Era um belo dia. Estávamos no Outono. Nova York cheia de folhas caídas pelo chão, fazendo do mesmo um verdadeiro mar de flores e gravetos pequenos. Logo teríamos o Natal. O mesmo que eu passaria em casa, como os demais.

Completava hoje Trinta e dois anos de idade. Não seria uma comemoração enorme, simplesmente faríamos um pequeno bolo, Naomi e eu, e junto com minha mãe acenderíamos algumas velhas, e a minha pequena mais ansiosa não podia estar.

__Mamãe! –Ela pulava em cima da cama, enquanto me via rapidamente me arrumar para o trabalho.__Mamãe! Mamãe!

__Fala amor! –Eu procurava o outro pé do sapato.

__De noite vamos comer bolo?! –Ela pulava velozmente pela cama, bagunçado todo o lençol.

__Sim, nós vamos, agora desce daí! –Eu parava o que estava fazendo e corria para ela, pegando-a no colo um pouco agitada.

__Mamãe não quero sair!-Ela batia os pés e as mãos.

__Vai para escola! No caminho te compro um sorvete!

Nesse instante ela se calou por completo, uma coisa era certa, Naomi adorava sorvete de chocolate, para conseguir alguma coisa dela era preciso prometer algo em troca.

__Anda, vai me espera lá fora! –Eu abria a porta e a pequena saia  correndo.

Eu respirava fundo, e logo voltava a procurar os sapatos. Arrumei o cabelo, passei um lápis nos olhos, um belo batom, e penteei os pequenos cabelos rosados, terminando com um lenço nos mesmos.

__Estou ficando velha... –Eu resmungava a me ver no espelho, pequenos pés de galinha, e a falta de sono acabava comigo.

Afinal ser mãe solteira não era fácil.

__Naomi! Filha to indo! –Eu trancava a porta da sala, e logo fechava as janelas, deixando a casa escura.

__Mamãe! Vamos logo quero sorvete! –Ela pulava na frente da porta, atenta ao carro e ao pequeno motociclista que carregava os jornais logo adiante, como se fosse um cachorrinho.

__Vamos... –Eu me virava para trancar a porta da frente.

__Quero uma bicicleta ano que vem, vou ter tamanho o suficiente para...

__Ta bem, eu dou agora vamos! –Eu tinha que cortar o assunto, se não a pequena faria um discurso para me convencer.

Naomi tivera os cabelos pretos, vindo dele infelizmente, e junto a isso meus olhos verdes, a única coisa bonita que eu tinha em mim, ficava feliz por isso. Ela era arteira, muito veloz, agitada como toda criança, mais fora isso muito inteligente, sabia resolver pequenos probleminhas como ninguém, alem de ser possuidora de uma imaginação incrível, a mesma que me dava tanto trabalho.

__Mamãe!

__O que Naomi?! –Eu me preparava para começar a dirigir, quando a pequena se voltou para mim.

__Vamos fazer o que depois da escola?! –Ela escorava no banco da frente, fazendo o cinto quase rebentar.

__Vamos ao parque, tomar sorvete, e depois do trabalho da mamãe podemos comprar meu bolo juntas, que tal?! –Eu apertava suas bochechas, sorrindo para ela.

Logo seus olhinhos brilharam.

__Para mim ta ótimo! –E foi se sentar como um anjinho.

O tempo passou, eu peguei um transito terrível para deixá-la na escola.

__Amor, se comporta viu! –Eu a via pela janela, de mãos dadas com a professora.

__Claro senhora Haruno, sua filha é uma benção de menina... –Ela acenava para mim, sorridente.

__Sim... –Eu respirei fundo, um pouco aflita ao deixá-la ali, naquele dia eu havia acordado meio estranha.

__Tchau... Mamãe!

Eu a olhei nos olhinhos verdes.

__Beijo! –Ela levou as mãozinhas à boca, e me mandou um conhecido ‘’Beijinho voador’’.

Eu sorria, sentindo meu coração se acalmar.

__Te amo meu bem... –Então a deixei, sorrindo pulando como sempre ao lado da professora.

Tomei o rumo do trabalho.

