– Eu não sou o especialista, mas acho que posso te ajudar… - Lorcan parecia com os pensamentos distantes e o sorriso que dava apenas me transmitia mais nervosismo.

Bom, primeiro a escolha de um “alvo”…

Estava gritando ordens para os jogadores durante o treino de Quadribol. Eu apenas assistia meu time em ação, quando notei que o goleiro estava parado demais. Na realidade, ele estava me olhando desde o início do jogo.

– McLaggen! Se mexe, cara! – berrei para ele, impaciente.

Mesmo um tanto distante, vi que ele havia piscado em minha direção e então retornado para sua função de defender os aros da Goles que era arremessada.

No primeiro momento estranhei, fazendo uma careta. Phoebus McLaggen piscando pra mim? Bom, ele seria um belo alvo, não é? Quer dizer, exteriormente não dava pra não desejá-lo. Ele era muito, muito gato. Os vestiários masculino e feminino do campo ficavam lado a lado, e uma ou duas vezes eu o vi circulando só de toalha na frente da porta, e meu Deus! O que era aquilo? Penso que tenha até feito o espetáculo de propósito, apenas esperando que alguma das garotas do time o visse como eu fiz, ou para se gabar para os garotos que não chegavam a metade de sua perfeição física.

Alvo escolhido.

Segundo, o flerte...

Eu fazia a lição de casa para o dia seguinte, não conseguindo me concentrar muito.

– Psiu! – olhei em volta. A sala comunal estava razoavelmente cheia, mas pude localizar a fonte do ruído.

Phoebus me encarava com um sorriso cativante, ou ao menos tentando me cativar. Senti minhas orelhas pegando fogo, característico dos Weasleys. Dei um leve aceno com a mão, certa de que meu rosto já estava corado por completo.

Não importa a distância, faça charme. Não desvie o olhar dele e se empenhe para que ele mantenha o foco apenas em você...

Me inclinei ligeiramente para frente, apoiando-me na mesa. Cruzei as pernas devagar e comecei a olhá-lo também, com um meio sorriso tentando não parecer muito “alegrinha” por ele estar me dando bola, mas ainda assim interessada.

Quando notou que era retribuído, Phoebus colocou os cabelos castanhos dourados e ondulados para trás. Mostrava com orgulho seus dentes brancos, alargando seu sorriso cada vez mais.

Terceiro, ele vai começar a te cumprimentar... E é aí que o Malfoy vai pirar.

Atravessava o corredor em companhia de Albus, que não parava de me fazer perguntas sobre artefatos trouxas e Scorpius, que não poderia estar mais quieto e distraído. Meu primo era mesmo neto do vovô Arthur!

– Ventilador! Que invenção genial! E para que serve a tevelisão?

– A televisão? – corrigi, revirando os olhos. – Hã, bem... Sei lá, é pra não ter tanto filho.

– Pra não ter tanto filho? Como assim? – ficou confuso.

– Oi, Rose. – a figura alta e imponente de McLaggen passava naquele momento ao meu lado. Scorpius começou a prestar atenção instantaneamente, como que por reflexo.

– Phoebus... – sorri levemente, não tirando-o de vista até que virasse a esquina do corredor.

Olhei para o loiro e ele não parecia muito satisfeito com o que vira.

Essa não foi a única vez. Na verdade, nas semanas seguintes Phoebus começou nos intervalos a me cumprimentar com beijos no rosto como Lily havia me mostrado. E como nós fazíamos todas as aulas juntos, aquilo se tornou extremamente frequente e era óbvio para todos que algo estava rolando. Com toda certeza, não havia ninguém mais incomodado com aquilo que um certo corvinal…

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Numa sala desocupada, eu contava para Lorcan sobre meus avanços do último mês.

– Estou impressionada, Scamander! Você sabe tudo quando o assunto é relacionamentos... – comentei, só tendo chegado aonde chegara por causa de seus conselhos.

– Agora só falta uma coisa: contato físico de primeiro grau. Ou seja, é hora de uns amassos. – piscou para mim.

Droga, eu sabia que esse momento chegaria. Não que eu não tivesse curiosidade alguma. Muito pelo contrário! Eu estava louca para “interagir” com o sexo oposto. É que nunca surgira oportunidade...

