For Once In My Life escrita por hatsuyukisan


Capítulo 16
I will love you forever


Notas iniciais do capítulo

ACABOU ;_: MIMIMIMIMIMI



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 Encarei a aliança no meu dedo longamente, em meio ao silêncio do quarto. Anna e a cabeleireira já haviam ido embora, e eu me encontrava sozinha, sentada na ponta da cama, pensando em tudo que aquele momento representava. O prateado da jóia me fez lembrar de que agora eu não era mais nada além da mulher dele. Agora, mais do que nunca, eu lhe pertencia. A Anna profissional, Anna filha, Anna amiga, e todas as outras Annas tinham ficado em segundo plano, e eu me tornara simplesmente: Takashima Anna. 

 Uma lágrima escorreu pelo meu rosto sem que eu percebesse e eu me levantei rápido para checar se não havia borrado a maquiagem. Depois de ter retocado, respirei fundo e fui até a porta. Ao abri-la, deparei-me com Kouyou, parado ali, sorrindo com as mãos nos bolsos, daquele jeito manso de sempre, mais lindo do que nunca. O brilho nos olhos dele roubaram meus sentidos e eu sorri, dando uma voltinha, arrancando-lhe um sorriso e algumas palavras murmuradas.

   - Anna, você tá... – segurou minha mão – Uau. Nossa...

   - Não quero mais tirar esse vestido. – eu ri.

   - Por mim você pode usar ele pra sempre. – puxou-me para perto, beijando-me com calma, fazendo minha alma se sentir beijada.

 Entramos no elevador e eu não conseguia descolar dele, do cheiro gostoso do seu perfume e dos beijos carinhosos que me dava. Olhei para nós dois refletidos no espelho do elevador e me lembrei de quantas vezes me imaginara assim em segredo. O destino havia se completado. O grande momento da minha vida havia chegado, e ao me ver ali eu tive certeza de que havia feito a coisa certa. Kouyou era, na falta de uma palavra melhor: perfeito. Se não com ele, com homem nenhum. Eu me sentia segura ao saber que havia casado com o homem certo.

  Quando chegamos ao salão, nós éramos o casal mais bonito da face da terra, as velas queimavam, a lua já subira no céu e veio cobrir nós dois, luminosa e leve, enquanto dançávamos a valsa em um mundo onde o amor não tinha fronteiras. Eu havia encontrado a metade perfeita do meu mundo. Desejei não sair nunca mais dali. Mesmo que outros casais já dançassem à nossa volta, de onde eu via, não havia ninguém a não ser Kouyou e seu sorriso terno.

  Quando a música acabou e nós voltamos a nos sentar, Reita levantou-se e tomou o microfone, Uruha riu um pouco em antecipação, quando o baixista pediu a atenção de todos.

    - Boa noite. – disse Akira, com um leve pigarreio – Pra quem não me conhece, eu sou Suzuki Akira, ou o padrinho, como preferirem – riu – Bom, é meu papel fazer esse discurso então vamos lá... Eu conheço Kouyou há uns quinze anos. Ele é de fato meu melhor amigo. E conhecendo-o há tanto tempo, sei dizer que coisas o fazem feliz, e que coisas o aborrecem. Lembro de ver Shima aborrecido de verdade quando perdia um gol nas partidas do clube de futebol da escola. – Uruha riu ao meu lado – Mas aí eu lembro de vê-lo feliz quando acertava um solo de guitarra. E tenho que dizer... O dia de hoje vale por uns trinta e oito mil solos. – disse Reita, arrancando risos dos nossos amigos – Desejar felicidade à vocês, Kouyou e Anna, é quase desnecessário, mas já que felicidade é o único excesso que não faz mal: um brinde ao casal mais insuportavelmente feliz da noite e que essa felicidade se prolongue por toda sua vida. – completou, erguendo a taça que tinha na mão.

 Assim que brindamos, Reita se aproximou, recebendo um abraço apertado de seu melhor e mais antigo amigo. Eu o abracei também, agradecendo pelo gesto. E então o baixista passou o microfone à Uruha, deixando-o sem opção a não ser fazer um discurso. E eu tenho confessar que não estava pronta pra isso.

   - Eu tenho certeza de que ela não tava esperando que eu fizesse isso. – riu e eu quis abraçá-lo no mesmo instante. – Não que eu não seja romântico, é só que eu realmente não faço o gênero poeta. Mas vou tentar, hoje. – respirou fundo e eu temi pela minha maquiagem – Eu cresci vendo meus pais serem tão felizes quanto um casal pode ser, e os admirei e admiro ainda por terem criado três filhos e trabalhado toda a vida, sem nunca terem deixado de lado o sentimento que os juntou. – sorriu, olhando para os pais à sua esquerda – Então, quando maduro o suficiente, eu comecei a me perguntar se jamais encontraria a mulher que pudesse ter comigo o tipo de felicidade que meus pais tiveram. E quando conheci Anna... – tentei segurar aquela lágrima, mas não teve jeito – eu nunca pensei “Talvez seja ela”. – os convidados olharam para ele estranhando o que ele acabara de dizer, e então ele sorriu e continuou – Eu sempre pensei: “É ela.”. – olhou para mim e eu levei a mão à boca, derramando mais algumas lágrimas – E vai ser ela, por resto da minha vida... Eu te amo, Anna.

