Your Guardian Angel... escrita por Misu Inuki


Capítulo 11
Fotografias


Notas iniciais do capítulo

Demorei quase dois meses para postar esse capitulo.
Mil descuplas galera! >.<
Eu amo essa fic, mas as vezes parece que a ideia não vem.
Espero que gostem desse capitulo.
E prmeto de verdade demorar menos para postar o outro.
Boa leitura!



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Saímos do estádio em silêncio. Estava me sentindo tonta e fraca demais para seguir com a turma para a festa de comemoração no colégio.

–Tem certeza que não quer que eu te leve para casa, Chihiro?- Eriol insistiu ao ver minha palidez.

–Estou bem, Eriol. Não se preocupe! O grande "goleador " do time, não pode ficar de fora da própria festa.

O garoto não pareceu muito convencido mas acabou indo com o time.
Mas ainda mais difícil de convencer foi Ayumi. Tive que particamente jogar ela em cima do Yusuke para que ela fosse a festa. Não seria justo que minha melhor amiga ficasse de babá e perdesse a chance de se divertir mundo do garoto que ela gostava desde o fundamental.
Em poucos minutos estava na estação de trem. O sol se despedia entre as nuvens, e como esperado do horário em pleno domingo assim que a turma embarcou em direção ao colégio, a estação ficou vazia. Os trem não costumavam demorar, mesmo nos finais de semana. Mas estar completamente sozinha, vendo os bancos de madeira vazios, a lanchonete fechada e os trilhos diante de mim formavam um cenário desolador. Estava inquieta demais para ficar sentada. Protegendo meus braços do vento frio de final de tarde, cruzei-os no peito, tentando me aquecer com esfregando as mãos neles.
Estava ficando cada vez mais frio, e logo, apenas isso não foi o suficiente para me manter aquecida.
Comecei a andar em círculos, olhando desesperançosa os últimos raios de sol se despedirem do céu.
Nem sinal do trem.
Me inclinei perto da linha que dividia a estação dos trilhos.
As lâmpadas dos postos se acendiam aos poucos, devagar demais para iluminar toda a estação.
Abaixei a cabeça, semi cerrando os olhos na tentativa de tentar enxergar alguma coisa no fim dos trilhos.
De repente, sinto um par de mãos na minhas costas.
Antes que eu pudesse me virar, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, meus pés escorregam no pequeno espaço da calçada e eu caio de bruços no meio dos trilhos.

Ainda dolorida, me levanto o mais rápido que pude.
Olho para cima, onde estava a instantes atrás e um arrepio gelado passa pela minha espinha.
Não havia ninguém lá.
Alias toda a estação estava vazia, nem mesmo uma sombra de alguém.

Engoli seco. A mureta que separava a calçada dos trilhos era pelo menos duas vezes a minha altura. Era uma sorte tremenda eu ter caído de cara, e ainda sim não ter nem quebrado o nariz.
Comecei a andar pelos trilhos procurando alguma coisa que me ajudasse a escalar.
E conforme eu andava entre as ripas de madeira cercada por milhares de pedrinhas, senti a velha entorpecência, e em segundos eu não estava mais ali.

"-Daqui você vai a pé. -Lin comentou parando o pequeno barco de madeira- Vai conseguiria ver a estação.

Mal escoltou nos trilhos e eu já pulei na água, segurando meus sapatinhos nas mãos.

–Tá bom. Obrigada.

A água batia nos meus calcanhares, então não seria uma caminhada difícil.

–Vê se volta, hein!-Lin gritou enquanto eu começa a me afastar.

–Tá bem.-Respondi automaticamente. É claro que eu ia voltar, mas iria pensar nisso depois que eu conseguisse devolver o selo da Zeniba.

–Sen, eu sei que chamei você de desajeitada mas eu peço desculpas!-Lin gritou mais alto enquanto remava de volta à casa de banhos.

Acenei sem virar para trás. Não tinha tempo a perder."


Aos poucos água foi secando e eu pude sentir meus pés novamente sobre o chão seco e rochoso da estão perto do estádio. Estava de volta à realidade.
A "visão" tinha sido muito parecida com várias outras que eu tive até então, com exceção de que a mulher... Lin era o nome dela, me chamou de Sen.

