asylum escrita por HMSanches


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... último post...



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- Maggots, esta é minha casa. - indiquei, quando cheguei com minha nova amiga.

- É linda, Emilie. - ela elogiou.

Entramos, e lhe mostrei cada cômodo.

- Você vai dividir o quarto comigo. A casa que vou encontrar pra gente e pras outras terá que ter um para cada uma, já que todas gostamos de ter nosso próprio espaço. Espero que goste de minha companhia. - continuei, enquanto sorria.

- Aprecio sua companhia desde já, minha amiga. - ela também sorriu ao responder.

Muffins e chás eram nossos vícios. Juntas, muitas vezes eram as únicas coisas que consumíamos.

Começando nossa preparação para dormir, aqueci alguns muffins de mel que eu tinha prontos e fiz um chá que misturava erva cidreira, melissa, camomila e sementes de maracujá. Emprestei a Maggots uma de minhas camisolas - no dia seguinte, teríamos que fazer compras. Lanchamos quase em silêncio, com alguns comentários a respeito do Asylum, e de como foi ter saído de lá. Não demorou para que caíssemos em nossas respectivas camas, tamanho o cansaço.

Acordamos com o dia alto; quase onze da manhã. Não que importasse - estávamos nas nossas férias de verão, não havia motivo para acordar cedo.

- Bom dia! - nos cumprimentamos, e fomos preparar nosso café da manhã.

- Mag... Vamos ter que abrir seu arquivo do Asylum e verificar de que documentos você vai precisar. - disse, indiretamente pedindo permissão para olhar o conteúdo de sua ficha.

- Tudo bem. Não me importo que você veja.

Recolhi o jornal do dia depois que comemos e abri nos anúncios de imóveis.

- Olhe! Estamos com sorte! - havia uma casa cuja descrição combinava exatamente com o que eu queria, e por um preço bastante atraente; decidi que visitaríamos naquele mesmo dia.

O lugar seria o lar perfeito para mim e minhas amigas. Cada uma poderia ter seu próprio quarto, teríamos espaço para ensaiar nossa música, ler, escrever e desenvolver nossas artes - que era o meio que usávamos para ganhar dinheiro.

Quando contamos a novidade para as outras, foi como se tivessem sido resgatadas de um longo sequestro. Dizer a nossos pais que nos mudaríamos não foi tarefa fácil - não que eles tivessem reclamado quando avisamos, mas ainda nos queriam na companhia deles.

Em uma coisa, todas concordamos: seria ótimo não ter ninguém implicando com o que fazíamos. Os únicos pais que realmente eram difíceis de lidar eram os de Aprella; queriam forçá-la a se vestir, andar, falar e se comportar do jeito que achavam correto - e eram os únicos que não nos dariam nenhum tipo de apoio em nossa nova fase. Os meus eram os que menos causavam problemas - desde que tive alta do Asylum onde eu estive, e tiveram certeza de que eu não tinha nenhum problema mental, eles não diziam nada a respeito de como eu vivia. Os pais de Contessa acreditavam que ela era rebelde - coisa que na verdade ela não era - e creio que até tenham agradecido a decisão de dividirmos moradia. Os pais de Veronica não se opuseram - a filha era independente o bastante para dar esse passo sem ser questionada.

Ao verificar meu celular, havia inúmeras mensagens de Arthur, preocupado que eu não tivesse conseguido voltar do Asylum. Falei com ele e nos veríamos ainda naquele dia.

Nós cinco saímos para visitar o imóvel onde viveríamos, até ir para a universidade - se é que iríamos. Nosso sonho era o melhor curso de Belas Artes que pudesse nos aceitar; nossa paixão era a música, a poesia, e toda forma de expressão que considerássemos própria no momento.

A residência era realmente ideal para nos abrigar - conforme a descrição no anúncio, era simples, mas bonita, e atendia o que precisávamos. Com nossa decoração, teria uma aparência que gritaria em silêncio que o lugar era nosso.

Em comemoração a nossa nova instalação, convidamos várias amigas de nossas amigas. Estiveram em nossa festa Ulorin, Sugarless, Jacinda, Lady JooHee, Lucina, Vecona e Apnea - e devo dizer que realmente tive uma noite de garotas agradável.

Tudo aconteceu melhor do que o planejado.

Tive a chance de adotar dois ratos de estimação - Sir Edward e Basil, que não demoraram a se tornar melhores amigos depois de se conhecerem. Eram mais doces, amáveis, educados e respeitosos do que muitos seres que se dizem humanos. Por mais que meus pais não se incomodassem com meu comportamento, roedores na casa é algo que eles não aceitariam.

As aulas recomeçariam - e eu completaria o ano na escola regular - e, com minhas amigas, faria esta ser a época mais agradável de meus estudos até ali.

Era divertido ver que, todas que podiam, se reuniam a nós no gramado em frente da escola depois das aulas, que acabavam exatamente à hora do chá, para provar das bebidas que preparávamos - pedindo corretamente, as funcionárias que cuidavam do refeitório nos forneciam água quente para utilizarmos, e até deixavam alguma de nós que tivesse fugido das lições preparar muffins na cozinha do estabelecimento.

Nossos cadernos mais pareciam obras de arte - em qualquer aula que nos fosse entediante e que já soubéssemos o suficiente a respeito do conteúdo tratado, utilizávamos nossas canetas para compor poemas ou traçar desenhos.

A casa onde morávamos dava inveja em muitas das garotas que nos tratavam como inferiores na escola - tínhamos cada uma o próprio quarto, tão grande que servia como estúdio musical ou ateliê artístico particular, conforme nossa vontade, e era decorado com estampas de corações, tons de vermelho, branco, rosa, preto e nossos padrões listrados preferidos.

