Read Between The Lines escrita por LostInStereo


Capítulo 6
Time to admit it, a man's got a limt


Notas iniciais do capítulo

Gente, me desculpem pela demora ://

O capítulo ficou meio curto, mas eu procurei colocar o máximo de emoções nele. Espero que gostem!



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Segunda-feira não demorou para chegar. Fui acordado por meu despertador exatamente as sete da manhã. O bipe agudo do aparelho me fez soltar um gemido de frustração enquanto, contra minha vontade, me levantava, tentando espantar o sono me espreguiçando. Lavei meu rosto rapidamente antes de vestir uma calça jeans, uma camiseta branca e uma jaqueta cinza por cima, e então desci para tomar café.

Após aproximadamente meia hora, eu estava na escola, apesar de ainda não totalmente consciente. Mas a lata de red bull que carregava na mão direita resolveria esse problema. Bebi um longo gole ao parar em frente a meu armário. Foi quando ouvi o familiar barulho do atrito de rodinhas de skate contra o piso do corredor. Usei toda minha força de vontade para desviar minha atenção daquilo e não olhar para trás. - Iria seguir o conselho de Tom e passar a simplemente ignorá-lo.

Bom, pelo menos iria tentar.

“Ei, Jones.” Ouvi uma voz rouca me chamando, que fez com que instintivamente cerrasse meus punhos. Fiquei em silêncio e bebi outro gole do energético. De repente, senti que alguém segurava meu braço com força e, em poucos segundos, fui empurrado contra a superfície fria do armário, ficando cara a cara com Travis. “Eu estou falando com você.” Vi o Dougie passando com o skate atrás de nós, observando a cena com indiferença. Tentei me desviar de Travis, mas ele manteve seu braço contra meu peito, impedindo que eu me movesse. “Não tão rápido.” Ele sorriu maliciosamente. Franzi a testa, encarando-o com ódio. Ele arrancou a lata da minha mão, jogou a no chão e pisoteou-a, com um estouro que ecoou pelo corredor.

“Qual é o seu problema?!” exclamei, extrememente irritado. “Escuta aqui, você pode não gostar das minhas preferências, mas fica na sua!” Ele fechou a cara.

“Desculpa, não falo veadês.” Disse rispidamente, com os dentes cerrados.

“Não me surpreende, vindo de alguém que não passou pela evolução.” Respondi. Isso foi suficiente para que ele tentasse esmurrar meu rosto. Felizmente fui rápido o suficiente para aproveitar seu segundo de distração, empurrar seu braço e me abaixar. Como resultado, um grito de dor pôde ser ouvido no instante em que seu punho colidiu contra o metal. Olhei para o lado e vi que Dougie tinha congelado no lugar, agora com o skate debaixo do braço e olhos arregalados.

“É MELHOR VOCÊ CORRER, SEU DESGRAÇADO!” Gritou Travis. Não precisei ouvir duas vezes. Saí em disparada, passando pelos olhares curiosos do restante dos alunos. Não sabia direito para onde ir. Passei pela porta principal, chegando ao pátio da escola. -  Ainda podia ouvir os passos apressados de Travis atrás de mim.

“Pega ele, Trav!” escutei alguém chamar. Nisso, fui derrubado no chão e forçado a ficar de barriga para cima. Bufando de raiva, o ruivo preparou-se para me socar com sua mão boa. Fechei os olhos, esperando o golpe. Mas ele não veio.

Pra minha surpresa, ao abrir os olhos vi que Dougie o tinha imobilizado com uma chave de braço.

“Cara, o que você tá fazendo?!” Ouvi Travis protestar com a voz abafada. “Eu ia acabar com ele!”

“Já chega.” Disse Dougie, com uma voz firme e uma expressão séria no rosto, antes de soltá-lo bruscamente. Antes que pudesse me levantar, vi que o diretor O’Malley se aproximava. Engoli em seco ao ver a indignação que estava estampada em seu rosto.

Estávamos ferrados.

...

Como resultado da confusão e, apesar de ter sido a vítima, fui sentenciado a duas semanas de detenção. As quais teria que cumprir na agradável compania de meu agressor e meu ex-melhor amigo. – Mal podia esperar.