Ao chegar, fui rapidamente para o meu bloco de trabalho. Eu era redatora, ou seja, arrumava as coisas e as noticias que seriam exibidas nos jornais de noite. Alem disso, era um cargo importante, e comigo havia vários outros trabalhando na mesma função.

__Agora ligar... –Eu ligava o computador, arrumava minha mesa, com minhas fotos, meus enfeites, tudo ao meu estilo, e logo o susto.

__Amiga! Amiga!

__O que?! –Eu me virei, e lá estavam minhas duas amigas enxeridas de trabalho.

Hinata Hyuuga, Minha doce amiga tímida, de longos cabelos pretos e lindos olhos prateados. Confiável, honesta, uma mulher de poucas palavras mais de grandes sentimentos.

Ino Yamanaka, Minha temível amiga, foi a primeira que conheci, ela sempre teve inveja do meu trabalho, e ainda mais que isso, pelo fato de todos os homens desta empresa só terem olhos para mim, principalmente um em particular, o apresentador do jornal.

__Você esta bem Sakura? –Hinata me cumprimentava, envolta dos cabelos pretos tímidos.

__ É claro que esta! Afinal, hoje e o seu aniversário não é ''sem marido!'' –Ela debochava de mim.

Eu procurava não ligar para as provocações dela.

__Na verdade sim, Ino... –Eu mal olhava para ela.

__Tenho um presente para você... –A bela mulher de olhos prateados se aproximou com um embrulho nas mãos.

__Nossa, que gentil... –Eu sorria para ela.

Realmente uma admirável mulher, cheia de talentos, e um deles era o artesanato.

__Bom... –Ela corava tímida.__Na verdade é para sua filhinha, sinto saudades dela...

Quando eu abri o embrulho entregado por ela, via uma linda bonequinha de madeira, esculpida com muito amor, a imagem da minha pequena.

__Linda... -Eu então a abracei.

Ela retribuiu o abraço.

__Que lindo... –A loira ficava de fora, provavelmente com raiva da minha felicidade.

__Mais então, vai à festa da empresa sábado?! –Ela me perguntou, enquanto se afastava.

__Que festa?! –Eu perguntava.

__Nossa, não sabe, a festa, aquela que a empresa faz todos os anos! –Ino respondia com grosseria.

__Não sei... -Eu me sentava, enquanto olhava para bonequinha.

Elas se puseram a falar.

__Não acredito, vai sim! Vocês têm que ir, vai ter cada gato na festa! –A loira brilhava os olhos só de pensar nesta hipótese.

__O Naruto Vai estar lá... –A tímida disse sensualmente para me seduzir.

__Quem...? –Eu olhava de lado.

__O apresentador do jornal...

Ino já mudava por completo a sua expressão.

__Todos aqui na empresa sabem que ele gosta de você...

__Mais... –Eu me agarrava a bonequinha.

__Alem do mais você esta sozinha não é? –A doce mulher se sentou ao meu lado.__Vai, dê uma chance, você anda muito triste... –Ela sorria timidamente.

Eu nada falei, somente imaginava a hipótese de ter outro homem novamente em minha vida, ainda não esqueci o que vivi no passado, aquela feria ainda não cicatrizou.

__Vou ver... –Eu sussurrei.

Ino nada disse, simplesmente girou os calcanhares, e dali se retirou.

__Ótimo... –Hinata supirou.

Deixando-me ainda mais confusa.

A tarde chegava, a hora passou rápido. Estávamos encerrando por hoje, na verdade, somente a mim, pois era o meu aniversário e então fui liberada mais cedo.

Respirando fundo, eu desliguei o computador.

__ Agora buscar a Naomi... –Parei um pouco, observei a solidão do meu bloco, as fotos pregadas nas mini paredes, e logo a sensação de solidão refletida nas mesmas, somente eu, ou Naomi, sem minha mãe, que se achava feia nas fotos, sem um amigo, um irmão, um homem...

__Sakura!

Eu olhei assustada. Aquele grito que interrompera meu silencio.

__Naruto...

Eu o olhava vir correndo ate mim.

Alto, loiro, dos olhos azuis, cobiçado por todas as mulheres, pelo seu humor e gentileza.

