For Once In My Life escrita por hatsuyukisan


Capítulo 5
Uma mulher pra se amar


Notas iniciais do capítulo

Troca de POV ok?



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Se tivesse que explicar o quanto minha mãe estava feliz, eu realmente não conseguiria. Ela falou no noivado durante toda tarde, mal conseguiu comer, pois de tempos em tempos desabava em lágrimas. Era bom ver meus pais felizes daquele jeito, orgulhosos de mim. Mas isso não me impressionou. De fato eu já esperava essa reação dos meus pais. O que eu não esperava era a reação de Anna a tudo aquilo. Sempre soube que ela não seria contra casamento pro resto da vida, mas não imaginei que ela se tornaria tão condizente com a idéia ao ponto de convidar minha mãe e minhas irmãs para ajudá-la a escolher o vestido, a decoração, o bolo, o buquê e tudo mais. Impressionei-me com a maneira com que ela mergulhou de cabeça naquilo, sem o medo que eu esperava. E aquilo me fazia bem. Ver Anna feliz sempre foi o meu melhor entorpecente. Ela me olhava com aquele sorriso confiante nos lábios enquanto eu dirigia de volta pra Tokyo, me fazendo pensar que as coisas não poderiam ficar melhores. Eu tinha as coisas que sempre sonhara em ter: uma banda bem sucedida e a mulher dos meus sonhos. Eram sorrisos como aquele, que me faziam pensar que a segunda coisa era muito maior e mais importante do que qualquer outra.

   Deus sabe como me são preciosos aqueles olhos brilhantes. Eu amo Anna desde o primeiro momento em que a vi. Foi naquela noite de inverno, naquela festa onde eu conhecia umas duas pessoas e ninguém mais, eu a vi parada lá, vestindo um vestido vermelho escuro e cabelos soltos sobre os ombros. Segurava uma taça de vinho tinto e encarava os pés, sem se esforçar em tentar fingir ouvir o que o rapaz à sua frente dizia. Prendi-me à imagem dela, assistindo a cada movimento, perdido no deslumbramento que ela me causara. Ela se viu livre da companhia daquele rapaz e continuou parada lá. E então, inesperadamente, aqueles olhos castanhos encontraram a minha pessoa. Ela olhou à minha volta e me viu tão entediado quanto ela. Encolhi os ombros, ela riu e eu me apaixonei. Aproximei-me, como um caçador de mariposas, fascinado pelas cores e formas do ser à minha frente, e então perguntei:

     - Como é que eu evito me apaixonar por você?

     - Ah, perdão. Tarde demais. – ela riu e eu derreti por dentro.

     - Você devia se envergonhar. Sua mãe não te ensinou que não se deve seduzir desse jeito?

     - Eu não tive a intenção, desculpe. – eu desejava que aquele riso durasse pra sempre.

     - Ok, moça. Eu preciso do seu nome completo, pretendo entregá-la a polícia logo que esta festa acabar.

     - Anna Giordano Osaki. – sorriu.

     - Muito bem, senhorita Giordano Osaki. Meu nome é Takashima Kouyou e eu estou prestes a colocá-la atrás das grades.

     - Ah, não. Por favor, não faça isso, senhor Takashima. Existe uma maneira de compensá-lo pelo mal que lhe causei?

     - Hm... Vejamos. Se me der seu número e prometer sair pra jantar comigo um dia desses, nós podemos fingir que nada disso aconteceu.

     - Considere isso um trato. – tirou um cartão com seu número de dentro da bolsa e me entregou.

     - Então... Giordano... É...
     - Italiano? Sim.

     - Sua mãe é italiana?

     - É, sim.

     - É amiga da aniversariante?

     - É, acho que sim.

     - Acha?

     - Bom, ela é atriz, eu sou diretora, trabalhamos juntas várias vezes então eu acho que sim. E você?

     - Ah, eu sou da família do noivo. – eu ri. – Sou amigo do namorado dela.

     - Amigo e colega de banda.

     - Oh, então você me reconheceu. – arqueei uma sobrancelha.

     - É, reconheci. – ela corou um pouco e sorriu sem graça. – Aoi fala bastante do namorado e da banda dele.

     - Ah, entendo.

  Poucos mais de duas horas e várias taças de vinho depois, lá estávamos nós, emaranhados em beijos e abraços. Se não fossem seus lábios colados aos meus, seus olhos seriam o suficiente para me tirarem o fôlego. Meus lábios desciam pela pele de seu pescoço enquanto tropeçávamos para dentro de meu apartamento, deixando as roupas no caminho até o quarto.

  Não me lembro de ter sentido qualquer coisa parecida com o que senti naquela primeira noite com Anna. Não me lembro de ter vivido algo tão intenso. E a certeza de que eu queria que aquilo não durasse apenas uma noite era avassaladora. Eu temi nunca mais vê-la. Envolvi-a em meus braços como se tentasse evitar que ela fugisse dali durante a noite. E então ela adormeceu, mais bonita do que muitos são em uma vida toda.

  Lembro-me de acordar com o rangido da maçaneta, abrir os olhos e então ver Anna já vestida, abrindo a porta para sair.

     - Aonde você vai? – perguntei.

     - Eu tenho que trabalhar. – sorriu um sorriso sem graça.

     - Essa fala não é minha? – eu ri. – Quando eu posso te ver de novo?

    - Eu... – ela ficou calada por um tempo, encarando os pés – Eu tenho que ir.

