Charlie Team 2 - By Goldfield escrita por Goldfield


Capítulo 22
Capítulo 21




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Capítulo 21

 

Dr. Kian Lee.

 

Os outros membros da equipe Charlie também foram se reerguendo, apreensivos com os zumbis ainda ativos. Goldfield, que ainda permanecia imóvel, concluiu que a jovem ruiva que o salvara saíra de dentro do que restara do helicóptero, assim como outros dois indivíduos que surgiram nesse momento, os quais, mesmo estando feridos e sujos, apontavam suas armas para a horda de mortos-vivos.

         Abaixem-se! – bradou um deles, com um ferimento no braço, sotaque italiano e uma espingarda Benelli calibre 12 em mãos.

Quem estava no caminho do combatente obedeceu, e o disparo da arma fez com que dois canibais decompostos simplesmente tivessem seus corpos explodidos da cintura para cima. Suas pernas continuaram andando sem rumo por dois ou três segundos antes de também caírem inertes.

O outro sujeito, munido de uma Magnum assim como a moça, apontou para um outro zumbi e rapidamente liquidou-o com uma bala no tórax. Sua colega também voltou a apertar o gatilho, tirando de ação mais três dos monstros, que tombaram com gemidos que pareciam de frustração. Vendo-a agir, Goldfield apenas a achava mais admirável e perfeita... Sua mira era infalível, seus reflexos, impecáveis. Devia ter treinado por muitos anos para chegar àquela maestria.

         Mas vocês são... – murmurou Flag, só então reconhecendo os dois homens do trio recém-chegado. – Sniper Nemesis e Slaughter! Nos conhecemos há alguns meses! O que fazem aqui?

         Eu é que pergunto! – sorriu o ex-mafioso. – Acredite, nossa surpresa é igualmente grande por reencontrar vocês justamente aqui! E, quanto ao que viemos fazer... Acho que nossa prioridade agora é salvar a pele do time Charlie, não?

         Também é uma surpresa para mim vê-lo aqui, tenha certeza disso! – exclamou Chun Li, aproximando-se.

         Delegada Zang! Mas... Minha nossa, que mundo pequeno!

         Menor ainda para nós e esses zumbis podermos dividi-lo... – murmurou Fred Ernest.

Os tiros prosseguiam, os predadores de Petroni sendo massacrados. O número deles diminuiu drasticamente, até que o último foi aniquilado por Maya com dois disparos: um destruiu-lhe um dos braços e o outro seu pescoço. Enquanto o corpo pútrido caía inativo, todos respiraram de alívio, aos poucos assimilando a situação, já que tudo transcorrera absurdamente rápido. Percebendo a presença de Aiken Frost ali, sentado junto a uma parede no ápice da exaustão, Slaughter brincou:

         Andrei, você por aqui! Já esteve bem melhor, hem?

         Ao menos eu tenho como ficar pior, camarada... – riu o russo, cuspindo no chão. – Você não!

Nisso, Goldfield terminou de recobrar-se e, tomando coragem, aproximou-se de Marie Anne, que re-carregava a arma. Totalmente fascinado pela britânica, ele agradeceu timidamente:

         Muito obrigado por ter me salvado daquele zumbi... Foi um belo tiro!

         Acho que fui como Apolo, não? – sorriu a encantadora agente, referindo-se ao deus da mitologia grega que era bom com um arco e uma flecha. – Uma seta certeira!

         Como se chama?

         Sou Marie, mas pode me chamar de Maya! E você?

         Meu nome é Jason, porém me chame de Gold.

Sniper Nemesis colocou mais balaços em sua espingarda e, olhando para os desgastados prisioneiros, que mesmo assim seriam capazes de tudo para sair daquele soturno lugar, falou depois de engatilhar a arma:

         Nós viemos aqui para investigar, e agora teremos de escapar junto com vocês. Mas seria bom antes darmos uma averiguada nesta pocilga!

         O que vieram procurar aqui? – perguntou a doutora Kasty.

         Um médico geneticista, o doutor Kian Lee – replicou Slaughter. – Segundo a agente Maya, ele está envolvido até o pescoço numa das maiores conspirações dos últimos tempos!

