A Lenda escrita por Cchan


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, gente, eu realmente tentei fazer um capítulo bom! Juro que me esforcei ): então espero que gostem! :X



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Definitivamente, o mundo dos mortos não fora feito para os vivos. O lugar era horrível. Totalmente coberto por uma neblina espessa e um nauseante cheiro de enxofre. Ossos de youkais estavam espalhados sob a terra vermelho-sangue. O sensível olfato de Inuyasha suplicava por um aroma mais agradável enquanto os olhos de Kagome ardiam.


– Vamos sair daqui! Depressa! - gritou Inuyasha com a voz abafada pela manga do kimono que cobria-lhe o nariz e a boca.


Ao darem meia volta, depararam-se com o vazio. O portal havia se fechado.


– Inuyasha... - murmurou Kagome numa voz rouca.


Ela tossia. Conforme os segundos passavam, o desespero do hanyou crescia, pois sabia que em pouco tempo Kagome desmaiaria e, de acordo com a tontura que lhe invadia o corpo, o mesmo aconteceria consigo.


– Aguente firme, Kagome! Nós vamos sair daqui!


– - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


Sango chegava a passos lentos e pesados no vilarejo. Kirara estava em seu ombro direito, pequenina como um gatinho inofensivo. Miroku caminhava de um lado para o outro totalmente frustrado. Ao vê-la, correu e abraçou-a apertado contra seu corpo, de maneira que ela pudesse ouvir as batidas de seu coração acelerado:


– Nunca mais faça isso!


E o silêncio foi sua resposta.


– Eu estava esperando por um pedido de desculpas, mas esse silêncio é uma excelente resposta, Sango. - Ele ironizou - EU FICO AQUI ESPERANDO POR NOTÍCIAS SUAS E VOCÊ ME APARECE NO FIM DA TARDE, NÃO ME DIZ NADA, NEM MESMO ONDE ESTAVA E ACHA QUE ESTÁ CERTA? O KOHAKU É PERIGOSO, SANGO! VOCÊ PÔS A VIDA DO NOSSO FILHO EM PERIGO OUTRA VEZ, PRA SER BEM SINCERO, JÁ ESTOU CANSADO DISSO! VOCÊ É MUITO INCONSEQUENTE E...


Sango desvencilhou-se do abraço e encarou o marido. Ele desmoronou. Sango sorria como uma criança e seus olhos brilhavam como a muito tempo não via. Naquele momento, ele soube que tudo estava bem.


"Como ela é linda..." pensou atordoado. "NÃO, NÃO, MIROKU, VOCÊ PRECISA SER FORTE! NÃO RIA, NÃO RIA!", e então percebeu que estava sorrindo. "NÃO, SEU HOUSHI BAKA! VOCÊ PRECISA BRIGAR COM ELA, DIGA QUE ELA NÃO ESTÁ CERTA!"


– Está tudo bem, não é mesmo, Sangozinha? - "NÃO, SEU ESTÚPIDO, ESTÚPIDO! Ah, esqueça, você é um mulherengo mesmo... Não sabe ver o riso de uma mulher que já fica todo bobo. Bom, mas não é o riso de qualquer mulher, é o riso dela... Pare de falar comigo, digo, consigo mesmo desse jeito, está parecendo um louco!"


Ela assentiu com a cabeça.


– O que foi que vocês conversaram?



– - - - - - FLASHBACK - - - - - -



– Irmã... Você...


– Sim, Kohaku? - Sango sorriu com o embaraçamento do irmão.


– Você... Me perdoa?


Sango estava surpresa. Entortou levemente a cabeça tornando explícito seu desentendimento.


– Naquela noite, eu não queria... - Lágrimas rolavam livres de seus olhos infantis e negros - Eu não queria ter machucado você. Eu não queria ter matado o papai e os nossos companheiros.


– Eu sei, Kohaku, eu sei... - Sango abraçou-o. - Mas está tudo bem agora.


– Você acha que eles me perdoaram? - ele olhou para cima, fitando o céu que tingia-se de diversas cores, mostrando que o dia estava para terminar.


– Tenho certeza que sim.


– Mas... Eles sabem que quem os matou foi Naraku, não sabem? Eles sabem que eu só fui um... Um... - Ele tentava conter o choro. - Um fraco que foi controlado por ele.


– Kohaku, você não é fraco. É um menino muito, muito forte! - ela mexeu nas mechas negras do irmão, igualzinho a quando eles eram pequenos. Aquele sentimento nostálgico a fez muito bem - Só foi usado por aquele cretino. Mas ele já teve o destino que merece. Ele já está morto agora.


– Eu sei, mas...


– Tudo está bem agora.


– Não, não está! - ele moveu-se de maneira que pudesse encará-la nos olhos.


