Bring Me To Life escrita por Nicole


Capítulo 16
Uma visita inesperada de uma pessoa inesperada


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
Aqui quem fala é a Rock_Queen!
Não se preocupem, eu não hackeei a Nicole. Bom, ela me pediu para que eu escrevesse um capítulo para a fic, e eu topei. Bom, aí está espero que gostem!



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Annabeth estava deitada em sua cama. Era um domingo de manhã, 12h00. Qualquer adolescente normal estaria decidindo o que fazer durante a noite, ou qual roupa usar pra sair com o namorado, mas Annabeth não era normal. Ela era diferente.

Deitada na cama, ainda de pijamas e sem saber o que fazer, pegou um livro. Quando o abriu para ler o capítulo, seu celular vibrou no criado mudo ao lado da cama. Ela pegou o aparelho e viu quem ligava: Matthew.

-Matthew? – Ela atendeu.

-Anne? Sou eu sim. Tudo bem? – Perguntou. Matthew morava com o irmão e a mãe na casa do pai dele e de Annabeth.

-Sim Matt, eu estou bem – Ela respondeu, intrigada em saber o que o irmão queria – O que aconteceu para você ligar?

-Er... Bem... Eu e Bobby queríamos saber se podíamos dormir aí hoje... Estamos numa viagem da escola. Voltamos amanhã, hoje é um dia só de lazer. Eu liguei pra minha mãe e ela disse que se você deixasse, tudo bem ficarmos aí. O ônibus da excursão nos deixaria na sua casa. – O garoto começou. Annabeth engoliu em seco – Podemos?

-Sim, claro – Ela respondeu, ligeiramente hesitante – Mas, posso saber por que querem passar o fim de semana comigo?

-Não é nada, só estamos com saudades – Annabeth sorriu com o comentário do irmão mais novo.

-Também estou com saudades, Matt. À que horas vocês virão? – Perguntou Annabeth, se levantando da cama e colocando o livro novamente no criado mudo.

-Deixe-me ver... Bobby, Anne está perguntando à que horas nós vamos!  - Matthew gritou para seu irmão, que estava perto. A loira sorriu com a atitude do irmão mais novo – Á 13:00 está bom?

-Tá, tá sim - Annabeth respondeu – Assim terei tempo de arrumar as coisas.

-Vejo você mais tarde – Ele disse – Amo você Annabeth.

-Amo você também, Matt. Diga ao Bobby que eu o amo também – E assim a conversa acabou. Saiu do quarto e foi para o banheiro, tomar um banho. Despiu-se no banheiro e entrou no chuveiro, que estava ligeiramente gelado. Olhou para seu pulso e viu a marca da ferida que havia feito com o brinco na última noite. Uma lágrima caiu de seu rosto.

Depois de terminar o banho, vestiu uma roupa. Shorts preto, uma camiseta azul escura, e seu all star. Amarrou os cabelos e quando is descer as escadas, parou no quarto de sua mãe. A mulher estava deitada na cama, com a roupa da noite anterior,e sua cara não era nada boa.

-Mãe? – Chamou-a – Mãe?!

Piscou os olhos e lentamente os abriu. Colocou as mãos na testa e se levantou, sentando-se na cama.

-Annabeth?

-Sim, sou eu. Tudo bem com você? – Perguntou preocupada.

-Não, nem um pouco – Sua mãe respondeu, e Annabeth já sabia o que fazer. Ajudou-a à se levantar e a colocou embaixo do chuveiro gelado, de roupa e tudo. Passou-se um tempo, ela levantou sua mãe e tirou as roupas molhadas. Depois de terminar o banho, Atena caminhou até a cama, enrolada na toalha, e se sentou. Annabeth pegou as roupas no armário e as entregou para mãe, que precisou de ajuda para vesti-las.

-Mãe, Matt e Bobby vão passar o fim de semana aqui, tudo bem? – Perguntou Annabeth,

-Tudo, tudo – Respondeu Atena.