Nossa aparência diferente do que normalmente era visto atraía olhares e não nos importávamos, realmente.

Em nossa casa, todo nosso tempo era empregado em novas formas de expressar nossa arte; produzíamos toneladas de poemas, músicas, desenhos, roupas, peças de decoração e tudo o mais que podíamos pensar.

Assim que terminasse o ano escolar, com a junção de nossos talentos, não demoraria até que tivéssemos organizado um show próprio inteiramente nosso - tudo o que alguma de nós queria do próprio jeito, pessoalmente fazia. Roupas, cenários, itens para o palco... Cada um com o toque da Emilie, da Aprella, da Veronica, da Contessa e da Maggots.

Nossa corajosa primeira apresentação foi no festival de formatura - para nossa sorte, a banda que deveria tocar não apareceu, e eu e minhas Crumpets (apelido carinhoso que dei para minha amigas. Algo como ‘pãozinho’, em português); mais do que prontas, assumimos o palco.

A grande maioria gostou do que mostramos - fomos coroadas rainhas daquela noite. Fizemos questão de chamar Arthur ao palco, e também o namorado de Veronica (sim, ela havia conseguido um) para nos fazer companhia. Fizemos questão de não convidar aquele que havia maltratado Aprella de mais jeitos do que eu era capaz de descrever, para mostrar que ele estava devidamente superado - e, quem sabe algum dia, teríamos chance de vingá-la.

O mais divertido foi ver inclusive colegas que me ridicularizavam boquiabertos com minha voz e minha habilidade com um violino - e, claro, atingidos em cheio por minha poesia. Posso jurar que cada uma de minhas amigas também havia sentido o mesmo quando notava a admiração de alguém que tinha sido descortês.

Convites para nos apresentar em outros lugares não faltavam - muitas vezes, tínhamos que dispensar propostas que apareciam.

Antes que nossas cartas de aceitação na faculdade chegassem, já tínhamos dinheiro o bastante para nos manter sem precisar de auxílio de nossos pais. Com algum crédito estudantil, seria perfeitamente possível nos formar e realizar tudo o que tivéssemos vontade.

Veronica teve a honra de ser pedida em casamento pelo namorado - e, sem titubear, aceitou. Próximo da faculdade, ela moraria com aquele que era agora marido dela, e ainda assim continuaria participando de nossos shows e ainda nos ajudaria a construir nossos trabalhos.

A vida, porém, dá muitas voltas – e, graças à essa, quase fui parar no Asylum novamente. Meu querido Arthur desfaleceu num trágico acidente de carro - ele voltava do curso de química avançada que frequentava, e foi atingido por um ônibus que trazia estudantes de uma escola não muito distante de onde havia sido a colisão.

A morte dele quase me levou a loucura. Felizmente, pude contar com minhas fiéis amigas para me ajudar a superar essa terrível perda.

Maggots estava mais do que feliz com Milo, um cara baixinho e super inteligente que ela havia arranjado. Havia pouco tempo que estavam juntos, mas ele a tratava como uma rainha - do mesmo jeito que Arthur costumava agir comigo.

Para nossa felicidade, nós cinco conseguimos bolsas de estudo na Universidade de Columbia - e sem ter que subornar nenhum reitor. Isso era uma prova mais do que suficiente de quanto éramos dedicadas e competentes em nossos estudos e em nossa arte. E também provava que não éramos doentes mentais - por mais problemas que tivéssemos com nossos humores e sentimentos, nossa mente ainda era sadia.

Tive a oportunidade de rever algumas de nossas antigas amigas enquanto eu estava na faculdade com minhas Crumpets. Muitas delas adorariam voltar ao contato que tínhamos antes, mas, devido aos próprios trabalhos, seria impossível.

Estudar acabou se tornando tão enfadonho que decidimos abandonar o curso. Eu e minhas amigas seríamos muito mais produtivas em uma turnê mostrando nossos talentos, em vez de nos confinarmos em uma sala de aula, estudando temas que não acrescentariam nada ao que já éramos capazes de fazer.

Conseguimos a vaga para nos apresentar na inauguração de uma casa noturna, Cold & Fiery. Não era muito longe da universidade, e muita gente estaria lá.

Ao ver o primeiro anúncio de que “Emilie Autumn & Bloody Crumpets” estariam se apresentando, eu quase me derramei em lágrimas. Iniciar uma turnê própria nossa era um sonho que já acalentávamos.

Ao saber que os ingressos estavam vendendo mais rapidamente do que eu jamais tinha visto para um lugar onde faríamos nosso show, fiquei incrivelmente feliz - tão feliz quanto se eu houvesse ganhado numa loteria. Seria nosso maior público até o momento.

Muitas pessoas que vieram nos ver estavam com roupas muito parecidas com as que eu costumava vestir, e maquiadas do jeito que eu maquiava meu rosto. Eram fãs. Pessoas que admiravam meu trabalho. Que gostavam da minha música e minha poesia. A quem eu deveria ser intensamente grata.

A cada novo lugar onde íamos, sentíamos o quanto as pessoas nos amavam. Havia quem levasse faixas, cartazes, presentes - diziam de várias formas “eu amo você e o que você faz”.

Ouvir a plateia cantar comigo era algo sem preço. Por eles, eu faria música enquanto pudesse, e extrairia o melhor de tudo, incluindo as mais horríveis coisas que pudessem ser vistas.


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Notas finais do capítulo

se forem bonzinhos... e comentarem bastante... pode ser que eu faça um post extra... quem sabe??

espero que tenham gostado!

^^'

=*

*-*