   E então saiu, batendo a porta atrás de si. Meu primeiro impulso foi de levantar e correr atrás dela, mas eu o contive. Se ela agiu daquela maneira, havia de ter um motivo para tanto. E além do mais, eu ainda tinha seu número. Ela não havia dito que nunca mais nos veríamos, apenas não havia dito nada. Talvez ela não quisesse apressar as coisas. E ela tinha razão.

  Como era de se esperar, o destino acabou por colocar Anna no meu caminho de novo. Ao que me parecia, o universo nunca quis que nós nos separássemos. Ela fugiu por um tempo. Mas não esperava me encontrar na loja de conveniência naquela noite, ou na sede da gravadora, ou até mesmo na loja importados. Eu percebia o receio que Anna tinha em assumir um compromisso, por isso nunca marcávamos encontros de fato. Eu simplesmente aparecia na casa dela e a convidava para um passeio, ou chamava-a para algum lugar com alguma desculpa, um pretexto para vê-la. Aos poucos ela cedeu. Entregou-se a mim lentamente.

  Tudo com Anna era assim. Ela não se convencia facilmente de algo. Com o tempo eu fui aprendendo a lidar com seu jeito, a usar o tom de voz e a carícia certa para fazê-la ceder. E eu gostava que fosse assim. Era como conquistá-la pela primeira vez todos os dias. Anna não era uma mulher previsível, e eu gostava disso. Era exigente e teimosa. Talvez fosse o sangue siciliano correndo em suas veias, mas Anna nunca abria mão das coisas com muita facilidade.

  Tive medo quando pedi que se casasse comigo. Tive medo que aquilo a assustasse e ela fugisse de mim. A perspectiva de perdê-la me aterrorizou. Mas eu tinha que arriscar. Eu a amava e pretendia passar o resto dos meus dias ao seu lado. E então ela aceitou, me dando a certeza de que ela ficaria ao meu lado do jeito que eu sempre quis.

       - Anna...

       - Hum? – ela tirava as sandálias, sentada na ponta da cama.

       - Obrigado por convidar a minha mãe pra ajudar com a cerimônia. Significa muito pra ela.

       - Ah, eu vou adorar ter a ajuda dela. – sorriu.

       - E a sua família?

       - O que tem? – encarou-me, um tanto perplexa.

       - Como e quando você pretende contar pra eles?

       - Não sei. Não pensei nisso ainda. – e não parecia ter pensado mesmo, a julgar pela sua expressão atônita.

       - Quer dizer... Você não pretende apenas dar um telefonema pra contar isso né?

       - Você fala em ir pra lá? – engoliu em seco.

       - Se você concordar. Quero conhecer o lugar onde você cresceu, sua família e tudo mais.

     - Tem certeza? Sabe como é, Kouyou...

     - Eu sei como é. – a interrompi, sentando-me ao seu lado. – Mas não pode ser tão ruim assim.

     - É... Tem suas partes boas. O lugar é ótimo. Mas sabe, minha família, a parte italiana dela, acha um absurdo que eu me case com um homem que não é italiano, e pior ainda, não é siciliano. Não tô dizendo que eles vão te expulsar de lá e tudo mais, mas ainda assim... É arriscado.

     - Eu quero assumir esse risco, Anna. – segurei suas mãos entre as minhas.

     - Tem certeza?

     - Tenho. – sorri.

     - Absoluta?

     - Absoluta.

     - Tá. Na sua próxima folga nós vamos pra Sicília. – suspirou, tentando rir.  

     - Quer comer alguma coisa? – acariciei-lhe a bochecha e ela gemeu baixinho, balançando a cabeça negativamente. – O que você quer então?

  Ela sorriu e me encarou com aqueles olhos felinos, e eu entendi exatamente o que ela quis dizer. Deitei-me sobre ela e nossos dedos se entrelaçaram enquanto o beijo durou, e então se soltaram, ocupando-se em despir e acariciar.

  Acordei com dedos correndo pela minha barriga e meu peito, brincalhões, despertando-me com cócegas. Abri os olhos e vi Anna sorrindo perto do meu rosto, seus lábios desenhando um “bom dia” doce. Espreguicei-me devagar, lamentando ter que ir trabalhar e abandonar os beijos e abraços de Anna.

     - Que horas são? – murmurei, enquanto Anna me beijava o rosto.

     - Hum... Isso importa agora? – suas mãos desceram pelo meu peito, procurando a parte mais sensível de mim.

     - Ah, Anna, seu convite é muito tentador, acredite. – resmunguei, tirando suas mãos de mim, mesmo que a contra gosto – Mas eu tenho que ir trabalhar.

     - Vinte minutinhos, Uru. – veio me abraçar por trás, descendo as mãos até minhas coxas quando me sentei na ponta da cama.

     - Quem dera eu tivesse esses vinte minutos. – pendi a cabeça pra trás e seus dentes roçaram meu pescoço. – Já tô atrasado.

     - Ah, fica só mais um pouquinho. – implorou, mordendo o lóbulo da minha orelha.

     - Não posso. – não sei com que força me livrei de seus braços e fui até o banheiro.

     - Ah, Shima... Achei que você me amasse. – resmungou, quando eu saí do banheiro e comecei a me vestir.

     - E amo. Mas infelizmente, alguém nessa casa tem que trabalhar.

    - Hey, eu também trabalho tá? Muito mais que você, se quiser saber a verdade. Você só vai lá, toca guitarra com seus amigos e diz que tá trabalhando.

     - Tá, claro. – eu ri, fechando os botões da camisa e indo beijá-la.

     - Folgado. – murmurou antes que eu saísse do quarto – Não esquece o celular! – gritou, quando eu já estava na porta do apartamento.


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Notas finais do capítulo

Amorecos, reviews tá... se não a titia morre de desgosto :*



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