Depois de conseguir vestir a mulher, deixou-a na cama dormindo. Parou por um momento e encarou a figura da mãe deitada na cama. Será que ela nunca teria paz mesmo? Será que sua vida sempre se resumiria a ser odiada? Respirou fundo, desceu as escadas e parou na cozinha. Tinha um bolo. Daqueles que vem num saquinho, sabe? Ela olhou o bolo e ficou assim por um tempo. Até cogitou a idéia de comer, mas logo depois a apagou da mente. Sentou-se no sofá da sala e ligou a TV. Estava passando uma série qualquer, e ela não estava prestando muita atenção. Depois de mais alguns minutos, seus irmãos chegaram. Olhou no relógio e viu que já eram 13:00. O tempo havia passado rápido!

Abriu a porta e foi surpreendida por um abraço duplo dos irmãos, que pularam em cima dela e a fizeram cambalear.

-Anne! – Gritou Bobby – Eu senti sua falta!

-Eu também, querido. Eu também senti sua falta! – Disse Annabeth enquanto pegava na mão dos irmãos. O ônibus escolar ia se afastando. - Vamos – Chamou-os – Vamos assistir TV.

Sentaram-se nos sofá, e Annabeth percebeu os vários cortes na lateral de sua perna, que ela havia feito há algum tempo atrás. Colocou uma almofada em cima de sua perna, para esconder os cortes que assustariam seus irmãos, embora não entendessem muito. Colocaram num filme, Transformers, e começaram a assistir. Annabeth não estava muito interessada no que estava passando, por isso se perdia várias vezes em seus pensamentos.

-Anne? – Chamou Matthew.

-Sim, Matt?

-O que é isso no seu pulso? – Perguntou curioso. Ela riu nervosamente e escondeu o braço atrás das costas. Engoliu em seco, em busca de respostas.

-Ah, Matt... Bem, eu... C-caí no chuveiro e bati minha mão no suporte de xampu e condicionador – Gaguejou.

O garoto pareceu cair na história, e logo voltou sua atenção novamente para a tela.

De repente, Annabeth escutou um barulho, e percebeu que era sua mãe, descendo as escadas.

-Aonde a senhora vai? – Perguntou Annabeth.

-Só vou dar uma saidinha rápida querida – A garota de olhos cinzas tentou contestar, mas nem teve chance. Sua mãe foi mais rápida e saiu, batendo a porta. Annabeth apoiou a testa na mão, sem saber o que fazer. De novo. Uma lágrima escorreu de seu rosto pálido.

-Anne? – Chamou Bobby.

-Sim? – Ela respondeu, fingindo que nada tinha acontecido, pois era isso o que ela fazia: fingir que nada acontecia.

-Você está bem? – Perguntou Bobby. O olhar do irmão era preocupado.

-Estou, estou sim Bobby. Vocês estão com fome? – Annabeth desviou o assunto. Os dois assentiram, e ela foi olhar o armário e a geladeira. Não havia nada que os garotos daquela idade comessem, então resolve sair, e ir ao mercado mais próximo – Garotos, vou até o mercado comprar umas coisas pra almoçarmos, e eu já volto, ok? Vocês podem ficar sozinhos?

-Não somos mais bebês, Anne! – Gritou Matthew.

-Tudo bem, tudo bem! – Ela se rendeu – Tomem cuidado, viu! Não mexam no fogão! E fiquem aí sentados assistindo TV!

-A gente trouxe o videogame, pode instalar? – Perguntou Bobby, seguido de muitos ”por favor” de Matthew.

-Podem, podem sim – Respondeu Annabeth. Pegou a chave em cima da mesa e andou até a porta – Tchau meninos!

-Tchau Anne! – Eles disseram em uníssono. Annabeth caminhava em passos lentos até o mercado perto de sua casa. Ela estava cabisbaixa, e analisava as marcas em seu corpo. As da perna não eram tão visíveis, mas se ela se sentasse seriam. E a do pulso, só parecia se ela deixasse exposta. Seu estômago revirou, e ela não sabia se era pelos pensamentos ou por fome. Não, não podia ser fome. Nunca poderia.

Xxx*xxx

Percy caminhava até a casa de Annabeth, naquele mesmo sábado ensolarado. Ele não fazia idéia de porque, mas queria. Seus passos eram pesados e cheios de incerteza. Talvez ele só estivesse com pena dela e arrependido por não ter feito nada quando Nico a empurrou na piscina. Ou talvez só quisesse vê-la. Ele estava chegando mais perto da casa, e não sabia o que fazer.

