Ainda estava me recuperando da notícia que iria ser madrinha de casamento. Pra piorar a situação, lá estava eu, com mais três garotas, experimentando o vestido de madrinha. Ouvi, no caminho todo, que o vestido era magnífico, maravilhoso e quando cheguei para experimentá-lo, ele era, bem... Normal. Era um vestido justo no busto e soltinho nas pernas, que batia um pouco acima da altura dos joelhos e liso, azul bem clarinho. Tinha um decote quadrado. As mangas um pouco curtas eram azuis escuras, cheias de pedrinhas brilhantes. O sapato era alto e preto. Bem normal toda essa roupa toda, não? O cabelo ficaria preso num meio rabo de cavalo, e a maquiagem seria uma sombra cinza, com delineador, lápis de olho e rímel. Achei pesado para um casamento no finzinho da tarde.

— Yugito, esse seu vestido está tão tudo! — Uma das madrinhas falou empolgada.

Achei o vestido horroroso, mas era questão de gosto, não? Era todo branco, com um decote quadrado gigantesco, cheio de brilhos na parte de cima. As mangas, também cheias de brilhos, eram terrivelmente bufantes. A saia do vestido era horrorosa. Era um branco normal, mas era todo babado. Pareciam que tinham grampeado o vestido.

— Eu sei disso — Sorriu se olhando no espelho.

Olhei para as madrinhas. Pareciam mais cachorrinhas de Yugito; se a loira mandava bater palmas, elas batiam. Se mandava pular, elas pulavam, se mandava fingir de morto, elas fingiam, se mandava se matar, elas se matariam.

XXX

Uma semana se passou desde a prova do vestido de madrinha. Nela, fiquei saindo com Naruto, só nós dois, sem a loira irritante de sua noiva. Íamos a quase todos os restaurantes e ficávamos mais em praças, onde podíamos correr, gritar e tudo mais. Estava indo tudo certo: Naruto praticamente nem se lembrava que estava noivo e se casaria em cinco dias.

Sakura-chan usufruía de seu maravilhoso plano: sair com Sasuke-kun para ele perceber o que ele perdia quando ignorava uma mulher. Saiam todos os dias, mesmo contra a vontade do Uchiha, iam ao cinema, restaurantes, tudo o que um casal de namorados faria, mas é claro, sem os beijos. Fora isso, a Haruno aproveitava tudo o que podia.

Misa e Kiba ainda não se entediam. Brigavam sem parar sempre que se encontravam. Melhor dizendo, Misa sempre brigava, Kiba apenas ignorava todos os palavrões que ela gritava pra ele e a fazia ficar cada vez mais irritada.

Naquele dia, eu e Naruto fomos ao cinema. Nem sei qual filme vimos, estava mais ocupada olhando aquele Uzumaki, que conseguiu a chave do meu coração desde que éramos crianças. Foi estranho, ele pousou sua cabeça no meu ombro. Meu coração acelerou, mesmo eu sabendo que aquilo não era nada demais. Olhei pra ele, ele parecia sorrir. Que fofo, achei.

— Hinata — Ele me chamou.

— Oi — Disse.

— Você não gosta mesmo da Yu-chan, né? — Sorriu.

— Acho que já está bem óbvio — Franzi o cenho olhando para os olhos azuis dele.

— É — Riu, — Sabe, eu gosto da Yu-chan, mas acho que não chego a amá-la de verdade, Ela é legal comigo, às vezes se irrita, mas é legal.

— Bom — Comecei eu. — Isso é uma coisa que só você pode saber. Se amar ela de verdade, fique com ela — Uma pontada de tristeza no coração. Engoli o choro. — Agora, se não sente nada por ela, além de admiração e carinho, acho que o melhor fazer é terminar o noivado.

Ah, que vontade louca de começar a gritar e dizer que ele tinha de abandoná-la, que só eu servia pra ele! Mas ele estava meio que me pedindo um conselho. E eu tive de respondê-lo com sinceridade, eu estava exercendo o papel de uma irmã que ele nunca teve.

(Sakura Narrando)

Eu ria vitoriosa internamente, estava saindo com Sasuke-kun e ele nunca reclamou que não queria estar ali. Pelo que conheço, ele já deveria ter levantado da mesa daquele restaurante e ido embora, se estivesse mesmo irritado com toda a situação.

— Me responde uma coisa — Ele olhou pra mim, indiferente. — Por que estamos saindo mesmo?

— Ué — Sorri. — pra você perceber que há coisas boas na vida que você simplesmente, deixa passar. E sair com uma mulher é uma dessas coisas. A menos que você seja... Gay — Corei ao falar essa última palavra.

— Eu não sou gay — Ele se irritou um pouco.

— Eu sei que não — Bebi um pouco do meu refrigerante. — Mas continuando, você nunca saiu com uma garota na sua vida?

— Já — Ele me respondeu sincero. — Mas nunca fiquei mais de dez minutos na mesa. Mulheres são irritantes.

— Bom — Pulava de alegria internamente. — Isso quer dizer que eu sou a garota menos irritante que você já saiu! — Sorri.

— Pra falar a verdade, não. Você é a mais irritante.

Murchei na cadeira. Eu pensando que ele estava achando que eu era uma garota legal, mas não. Eu era a mais irritante! A MAIS IRRITANTE! AAAH, EU VOU PEGAR ESSE PRATO E JOGAR NA CARA DELE. Se controla, Haruno! Se controla!

— E a mais interessante — Sorriu de canto dos lábios.

— Como assim? — Arqueei uma sobrancelha.

— Você fala demais, isso eu tenho que deixar claro. Mas você não fala só de você, ou só de suas amigas, ou só de roupas, maquiagem e sapato — Aquilo era um elogio?

— Sério? — Perguntei.

— Sério. É um dos motivos pra eu ainda continuar sentado à mesa acompanhando você, sem reclamar tanto, nesses dias que saímos.

— Vou considerar um elogio de sua parte — Ri.

Comecei a tagarelar sobre tudo o que me veio à cabeça. Sasuke apenas assentia com a cabeça. Teve uma hora que ele já estava botando as mãos no rosto enquanto eu falava. Ele pagou a conta e saímos de lá, com eu ainda falando. Acho que ele se irritou e se virou pra mim me fitando.

— Você fala demais, Haruno — Dito isso, me beijou.