         Kian Lee... – Flag repetiu o nome em voz baixa, tentando se lembrar. – Doutor Lee... Sim, o homem responsável por esta prisão mencionou esse cara quando quis nos ver na sala dele. Mas disse que ele é apenas seu parceiro, e pelo que pudemos perceber, não é esse tal Lee quem está por trás de tudo!

         Qual o nome do indivíduo que está no comando aqui? – indagou Sniper.

         Petroni, doutor Mário Petroni! – respondeu Leon. – E nós não vimos o doutor Lee!

         Agora não consigo me lembrar desse nome, mas iremos investigar... – disse Maya, mãos na cintura.

Kian Lee, Mário Petroni... Esses dois nomes estavam na lista que o falecido Igor Viennikov entregara a Aiken Frost antes de morrer, porém o pai de Vitória perdera o papel durante sua captura e não conseguia se lembrar dos demais nomes. Se ele ao menos os ouvisse serem pronunciados mais uma vez, talvez...

         Esperem... – pediu MacQueen, sua mente trabalhando rapidamente. – O Petroni nos disse que há um determinado grupo financiando-o, e revelou que até pretende passá-los para trás num dado momento... Terá algo a ver com a conspiração à qual vocês se referiram?

         É provável, no entanto não temos tempo para debater tudo agora! – afirmou o homem a serviço da Interpol. – Poderemos montar o quebra-cabeças mais tarde. No momento, o que precisamos fazer é procurar evidências e dar o fora deste lugar!

         Concordo – assentiu Redferme. – Vamos, antes que tenhamos mais surpresas desagradáveis!

Era a atitude mais sensata, sem dúvida. Slaughter retirou uma pistola reserva de seu uniforme, calibre 45, e jogou-a para o major. Este a apanhou no ar, engatilhando-a. Assim todos desapareceram pelo corredor, buscando respostas, esclarecimentos e, acima de tudo, uma saída daquele grotesco palácio de horrores.

 

A porta da sala de Petroni foi aberta com violência, um dos guardas de máscara de gás entrando bem apressado. Era Lúcio novamente, que viera reportar ao mestre. O superior ainda estava em sua escrivaninha, e não se virou para o comandado. Fazendo marcas em alguns mapas e plantas, ele ouviu o soldado falar:

         Mestre... Os predadores foram totalmente vencidos! O primeiro nível de nosso sistema antifugas foi transposto!

Os predadores... Quando decidira que adotaria aquela antiga prisão política chinesa como base provisória de operações, Petroni se deparara com um problema: ainda havia algumas pessoas trabalhando ali, entre funcionários do governo e militares, mesmo não existindo mais detentos desde o final da década de 1980. Apesar do prédio estar caindo aos pedaços, o Partido Comunista devia ter pensado da mesma forma que o cientista deformado, guardando aquelas instalações para algum eventual uso futuro... Provavelmente um uso que devesse ficar afastado de vistas alheias.

Porém o doutor utilizou sua perspicácia para dar conta da situação... Ao invés de simplesmente matar quem estivesse ali, contaminou o suprimento de água com uma das amostras do T-Virus que conseguira no mercado negro. Em poucos dias todos ali haviam se transformado em mortos-vivos canibais, os quais confinou em diversas das celas da prisão... Assim, poderia empregar sentinelas carniceiros caso alguma de suas cobaias tentasse escapar... Um sistema eficiente e interessante, pelo menos ao seu ver.

Todavia, os predadores não foram suficientes naquele caso. E ele já esperava por isso. Simples zumbis não seriam o bastante para conter os S.T.A.R.S. de Metro City. Se eles houvessem sucumbido, então todos os seus testes com eles até ali de nada teriam valido. Os integrantes do Charlie eram soldados perfeitos, e por isso ele teria de aumentar o nível de dificuldade. Seria uma experiência... Estimulante.

         Não se preocupe – respondeu ele a Lúcio, sempre calmo. – Deixe a cargo do doutor Lee.

O assistente estremeceu, e Petroni percebeu isso mesmo sem estar olhando-o. Após permanecer calado durante alguns instantes, o primeiro fez questão de confirmar a ordem de seu mestre:

         O doutor Lee? O senhor tem certeza?

         Lúcio, depois que o nosso prezado doutor Lee cumpriu as tarefas que eu lhe pedi, não vi mais nada em que ele pudesse ser útil. Pensei até em livrar-me dele, porém acabei encontrando uma alternativa a isso. É chegado o momento de descobrir se fui sábio ou não nessa decisão. Deixe o doutor Lee trabalhar.