“Queria não ter me atrasado.” Ouvi Tom se lamentar pelo que devia ser a milionésima vez naquele dia, enquanto nos dirigíamos ao laboratório de biologia. “Poderia ter feito algo pra ajudar.”

“Ah, relaxa.” Eu disse. “Não foi nada de mais. Além disso, se tivesse feito algo, você também teria pego detenção.” Ele fez uma cara de conformado e continuou a andar em silêncio. Quando estávamos quase chegando, vi o Dougie encostado na parede com os braços cruzados sobre o peito, sendo encarado pela Frankie. Raiva dominava as feições de ambos. Dei uma cotovelada no braço de Tom, fazendo-o parar. Não sabíamos o que fazer enquanto observávamos o casal naquele momento de silêncio constrangedor.

“Realmente, Douglas, você se tornou um completo idiota!” a morena exclamou de repente, sua voz falhando por conta da extrema raiva que estava sentindo. Dougie permaneceu quieto, mantendo seu olhar nela, agora sem demonstrar qualquer emoção. Ela sacudiu a cabeça em negação e se afastou a passos rápidos. Pude ver que ela tinha lágrimas nos olhos quando passou por nós. Meu olhar a seguiu até a porta do banheiro, aonde ela provavelmente ficaria por um bom tempo. E, por mais que ela fosse um dos principais motivos de desconforto em relação ao Dougie, não pude deixar de sentir pena por ela.

Fui desviado de meus pensamentos pelo som de Dougie esmurrando a parede.

...

“O que será que ele fez pra deixá-la tão brava?” Ouvi Tom me perguntar enquanto o Prof. Harris falava empolgadamente sobre as características dos artrópodes.

“Não faço ideia.” Respondi em um tom de voz próximo a um sussurro.

“Acha que eles terminaram?”

“Não sei, Tom, pergunte a ele.” Falei de um modo mais ríspido do que pretendia. Ele me lancou um olhar magoado e eu deixei escapar um suspiro. “Me desculpe, mas eu preciso prestar atenção nesta aula.” Ele deu de ombros e olhou para o lado.  - Ótimo, simplesmente ótimo. –Pensei, fechando a cara. Tom tinha a habilidade de me confundir em questão de segundos. Apenas ele conseguia ser extrememente maduro e infantil ao mesmo tempo. Sua necessidade de ajudar os outros era constante e alguns até se irritavam com isso, mas eu podia sentir que por trás de sua atitude protetora havia uma sutil vulnerabilidade, a qual ele não se atrevia a demonstrar a ninguém.

Durante o resto da aula o silêncio entre nós se manteve. Porém, houveram múltiplas vezes em que notei que ele me observava pelo canto dos olhos. Os minutos passavam lentamente e, de repente, a única coisa que eu queria era que aquela aula acabasse. Começei a batucar na mesa, sentindo cada vez mais que minha paciência se esgotava enquanto os ponteiros do relógio se moviam. – Lá estava novamente aquela sensação de desconforto que sentira há alguns dias atrás, quando Tom comentara sobre seu encontro com Giovanna. Eu não fazia ideia do que aquilo significava. E talvez não quisesse saber.

Após mais alguns minutos agonizantes, o sinal finalmente bateu. Levantei-me instantaneamente da cadeira e saí do laboratório quase que correndo. Não sabia ao certo por que, mas precisava me afastar de Tom, pelo menos naquele instante.

Dirigi-me apressadamente ao banheiro e abri a porta de uma maneira longe de ser cuidadosa. Aproximei-me de uma das pias, abri a torneira e lavei o rosto com a água gelada.

“Danny?” Olhei para trás com meu rosto ainda molhado, gotas escorriam até meu pescoço. -  Lá estava ele.

Previsível. Muito previsível.

“Preciso ficar sozinho.” Constatei, tentando evitar contato visual com seus olhos castanhos, sem sucesso. Ele não disse nada, apenas me encarou. Sacudi a cabeça e me virei, ficando de costas para ele enquanto segurava com firmeza as bordas da pia. Após um breve momento de silêncio, ouvi o som da porta abrindo e fechando, indicando que ele se fora.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que está acontecendo/vai acontecer?