Sango, assustada, apenas o encarava. Ambos tinham os olhos da mãe. Mãe essa que havia sido uma fantástica exterminadora de youkais, mas falecera pouco depois do nascimento de Kohaku. Desde então, Sango se sentia responsável por ele e, agora mais do que nunca, sabia que estava sozinho e que precisava dela.


– Irmã, você me perdoa?


– Que pergunta mais boba, Kohaku. - Respondeu mediante a um sorriso.


– Me responda, por favor!


– Kohaku, pare de ser tolo...


– Onee-chan, você me perdoa?


Somente então ela percebeu o quão importante essa resposta seria para ele. Ela sorriu e apertou-o contra o ventre crescido.


– É claro que sim, Kohaku, é claro que sim. Você está perdoado.



– - - - - - FLASHBACK OFF - - - - - -


– Nada. - Sango deu um sorriso amarelo, depois de tanto tempo sem responder, era óbvio que Miroku havia deduzido que algo haviam falado de algo sério. - Eu o convidei para morar conosco, tem algum problema?


– É claro que não, Sangozinha, seu irmão será muito bem vindo em nossa casa inexistente. - Miroku riu de sua piada - Onde ele está?
– Mas ele disse que ainda iria visitar o túmulo dos nossos companheiros e do nosso pai...


– Ah, entendo.


– Precisamos providenciar uma casa, não acha? - sorriu docemente e beijou-lhe o rosto. - Quando a nossa filha nascer, precisamos de um lugar para ela dormir, Houshi!


– Opa, espere, nossa FILHA? Vai ser um menino, Sango, convenhamos...


– Miroku, vai ser uma menina! Eu estou grávida e tenho certeza de que vai ser uma menina!


– Iiih, acho que alguém está delirando de febre... - ele pôs a mão na testa da esposa, fingindo tirar sua temperatura. - Por Buda, Sango, não fale tolices...


– Quando ela nascer, você vai ver!


– Exatamente, quando ele nascer, você vai ver!


Riram. Miroku beijou os lábios da esposa e levou-a para dentro. Afinal de contas, ela ainda estava grávida e precisava de um repouso exagerado para que um certo monge parasse de lhe aperrear.



– - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -



Inuyasha abraçou Kagome com seu braço direito e saltou buscando um pouco de ar. Encontrou. Ar com um cheiro um tanto desagradável, mas ainda assim, ar. Saltou para longe daquela neblina e aterrisou abruptamente no chão vermelho. Kagome se recuperava aos poucos.


– Vamos, não temos tempo a perder! Suba!



A miko subiu em suas costas e Inuyasha disparou em busca do túmulo de seu pai.


– Vocês nunca vão encontrar o que procuram sem ajuda! - disse uma voz conhecida.


– Velho Myouga? Ora, que surpresa! Pensei que você nunca aparecesse quando precisássemos ou enquanto estivéssemos em perigo!


– Amo Inuyasha, assim você me ofende!


– Ficou preso aqui com a gente e não percebeu, não é mesmo?


– Ahm, bem, sim, é pouco provável... Quer dizer, talvez eu tenha... É, isso mesmo. - suspirou a pulga idosa.


– Tudo bem, velho, para onde vamos?


– De acordo com a lenda, se seguirmos em frente, encontraremos uma caverna com um youkai bondoso chamado Kokkaku. Ele é todo feito de ossos e sua arcádia dentária é fantástica! Ele voa e...


– Certo, velho! Cale a boca! Kagome, segure-se!


– Sim!


Inuyasha correu o mais rápido que pôde e, em pouco tempo, já avistava a caverna que Myouga havia falado.


– Kokkaku, estamos chegando!



– - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -



Kaede servia o jantar enquanto Miroku e Sango continuavam fazendo discussões bestas. "Vai ser menina!", "Vai ser menino", "Vai se chamar Aimi!", "Não, vai se chamar Chiyoko!", "NÃO ENCOSTA AÍ!", "Mas eu sou seu marido!", enfim, muitas discussões.



– Tome, Sango, é oden! - disse Kaede passando uma tigela de nabo, ovos e bolinhos de peixe.



– Muito obrigada, Kaede!


Logo em seguida, Miroku pegou a sua. E logo depois, Kirara foi servida.


– Esperem, cadê o Shippou?! - Kaede perguntou apoplética.

– - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


Shippou caminhava sozinho em meio a floresta escura. Chutava cascalhos e bufava.


– Eu quero ser forte! Quero ser forte que nem o Inuyasha! Ou melhor, mais forte que o Inuyasha! Só pra bater naquela cara gorda e feia dele!


Chutou os cascalhos com força e eles colidiram contra o tronco de uma árvore, sem efeito algum.


– Eu quero ser forte... Mas, como? Eu sou um fraco. Apenas um fraco! Todos tem uma força, menos eu! A Kagome tem as flechas; Sango, o Hiraikotsu; Miroku, o Houriki e a inteligência; Kirara, as presas e tudo o mais... E o Inuyasha... Ah, o Inuyasha... Ele tem tudo! As garras, a Tessaiga... - Ele fechou as mãos em punho - Maldição! Como eu queria ser forte!