         Sim, mestre.

O guarda retirou-se, a porta da sala sendo fechada novamente.

 

Suas amarras foram soltas... Ele pôde mover os braços e pernas até então presos...

Um som... Algo pesado sendo erguido... E então luz. Ela afetou seus sentidos, pois não tinha contato com ela já há certo tempo... Soltou um leve grunhido, a pesada porta que o prendia terminando de ser aberta...

Estava livre. Ele poderia sair. Levantou-se devagar, procurando sentir todas as partes de seu corpo. Certificou-se de que todas respondiam ao comando de seu cérebro. Então, ainda afetado pela repentina claridade, ele deu um passo... Depois outro... E mais outro...

Deixou seu confinamento.

Em sua cabeça havia intentos fixos... Eliminar alvos... Destruir humanos... Seus semelhantes... Ele ainda era semelhante a eles?

Não importava... Ele tinha de perseguir, matar, desmembrar... Tinha de... Caçar!

 

O time Charlie, mais o trio que chegara no Black Hawk caído, haviam subido por mais um bloco de escadas, atingindo novo corredor. Cautelosos, aqueles que estavam armados seguiam à frente, temendo a aparição de mais algum zumbi ou algo pior. Foi quando avistaram um vulto no final da passagem, aproximando-se bem devagar. Era uma forma humana, mas não se movia como um morto-vivo... Apesar de seu andar ser estranho, não seguia o padrão de tais inimigos.

         Hei, você! – Slaughter tentou estabelecer contato.

O ser não respondeu, o que aumentou as suspeitas do grupo. A criatura incógnita se aproximou mais, sendo logo revelada pelos raios de sol de uma janela... E talvez o astro-rei tivesse se envergonhado de deixar à mostra um organismo tão torpe, tão asqueroso. Assim como as poças d’água no chão, que refletiam sua horrível figura. As bocas dos fugitivos se abriram, gotas de terror escorrendo por suas peles...

Era um homem, ou ao menos fora um dia. Nu, porém o órgão sexual havia sido removido. Tinha várias feridas pelo corpo, verdadeiros buracos, os ossos estando à mostra em alguns. Carne podre. Seus olhos eram inumanos, as pupilas tendo desaparecido em meio a um todo cinzento. Mesmo o rosto estando extremamente desfigurado, repleto de cicatrizes e marcas de costura, podia-se identificar nele traços orientais. Presas a seus pulsos, viram compridas e enferrujadas correntes, levando a crer que aquele mutante antes estivera preso em algum lugar da construção... Raphael Redfield de imediato se recordou da misteriosa porta que encontrara antes. Aquela coisa devia ser o brinquedo especial de Petroni...

Sniper Nemesis não esperou: apontou a Benelli e atirou. Os projéteis perfuraram os músculos do monstro, fazendo vazar um pouco de sangue viscoso... Mas na verdade serviram apenas para irritá-lo. Soltou um berro descomunal, remetendo a uma besta apocalíptica ou um demônio saído das mais obscuras profundezas do inferno. E com isso, passou a correr na direção dos prisioneiros, tomando-os como alvos.

         E agora? – Freelancer se desesperou ainda mais.

As Magnums agiram, assim como a pistola que fora cedida a Redferme. Nem as balas de grosso calibre conseguiam causar dano no novo oponente. Seria inútil ficar ali tentando vencê-lo com aquelas armas: a situação exigia uma retirada, urgente.

         Corram! – gritou Flag.

Recuaram pelo corredor, regressando às escadas. A criatura perseguia-os, programada para matar, varrer da face da Terra aqueles que tentavam escapar de sua fúria. Urrando de forma medonha, viu surgirem em sua mão direita três enormes e afiadas garras feitas de osso, como se acionadas por seu instinto assassino. Sentiu intensa dor com o processo, porém aquele recurso seria útil na caçada...

 

Não podia parar, não podia parar...

 

Nota: Os personagens Sniper Nemesis e Slaughter se encontraram antes com o Charlie Team na fic “Charlie Team – By Aiken Frost”, que se passa entre as minhas duas histórias com a equipe.

 

Continua...


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