No Amount Of Masks... escrita por Shinobu


Capítulo 4
Fourth Lesson – Jealously.


Notas iniciais do capítulo

Eu...eu...eu não morri, yay Q -loser
De qualquer dos modos, aqui está um capítulo maior que os outros para compensar a minha ausência. Ou então, apenas é maior porque eu não quis encurtar. -fail
Enfim. Deixando-me das retardisses, boa leitura ~



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Algum dia as pessoas perceberão a inutilidade da inveja.

– Len, tenho uma boa notícia para ti. Eu–

– Não tenho tempo. Tenho que me despachar.

– Mas, filho–

– Quando eu voltar dizes-me.

Saí de casa e fui para a carruagem, ignorando a minha mãe. Iria ter mais uma daquelas festas idiotas como habitualmente. Se havia coisa que eu não tinha, era paciência. As festas eram repetitivas – celebrar alguma coisa. E claro, a maldita regra das máscaras. Porque não fazer um baile normal, onde não era necessário máscaras?

Mas assim, talvez ela não viesse.

Antes a identidade dela nunca havia sido um problema. Claro, incomodara-me no início estar a falar com uma estranha que me conhecia, mas eventualmente isso passou. Agora, o que me irrita, é estar dependente destas festas tolas para a poder ver.

Era óbvio que ela não viria se fosse um baile sem máscaras. De facto, acredito que ela apenas se aproximou de mim por ter a capacidade de utilizar algo que a impedia de revelar a identidade dela.

Porquê?

Iria perguntar-lhe, quando tivesse a oportunidade. Tinha que descobrir a identidade dela.

– Ora ora, se não é o menino Len.

Assim que saí da carruagem deparei-me com uma pessoa que já conhecia há muito tempo. Fiz uma expressão aborrecida e olhei para ela mortalmente. – Eu não sou um menino.

– Claro, claro! O Len já está grandinho!

– Meiko, pára de me bater nas costas. Eu não sou o teu “compadre” ali do bar.

Ela colocou as mãos na cintura e olhou para mim surpreendida. – Estás a insinuar que eu costumo beber muito?

– Nããão. – Respondi, ironicamente. – Agora a sério. O que é que estás a fazer aqui?

– O mesmo que tu. Já sou maior de idade, tenho que comparecer no lugar dos meus pais. – Meiko forçou um sorriso e suspirou. Abriu a sua mala vermelha que combinava com os detalhes vermelhos do seu vestido preto, e retirou de lá uma máscara nos mesmos tons que a sua roupa. Delicadamente, prendeu-a na sua cara, tapando os olhos, e sorriu.

– Se não te conhecesse há tanto tempo, até acharia que eras delicada por breves instantes.

Ela cerrou o punho e deu-mo com ele em cima da cabeça. – Se não te conhecesse há tanto tempo, talvez achasse que eras um bom menino!

– Eu não sou uma criança!

Ela riu alto, como costumava fazer. Suspirei, e sorri. Conhecia Meiko já há muitos anos, sendo que a nossa família sempre se deu bem. Meiko, ao contrário de quase todas as garotas, passara a sua infância a sujar-se na lama ao invés de ir a cerimónias. Apesar de ser mais velha que eu, em maturidade ela não ganhava.

Ela abriu a sua mala novamente e retirou de lá um casaco preto, que vestiu.

– Quantas coisas é que tens nessa mala? Parece quase um buraco negro. – Disse, aborrecidamente. Levei outro murro na cabeça.

– Nunca se questiona o que é que a mala de uma garota delicada leva!

– Sim, claro. – Respondi num tom brincalhão.

– Bom, eu vou andando, para ver como estão as coisas. Quem sabe se não me consigo escapulir se o salão estiver cheio!

Ri e abanei a cabeça enquanto a via a ir-se embora. Apesar de Meiko ser independente e uma boa pessoa, não era das mais responsáveis. Fazia o que podia para arranjar desculpas para fugir de um sítio quando este não lhe agradava.

~x~

Já se havia passado algum tempo desde que o baile tinha começado. Cumprimentei as pessoas conforme caminhava pelo salão, por pura cortesia. Olhei à minha volta na esperança de encontrar alguém conhecido, e avistei um cabelo azul conhecido.

– Kaaaaito. – Disse, com um sorriso.

– Len. – Ele respondeu, forçando um sorriso.

– Está tudo bem?

– Ah…a Miku…

– A Miku? – Ele desviou o seu olhar para uma parte do salão, e eu segui-o. Encontrei Miku a conversar animadamente com várias pessoas.

– Ela recusou a minha proposta de casamento.

– Kaito… – Não sabia o que lhe dizer. Apenas o observei com pena, enquanto ele forçava um sorriso.

– N-Não faz mal. Ela…a Miku gosta de outra pessoa.

– Oh…e sabes quem?

