“Muitas vezes perdemos a possibilidade de felicidade de tanto nos prepararmos para recebê-la. Por que então não agarrá-la toda de uma vez? “ - Jane Austen

Com aqueles lábios carnudos, quentes e urgentes sobre os meus, nada mais parecia fazer sentido. Toda dor, as inseguranças e incertezas que estiveram presentes no meu dia-a-dia, foram neutralizadas, não havia mais espaço para elas ali. Não enquanto aqueles braços fortes estivessem me envolvendo.

Nossos lábios, após um longo momento, se separaram. Jacob sorria lindamente, iluminando-me por completo com o sorriso de sol que somente ele possui. Ainda com dificuldade para respirar, Jake apenas soltou uma gargalhada pegando-me em seus braços me girou no ar.

– Nem acredito que isso é real! – sussurrou ele, em meu ouvido no mesmo instante e que me colocou de volta ao chão.

Limitei-me a saciar meu desejo, não queria perder nenhum tempo longe daqueles lábios macios. O beijei com desejo, sentindo o doce sabor de sua boca.

– Parece real agora? – sussurrei, com a voz rouca.

Jake sorriu e uniu nossos lábios mais algumas vezes.

– Se for um sonho, espero nunca mais acordar! – disse ele, por fim.

Presa pela intensidade de seu olhar, senti meus pés sendo arrancados novamente do chão, braços enormes, fortes e quentes contornaram minha cintura trazendo meu corpo pateticamente frágil para mais perto dele.

Ficamos ali, por um bom tempo, sem precisar exatamente o quanto, sem pronunciar uma palavra se quer. Apenas nos olhando. Sentados na areia da praia. Compartilhando a mesma visão contemplativa, nos olhávamos incertos, como se ainda custássemos a acreditar que realmente estávamos um de frente para o outro.

As mãos de Jake caminhavam sobre meu rosto, acariciando-o levemente, e vez por outra nos beijávamos. O sol já estava se pondo, o clima na beira da praia ficou um pouco mais frio, o vento que antes agitava as árvores, agora chicoteava meu corpo, Jake, ao perceber meus leves tremores puxou-me para mais próximo de seu corpo, envolvendo-me em um apertado e aconchegante abraço.

– Você não faz idéia do quanto desejei tê-la assim, juntinho de mim. Quantas noites eu perdi o sono por não consegui pensar em algo que não fosse você… - Jake sussurrava, seus olhos estavam fixos no horizonte e um lindo sorriso se formou em seus lábios no mesmo instante em que ele voltou seu olhar em minha direção.

O sorriso de sol que tanto senti falta, estava ali novamente, iluminando-me. Aquele sorriso que era capaz de me aquecer no mais rigoroso inverno, era meu novamente.

– Fico feliz por não ter percebido tarde demais o meu erro… quer dizer, ainda não é tarde não é?

– Não sei, diga-me você. É tarde demais para sermos finalmente felizes um ao lado do outro? – Jake olhava profundamente em meus olhos, como se quisesse ter certeza de minha resposta.

– Não. – minha voz era apenas um fio fraco.

Os lábios de Jake vieram instantaneamente sobre os meus gentis e envolventes.

– Fico feliz por este seu momento de lucidez. – Jake disse ao separar nossos lábios.

O meu Jacob estava de volta!

Recostei-me em seu peito inebriando-me o máximo possível de seu cheiro almiscarado.

Ficamos em silencio, havia muito ainda a ser dito, mas o momento não era neste. Não poderia tocar em assuntos que nos machucavam depois desta magnífica oportunidade de fazer tudo diferente.

A tarde já havia se findado, e a noite, apesar de estar extremamente estrelada e convidativa, eu precisava voltar para casa, não havia avisado a Charlie onde estaria, sai tão enfurecida de casa, sem rumo que nem tive tempo de avisá-lo onde estaria.

Mas eu queria permanecer ao lado de Jake, ficar colada junto ao seu corpo quente, me aquecendo, sentindo meu coração pulsar alegre novamente. Queria ficar aqui, por noites e dias afins, sentindo o gosto de seus lábios sobre os meus…

Tinha plena consciência de que uma hora ou outra teríamos que nos separar e teríamos que sair dali, mas preferi não ser a primeira a propor isso… Preferi ficar ali, ao lado do homem que eu amava, e que a pouco tempo este nos braços de outra… queria aproveitar esta noite iluminada, ouvindo apenas o barulho das ondas arrebentando na beira da praia.

Senti o corpo de Jake se mover inquieto, e os músculos de seus braços se contraírem, como se algo o estivesse incomodando. Tive a sensação de que o silencio logo seria quebrado, e a conversa que estivesse tentando evitar nos últimos minutos acabaria por acontecer.

– Você realmente não se casou por minha causa? – perguntou-me ele, depois de um longo momento em silencio.

Coloquei-me de frente para ele, queria estar olhando em seus olhos ao reponde-lo.

– Depois que você foi embora, eu por alguns dias ainda sustentei a idéia de que já tinha tudo o que poderia desejar, mas os dias foram passando, e a sensação de estar incompleta não passava, havia um espaço vazio dentro de mim, que nada, nem mesmo Edward conseguir preencher…

Lembrei-me dos dias de tormenta que sua ausência me trouxe, a sensação de vazio parecia tão real… meu coração se contorceu e meus olhos lagrimejaram.Jake acariciou meu rosto.

– Mas não era dele que eu precisava – respirei fundo sustentado seu olhar, observando-os brilhar – Não era os lábios dele que queria sentir sobre os meus, não era pelos braços dele que meu corpo ansiava ser envolvido… Descobri que não era ele o meu escolhido.

