Acordei tarde e fui tomar café da manhã. Vi algumas correspondências embaixo da porta. Deixei lá e fui tomar banho. Chegara finalmente o dia do casamento do Naruto e eu era madrinha. Saí do banho e fiz o cabelo, deixando mais liso que o normal e o prendendo no meio rabo de cavalo. Passei a maquiagem e vesti um vestido normal. Fui almoçar, e depois coloquei o vestido de dama. A cerimônia iria começar as quatro, e já eram três e meia. Voltei a olhar a correspondência e reparei numa carta pequenina estava ali, com meu nome e o de Yugito. Abri o envelope e fui me sentar, para ler e não cair, se tivesse alguma surpresa.

“Hyuuga; você acha que pode realmente me impedir de casar com Naruto? Está completamente enganada. Ele faz o que eu bem quiser. Você é um mero detalhe em nossas vidas, e será descartado logo, logo. Ele parece feliz ao meu lado, não parece? Veja a foto que segue, e tire suas conclusões. Ah, e só não mando você não aparecer na igreja, porque sei que você não terá coragem de aparecer. E pode ficar com o vestido de madrinha; que a propósito, está ridículo em você.”

Procurei a foto no envelope e encontrei. Era Naruto, sorrindo e beijando Yugito, que também sorria e tinha as mãos nas bochechas do loiro. Senti a raiva subir, e me desabei a chorar. Amassei a carta me joguei longe, rasgando depois a foto em milhões de pedaços.

 — Hina, você está bem? — Sakura correu e me abraçou.

— Eu pareço bem? — Disse em soluços.

Continuou abraçando-me, sem perguntar nada. Depois que me acalmei um pouquinho, apontei para a bolinha de papel jogada no chão e Sakura pegou, começando a lê-la. Ficou meio surpresa com aquilo, e contei toda a história.

— Você tem de ir lá — Misa apareceu bebendo um copo d’água.

— O que? — Falei meio nervosa. Já eram quatro e meia.

— Você mesma sabe que Yugito não presta. E mesmo assim vai deixar Naruto casar com ela? Vai deixá-lo quebrar a cara e ser infeliz? Vai deixar a vagaba da Yugito te intimidar? Sinceramente, Hinata, eu pensei que você era mais forte. Pensei que você lutaria pela felicidade do Naruto, mas acho que me enganei — Ela me olhou com reprovação e foi saindo da sala. — Eu vou sair com o Kiba agora. Ele disse que se recusa a ir ao casamento.

Agora a dúvida era cruel. Ir ou não ir? Chorava de desespero, e Sakura apenas me abraçava. Acalmei-me, mas não parei de chorar. A maquiagem era a prova de água, então não borrou enquanto eu chorava. Levantei do sofá e virei para Sakura.

(n/a: leia o resto do capítulo ouvindo Speak Now, da Taylor Swift )

 — Estou indo para a igreja — Disse depois de um suspiro.

Corri o máximo que pude. Impressionante, eu corria e corria, não parava pra nada, e a igreja parecia cada vez mais distante. Estava mesmo atrasada, já deveria estar chegando no final da cerimônia e ainda faltava muito pra eu chegar no endereço que o convite indicava.

Quase desisti de aparecer e impedi-lo de se casar, mas com as palavras duras e verdadeiras de Misawo me fez enxergar o que eu realmente queria. E eu não ia deixá-lo se casar com aquela mulher, que não se importava com ele.

As lágrimas tentavam cair dos meus olhos, mas eu não podia parecer triste, fraca. Eu tinha que ser forte e dizer o que pensava; pelo menos teria tentado. Como Sakura mesmo tinha dito, mesmo eu estando errada em tentar acabar com o casamento dele, eu não poderia guardar esse sentimento comigo à vida toda.

Posso dizer que eu nunca corri tanto na minha vida, nem mesmo nas Olimpíadas do tempo do colégio que só faltava eu pra chegar na pista de largada da corrida pro meu time ganhar. Mas todo esse esforço valeu a pena: chegei na igreja.

Silenciosamente, eu entrei. Toda a família da noiva vestida com tons pastéis deprimentes, acho que não queriam que ela se casasse com ele. Bom, pelo menos teria uma vantagem.  Sentei no último banco da igreja e fiquei vendo a cena. Naruto a olhava sem uma expressão feliz. E ela sorria falsamente. Nem prestei muita atenção, estava perdida nos meus pensamentos. Será que eu devia interromper mesmo? Nessa altura do campeonato eu já deveria estar decidida.

— Nii, Yugito, você aceita Uzumaki Naruto como seu legítimo esposo, pra amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? — O padre perguntou olhando para a morena de vestido terrivelmente branco.

— Sim — Ela sorriu, fingindo estar chorando e passou a mão no vestido.

Ela era minha “rival”, mas mesmo assim estava horrorosa. O vestido branco parecia mais o bolo do casamento, ou então parecia que alguém tinha rasgado o vestido e grampeado as partes de volta. A maquiagem excessiva a deixava com ar de baranga — o que afinal ela era mesmo — e o véu branco e curto parecia mais um véu de enterro, cobrindo apenas os olhos. O cabelo loiro estava preso em um coque, e a franja cheia de gel presa também no coque. Senti pena do Naruto por ter uma noiva com péssimo gosto para vestidos, maquiagem e cabelo.

— Uzumaki Naruto, aceita Nii Yugito como sua legítima esposa, pra amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte os separe? — Dessa vez era a vez de Naruto responder.

— Sim — Ele respondeu depois de uma longa pausa e suspiro.

O silêncio reinou, e Yugito sorria para toda a igreja mostrando que estava mais que feliz em se casar com o meu Uzumaki. Cara, que vontade de pegar aquela criança que estava ao meu lado e jogá-la na cara daquela ridícula. Mas eu tinha que me controlar.

— Se alguém tem algo contra a união desses dois, fale agora ou cale-se para sempre — O padre parecia se divertir com aquela frase.

Sobrou o silencio. Era minha última chance. Minha última oportunidade de impedi-lo de ser infeliz pro resto da vida. Fugir ou enfrentar? Já tinha me decidido. Me levantei e todos viraram pra mim. Olhei pra baixo e suspirei. A noiva me olhava com um olhar assassino, e Naruto me olhava surpreso.

— Não vou deixar que você faça tamanha bobagem — Sai do meu lugar e comecei a andar naquele corredor onde Yugito tinha entrado. — Nesses últimos quinze dias, eu tentei te mostrar o que eu realmente sentia. Será que você ainda não percebeu? — Falei enquanto andava na direção do altar. — Naruto-kun, tente perceber! — Gritei e todos começaram a comentar. — Eu te amo! — Falei por final.

Agora sim a igreja estava tumultuada. Todos olhavam pra mim, comentavam tudo o que eu tinha dito, e faziam caras e bocas, sem saber o que realmente pensar. Naruto não mudara de expressão. Suspirei e parei perto do altar.

— Se é realmente ela que você quer; tudo bem — disse me referindo a Yugito. — É só falar que a quer.

O silêncio voltou a reinar. Olhei nos olhos do loiro e ele olhava ora pra mim, ora pra Yugito. Abaixei a cabeça e me virei pra ir embora. Tinha tentado. Sakura tinha me avisado. Mas eu tinha mesmo que ter dito tudo isso.

Senti as lágrimas caindo dos meus olhos e funguei, chegando ao meio do caminho para a porta. Nem me dei o trabalho de olhar de volta para o altar. Acho que ele tinha preferido ela.