Quando chegou tocou a campainha. Arregalou os olhos quando percebeu o que havia feito e quando ia dar meia volta, dois garotos apareceram na porta. Pareciam ter 10 anos. Não se lembrava de Annabeth ter dito algo sobre irmãos mais novos, mas os dois nunca ficavam juntos muito tempo mesmo. Mas ficaram tempo o suficiente.

-Olá... A Annabeth está? – Perguntou.

-Quem é você? Namorado dela? – Perguntou Matthew, encarando Percy, que ficou escarlate.

-Não, só um amigo – Percy respondeu, rapidamente. Ainda estava incerto sobre o termo amigo. – Mas, enfim, ela está?

-Não, mas ela já volta, se quiser esperar conosco... – Respondeu Bobby. É óbvio que Percy responderia que voltaria outro dia, e nunca voltaria.

-Por mim, tudo bem – Percy fechou a mão quando percebeu o que havia feito. O que estava acontecendo com ele? Ele nunca fora o bonzinho, geralmente ele era o mal. Ele não tinha escrúpulos. Adentrou a casa em lentos passos e os garotos fecharam a porta.

-Pode ir até o quarto dela, se quiser, ou pode ficar aqui... – Disse Matthew, enquanto mexia nos fios de seu videogame – Qual é o seu nome mesmo?

-Percy – Ele respondeu.

-Eu sou o Matthew, e esse é o Bobby – Disse, apontando para o irmão.

Subiu as escadas e, por instinto, abriu a porta certa. O quarto de Annabeth. Os lençóis ainda estavam bagunçados, mas o quarto era bem mais arrumado em comparação ao dele. Olhou na mesa de cabeceira e viu um livro: “A menina que roubava livros”. Pegou e sorriu com o título, pois havia lido também. Uma das coisas que poucos sabiam sobre o moreno, era que ele gostava de ler. Quando colocou o livro de volta no criado mudo, percebeu um brinco. Que estava sujo de sangue na ponta.

-O que essa garota tem? – Ele se perguntou, enquanto observava o brinco. Levantou-se da cama e viu um caderno na escrivaninha da garota pegou-o e abriu e começou a folhear. Era o caderno de textos de Annabeth. Os textos eram bonitos, e pareciam sinceros, o que mexeu um pouco com ele.  Ele parou num texto que o interessou, e começou a lê-lo mentalmente.

“Não pergunte por que eu estou triste: É impossível explicar

Não me pergunte por que tanta dor: Palavras não são o suficiente

Não me pergunte por que mudei tanto por fora: Não quero saber essa resposta

Não pergunte por que não digo nunca digo nada: Ninguém precisa, nem quer, saber

Não pergunte por que vivo sozinha: Isso nunca foi uma opção

Na verdade não me pergunte nada. Se quiser ajudar me abrace. Para alguns pode parecer pouco, mas para mim é a minha salvação”

O garoto parou por um minuto e tentou se colocar no lugar dela. Como seria? Sem amigos, sem atenção do pai, nem da mãe? Como seria ter que ficar assim? Sozinho? Como seria não ser Percy Jackson? Balançou a cabeça tentando se livrar dos pensamentos.

-Percy? – Um dos garotos chamou.

-Sim? – O moreno respondeu, escondendo o caderno.

-Você pode nos ajudar... à instalar o videogame? – Perguntou Bobby, envergonhado.

-Claro! – Respondeu Percy – Bobby, não é?

O garoto assentiu e os dois desceram as escadas. Bobby agarrava o braço do mais velho e levava-o para perto da TV e do aparelho.

-Obrigada por ajudar, Percy – Disse Matthew

-Sem problemas – Respondeu o moreno, enquanto mexia nos fios e cabos. Conforme desenrolava os cabos, os garotos contavam um pouco sobre eles. Em menos de dez minutos tudo estava instalado – O que vão jogar? – Perguntou curioso.

-Call Of Duty – Respondeu Matthew – Quer jogar? Trouxemos três controles no caso de Anne querer jogar.