– E quem é o seu escolhido? – perguntou-me Jake, fingindo desconhecer a resposta, negando o óbvio, como eu o fiz por muito tempo.

Sorri percebendo a “tola” necessidade de Jake ouvir a minha resposta para sua perguntas, mas percebi a tempo de agradá-lo que essa vontade não era tola coisíssima nenhuma, era na verdade merecida. Eu esfreguei minha preferência por Edward inúmeras vezes na cara de Jake, magoando-o covardemente, sem perceber o quanto isso o magoava profundamente. Agora, nada era mais justo do que declarar a ele todo o meu amor, dizer em alto e bom som que era ele o escolhido do meu coração.

– Não sei se você o conhece… - entrei na brincadeira.

– Dê-me a descrição, quem sabe eu já não o tenha visto por aqui… Forks é muito pequeno… - brincou ele.

– Ele é alto, moreno… desenvolveu-se tão rapidamente que hoje nem aparenta ter a idade que tem. Era tão desengonçado quanto eu, mas devido aos seus genes lupinos, hoje anda com maestria – Jake me olhava, fingindo concentração – Ele tem um sorriso lindo, capaz de iluminar e contagiar todos ao seu redor. Têm o talento de concertar carros, motos… e tudo mais que estiver quebrado, basta ele tocar e tudo ganha esperança… É dono de um humor inigualável, e um coração tão grande que as vezes se fere por ingenuidade. Ah! Deu-me uma caixinha de bombons, cheia de laço no dia dos namorados e jurou escravidão eterna. – Os olhos de Jake iluminaram-se ainda mais, quando um sorriso descontraído desenhou-se em sua face bronzeada. – Conhece alguém que se encaixe nestas singulares descrições?!

Perguntei por fim.

– Garotos altos e morenos têm muito por aqui, conheço no mínimo uns quatro. – Respondeu-me ele, envolvendo minha cintura – Agora que se encaixe nas outras descrições, acho que só um… mas não deve ser, já que ele é extrovertido e muito gato.

Não consegui conter o riso, e Jake encenou estar ofendido por eu ter deixado de mencionar tais atributos.

– Ah! Como eu podia esquecer?!Ele é muito convencido, também! – disse fingindo seriedade.

– É, realmente, ele é muito convencido. Este convencido este tempo todo de que, mais cedo ou mais tarde, certa garota teimosa reconheceria o quanto ela o ama.

Jake mais uma vez deu as minhas palavras o sentido que quis, e sem desviar da realidade me fez sorrir feito uma adolescente.

– Mas o seu relacionamento com a Leah pareceu-me realmente sério – disse sentindo meu coração vacilar.

Pensei que conseguiria viver este momento mágico, em que finalmente estava nos braços do meu Jacob, sem ter que tocar em assuntos delicados, mas minha boca – demasiadamente grande – tinha que trazer a tona esses assuntos delicados. Era ruim ter que tocar neles, mas eu precisava saber o que ele estava sentindo. Precisava compreender o que eles viveram juntos.

Jake respirou fundo e encarou o horizonte. Fiquei ainda mais apreensiva. Minha mente começou a martelar, “Só o que faltava, sua anta. Agora, finalmente, depois de todas as declarações, Jake percebeu que gosta dela e não de você. Idiota! Deveria ter ficado quieta!”

– Você a ama? – perguntei em um fio de voz.

Nossos olhos foram conectados novamente, senti um frio percorrer minha espinha. Se a resposta a esta pergunta me for negativa, certamente não estarei preparada para ouvi-la. Tentei desviar o olhar, mas aqueles dois lindos olhos negros e profundos me prenderam a eles, impossibilitando-me de esquivar-me.

– Só existe uma por quem meu coração bate acelerado, só existe uma pessoa capaz de me fazer perder o rumo, só existe uma garota a qual eu realmente queira chamar de minha. Uma única pessoa que me faz compreende o sentido da palavra amor. – Senti as enormes mãos de Jake prenderem meu rosto entre elas – Só você Bella, você é a única quem eu amo, és a única que eu desejo amar, independente das conseqüências que este sentimento me traga.

Senti nossos lábios sendo emoldurados e o gosto maravilhoso de Jake me inebriando. As palavras, as que acabaram de ser ditas... vagaram por minha mente. Senti meu coração bater descompassado na medida em que a realidade deste momento ia aquecendo-o de felicidade e desejo.

Mas a pergunta não havia sido respondida, fosse qual fosse a maestria de suas palavras, elas de alguma forma me deixaram inquietas. Afinal de contas, o que Leah significou ou significa para Jacob?

– Então, era apenas curtição? – perguntei sentindo o timbre tremulo de minha voz.

– Acredite quando eu digo que até hoje não sei classificar o que tivemos. Mas, com certeza, não foi curtição. – Jake disse colocando-se de pé e trazendo meu corpo junto ao seu.

Fiquei de pé, contrariada, desejava ficar mais tempo com ele. E mesmo que isso me deixasse irritada, ou ate mesmo magoada. Eu precisava terminar aquela conversa, precisava saber o quanto de Leah existia em Jake.

– Eu, por mais que me fosse dada essa opção, jamais ficaria com uma garota apenas por curtição. – Jake disse retomando a fala.

E tudo só parecia piorar! A cada nova palavra, a cada nova frase que saia de seus lábios, mais meu coração se apertava.

– O que Leah e eu tivemos… foi apenas uma tentativa – frustrada – de esquecermos aqueles que realmente amamos.

Suspirei aliviada.

Senti meus pés se distanciarem do chão, as mãos de Jake estão ao redor de minha cintura, erguendo-me e colocando-me ainda mais em seu corpo.

– Nem acredito que estamos juntos!

Ele disse girando meu corpo no ar.