Misato estava furiosa, a missão havia sido concluída, mas os prejuízos das Unidades 04 e 02 eram muito além do previsto. Ela procurou primeiro por Rei e esta respondeu apenas com "Foi a tática mais eficiente sugerida dada a situação", Asuka parecia incomodada com o EVA ter sofrido tantos danos, mas ao responder a Major, deu de ombros e disse "Nós derrotamos o Anjo, não é?"

E a Major poderia jurar que se fosse outra situação ou talvez outra época Asuka ou Rei fariam outro tipo de comentário. A tática aparentemente fora obra da quinta criança, havia sido apenas uma boa ideia?

Shinji não era o tipo quem deixaria Asuka numa posição de risco, embora a própria fosse alguém que se colocaria caso ela achasse necessário, mas ainda sim... parecia que algo estava desconectado. Tinha alguma coisa que ela não estava sabendo?

De onde vinha toda essa... convívio? confiança...? compatibilidade...? coisa entre os pilotos?

E foi com esses pensamentos em mente que ela seguiu para a enfermaria para conversar diretamente com o responsável pela orquestra da batalha, em casa ela falaria com Shinji. No entanto, ao abrir a porta ela viu a figura dos pilotos em um momento um tanto quanto... íntimo.

Ela fechou a porta tão rápido -e silenciosamente- quanto a abriu. E por alguns instantes ela se sentiu como uma adolescente que viu o que não deveria. Shinji com Kaworu? O mesmo Kaworu com quem Shinji não se dava bem? O mesmo Shinji que havia construído uma barreira em volta do próprio coração graças aos laços familiares que se romperam?

Seus pensamentos flutuaram para a conversa com Asuka na manhã daquele dia, ela sabia que eles estavam juntos, Rei também. Estavam todos agindo em prol dessa união? Misato era a única que sentia que algo não estava certo?

E foi carregando esse pensamento que ela pegou o celular e discou para o número de um amigo.

"É a Katsuragi, e eu preciso de um favor... Me traga todos os dados disponíveis de Kaworu Nagisa".

... Instinto materno ou ciúmes...?

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Quando Shinji chegou em casa estava tudo escuro, ele acendeu a luz da sala e viu Asuka deitada no tapete, ela tampou os olhos com o braços.

"Desligue isso, Baka Shinji!" Gritou.

Ele imediatamente fez o que fora ordenado. E por alguns segundos ponderou entre ir direto para o quarto ou se juntar a ela. Acabou optando pela segunda opção.

"O que está fazendo?" Ela perguntou ao sentir a presença de Shinji ao seu lado.

"Pensando. Como você está?" Ele pendeu a cabeça na direção em que ela estava, os olhos começando a se acostumar com a escuridão.

"Viva". Respondeu ainda olhando para o teto. "O que você quer?" Seu tom mudou.

Shinji sorriu levemente. "Eu beijei o Kaworu-kun". Admitiu.

Os lábios de Asuka se curvaram levemente, mas ela não se permitiu sorrir.

"Porque você achou que fosse morrer". Ela afirmou. Não era uma pergunta.

"Eu achei que lutar tendo o que proteger me faria mais forte, mas... é mais assustador". Confessou se permitindo se sentir fraco.

Asuka suspirou. "Eu luto por mim mesma".

Eles ficaram em silêncio, na rua já não havia nem o barulho de carros.

"Eu disse a você uma vez". Ela começou. "Eu vivo os meus dias como se fossem os últimos para não ter nenhum arrependimento".

O coração de Shinji acelerou ao ouvir novamente aquilo, talvez porque dessa vez ele entendesse melhor o que ela queria dizer.

Mas um mundo onde seus amigos não existiam era algo doloroso, um mundo onde Kaworu não existia era insuportável. A respiração de Shinji começou a ficar pesada.

"Oi Baka Shinji, o que foi?"

Ele se debateu, o ar saia pesado.

Asuka não pensou duas vezes, rapidamente se colocou por cima e colou os lábios ao dele enquanto seguia os procedimentos de respiração boca-a-boca.

Mesmo depois de afastar o rosto, continuou por cima dele, Shinji soltava o ar de maneira controlada porém pesada.

"Arigatou".

"Então... eu beijo melhor do que ele?"

Conhecendo a alemã, Shinji achou mais sensato não responder.

Continua