Um Romance pra lá de Estranho escrita por Between the moon and the sun, Shinemoon


Capítulo 9
Pois é, eu estou perdendo a razão




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Já era quase fim de tarde, eu tinha que começar a minha viagem de novo.

-Dafne, nós temos que ir. – Eu disse, nem um pouco animado com a idéia.

-Ah... Ok, vamos nessa.

Nós fomos até o carro e começamos a viagem.

-Então, gostou do passeio pela Europa? – Eu perguntei sorrindo.

-Foi legal. Obrigada.

-De nada, eu também gostei. Fazia algum tempo que eu não vinha à Europa a passeio.

O resto da viagem foi mais silenciosa, porém eu não me incomodava com o silêncio. Ela tentava esconder um grande sorriso, sem muito sucesso. Ela era linda sorrindo, eu via um brilho encantador no olhar dela.

Nós chegamos aos Estados Unidos, eu a deixei na casa dela e fui pra minha casa e fiquei assistindo TV até dar a hora de dormir.  Já tinha conversado mentalmente com Hermes sobre o atestado falso pra Dafne. Ele me entregou na hora que eu pedi. Que eficiência, quem precisa de sedex quando se tem um parente como o Hermes? Quando eu acordei de manhã, fiz o que eu faço todo dia, peguei meu carro, viajei pelo mundo – que parecia tão chato sem a luz do sorriso da Dafne agora – e depois eu fui pra imobiliária e enganei todo mundo lá, manipulando a névoa. Quando Dafne chegou, eu fui com um grande sorriso até ela.

-Bom dia, Dafne.

-Ah... Oi, Apolo. – Disse ela, andando com um monte de coisas na mão.

-Quer ajuda pra carregar as coisas?

-Não.

-Ah, eu trouxe o atestado falso.

-Obrigada. – Eu segui ela enquanto ela andava, então ela deixou a pilha de coisas em cima da mesa e eu coloquei o atestado do lado dos documentos que também estavam em cima da mesa.

-Então, como você está?

-Bem.

-Tem certeza?

-Claro. - Ela estava estranha. –Apolo, agora se me der licença... – Disse ela apontando pra porta.

-Você está diferente.

-Não estou não.

-Está sim, ontem você estava toda sorridente e...

-Ontem foi ontem, você não acha que eu ia ficar aos seus pés depois da viagem, não é?

-Mas...

-Eu já te agradeci pela viagem, foi legal mesmo. Mas isso não quer dizer que a gente seja próximo ou algo assim.

-Dafne, pára com isso.

-Parar com o que? – Disse ela, evitando o meu olhar.

-Pára de ficar assim. Tipo tentando me evitar, dando patadas em mim. Não precisa disso. Você se divertiu ontem, eu pude ver isso.

-Eu não disse que não me diverti. Você nunca vai parar de tentar?

-Olha nos meus olhos e diz que nós não estamos nos aproximando que eu paro de tentar. – Ela olhou nos meus olhos.

-Ok então. Nós n-não estamos nos aproximando. – Ela disse e olhou pra outro lado.

-Você não é boa mentindo. – Eu disse rindo.

-Não é mentira. Eu não posso me aproximar de alguém agora, ok? Eu estou bem sozinha.

-Dafne... – Eu disse olhando pra ela e me aproximando. Ela se afastou, então ela ficou encostada contra a parede. Eu apenas olhei nos olhos dela. – O que fiz de tão ruim pra você? Porque você me odeia? – Ela olhou nos meus olhos e não falou nada por algum tempo, então ela suspirou e eu pude ver tristeza nos olhos dela, pude ver tristeza e solidão

-Você não entende? Você só quer diversão, só mais uma namoradinha pra sua lista. Eu já sofri demais com homens assim.

-Me deixa tentar provar que eu sou diferente.

-Mas eu sei que não é.

-Me dê uma chance.

-Todos falam a mesma coisa... – Eu olhava pros lábios dela.

-Me desculpe por isso. – Foi tudo o que eu consegui dizer antes de encostar os meus lábios nos lábios dela e envolvê-la em meus braços. Eu achei que ela ia me bater por isso. Ela tentou se soltar, ela tentou resistir como se ela quisesse aquilo, mas algo dentro dela estivesse lutando contra a nossa aproximação. E de fato, estava. Eu a envolvi nos meus braços gentilmente, mas ao mesmo tempo com força. Não a ponto de machucá-la, apenas a ponto de mantê-la ali. Eu moldava seus lábios gentilmente nos meus. Então ela finalmente parou de resistir, relaxou em meus braços e me beijou com cautela. Seus braços pairavam nos meus ombros, as pontas dos seus dedos acariciavam suavemente a minha nuca. Eu a mantinha encostada contra a parede, ainda que a envolvesse em meus braços.

Então eu interrompi o beijo, encostando a minha testa contra a dela, ainda a segurando perto de mim.

-Isso não devia ter acontecido. – Disse ela, tentando manter a voz firme e fria. Eu acariciei o rosto dela com uma das mãos, tirando uma mecha de cabelo que caía pelo rosto dela e olhando nos olhos dela. Então eu beijei o pescoço dela devagar e a pele dela se arrepiou levemente.

-Mas aconteceu. – Eu sussurrei contra a pele dela.

-Apolo... – Ela suspirou. –Me deixe ir. – Era a última coisa que eu queria fazer. Eu selei nossos lábios novamente, por um curto período de tempo dessa vez e a soltei. Ela demorou alguns segundos até desencostar os lábios dos meus. Então ela me olhou e levantou a mão, acariciando meu rosto com seu toque angelical. Era como se ela se sentisse culpada por me magoar, mas não quisesse se auto magoar e por isso estivesse construindo um muro invisível a sua volta. Mas a nossa aproximação era um pouco forte demais e conseguia passar por esse muro. Então o telefone tocou na mesa dela e ela foi atender. Eu saí da sala dela e fui até a minha sala pensando sobre o momento do nosso beijo. Aqueles doces e delicados lábios... Me dariam muito o que pensar. Eu até pensei sobre... Talvez, só talvez... Pensei na possibilidade de torná-la imortal e pensei em como seria se ela fosse minha pra sempre. Pois é, esse negócio de amor te deixa insano. Tão insano quanto Afrodite. Eu já estava perdendo a razão.

Não sei se ela iria ou não falar comigo de novo. Eu ainda podia sentir o calor dela em meus braços, toda aquela fragilidade humana que não devia ser especial, mas simplesmente era.

O perfume dela, a delicadeza do seu toque, seus lábios suaves. E o medo que eu tinha de perdê-la agora que eu tinha finalmente tomado coragem pra beijá-la.


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