-Eu quero – Respondeu Percy, animado – Onde a irmã de você foi mesmo, Matt? – Perguntou cheio de curiosidade. Ele sabia que a loira estava fora, mas não onde estava.

-Mercado – Respondeu Matthew, enquanto ligava o aparelho e entregava o controle para Percy – Y pula, B soca, A dá soco duplo e se você tem arma aperta A e funciona, X chuta. Entendeu?

Percy assentiu. Era engraçado ver que um garoto que tinha pouco mais que a metade de sua idade estava ensinando-o a jogar videogame.

Bobby colocou o disco dentro do videogame e começaram a jogar. Os três estavam bem empolgados. Depois de alguns minutos, eles já estavam entretidos.

-Atira Percy! – Gritou Matthew.

-Eu não tenho munição! – Respondeu aflito.

-Eu tenho! – Pow! Pow! Bobby ajudara Percy no jogo.

-Valeu, Bobby. Matt, atrás de você! – Gritou Percy, enquanto fazia manobras para tentar ajudar o irmão de Annabeth.

-Percy, eu vou morrer! – Declarou Matthew, enquanto tentava salvar seu personagem – Droga! Morri!

-Eu e Bobby vamos nos vingar! – Disse Percy, que estava concentrado na tela do jogo.

Annabeth havia chegado. Estava do lado de fora, destrancando a porta. Entrou em casa e disse:

-Voltei meninos! – Foi direto para cozinha e nem percebeu a presença do garoto de olhos verdes no sofá de sua casa – Eu comprei pão, presunto, queijo, salgadinhos, refrigerantes e essas coisas que vocês gostam!

-Annabeth, seu namorado está aqui! – Disse Bobby, pausando o jogo, e fazendo Percy corar. Annabeth achou que era brincadeira e riu.

-Eu não tenho namorado Bobby, deixe de ser idiota! – Reclamou de costas para o irmão, enquanto ria e tirava as compras das sacolas.

-Enfim, seu amigo está aqui! – Corrigiu Matthew, enquanto Annabeth balançava a cabeça e ria baixinho.

-Matt, meu irmãozinho! Eu não sou a pessoa com mais amigos na escola – Ela disse, se virando – Pelo contrário, eu nem tenh...

A loira parou a frase no meio quando viu quem estava no sofá. Não, não podia ser. Percy Jackson no seu sofá.

-Ah, oi Annabeth – Ele a cumprimentou levantando-se do sofá.

-O que você quer aqui, Jackson? – Ela perguntou, olhando-o nos olhos. Ela tinha uma expressão tensa no rosto, e ele expressava arrependimento.

-Eu não sei, na verdade – Ele disse, envergonhado pela resposta que dera – Eu me senti um pouco... ahn... Arrependido.

-Por...? – Ela o incentivou, o que o fez ficar mais confuso sobre o que dizer.

-Por...Por... – Ele não conseguiu terminar. Ela balançou a cabeça sarcasticamente. Virou as costas para ele e continuou tirando as compras da sacola. Os irmãos de Annabeth estavam lá, fitando a discussão entre os mais velhos.

-Bom, garotos... eu já vou indo – Declarou Percy, andando ate a porta.

-Não! – Os dois gritaram em uníssono. O que fez Annabeth suspirar.

-Fica aqui! A gente gostou de você! – Reclamou Bobby enquanto ia em direção ao moreno com seu irmão – Você é legal!

Percy sorriu com a atitude do pequeno garoto. Abaixou até ficar do mesmo tamanho que os dois.

-Bom, isso é por conta da irmã de vocês – Disse Percy, apontando para loira que estava encostada na mesa da cozinha, olhando para o chão.

-Anne! – Matthew suplicou. Percy sorriu ao ouvir o apelido de Annabeth – Por favor, deixe o Percy ficar aqui conosco!

-Matt...

-O que ele te fez? – Perguntou Matt, olhando nos olhos cinzentos e cheios de ressentimentos da garota. Percy suspirou e se levantou “Se depender do que eu fiz pra ela, nada de videogames” - Pensou. Encarou a loira e ficou perdido em seus olhos cinzas.

-Nada Matt, ele não fez nada – Respondeu friamente.

