair não haveria mais tempo. Olhou novamente para o pergaminho quando percebeu algo, nele havia um mapa com o nome de Jiraya escrito em tinta preta, o que achou à primeira vista ser um erro de grafia o deixou abismado. Quando lera o mapa pela última vez, uma das letras que compunham o nome de Jiraya estava faltando, e ao reler agora, uma segunda letra estava começando a sumir. "Não tenho tempo, tenho que fazer isso agora!". Naruto deu mais uma última olhada para o escritório e virou-se na direção do portão e começou a correr. Estava passando pela rua de Sakura quando seus olhos ainda de longe fixaram-se na sua janela, ela não estava lá, e mesmo que estivesse, pensou, ela nunca que iria olhar para ele, e não ia pedir a sua ajuda já que com certeza ela teria que falar com Tsunade, e muito menos Sai, que morava um pouco distante mas tambem era muito sistemático quanto à hierarquia, "Sou só eu dessa vez! Eu vou me ferrar!", voltou a se concentrar na corrida. Antes que chegasse ao portão, viu de longe a presença dos sentinelas em toda a muralha e se escondeu por trás de uma parede.

 

—Mas que droga! Se eles me virem vão dar o alarme na hora! E vai levar horas até que eles...

 

~Salte Naruto...~

Olhou em volta tentando procurar de onde aquela voz tinha saído, a noite sem luar, e a iluminação ainda avariada pelos últimos combates na Vila deixavam tudo o que olhasse nas sombras.

 

—Quem tá aí? - Perguntou em voz baixa só recebendo o silêncio em resposta. - "Saltar? Mas que porra! Por que essa idéia estúpida que ouvi de relance não saí da cabeça agora? E depois, saltar pra onde? Por cima do muro? É lógico que eles iriam me ver e...

 

~Salte Naruto...~

Novamente aquela voz lhe ordenava para saltar, o que deixou assustado pois, não era Kyuubi. Já havia estado na frente dela inúmeras vezes para que não soubesse reconhecer. Talvez, movido por sentimento de desespero quanto a situação jogada em suas mãos tão abruptamente, Naruto começou a estudar se podia mesmo fazer aquilo.

 

—Eu devo é tá pirado de vez! Como é que eu vou pular por cima daquela muralha sem que eles me vejam? - Pensou enquanto calculava a distância até o portão.

 

Naruto não percebia, mas pensava em voz alta agora, era o jeito que ele tinha para raciocinar com mais clareza, uma maneira de driblar sua personalidade hiperativa que lhe roubava a atenção nos momentos em que precisava se concentrar. Até que aquele plano lhe veio a mente e ficou em silêncio. Não poderia utilizá-lo, não depois de tudo. Tornou a olhar o pergaminho, a segunda letra já estava quase sumindo, sem pensar muito ele guardou o pergaminho de volta no bolso e saiu detrás da parede procurando ficar na parte mais escura mas que ao mesmo tempo lhe desse as posições do muro e dos vigias. "Droga! Eu não queria ter que fazer isso, mas é uma emergência!"

 

Juntou as mãos em posição de selamento e concentrou todo o seu chakra no seu estômago, viu quando que, de 5 em 5 minutos os guardas da muralha fitavam o lado de fora do muro, a atitude certa, afinal são poucas ou quase nenhuma as investidas que vinham de dentro para fora, e era esse tempo que Naruto iria usar para tentar passar por eles. Sentiu aquela sensação familiar de desconforto na barriga, era como alguém raspando a sua carne por dentro com uma lâmina.

 

—Isso vai ter que funcionar... ou eu vou me ferrar bonito!

 

Começou a correr em direção ao portão, os vigias estavam circulando pela muralha mas ainda não podiam vê-lo, o ponto sem retorno, o lugar em que o veriam mesmo naquela noite escura e mal iluminada, estava próximo. As passadas vigorosas ampliadas pela adrenalina sendo bombeada por todo o sue corpo já não podiam ser detidas, as mãos que estavam para trás do seu corpo se jogaram para a frente e se uniram no selo de concentração, "É agora!", concentrou todo o chakra que estava no seu estômago direto para as sua pernas e a planta de seus pés, o brilho vermelho do poder da Kyuubi formou um halo em torno de seu corpo, deu um último impulso e quando fincou os dois pés no chão flexionando as pernas, um dos guardas começou a se virar para observar o lugar onde ele estava, abriu os braços e os jogou para o alto. O guarda olhou para onde Naruto estava, e não viu nada.