– Não faço ideia, mas não consigo evitar sentir inveja dele. Eu…eu espero que ela não se case muito rapidamente. Iria ser devastador para mim. Apesar de eu querer que ela seja feliz, não me sinto preparado para ver uma coisa dessas assim tão depressa. Ainda não me acostumei à ideia.

Cruzei os braços e fiz um ar pensador. Gakupo? Não, Miku não se dá com ele. Kiyoteru? Não, muito menos. Piko? Não, cruzes. Suspirei, derrotado. – Não me parece que ela o vá fazer assim tão cedo. A família dela não tem problemas, por isso eles não a devem pressionar com o casamento. Mas…talvez seja melhor arranjares outra pessoa.

Ele sorriu. – Sim, claro. Já tencionava fazer isso. Afinal de contas, não posso ficar a chorar pela Miku o resto da minha vida.

– Len!

Olhei para Meiko, que se encontrava à nossa frente. O casaco preto dela estava manchado de alguma coisa branca.

– Fui contra uma pessoa enquanto me tentava escapulir e sujei o casaco! E agora?

– Tira-o então. Não vais andar por aí com essa mancha enorme. – Respondi, passando a mão pelos cabelos.

– Não, está frio!

Revirei os olhos e comecei a retirar o meu casaco.

– Eu não quero o teu casaco! Depois ficas tu com frio. – Ela disse, baixinho.

– Não fico nada. – Retirei o meu casaco e estendi-o para ela. No entanto, antes de ela o segurar, eu espirrei.

– Vêêês! Crianças devem proteger-se do frio. – Ela sorriu dum modo brincalhão. – Obrigada Len, mas é melhor que fiques com o teu casaco. Eu vou andando para casa. Assim já tenho uma desculpa para o fazer.

Antes que eu pudesse responder, um casaco azul e preto foi estendido na direcção de Meiko. – Toma. – Disse Kaito, forçando um sorriso.

A atitude de Kaito fez com que Meiko corasse instantaneamente. – O-Obrigada.

Kaito forçou outro sorriso e voltou o seu olhar para Miku. Meiko também seguiu o seu olhar e apercebera-se do que se passava.

– Oh. A Miku.

Ao ouvir o nome da sua amada, Kaito voltou-se imediatamente para Meiko, surpreendido. – A M-Miku…

– Mocinha sem sal. Por muito sorridente e bonita que seja, não é pessoa com quem dê para ter mais de 5 minutos de conversa. Não vale a pena ficares triste por ela te ter rejeitado…é o que ela faz diariamente. Com certeza existe por aí alguém que valha realmente a pena e que sirva para ti. – Meiko cruzou as mãos atrás da cabeça, olhando para o tecto. – Mas se quiseres chorar, chora. Essa ideia tola de homens não chorarem é, bom…tola. Por isso, se isso te fizer sentir melhor, força.

Kaito piscou os olhos várias vezes, e eu sorri. O maior problema de Meiko, à parte da sua irresponsabilidade, era o facto de ela ser muito directa. Se ela tivesse algo para dizer, ela diria sem rodeios. Mas no que toca a dizer as palavras certas…ela sabia-as sempre, mesmo que, por vezes, fosse demasiado directa.

– E-Eu…

– Já sei! – Meiko agarrou o braço de Kaito e puxou-o para a pista de dança. – Nada melhor uma dança tola para animar! Sou uma das melhores comediantes que podes conhecer, hoho! Ah, já agora, o meu nome é Meiko.

– E-Eu…sou o Kaito…

– Oh, prazer!

Arqueei uma sobrancelha enquanto os via a dirigir-se para a pista de dança. Meiko era, sem dúvida, uma personagem autêntica.

– Boa noite, Len. Amigos teus?

Senti o meu corpo mover-se involuntariamente ao assustar-me com a voz que surgiu ao meu lado subitamente. Olhei para o lado e pude ver a tal moça dos cabelos róseos, desta vez com um vestido verde. Suspirei de alívio ao ver que era ela.

– S-Sim, algo do tipo. Mas mais importante–

– Normalmente diz-se que ter inveja é feio.

– Inveja? – Arqueei uma sobrancelha e ela sorriu tristemente.

– Sim. O teu amigo tem inveja de quem quer que se case com a sua amada.

– Ouviste a nossa conversa?

– Não, não. – Ela abanou a cabeça negativamente e olhou para mim. – Apenas…deu para entender os sentimentos dele através do olhar dele.

– Através do olhar? Então…o que é que eu sinto no momento? – Olhei para ela seriamente, o que fez com que ela risse.

– Não sei. É por isso que és interessante. Indecifrável.

– Ah. Então, se me tivesses que definir numa palavra, seria indecifrável? – Fiz uma expressão aborrecida, e ela riu novamente.

– Talvez. Mas mais importante…sabes que a inveja é representada pelo verde?

