Sexo, Escola e Rock And Roll escrita por Fernanda Lima


Capítulo 21
Ressaca, Sopa e Ursos


Notas iniciais do capítulo

* Versão de Allen Johnson *



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Geralmente, eu me incomodava com a luz do sol batendo nos meus olhos, mas naquele dia a situação era vagamente diferente. A maior fonte do meu incômodo, dessa vez, era uma dor de cabeça absurda, uma sensação de imobilidade e uma garota gritando palavrões em italiano perto de mim.

- Alguém... - Quando falei isso, uma massa de roupas e cabelos pulou em cima de mim, enfiando um punhado de comprimidos na minha boca. 

Em alguns minutos, a dor começara a passar, e pude enxergar melhor. Estava num quarto de hospital, Bel estava sentada do meu lado, fazendo carinho no meu cabelo e cantarolando uma música que não consegui reconhecer. 

- Bel? - Minha voz falhou, mas mesmo assim ela me ouviu.

- Diga.

- Eu n...

- Não precisa dizer nada. Eu acho que já entendi o que aconteceu. Quando você melhorar, vai levar uma surra daquelas. - Ela sorriu enquanto dizia aquilo, o que me causou um certo pânico. - Mas não se preocupe, também. Pra te animar, fui na loja da esquina e te trouxe um pacote de...

- Bala de ursinho! - Eu estava tão feliz com aquilo, que na hora não percebi o quão gay tinha sido o meu gritinho. Mas eu não estava nem aí. Coloquei três ao mesmo tempo na boca, me arrependendo depois, pois quase morri de engasgar.

- Estava com saudades. - Ela me abraçou, o que causou outra crise de engasgos. - Você me deixou tão preocupada, Allen... quase morri do coração quando você me ligou. Nunca mais faça isso, mocinho. Eu não estou nem aí se você teve uma crise de Arnold Schwarzenegger, pra mim, continua sendo um irmãozinho de quem devo cuidar com todo o carinho e...

- Comida. - Uma enfermeira-urso entrou no quarto, e deixou um prato de [insira nome aqui, se souber], com um cheiro entre repolho, morte e asfixia. 

- Eu não vou comer isso. - Disse, catando as balinhas verdes do saquinho.

- Esse fedor está me deixando enjoada. - Nessa hora, tivemos a mesma ideia.

Fomos até o banheiro, e jogamos o prato de comida dentro do vaso sanitário, junto com mais algumas coisas nojentas e suspeitas que haviam naquele quarto. Como o esperado, não desceu.

- Eles queriam me alimentar com isso.

- Fique com as suas balinhas.

Quando íamos saindo de lá, ouvimos um barulho estranho vindo do banheiro. Ops.

A privada estava meio que tremendo, fazendo um ruído de monstro do pântano, e um cheiro de esgoto dominou o ar.

- Aaaaah! - Saímos correndo do quarto. O efeito do analgésico estava começando a passar, mas o meu instinto de auto-preservação falou mais alto.

Ligamos para o Jack, em busca de uma solução para o possível processo que ocorreria em cima de nós, caso o hospital explodisse.

- Quem me incomoda? - Eram 8 horas da manhã, e provavelmente ele iria nos matar.

- Jack, nós explodimos a privada do hospital! O que a gente faz? E se forem atrás da gente?

- Nossa, o que vocês andaram comendo?

- Cala a boca e nos ajuda, idiota! - Gritei no celular, me arrependendo na hora, pois minha cabeça latejou.

- Primeiro, entrem no...

- A gente não vai entrar lá de jeito nenhum, ficou louco?

- Minha namorada tem parentes na máfia.

- Tudo bem, calei. Fala.

- Entrem no carro que está na porta do hospital.

- ...Hein? - Nos entreolhamos, pensando que tipo de superpoder ele tinha.

- Antes que vocês comecem a viajar, foi só o William que mandou uma mensagem pro meu celular dizendo que estava esperando vocês aí na frente, e pedindo pra avisar porque um certo alguém não atendia o celular.

- É uma questão de... - Isabel não conseguiu completar a frase, pois nessa hora a puxei. A enfermeira-urso estava voltando com um walkie-talkie.

- Temos um problema no quarto 2A. Parece que o vaso sanitário está vazando, e o que estava lá atingiu os remédios que ficam guardados na parte de baixo do armário do banheiro.

Saímos correndo para fora do hospital, onde William estava encostado no seu carro. 

- Você não tá novo demais pra essas coisas, não? Ficamos preocupados. Não vou mais deixar você sair por aí sem estar com alguém que eu conheça, ouviu?

Ótimo, arranjei outro pai.

Entramos no carro. Minhas dores estavam voltando, e também alguns flashes da noite anterior.

- Allen? - Bel olhou para mim, séria. - O que foi, está sentindo alguma coisa?

- Hum? Não, estou bem. - Ela me deu um beliscão. - Fugee!¹ Tudo bem, vou contar. Estou com um pouco de dor... 

Ela colocou mais um punhado de comprimidos na minha boca. Tudo bem, essa parte estaria resolvida. 

- Era isso? - Ela disse.

Eu estava pronto para dizer "sim", e deixar aquela história de lado. Mas eu simplesmente não queria fazer isso. Então, aproveitando a distração do William, comecei a falar do que havia me lembrado.

- Eu me lembrei de algumas coisas da noite passada... Tinha uma garota... Ela era muito bonita, veio falar comigo, e depois disso, me lembro que fui com ela para algum lugar escuro, que eu não conhecia... Uns homens grandes chegaram, cheirando a algo que eu não identifiquei, mas certamente não era bom. - Percebi que seus olhos se arregalaram com essa minha última afirmação. - Aí, eu não... - Na hora em que ia dizer que depois daquilo não me lembrava de mais nada, me veio mais um flash. - Ah, espera, lembrei. Eles... Filhos da puta! - Coloquei a mão nos bolsos, e sim, eles haviam levado um dos meus iPhones, meu iPod e meu cordão de ouro. 

- Te roubaram? - Ela fez uma cara muito sinistra. Mas eu não queria ver nenhum assassinato em massa na minha pacífica - Nem tanto, pelo visto - cidade do interior de Santa Catarina. 

- É, pelo jeito. Mas não tem problema. Eu aproveito e compro um iPad mês que vem, agora que saiu o modelo novo.

- Riquinhos... - Ela me deu outro beliscão, e na hora se lembrou de ligar o celular. Era um tijolo preto, provavelmente comprado pouco tempo depois de ela vir para o Brasil. Acho que eu já tinha o que dar de presente para ela, dessa vez.


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Notas finais do capítulo

¹ Onomatopeia.



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