E quanto mais eu pensava nesse nome, mais minha cabeça doía. Como se uma sirene estive tocando, como se estivesse numa sala cheia de gente gritando ao mesmo tempo esse nome, gritando uma mensagem que eu não conseguia decifrar.

Mas a sirene foi ficando cada vez mais alta, então um facho de luz vindo atrás de mim me vez me virar para encarar o que seria meu maior problema.
A sirene, era o som da buzina do trem, que junto com seu farol alto tentava me avisar para sair dali.
Corri o mais rápido que pude, e o trem que tentava em vão diminuir a velocidade cada vez mais próximo de mim.
Eu tinha que pular, mas o muro era alto demais.

"Procure ficar calma"-a voz familiar ordenou em minha cabeça novamente.

Foi difícil controlar minhas lágrimas de desespero, mas em algum momento eu consegui.
E novamente suave como uma brisa a voz continuou.

–Respire fundo.

Enchi meus pulmões de ar, sem parar de correr.
Estava entre mundos, presa entre a visão e mais ou menos consciente do vagão quase me atropelando.

–Prenda o ar.– a voz ordenou e no mesmo segundo eu tapei meu nariz com a mão.

Não faço ideia de quantos segundos se passaram, mas em algum momento senti uma mão me segurando pelo pulso e suave como uma pluma senti meus pés pousarem em cima da mureta, a tempo de ver o trem passando por cima de onde eu estava.

O maquinista não saiu para me chamar de maluca, nenhum passageiro parecia sobressaltado. Como se eu nunca tivesse caído nos trilhos.
E eu teria acreditado que era um sonho senão encontrasse marcas de terra na minha camisa, pedrinhas dentro do meu sapato e o mais assustador...
Na pele clarinha do meu pulso, era possível ver claramente a marca de cinco dedos.
Como se tivesse sido puxada por ali.

***********************

Cheguei em casa sobressaltada pelo susto na estação.
Meu pai ainda não tinha chegado, e minha mãe terminava de preparar o jantar.
Fui direto para o banheiro para tentar limpar a sujeira de terra e clarear os pensamentos.
E conforme a água quente caia sobre minhas costas eu refazia todas as cenas na minha mente.
Alguém tinha me empurrado da estação.
E alguém também tinha me salvado.

Mas porque alguém teria o interesse em me ver atropelada?
Não tinha nenhum inimigo, muito menos do tipo fantasma.
Mesmo quando era criança sempre respeitei o "oculto". E diferente das outras crianças que gostavam de chamar a loira do banheiro, ou brincar de compasso ou copo, eu sempre me mantive distante.
Não, definitivamente não havia nenhum motivo para algum espírito fazer algo assim comigo.

"E se..."- pensava enquanto enxaguava o shampoo dos cabelos- "E se a coisa que me empurrou e me salvou em seguida serem a mesma pessoa?

Uma brincadeira de muito mal gosto, porém não duvidava que aquela criaturinha mascarada, o Sem rosto, que andava com a Zeniba; se divertisse com algo assim.

–"Mas ele era meu amigo..."-pensei incerta enquanto tateava às cegas em busca do condicionador- Amigos não arriscam a vida do outro pra...

Minha mão encostou numa superfície lisa, reta e porosa, muito mais fria que a parede.
Abri os olhos mesmo com a espuma ainda caindo sobre eles.
Para minha surpresa, dentro da banheira estava parado uma criatura escura e gosmenta, uma máscara branca no lugar do rosto, e em um de seus bracinhos finos ele segurava o meu condicionador.

–Ah.Ah.- ele gemeu me entregando o vidro.-Ah.


–AAAAAAAAAAAAAH! - eu gritei desesperadamente tacando o vidro de shampoo, o sabonete, patinho de borracha e mais todos os objetos que eu encontrei nele.

A criatura resmungou tentando proteger o "rosto" com os bracinhos finos.

–O que houve Chihiro? -Minha mãe falou do outro lado da porta.- Porque você está gritando?

Pensei rápido, me enrolando na toalha. Sem-rosto estava sentado em cima da privada. Os bracinhos segurando os "joelhos" visivelmente chateado com o súbito ataque.

–Uma barata, mãe. -Gritei de volta saindo da banheira- Uma barata bem grande e nojenta. Mas já resolvi!

