Des:contados escrita por Miss D


Capítulo 4
Perseguição


Notas iniciais do capítulo

Não sei o que deu em mim para escrever essa one. Eu só... escrevi. Se vocês não entenderem nada, tudo bem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/100141/chapter/4

  Clara não tinha realmente consciência do que estava fazendo. Na verdade, havia algum tempo que não entendia muito bem nada do que fazia, ou do que lhe acontecia. Ela andava tropegamente, em sua mão esquerda (onde não era o melhor lugar) uma faca. Não sabia se estava afiada.

  A rua estava tão escura que não conseguia enxergar nem a si mesma. Havia um poste iluminando a rua, mas estava muito longe, a pelo menos uns cem metros de distância. De onde ela estava, a luz longínqua era muito fraca.

  Fugira de casa por causa deles. Não. Tudo o que aconteceu foi por causa deles.

Clara se recusava a tomar qualquer coisa. Ela não tinha a intenção de... Ela não queria. Foram eles. Estavam assustando-a. Ela não podia olhar para nada, estavam em todo lugar. Foi por isso que foi embora. Não poderia ficar mais um minuto sequer naquela casa. Não conseguia.

  Olhava assustada para os lados a cada segundo. Passos. Alguém se aproximava. O medo tomava conta de sua alma enquanto ela empunhava defensivamente sua faca inútil. Não deixaria ninguém machucá-la.

  Ele a estava seguindo. O barulho de suas passadas retumbando sonoramente dentro de sua cabeça.

  – Escapar... Preciso escapar...

  – Não adianta. – gritou a voz, assustadoramente perto e audível – Você não vai poder fugir. Não há como escapar.

  – Mentira. Eu posso, ninguém vai me impedir! – gritou ela.

  Agora corria furiosamente, alcançando a luz. Suas pernas doíam, e tropeçou em seus próprios pés. Pavor era tudo o que sentia.

  – Moça? – chamou outra voz atrás de si.

  Ela virou-se. Não conseguia ver o rosto, oculto pelas sombras. Apenas o ouvia. E tremia, tremia muito. Os espasmos de seu corpo eram tamanhos que não conseguia levantar novamente. Ficou ali, estirada, esperando que ele se aproximasse. Mas não deixaria que a pegasse, não. Não. Não deixaria.

  Clara via a cena em sua mente, tiradas de uma lembrança confusa. Primeiro, um lugar muito branco. Para todo lugar para onde olhasse só via branco: sapatos brancos, roupas brancas, paredes brancas, e ela, vestindo um colete esquisito, também branco. Não conseguia se mexer, seus braços estavam dormentes e formigavam. A memória desse lugar era muito... pálida. Turva. Não conseguia saber quanto tempo havia ficado ali.

  Depois, sua casa. Por que ela estava ali? Alguém a havia trazido novamente. Não gostava daquele lugar, muitas sombras. Muitas. E vozes. Que falavam, gritavam com ela. Perseguiam. Espreitavam. Observavam. Enquanto dormia, quando estava na escola, quando estava sozinha em seu quarto. Sozinha. Clara detestava ficar sozinha. Eles queriam lhe fazer mal, e ela sabia. Sentia isso. Foi por esse motivo que ela fez o que fez: eles queriam dar bolinhas envenenadas para ela beber. Queriam matá-la. Seus pais. Eles estavam juntos. Todos eles.

  Clara tinha tanto medo que não teve escolha. E nesse momento viu seus pais jogados no chão, cobertos de sangue. Como os havia deixado. Como ela mesma estava agora. No chão. Foram eles. Eles. Eles a fizeram fazer aquilo. As vozes que gritavam.

  – Moça você está...

  Qualquer que fosse o homem que falava com ela, não pôde terminar. Clara cravou a faca fundo em sua barriga, e ele caiu, morto.

  Você não pode fugir de nós...cantou a voz.

  Enquanto Clara corria a toda velocidade, estourando seus pulmões, para longe bem longe dali. Das pessoas que queriam pegá-la.  Do sangue. Das vozes. Das sombras presas em sua mente. Para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, alguém entendeu alguma coisa? Muito louco, né? Eu sei. Foi só outra das bizarrices saídas do meu cérebro não-muito-normal. Reviews? Vocês podem me xingar, se quiserem... Bzzuzz enormes...
Miss Doll