  Achei forças pra levantar, recebendo um beijo ao fazê-lo. Abracei-o o mais apertado que pude, pensando que aquele amor era quase grande demais pra caber no meu peito. Foi quando ele me entregou o microfone e então eu notei que todos os ouvidos esperavam as minhas palavras. Eu respirei fundo, sorri e então comecei:

   - Bom, eu tinha planejado dizer alguma coisa bonita, mas Kouyou me deixou sem o que dizer. – ri um pouco – Eu queria que soubessem que se eu estou aqui hoje, usando esse vestido, com essa aliança no dedo, é porque não tive escolha. Desde que conheci Kouyou, eu nunca mais tive uma chance. Ele entrou na minha vida com essa personalidade absurdamente adorável e esse jeito manso de levar a vida, e eu não tive escolha a não ser amá-lo com todas as minhas forças. Ele me conhece e sabe que eu sou péssima pra mentir, e que ao invés de não querer me casar como eu sempre dizia, eu sonhei com esse dia desde que pus os olhos nele. O que eu quero dizer, Kouyou, é que eu te amei todos os dias até o dia de hoje e vou continuar te amando, pra sempre.

  E eu estava dizendo a mais pura verdade. Eu o amava como nunca amei ninguém. Eu o amava como jamais amaria outra pessoa. Eu o amava tanto que doía, tanto que achava não poder agüentar, tanto que se não o amasse simplesmente não existiria, tanto que meu sol não brilharia se ele não fosse parte de mim. Eu sentia por ele todos aqueles clichês que as pessoas não cansam de repetir. E esse dia era, como dizem esses mesmos clichês, o mais feliz da minha vida.

  A festa se estendeu pela noite toda, dando-nos a oportunidade de dividir aquela felicidade infinita com aqueles que amávamos. Nós dançamos, cumprimentamos os convidados, tiramos fotos, agradecemos pelos presentes e sorrimos com a espontaneidade que era esperada de nós. Permitimos que quem quer que estivesse presente pudesse espiar por trás da cortina e ver como Anna e Kouyou eram como um casal de verdade, permitimos que descobrissem como era quando deixávamos de ser eu e você pra sermos simplesmente nós.

  Mas em algum momento daquela noite, surgiu a necessidade de fechar as cortinas e tornar aquilo particular, afinal aquilo tudo pertencia a nós dois e ninguém mais, o que nos dava o direito de sermos egoístas a certo ponto e voltar a colocar nosso amor naquele bauzinho que só nós dois sabíamos abrir. Por isso, quando todos estavam bem servidos de champagne e as mulheres começavam a tirar as sandálias e massagear os pés, saímos de fininho e fomos para a suíte que havia sido reservada para nós. Kouyou segurou minha mão no caminho até o quarto, me fazendo pensar no quanto eu me sentia bem só de andar de mãos dadas com ele. Antes que eu pudesse me sentir boba, ele tirou a chave do bolso e abriu a porta.

  Logo atrás da cama grande no centro do quarto, havia uma janela que ia de ponta a ponta naquela parede, dando uma vista de Tokyo que tiraria o fôlego de qualquer um. As estrelas e as luzes da cidade pareciam diamantes sobre um cobertor azul escuro. Andei até a janela e olhei para fora por alguns momentos, deslumbrada. Ao que me parecia, tudo naquela noite havia sido planejado com inquestionável meticulosidade para que fosse simplesmente perfeito.

    - O que você tá pensando? – Kouyou chegou de mansinho, me abraçando por trás e sussurrando em meu ouvido.

    - Nada. – respondi, me virando de frente para ele – Só to feliz. – sorri, acariciando-lhe o rosto.

    - Levou um tempo pra eu te trazer até aqui huh? – disse, afastando alguns fios de cabelo da minha testa.

    - Mentira. Você sempre soube que me teve na palma da sua mão desde que disse “Oi” pra mim. – contrariei-o, correndo os dedos por sua nuca.