–Tudo bem. Quando seu pai chegar, falo com ele para por mais inseticida ai.

Ouvi os passos da minha mãe sumindo pelo corredor e eu pude conversar com o espírito atormentado.

–Sem-rosto, me desculpe.- Ele virou a máscara para o outro lado - Perdão, é que você chegou do nada e eu tomei um susto. Não vou te machucar mais, eu prometo.

Ele me encarou por um tempo indeciso, mas por fim balançou a cabeça e eu soube que estava perdoada.
Ele me entregou o vidro de condicionador, meio amassado pela confusão.
Realmente, ele era tão fofinho que não dava para ficar zangada com ele.

–Vou terminar de tomar banho e você fica sentadinho ai, sem espiar até eu terminar. Promete?

Ele balançou a cabeça mais uma vez, e eu entrei no chuveiro despreocupada.
Sem rosto era meu amigo, e vendo ele pelas frestas da cortina, brincando inocentemente com meu patinho de borracha tornava minhas preocupações anteriores uma piada.
Sem Rosto jamais me faria mal...

Ou pelo menos era nisso em que eu preferiria acreditar.

Pedi para o espírito mascarado fechasse os olhos, melhor dizendo cobrisse com as mãos os buracos que ele tinha no lugar de olhos enquanto eu me secava e trocava de roupa.
Obediente como um cãozinho adestrado, prontamente ele colocou aos mãozinhas pegajosas, esticando-as até que estivem cobertos.
Vesti a roupa o mais rápido que pude, sem nem me dar o trabalho de secar os cabelos com o secador. Meu cabelo não era muito longo, como o da Ayumi que passava da linha da cintura. E também não era curto como o do Eriol, que passava um pouco da altura do queixo.
Os meus passavam dos ombros mas não chegavam a metade das costas. Comprido o bastante para precisar de ajuda além do vento para secar.
Fiz o que pude com a toalha felpuda em frente ao espelho, meu rosto meio corado do susto e da água quente. Olhando meu reflexo me vi subitamente consciente do passar dos anos.
Apesar da mente confusa e infantil, não quase nenhum traço ali que mostrasse a criança que eu me sentia por dentro. Era uma jovem mulher que eu via refletida. Fiquei durante alguns segundos me familiarizando com os novos traços, que na pressa do dia a dia tinham me passado batido. E quando eu iria me virar para ir embora uma sombra passou pelos olhos ali refletidos. Um brilho esverdeado demais para meus olhos castanhos. Me aproximei do espelho entregada. Os olhos foram tomando forma e profundidade. Como duas imagens refletidas em uma eu pude identificar um rosto mais pálido e anguloso, cabelos muito mais lisos e escuros como a noite e os olhos num profundo tom de verde. A imagem sorria para mim, lábios perfeitos ligeiramente curvados para cima. Em choque, estiquei uma das minhas mão para tocar a imagem, acompanhada pela pessoa no espelho. Mas nossas mãos não chegaram a se tocar. O frio e intransponível espelho encontraram minha palma. Olhei despecionada a imagem dele, então cada vez mais embaçada, cada vez mais distante de mim.
Queria gritar seu nome, mas tive que morder os lábios em frustração.
Por mais que vasculhasse minha mente, eu simplesmente não sabia.
Só me restante observar de mãos atadas, a Chihiro voltar a refletir no espelho.
Um olhar triste e perdido, no lugar da confiança de antes.
Ali estava, nos meus olhos marejados o traço de infância que eu achei tinha sido completamente apagado pelo tempo.
O mesmo expressão que tinha aos dez anos quando algo me entristecia.

Sem rosto tentou me consolar colocando suas mãozinhas no meu ombro, e eu agradeci com um sorriso fraco.
Pedi para o "fantasminha" se esconder no meu armário, enquanto eu jantava com meus pais.
Ele concordou e literalmente desapareceu.

Destranquei a porta e fui para cozinha arrastando os pés.
Ajudei em silêncio minha mãe a arrumar a mesa.
Em algum momento meu pai ligou avisando que ia demorar um pouco mais para o jantar, e eu sentei na mesa desanimada.
Não estava com fome, mas seria uma falta de respeito ir para meu quarto sem jantar com os meus pais.
Mas que precisava conversar com o Sem Rosto. Ou ao menos tentar, já que ele não sabia falar muito além de Ahs e Uhs.