– Não, mas já calculava. Vens vestida de verde hoje, e falaste da inveja mal chegaste. Começas a ser, hm…decifrável. – Respondi, dando ênfase a “decifrável”.

– Hmm. Sabes, o verde normalmente é associado a coisas boas, como a Natureza. Mas as pessoas mal sabem o que se esconde na Natureza.

– Deixa-me adivinhar…agora vais utilizar alguma analogia para provar que a inveja existe na Natureza? – Disse, num tom brincalhão.

Ela sorriu. – Certo. Os peixes, seres com a capacidade magnífica de viver na água sentem inveja dos pássaros. E dessa maneira, surgiram os peixes voadores. A lagarta também sentia inveja dos pássaros, e então decidiu passar por uma transformação que lhe permitisse voar. E assim nasceram as borboletas. A rã, não contente com a sua vida na terra, decidiu que também queria nadar como os peixes, e assim desenvolveu uma capacidade que lhe permite viver nos dois meios.

– Então o Kaito vai ganhar asas e voar? – Ri ao imaginar um Kaito com asas de borboleta. Demasiado ridículo.

– Analogicamente, sim. Isto é, se ele não largar o sentimento que nutre por ela. Mas se o largar…ele vai aprender que as coisas podem ser divertidas na terra, mesmo que não saibamos nadar ou voar. A inveja é descartável.

– Estou a ver. – Senti o meu sorriso desaparecer ao lembrar-me que eu já havia tido inveja do Kaito antes. Quando o encontrei e ele me contou que ia pedir a mão da Miku em casamento, eu pensei que queria ser como ele e encontrar alguém de quem gostasse. – E…como fazes para te descartares da inveja?

Ela piscou os olhos várias vezes, e segurou a minha mão com as suas duas. – Assim. – Ela sorriu e levantou a minha mão. – Pensa que o que tens é suficiente. Que és feliz com o que tens. E que talvez, mesmo que o outro tenha algo que nós não temos, que ele não é feliz.

– Q-Que tolice. – Respondi, sentindo as minhas bochechas a ficar vermelhas. – E o que é que isso tem a ver com isto? – Fiz um gesto com a cabeça como se estivesse a apontar para as nossas mãos. Ela largou-as e desviou o olhar para outro sítio qualquer, levemente corada.

– Não sei. Mais importante, não tinhas algo para me dizer?

Mudar de assunto é óbvio quando é mal feito. Mas como aquilo que tinha para lhe dizer era mais importante e eu quase me havia esquecido uma vez, decidi dar seguimento à conversa dela. – Acho que alguém se está a esquecer de alguma coisa?

– Do quê? – Ela disse, arqueando uma sobrancelha. Ela andava a passar demasiado tempo comigo, e isso notava-se nas expressões que ela fazia.

– Ainda não sei o teu nome.

– Oh! Nem vais saber assim tão cedo. Até porque está na hora de eu ir embora. – Ela sorriu e retirou um leque verde da sua mala. – Sabes, Len…algum dia as pessoas perceberão a inutilidade da inveja. Espero que tu tenhas percebido isso, e que te apercebas do que tens ao teu redor. – Ela deitou um olhar a Miku e sorriu tristemente.

– O que queres dizer com isso?

– Depois vais entender. Até outro dia, Len. – Ela fez uma vénia e partiu, sem deixar que eu lhe respondesse. Suspirei enquanto a observava a ir embora, novamente.

Parece que, afinal, não vou saber o nome dela assim tão cedo.

~x~

Assim que cheguei a casa, subi para o meu quarto e literalmente atirei-me para a minha cama. O discurso dela havia sido confuso de todas as maneiras existentes. Como assim, aperceber-me do que tenho ao meu redor?

– Finalmente chegaste. Como correu? – A minha mãe entrou no meu quarto e sentou-se ao meu lado na cama.

– Como sempre. – Fechei os olhos e suspirei.

– Bom, já posso falar contigo?

– Força.

– Já não precisas de te preocupar em arranjar uma pretendente.

Sentei-me imediatamente na minha cama e olhei surpreendido para a minha mãe. – C-Como assim?

– A famosa princesa de verde quer casar-se contigo! Já viste? Estou tão orgulhosa!

O sorriso que ela esboçava era um que eu já não via há muito tempo. Senti-me até mal comigo mesmo por saber que ele iria desaparecer da cara dela, já que eu não poderia aceitar aquela proposta.

A princesa de verde…Hatsune Miku.

Por Kaito…e por mim mesmo. Não o poderia fazer.

Verde é a mistura de todas as angústias do amarelo e do ciano por não serem o branco. Vide…a inveja.


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Notas finais do capítulo

O meu Kaito parece tão emo...;o; *pedrada*
Mas isso depois passa-lhe. Eu juro.
De qualquer dos modos, mil e um abraços à Nanda-chan por ter recomendado a minha fic, é. Obrigada! ♥