Já passava das onze. Eu estava deitada na minha confortável cama, olhando para o nada, como se buscasse algo. A festa de encerramento do Grande Festival havia sido uma das melhores que eu já havia ido. Estava exausta, mas não conseguia pegar no sono. Eu queria que o Drew tivesse ficado na festa, queria que eu e ele pudessemos pelo menos conversar e quem sabe...Quem sabe ele me chamasse para dançar? Estava pensando em mil e uma coisas, imaginava nós dois abraçados dançando uma música bem romântica e ele sussurrando palavras doces ao meu ouvido. Ai, quem me dera se aquilo pudesse ser real...

Enquanto eu me perdia em minhas fantasias, a lua saiu detrás de uma nuvem grossa de chuva. Sua luz era tão intensa que poderia até cegar alguém. Levantei-me e fui fechar as cortinas para que a luz não atrapalhasse meu sono. Nesse momento, sentei-me na cama e pude ver a rosa vermelha como sangue sobre o criado-mudo. Ela continuava com a mesma delicadeza de quando esteve em minhas mãos. Era bela e delicada...Então, estiquei uma das mãos para tocá-la e com o outra para abrir a gaveta do criado-mudo. No fundo da gaveta, havia um bloco de papel de carta com as folhas lilás. No meio do bloco de folhas, estava o bilhete que o Drew havia deixado dentro da rosa.

"Encontre-me a meia-noite, atrás do salão"

Após ler aquelas palavras, peguei uma caneta novinha que havia comprado e pus-me a escrever. Estava escrevendo uma carta para o Drew. Uma carta em que eu diria a ele tudo o que eu sinto. Diria a ele que o amo e que gostaria de passar os melhores momentos de minha vida ao lado dele. Não sabia bem que palavras usar, mas estava com pressa, então apenas coloquei as palavras no papel de forma que ele pudesse entender.

Assim que a carta ficou pronta, coloquei-a em um envelope vermelho que havia encontrado no meio das minhas coisas e para sela-lo, colei um adesivo escrito eu te amo. Depois disso, levantei-me rápido, jogando longe os lençóis e cobertores. Eu queria usar alguma roupa especial, mas estava sem tempo, então, apenas vesti minha velha roupa de sempre e pentiei os cabelos que estavam bagunçados. Depois, peguei a carta delicadamente e coloquei-a na bolsa.

Depois de cruzar a porta do quarto, desci as escadas do alojamento a passos lentos para impedir que qualquer outro coordenador ouvisse. Após descer as escadas, abri cuidadosamente a porta da frente do alojamento e corri de forma enlouquecida pelo caminho de paralelepípedos. Estava desesperada, meu coração estava angustiado. Eu precisava vê-lo a todo custo. O relógio marcava quase meia-noite e eu fui apertando mais ainda o passo para que pudesse chegar a tempo. Próximo ao salão, pude finalmente dar uma pausa.

-Ufa! Ainda bem! Cheguei um minuto adiantada! Muito bem, agora vamos lá May, você consegue, só precisa se acalmar e agir como sempre agiu

Então, eu passei pela parede esquerda do salão e me direcionei aos bancos, onde estive antes com a Solidad. Eu preparei a voz, arrumei um pouco o cabelo e me preparei.

-Olá Drew! Hã? Drew? Drew!

Eu mal podia acreditar no que meus olhos viam. O Drew estava parado bem ali, no banco. Mas eu pude perceber que ele já estava acompanhado. Ele segurava a mão de uma garota de cabelos curtos e que me parecia muito familiar. De repente, eu o vi aproximar-se cada vez mais dela, até que...

-Drew!

Ele encostou os lábios dele nos dela e a beijou de forma doce. Eles pareciam ter a química perfeita. Então, eu percebi de quem se tratava a tal garota. Era a Brianna!

-Drew...Não pode ser...Ele...e a Brianna? Eu nunca vou te perdoar por isso! Nem você e nem ela! Nunca!

E então, sai aos prantos. Entre os soluços do meu choro, eu perguntava a mim mesma o que eu havia feito de errado para merecer aquilo. Uma das minhas melhores amigas e o garoto que eu amo...Juntos?! Não, eu não podia aceitar aquilo. Estava tão angustiada, que nem vi o que havia no meu caminho e acabei tropeçando em uma pedra, caindo de cara no chão. Mas eu não estava nem ligando... Fiquei parada ali, sem me levantar. Nesse momento, começou a cair uma chuva pesada, que molhava todo o meu corpo. Apesar disso, não me mechia, me mantinha parada sem mover um dedo, mal conseguia me mover. Naquele momento, eu só conseguia chorar e chorar, não conseguia fazer mais nada.

-Como pode?! Drew, por que? Por que? Será que me ver sofrer é algo prazeroso pra você? Por que? Por que?

Era só isso que me vinha a mente...Mas, apesar de tudo, por que me sentia daquele jeito? Ele não me queria, mas apesar de tudo ainda queria estar com ele, queria abraçá-lo, beijá-lo...Por que? Será que eu estaria realmente... Amando o Drew?!

Continua...