-Por favor, deixe ele ficar aqui! – Pediu Bobby, que fez aquela carinha de criança que Annabeth não conseguia resistir. Esfregou o rosto com as mãos e olhou para o irmão, que estava a encarando.

-Bobby, não sei se é uma boa idéia – Cortou o garoto. Percy já estava com a cabeça baixa, e sabia que ela não iria se render, pois não era uma Rachel, ou uma Silena. Era Annabeth.

-Tá, tá bom – Ela se rendeu, revirando os olhos e se voltando para as compras. Os pequenos pulavam de alegria – Mas não façam bagunça! – Pediu, se virando para olhar o garoto de olhos verdes que a encarava com vergonha.

-Deixe-me ajudar – Disse Percy se aproximando dela. Quando o braço dele a tocou, ela, por impulso se afastou num espasmo. Ele a olhou assustado – Eu te machuquei?

Ela fechou os olhos por um instante, procurando palavras para dizer. Organizando as coisas em seu cérebro.

-Não, não machucou – Respondeu.

-Então porque se afastou daquele jeito estranho? – Perguntou Percy, enquanto colocava o presunto e o queijo em cima da mesa. Ela balançou a cabeça e respondeu:

-Porque eu sou estranha – Ele percebeu o erro que havia cometido. Ok, fora uma falha imperceptível, e sem nenhuma intenção, mas foi uma falha.

-Eu não quis dizer isso – Tentou se desculpar. Ela não o olhava nos olhos, ficava encarando o chão. De repente, num movimento brusco, levantou a cabeça.

-Sabe, você e seus amigos não se importam com o que eu sinto, não é? – Perguntou irritada e decidida. Ela já estava cheia de tanta Rachel, e tanta humilhação.

-O que? – Ele perguntou atordoado. Ou melhor, se fingindo de bobo.

-Você sabe do que eu estou falando! Eu sofro, Percy. Seja na mão de Rachel, ou com as brincadeirinhas sem sentido de quase todo mundo da escola! – Ela disse, o mais baixo possível, para seus irmãos não a escutarem – E vocês gostam de me fazer sofrer! Mas já se perguntaram como eu me sinto? Você já se perguntou, como seria ser só Percy Jackson, o monstrinho esquisito. Ou o nerd.

Ele havia se perguntado aquilo há pouco tempo, e francamente? Não fazia a menor idéia da resposta. Ficou perdido em seus pensamentos por um tempo. Questionava-se a cada segundo. O que seria de sua vida, se não fosse O Percy Jackson?

-Eu seria o nerd que gosta de ler, que fica na biblioteca o tempo todo, o que é zoado, e não o que zoa. Pronto, satisfeita? Eu seria exatamente como você. – Ele respondeu, enquanto continuava à tirar as coisas das sacolas bruscamente.

Annabeth ficou em silêncio sem pronunciar uma palavra.

-Você pensa por si mesmo? – Perguntou Annabeth, enquanto parou com as compras e olhou no fundo dos olhos verdes de Percy – Você algum dia já pensou em dizer o que realmente pensa? Sem se importar com os outros?

Ele ficou um pouco irritado, bufando de raiva.

-Você acha que eu não sou pressionado? Minha mãe: “Percy, faça medicina na faculdade” ou “Percy, porque você não pode ser como o resto da família?” – Ele começou – Você acha mesmo que eu não quero gritar e mandar todo mundo se ferrar? Por que se você não sabe: Eu morro de vontade.

-Percy, eu...

-Quieta, deixe-me terminar. Olha, eu realmente sinto muito por ser o hipócrita que eu sou, mas é difícil. Você pode achar que eu estou exagerando, mas deveria experimentar. Sendo qualquer coisa na vida, você tem problemas. Sendo eu, você é pressionado e acaba fazendo coisas que não quer.

-Eu não sabia – Foi o que conseguiu dizer. A vida dele sempre havia parecido tão fácil, e não que fosse difícil, mas ele parecia... Perdido.

A conversa morreu naquele momento. Nenhum dos dois falou por muito tempo.  Terminaram com as compras e sentaram na cadeira, Annabeth encarando o chão e Percy olhando para os pés.

-Eu era criança – Ela disse.

-O que? – Ele perguntou.

