Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield
Capítulo 24
Pós-incidente.
Todos estavam plenamente esgotados, cada junta de seus corpos, cada célula latejando como nunca. O interior do helicóptero era um tanto amplo, e assim todos os sobreviventes conseguiram sem problemas se acomodar. Não havia, porém, assentos para todos, todavia eles foram devidamente reservados aos que estavam mais feridos e exauridos. Os suspiros de alívio eram múltiplos, porém alguns integrantes deixavam escapar lágrimas pelos companheiros perdidos. Fora uma batalha dura, mas o time Charlie felizmente escapara.
Voaram alguns minutos pelas paisagens do norte da China, a dúvida ainda presente no ar, um pouco incômoda apesar de tudo: quem os havia resgatado? Redferme e Flag, sempre cautelosos, apesar de agradecidos, seguiram até a cabine da aeronave com as armas em punho para descobrirem...
E, assim que identificaram a pessoa diante dos controles do transporte, uma estranha sensação tomou-os. Eram, de certa forma, os indivíduos certos para o terem encontrado em primeiro lugar, já que faziam parte da “velha guarda”. Sim, o piloto também fazia, mas havia tanto tempo que os dois comandantes do Charlie não o viam que ele parecia ser agora alguém totalmente diferente. Conheciam-no como um menino, um rapazinho jovem e inexperiente no grupo, que mesmo assim acabava sempre sendo de grande valia nas missões. Agora era um homem feito, aparentava carregar muita experiência em campo nas costas. A dupla não sabia bem como reagir, só conseguindo sorrir. Depois de tanta penúria, nada como uma surpresa feliz como aquela.
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Redferme gargalhou. Tinha tantas questões para fazer que elas embaralhavam seus pensamentos e só conseguia ter reações inadequadas. Flag deu alguns tapinhas nos ombros do antigo colega e inquiriu, sentindo-se em casa pela primeira vez em muito tempo:
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Sim, David sabia. Angel era o irmão mais novo de uma outra pessoa que marcara sua vida durante muito tempo. Eles não se falavam há anos, o último contato remetendo a um telefonema que não terminara de modo muito feliz. E agora ela e o irmão voltavam a entrar de modo brusco em sua existência, no momento menos esperado possível. No entanto, não poderia dizer que isso não o alegrava. Depois de tempos turbulentos, as coisas pareciam estar voltando ao que eram antes.
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Queen, independente como sempre. Pelo visto ela continuava a mesma. Flag sorriu diante da possibilidade de reencontrá-la em breve. Porém o clima de conspiração no qual estavam imersos o alarmava. No que haviam se metido? Quem estaria por trás de tudo?
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Na verdade, todos já conseguiam imaginar do que se tratava, rostos sérios e sombrios. Calaram-se por um instante, o som das hélices ligadas sobrepondo-os... E concluíram que a tempestade ainda não havia terminado totalmente.
O clima era de profundo mistério na sala do chefe da prisão. Este, sozinho como durante a maior parte do tempo, ainda estava sentado diante de sua escrivaninha, mas não realizava qualquer tarefa naquele momento. Com a cabeça coberta pela máscara erguida, parecia pensativo; seus olhos, se visíveis, provavelmente seriam flagrados fitando o nada com extrema atenção.
A porta do local se abriu de repente, o metal berrando amedrontador como de costume. O comandado conhecido como Lúcio entrou. Não disse nada de início, aproximando-se do mestre, que não se voltou em sua direção, a passos lentos e com um quê de temor. Antes que o recém-chegado se manifestasse, porém, seu superior falou num tom um pouco grosso:
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O temível chefe girou na cadeira, ficando de frente para sua cria. E, expressando uma serenidade perceptível mesmo seu rosto estando oculto, explicou ao subalterno:
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O comandante moveu as mãos impacientemente, aparentando inconformismo em relação à dúvida de Lúcio depois de saber que ele presenciara tudo. Então continuou:
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Satisfeito com o pupilo e também consigo mesmo, o mestre tornou a girar na cadeira, voltando à sua posição inicial. Em meio à nova reflexão, pensou em como dentro de pouco tempo o mundo se lembraria de sua revolução e o louvaria por finalmente trazer um perfeito equilíbrio a toda a espécie humana, exultando seu nome... Toxinian. Doutor Toxinian.
Hong Kong.
Caiu por terra, seus joelhos doídos pousando de forma brusca sobre o carpete da sala cheirando a morte. Ele era vermelho, como sangue. Ela não tinha coragem de erguer os olhos e fitar de novo o cadáver sentado na cadeira atrás da mesa, logo alguns metros diante de si. Aquela casa costumava ser um santuário, ele se acreditava invulnerável a tudo e todos quando se encontrava nela. Porém a morte o perseguira até ali, levando-o para sempre.
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O general Zan Piang fora assassinado na sala de estudos de sua residência de veraneio no noroeste da China com um tiro certeiro na testa. Sua cabeça se reclinara sobre o encosto da cadeira com os olhos bem arregalados, demonstrando a incredulidade que sentira devido à santidade de seu refúgio ter sido violada. Sobre a mesa de mogno, uma garrafa tombada de uísque ainda pingava suas últimas gotas até os pés do móvel.
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Flag e Fred Ernest observavam-na de pé junto à porta da sala, não ousando se aproximarem mais. Não sabiam o que dizer, e tentar consolar a colega de qualquer modo naquela ocasião seria inapropriado. A angústia no ambiente era pesada, total, contaminando tudo. A triste notícia transmitida por Angel era mesmo verdadeira: o general Piang fora covardemente morto como parte do esforço para limpar os rastros da operação envolvendo o Royal-5 na China.
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A jovem soluçou. Esse assunto lhe causava enorme sofrimento, talvez maior do que aquele que sentia naquele instante pela morte do general, mas não hesitou em relembrá-lo. Seus amigos tinham de saber. Sim, ela matara o próprio irmão, Xing. Anos antes.
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Em seguida abraçou a chinesa com força, desejando ter algum tipo de poder psíquico para apagar da mente dela todas as más recordações que tanto a atormentavam e que haviam marcado sua vida como um ferro quente. Fong Ling não merecia sofrer assim, e daquele momento em diante ele daria o máximo de si para que ela não mais passasse por tais tristezas. Recuando seu rosto, o membro do Charlie segurou suavemente o da mulher e, trazendo-o até si, beijou seus lábios com uma ternura que pareceu, ao menos por um segundo, fechar todas as feridas da alma da oriental.
Na sala de estar da casa, os demais integrantes da equipe e demais sobreviventes do incidente na prisão aguardavam até que o trio retornasse. Apesar de cansados e de quererem como nunca voltar para casa, todos se compadeciam da situação de Fong Ling e mantinham um respeitoso silêncio em memória do general Piang. Goldfield, todavia, aparentava agitação movendo freneticamente os membros, sentado num dos sofás do recinto ao lado de Raphael Redfield e Freelancer.
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Continua...
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