–Tem alguma coisa te aborrecendo, filha...- aquilo não era uma pergunta. Minha mãe afirmava com certeza ao sentar ao meu lado.

–Como sabe, mãe?-perguntei. Afinal eu não tinha falado nada.

–Porque você faz a mesma carinha desde que era criança quando alguma coisa está te chateando.-ela ajeitou minha franja com carinho- Você ficou fazendo essa carinha de zangada por quase um mês inteiro quando a gente te avisou que iríamos mudar para cá.

–Eu não queria me separar dos meus amiguinhos da escola...-comentei colocando a cabeça sobre os braços dobrados- Gostava da outra cidade, mas quase não me lembro de nada dessa época.

–Eu tenho um álbum de fotografias com você pequenininha, quer que eu pegue?-ela se ofereceu e eu concordei mais para agradar.

Em alguns minutos ela voltou carregando um grosso e pesado álbum feito de couro. Teve ter pelo menos umas 300 fotos nele, e as páginas de tão abarrotadas, caiam para fora da capa mal presas pela uma grossa fita de cetim preta, que servia de fecho.

Minha mãe abriu o grande álbum, e folheou algumas páginas até chegar às fotos minhas com dez anos. Tinha uma com meus amiguinhos na festa de despedida que eles fizeram para mim.
Eriol tava nela, sempre destacado dos outros alunos pelo cabelo vermelho. Tinha algumas fotos minha, do meu pai e da minha mãe pegando a estrada para cidade nova.
A minha expressão "zangada" estava em todas elas. Com exceção da última.
Puxei a foto mais para perto. Pelo ângulo meio torto, foi provavelmente meu pai que tinha tirado. Eu estava parada em pé, usando minha roupa favorita da época, uma blusa listrada verde, um par de shorts rosa e tênis amarelos. Ao meu lado, uma estátua redonda com cara de sapo e a boça aberta, coberto de musgo e folhas.
Mas o que mais chamava atenção era um grande portal aberto numa parede descascada vermelha, bem atrás de mim. De alguma maneira, aquele corredor escuro prendia meu olhar e quando me vi já tinha perguntado.

–Onde fica esse lugar?

–Isso?-Minha mãe olhou para imagem confusa durante alguns instantes- Seu pai disse que devia ser um parque de temático abandonado. Não fica muito longe daqui, na verdade.

–Podíamos voltar lá um dia.

–Talvez. Mas não tinha nada de especial por lá.

Olhei para foto um última vez antes da minha mãe virar a página.
Eu queria voltar para esse lugar. E iria, nem que fosse sozinha.
Aquele estranho corredor me chamava, e eu não iria ignorar isso.

Eu mal prestei atenção enquanto ela passava várias páginas até que uma outra foto me chamou atenção.

–Para!- segurei a página antes que minha mãe virasse novamente.

Era uma foto velha, preto e branco e bem amassada. Nela, uma senhora de cabelos presos no topo da cabeça posava sentada ao lado de uma estante cheia de livros. Era difícil saber a cor dos grandes olhos que encaravam a câmera de frente, mas a verruga entre os olhos não deixava a menor dúvida.

–Quem é essa?-perguntei num fio de voz.

Minha mãe tirou a foto com cuidado do álbum.

–Achei que tivesse perdido essa foto...-ela comentou para si mesma, só então respondeu minha pergunta.- Essa daqui é a minha mãe, mas você não chegou a conhecê-la.

Senti um arrepio subir pela minha espinha, quando ela me entregava a foto.
A mulher bizaramente parecida com a feiticeira parecia sorrir para mim da fotografia.

–Essa é a sua avó- Minha mãe continuou- O nome dela é Asukai Zeniba.


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Notas finais do capítulo

O que acharam dessa bomba que a mãe da Chihiro jogou?
Zeniba avó da Chihiro? Haku no espelho?
Sem Rosto sendo um "sem vergonha" e entrando na banheira?
Mereço comentários?*--*

Até a próxima!

Beijos e Borboletas Azuis!

Ps: Muito obrigada a Karolina Shimizu pelo comentário no capítulo anterior!



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