– Temos um problema então. – declarei. – Er, romanticamente, eu nunca em toda minha vida, nesses quase dezessete anos estive com alguém.

– Você quer dizer nunquinha? Nem um encostar de lábios?

Pela minha expressão era evidente que eu tinha a experiência de um recém-nascido.

– Sempre rodeada de homens, e nenhum que tenha gostado de você? – Lorcan parecia duvidar do que eu dizia, ao mesmo tempo que não parecia de fato surpreso.

– Bom, o Davies é nulo, então sim!

– Realmente, ele não é uma opção válida. Olha, eu não sei o que fazer... Que tal uma visita à Lula Gigante? – o loiro sugeriu repentinamente.

– Como?!

O grifinório deu os ombros e deixou o recinto.

O que ele queria dizer com aquilo? Lula Gigante? Eu não sabia o que aquele moleque tinha, porém, que a cada dia dava mais medo, ah se dava! Mas retomando, achei que devia ir lá então. Os conselhos misteriosos de Lorcan costumavam funcionar no fim das contas.

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O Lago Negro estava coberto por uma névoa de início de inverno e eu sentia os pelos do braço eriçarem só de imaginar a temperatura da água. Sentei-me, encostada numa árvore de tronco espesso. Observando o horizonte naquela tranquilidade, ouvindo vagamente o canto dos pássaros, comecei a ficar sonolenta. Fui piscando pesadamente, fechando os olhos, perdendo o controle…

De repente, ouvi um estrondo. Era um som absurdamente alto para quem estava para dormir. Arregalei os olhos imediatamente, me deparando com um corpo que acabara de pousar com pouco sucesso no chão. Ele se levantou imediatamente, limpando a calça suja de grama e terra.

– AHHH! – berrei, sentindo o coração sair pela boca.

– Rose Weasley! O que você… - o loiro parecia que me daria um sermão.

– Scorpius?! Você brotou dessa árvore ou o quê?

– Brotar? Tá falando de quê? – ele ergue uma sobrancelha.

– Você surgiu do nada! Quase me matou de susto! Perdeu a noção, garoto?!

Ele corou.

– Desculpe, eu, er… Que desculpa nada! – o corvinal mudou totalmente sua fisionomia, ficando zangado. – Vai falar de noção? Você perdeu a noção?

Não respondi, apenas fiquei encarando-o, incrédula com seu atrevimento.

– O McLaggen? Qual é o seu problema?

Sorri, desconfiada.

– E por que você se importa? – fiquei de pé, com os braços cruzados.

– Ora, porque… Porque ele é um arrogante! Você é minha melhor amiga, cabe a mim te proteger de caras que não sejam… Adequados.

– Há! Adequados… Acho que a função de decidir isso é minha. Ou será que essa seria outra função que você não me considera boa pra exercer? – lembrei daquela vez que ele havia praticamente me chamado de ‘machona’.

Scorpius revirou os olhos.

– Vai começar…

– Foi você quem começou com essa discussão. E quer saber, não tô a fim de brigar agora! Licença. - ia dando o primeiro passo, mas fui impedida.

Ele havia me encurralado naquela árvore, com ambas mãos apoiadas no tronco na altura da minha cabeça. Ou seja, eu poderia tentar fugir para qualquer lado que não conseguiria. Sentia seu hálito quente, nunca tão próximo. Os olhos acizentados, o nariz comprido, a boca fina e delineada, vistos por mim nitidamente.

Foi aí que Scorpius me beijou. A sensação era incrível. Me beijava com urgência, pressionando meus lábios com um pouco de força, parecia que queria se impor. Eu não cederia, era igualmente imponente e ainda o puxava pelos cabelos loiros macios, tentando aproximá-lo mesmo não havendo distância alguma entre nós. Senti a ponta de sua língua roçar em meu lábio inferior, ele queria passagem e finalmente permiti. Cerejas. Ele tinha gosto de cerejas – mas nem me perguntem por que. Em poucos segundos, ele me envolvia num abraço e eu relaxava as mãos, acariciando suas madeixas.

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