 

O salto foi mais potente do que esperava.

 

A velocidade com que ascendeu foi tão rápida que Naruto se desorientou por um segundo, quando retomou o controle ele já sobrevoara a muralha a vários metros de altura da parte mais alta da muralha. Uma mescla de sensações entre o euforismo e o pavor tomou conta de si quando sentiu o ar da noite passando rápido pelo seu rosto, por um minuto teve a sensação irreal de que estava voando, um sorriso invadiu-lhe o rosto inconscientemente, que desapareceu quando a força do impulso chegava ao seu fim. Abriu os braços quando sentiu que já começava a cair tentando controlar a queda, não tinha pensado que iria tão alto,as arvores do outro lado se aproximavam depressa em sua direção, instintivamente cruzou os braços na frente do rosto e encolheu as pernas para diminuir a area atingida. "Vai ser um milagre se eu sair dessa só com um braço quebrado!". O mergulho no meio daquele mar de folhagens não foi o que imaginara, foi pior. A velocidade da queda somados ao seu próprio peso o impediam de tentar se segurar em qualquer galho ou tronco de árvore, a única coisa que podia fazer era esperar que as próprias folhagens das copas amortecessem parte do impacto da queda, só não sabia o quanto isso seria doloroso. As folhas em contato com a pele em movimento cortavam se fossem lâminas afiadas, cada pequeno galho que topava na sua trajetória se transformavam em punhais, sentiu um golpe no ombro direito acompanhado de um calor que não poderia descrever, esqueceu-se e tentou ver através daquele inferno escuro e dolorido, tarde demais, o vulto à sua frente crescia rapidamente. Só teve o tempo de levar o braço esquerdo a frente do rosto. O impacto foi tamanho que todo o seu corpo pareceu ter sido atingido por um eletrochoque, o mundo a sua sumiu de sua consciência por alguns segundos, ao recobrar os sentidos viu que a queda continuava, era atraído para o solo velozmente, em desespero concentrou todo o chakra restante na mão direita e tentou se fixar no tronco quando mais outro galho bem em sua trajetória apareceu das sombras, forçou mais um pouco e conseguiu desviar-se de um novo choque puxando o corpo rente à árvore até finalmente tocar o solo com mais violência do que esperava quando rolou por sobre si e bateu o braço numa pedra ao lado da árvore com violência suficiente para um filete de sangue escorrer pelo braço dolorido. De costas para o chão, Naruto voltou o olhar para seu ombro direito, um pedaço de galho estava enterrado fundo em sua carne.

 

—Argh! Que mancada eu aprontei agora! Essa porra vai doer...

 

Tentou levantar o braço esquerdo, mas ele permaneceu imóvel, ficou olhando para o ferimento e decidiu usar a própria mão direita para arrancar o galho, agarrou a ponta e segurou com tanta força quanto dispunha.

 

—Um, dois, três, quat......

 

Antes que falasse, ele puxou o graveto de supetão para si mesmo e soltou um grito abafado de dor. Jogou o pedaço de madeira longe com um palavrão, o sangue escorria quente por baixo de sua malha, tentou se levantar mas o corpo não queria obedecer. Voltou a deitar-se e sentiu um formigamento, uma névoa branca começou a ser expelida pelas feridas e sentiu o corpo inteiro se aquecer. Não precisou raciocinar muito para saber que aquilo era a maldita Kyuubi consertando o corpo de seu hospedeiro para que este não morresse e a levasse junto para o etér. Soltou um suspiro longo e disse antes de perder os sentidos.

 

—Eu devia ter.... chamado.... ela............ arf... droga Jiray............

 

E desmaiou na relva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

>>>>>>>>>>>>>>>>>continua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

...........................