– Você quer ser forte, pequenino? Eu posso te ajudar! - olhos verdes e curiosos apareceram em meio à escuridão.


– Que... Que... Q... Que... Quem é você?


E apenas um sorriso foi visto.



– - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


Kokkaku era, literalmente, feito de ossos. Parecia um fóssil pterodactilo que Kagome vira em sua era. Ele era mesmo muito bondoso e parecia estar sempre sorrindo. Bom, como um monte de ossos sorri é um mistério, mas era essa a impressão de que todos tinham.


– Querem visitar o túmulo do senhor Inu no Taishou? - Kokkaku perguntou interessado. Sua voz era grave e um tanto rouca.


– Sim, Kokkaku, mas não sabemos onde ele fica... - disse Kagome docemente.


– O senhor poderia nos levar até lá? - Myouga perguntou educadamente.


– Isso mesmo, gagá! - Inuyasha mordia a perna direita do extinto pássaro youkai - Por sinal, você tem um gosto muito bom!


– INUYASHA, TENHA MODOS! - Kagome gritou enfurecida.


– Mas é tão gostoso...


– INUYASHA, OSUWARI! - E tentou desculpar-se pelos maus modos do marido.


– Ah, não tem problema! Uma vez, um lobo levou uma parte da minha asa direita... Mordidas não me incomodam! Hahahahahahaha!


– Er... - Aquele youkai morto maluco era, claramente, muito esquisito. - Bem, então, poderia nos levar até lá?


– Claro! Suba aqui, mocinha! E você também, cachorro mal-educado!


– SEUS... CRETINOS! - Inuyasha levantava-se do chão ainda puxado pela força do kotodama.


Subiram no enorme esqueleto e voaram numa velocidade estupenda.



– ~ - ~ - ~ - ~


Pouco tempo depois, já avistavam o túmulo do enorme cão. Ele não tinha uma das presas e usava uma armadura proporcional ao seu imenso corpo. Sem sombra de dúvidas era Inu no Taishou.


– Okata-sama... - Myouga suspirou cheio de saudades.


– Quieto, pulga velha, já estamos chegando. - bufou Inuyasha. "Quem será que pode ter invadido o túmulo do meu pai?"


Ainda frustrado com tal pensamento, encarou Kagome. Como ela conseguia estar tão linda no mundo dos mortos? E como o seu cheiro ainda podia ser sentido em meio àquele cheiro de carne em putrefação? Não sabia. Só sabia que ela estava ali com ele e queria que para sempre fosse assim.


Kagome percebeu que estava sendo observada e olhou para o marido. Corou. E logo depois, sorriu. E que sorriso...


Inuyasha simplesmente fechou a cara para evitar futuros constrangimentos e continuou pensando. Nada. Nada lhe ocorrera.


Chegaram. Pousaram. Kokakku voltou para sua caverna e eles adentraram no túmulo do grande daiyoukai. Estava exatamente igual a da última vez... Exatamente igual. Não havia sinal de violação nem nada do gênero, então, o que o invasor andara fazendo?


Quando finalmente estavam no estômago de Inu no Taishou, perceberam que realmente, alguém havia estado ali. Havia alguns locais destruídos, mas qual era o motivo de tudo isso? Ou melhor, quem fizera tudo aquilo?


– Inuyasha... Estou com medo. - Sussurrou Kagome.


– Tenha calma, Kagome, nós vamos encontrar esse cretino!
– Algo me diz que quem está aqui é... - foi interrompida.


– Ora, ora, ora... Se não é o Inuyasha e sua fiel tonta... Francamente, Inuyasha, você é mesmo muito burro. Não conhece nada sobre os mortos? Não conhece nada sobre o seu pai?


– Essa voz... - sussurrou entrando em desespero. - Esse cheiro...


– Exatamente, Inuyasha. Aposto que você não contava que eu estivesse aqui. - seu sorriso mostrava malícia e vitória.


– SAIA JÁ DAQUI! O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?!
– Eu estou procurando a dengen bokkusu (caixa do poder) do seu pai!


– AMO INUYASHA, NÃO DEIXE QUE A CAIXA SEJA ENCONTRADA!


– MAS QUE CAIXA, VELHO MYOUGA?


– É, você não sabe mesmo nada sobre ela... Bom, saiba que ela será toda minha!


– NÃO SEI O QUE É ISSO, NEM O QUE VOCÊ QUER COM ELA, MAS VOCÊ NÃO VAI ENCOSTAR EM NADA DO MEU PAI! VOU TIRAR VOCÊ DAQUI A FORÇA!


"Você sabe que eu não quero fazer isso, mas não tenho escolha..." pensou Inuyasha antes de desembainhar a Tessaiga. "Me desculpe..."


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Notas finais do capítulo

Reviews? :D



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