-Quando meu pai, bem... Quando ele foi embora. Ele casou com outra mulher. Teve Bobby e Matthew. Eu não culpo os garotos, não têm nada a ver com essa confusão, e eu particularmente gosto muito deles – Continuou Annabeth, olhando para os garotos. Percy sorriu com o carinho da garota – A minha mãe, ela começou a fazer coisas erradas e eu tive que cuidar das coisas. E equilibrar escola e casa. E problemas e problemas.  E depois, as coisas só começaram a piorar. Então veio, você com seus problemas de estudo, e bom, é isso.

Percy passou as mãos pelo rosto, prucurando alguma resposta, mas nada lhe vinha à mente.

-Garotos! – Chamou Annabeth – Venham comer!

A mesa já estava posta e arrumada, e os garotos sentaram nas cadeiras.

-Quer um sanduíche? – Perguntou Annabeth, para Percy.

-Eu faço, pode deixar - Respondeu, enquanto levantava da cadeira. Annabeth se surpreendeu com a atitude do garoto.

-E você, meninos? Querem um sanduíche? – Perguntou Annabeth.

-Queremos! – Responderam em uníssono.

Annabeth começou a fazer o sanduíche, e os garotos à perguntar:

-Então, Percy. Você tem namorada? – Matthew perguntou.

-Matt! – Censurou Annabeth.

-Não, não. Tudo bem, não tem problema – O moreno sorriu – É uma coisa esquisita, Matt. Ela gosta muito de mim, mas eu não gosto. Quer dizer, gosto como uma amiga, mas não como namorada.

-Ela é bonita? – Perguntou Bobby, enquanto Annabeth ficava confusa no meio daquela confusão.

-Sim, ela é bonita – Disse Percy, enquanto dava uma mordida no sanduíche.

-Qual é o nome dela? – Perguntaram os dois pequenos juntos.

-Garotos! – Annabeth advertiu novamente, enquanto terminava o segundo sanduíche.

-Anne, nós só queremos saber das coisas!Um dia teremos namoradas também! – Disse Matthew. A loira e Percy riram.

-O nome dela é... – Percy parou por um minuto, olhando Annabeth – É Rachel. Rachel Elizabeth Dare.

-Hum... – Disse Bobby, enquanto Annabeth entregava o sanduíche pra ele e Matthew.

-E você Annabeth, não vai... comer? – Perguntou Percy.

-Não, eu não posso. Quer dizer... Não estou com fome – Respondeu rapidamente – Garotos, vocês querem ir passear no parque para andarem de bicicleta mais tarde?

-Claro! – Gritaram.

-O Percy pode ir? – Perguntou Bobby.

-Se ele quiser... – Começou Annabeth.

-Por mim, tudo bem – Respondeu o moreno, dando outra mordida no Sanduíche

Xxx*xxx

Os quatro caminhavam em direção ao parque. Faltavam algumas horas para o sol se por, Bobby e Matthew alugaram bicicletas para andar no parque.

-Matthew e Bobby, podem ir andar, qualquer coisa me liguem!

Os dois pequenos saíram com as bicicletas, e os mais velhos começaram a caminhara pelo parque.

-Uau – Disse Annabeth.

-O que?

-O grande Percy Jackson no parque com a monstrinha do colégio e seus irmãos.  Nunca imaginei isso – Ela disse.

-Vai começar com isso mesmo? – Perguntou Percy, encarando os olhos cinzas da garota.

-Não, é que... Você é mais legal que os outros. Digo, você longe deles fica... Legal – Respondeu Annabeth, sorrindo para o garoto.

-Vou levar isso como um elogio – Ele declarou, sorrindo.

Caminharam mais um pouco, e sentaram num banco. Sem falar nada, sem fazer nada. Só olhando a paisagem.

Então, o moreno desceu sua mão até a mão de Annabeth. Inicialmente, foi um choque para ela, mas depois, teve que se conter para não sorrir. Enlaçou sua mão na dele, e assim ficaram.

É, aquele não havia sido um dia ruim.


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Notas finais do capítulo

O capítulo ficou grande né?
A Nick pediu pra dizer que talvez o próximo capítulo demore um pouco, porque ela está enrolada com umas coisas!