__Tudo bem?! –Ele parou ofegante, meio tímido por sinal.

__Ah! Sim, e você?! –Eu me virei, sem muito assunto.

__Bem, então... –Ele procurava as palavras certas. __Feliz aniversario!

__Ah! –Eu sorria de leve.__Arigato! –Eu suspirei.

__Então, você vai à festa?! –Ele perguntou, me olhando de frente.

Seus lindos olhos azuis refletiam nos meus.

__Estou pensando... –Eu ironizei.

__Se você for... –Ele respirou fundo, e logo sussurrou.__Vai comigo?

Confesso que o meu coração paralisou nesta mesma hora.

__Bom, Naruto, Tenho que ver... –Eu tentei sorrir, para disfarçar o nervosismo.

__Ta, sem problema...

Percebia que ele havia ficado triste.

__Vou indo então... –Ele se afastava apressado.

Eu me sentia uma idiota, então...

__Eu te ligo! –Eu gritei.

E ele que já estava adiante, parou, ao me escutar, e se voltou sorrindo.

__Vou esperar... –Acenando se foi.

Achei tudo meio estranho, não era a primeira cantada que eu levava, afinal não era viúva, podia ter um namorado, um futuro marido, mais não sei o que acontecia comigo, ai ainda mantinha aquelas lembranças de um passado distante em meu coração, as mesmas que me atrapalhavam seguir em frente.

Teria de me apressar agora, Naomi já estaria impaciente me esperando na porta da escola.

O sol ainda não teria se posto, mais já estava tarde para ficarmos na rua, infelizmente teria de dizer a ela que não poderia ir ao parque, mais em troca eu compraria um pote de sorvete.

Entrei no carro, e pensando em uma desculpa para ela, e outra para Naruto, na verdade, como e quando ligaria para ele, e o que conversaríamos.

__Boba... –Eu sorria nervosamente com raiva de mim mesma.__Você é uma boba mesmo...

Logo eu parei, pensativa, no mesmo carro que a anos teria o deixado.

Sem perceber meus olhos brilhavam de lagrimas que ameaçaram cair mais não caíram.

__Acho que chegou a hora de esquecer você...

Eu pensava.

‘’É claro que ele me esqueceu, porque se lembraria de mim se nem ao menos me amava, se me amasse não teria me traído de tal forma. Será que ele se lembra, será que sente saudades, me procurou, ou pensou em mim, ou no motivo que me levaria lá aquela noite, a noticia que eu nunca disse a ele, a filha que ele nunca saberia que existia! Pois eu não o deixaria ter esse privilegio, depois da dor que me causou... ’’

Eu te Amo, Eu te amo... Ele me gritou aquele dia. Será que foram verdadeiros?

Meu coração doía, só de pensar nele, e ao mesmo tempo a saudade aumentava.

Eu estava a caminho da escola de Naomi.

Enquanto isso.

__Sua mamãe não vem te buscar meu anjo?! –A professora perguntava sorridente, para pequena que estaria confusa.

__Não sei... –Ela coçou a cabecinha, tentando desvendar o mistério do ‘’Desaparecimento da mamãe’’ __Ela tem que vim, quero meu sorvete! –Ela então sorria.

__Meu Anjo, você tem que se comportar...

A menina mal escutava e começava a pular alegremente.

Então.

__Vou sair correndo! Você não me pega! –Ele mostrava a língua para professora. E se punha a correr pela escola, ate dar no portão.

__Naomi! Menina! Não corra! –A professora tentava alcançá-la, mais sua energia já era pouca.

A pequena correu, correu, alegremente, já teria saído pela porta, chegando a calçado, olhou para traz, para ver se destemida senhora vinha trás dela, quando.

__Ah! –Ela bateu em alguma coisa, e logo caiu de bunda no chão.

__Desculpe... –Uma voz suave falou.

A menina então olhou para cima, e lá estava um senhor, agachado a sua frente.

__Machucou? –Ele perguntava.

__Não... –A pequena estava deslumbrada com os olhos do moço.

__Eu te conheço moço? –Ela perguntava tímida.

__Não... Melhor você voltar, só estava passando por aqui... –Ele sorria, sem nem ao menos saber quem ela era.

E a menina não deixava de notar, o quanto ele era parecido com ela, e logo se lembrara de que já sonhara com ele. O moço dos olhos de Ônix.

Continua...