 Ele sorriu daquele jeito suave de sempre e me beijou. Por mais tolo que possa parecer, nós fizemos amor naquela noite, como nunca antes. Cada beijo, cada toque, cada suspiro, cada olhar tinha um significado completamente diferente, como se não tivesse nada a ver com desejo, com instinto, com carne; como se não tivesse a ver com nada que não fosse amor na sua forma mais simples e bonita. Senti uma única lágrima escorrer pelo meu rosto enquanto o coração de Kouyou desacelerava contra o meu peito. Não pude explicar aquela lágrima, mas tive certeza de que não era de tristeza.

  Quando o torpor pareceu se esvair, Kouyou apoiou-se em um dos cotovelos e olhou para mim, fundo dentro de meus olhos, daquele jeito que me fazia sentir o ar se tornar rarefeito e então disse:

    - Eu te amo.

 Me calei diante daquele déja-vu. Era como se aquela cena, de poucos anos atrás, se repetisse diante dos meus olhos. Fazia oito meses que nós estávamos namorando, nós estávamos na cama, exatamente como agora. Kouyou inclinou-se sobre mim, olhou-me nos olhos e fez meu coração parar por um momento. Foi a primeira vez que ele disse que me amava.

   - Eu vi essa cena antes. – murmurei.

   - Eu também. – sorriu.

   - Mesmo? Você lembra?

   - Nitidamente.

   - Naquele dia eu não disse “Eu também”. – mordi o lábio inferior.

   - Não disse. Mas eu sei que sentiu. – alargou o sorriso, acariciando meu rosto com a ponta dos dedos.

   - Por quê? Porque eu te abracei desesperadamente e quase chorei? – eu ri um pouco.

   - Não. – riu também. – Porque você tá aqui agora.

  Senti uma vontade avassaladora de chorar tomar conta de mim. Mesmo que eu tentasse, não haveriam palavras. Não é como se Kouyou nunca dissesse que me amava, mas tinha vezes, poucas vezes em que ele realmente o dizia. Era como se dissesse por que seu coração não lhe deu escolha. Dizia de um jeito que soava tão absoluto quanto o universo, tão forte que parecia ser a única verdade inquestionável do mundo. E eu nunca podia responder. Era sempre essa onda de lágrimas que me impedia de dizer qualquer coisa. Esses momentos mostravam o quão verdadeiramente frágil eu era. Meu coração sequer podia agüentar uma declaração sincera como aquela sem explodir em lágrimas. Kouyou deixou que eu o abraçasse com o mesmo desespero da primeira vez. Eu só o soltava quando tomava consciência de que talvez estivesse o machucando ao afundar as pontas dos dedos em suas costas. Ele segurou meu rosto entre as mãos e secou minhas lágrimas com beijos, esperando que eu me acalmasse.

   - Por que eu to chorando? – tentei rir de mim mesma – Era pra eu estar sorrindo.

   - Se quer saber eu acho adorável. – sorriu, acariciando minhas costas daquele jeito que sempre fazia quando queria me livrar de qualquer angústia.

   - Você já deve ter entendido que esse é meu jeito de dizer que eu também te amo né? – passei os dedos nas bochechas, terminando de secá-las.

   - Eu entendi sim. E mesmo que não tivesse entendido... Você não precisa dizer nada. – disse, doce.

   - Eu sei. – abracei-o de novo.

   - Cuidado! – brincou, quando toquei suas costas.

   - Ah! Eu te machuquei? – perguntei, encarando-o, me sentindo culpada por ser tão patética.

   - Não se preocupe. Machucados de amor são sempre bem vindos. – riu.

   - Desculpa. – choraminguei, aconchegando-me nele.

   - Sabe... Eu gosto de você mansinha assim. – acariciou meus cabelos.

   - Por quê? Porque pode assumir o controle comigo assim? – eu ri, olhando-o nos olhos.

   - Em parte... – sorriu – Não sei, desse jeito parece que você cabe na palma da minha mão – estendeu a mão aberta e eu encaixei a minha ali – E eu só preciso fechá-la pra você nunca mais ir embora.

   - Não irei. Não iria nem se quisesse, nem se pudesse. – sussurrei, sentindo seu coração bater sob minha mão, como de costume.

 Eu não disse mais nada. Não havia o que dizer. Eu só sorri e cedi àquele cansaço confortável que tomara conta de mim. Adormeci sob os beijos suaves do homem da minha vida, aninhada na segurança de seu abraço, não querendo mais nada na vida a não ser o cheiro conhecido daquela pele macia. Adormeci sabendo que quando abrisse os olhos, nada seria como antes. Adormeci com a incerteza dos dias que viriam, mas sem medo algum desse futuro hipotético. Afinal, independente de como o resto da minha vida seria, uma certeza eu tinha: ele estaria lá.


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Notas finais do capítulo

chorei! nem acredito que acabou gente ;_: vou sentir saudade

Mas calma, quando uma porta se fecha, outra se abre. Em breve: Change your life.



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