For Once In My Life escrita por hatsuyukisan


Capítulo 10
Quem casa...


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora amorecos *.*
Titia tá com um projeto novo aí que tá tomando muito tempo
Logo conto pra vocês :*



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Quando a manhã de quinta-feira chegou, eu relutei em acordar e ir até a imobiliária com Kouyou, temendo encontrar a casa amarela com margaridas durante nossas visitas. Mas fui do mesmo jeito. Saímos da imobiliária de carro com o corretor ao volante. Sentei-me no banco de trás com Kouyou e então o senhor começou uma série de perguntas:

 - Então... Vocês procuram uma casa certo?

 - É isso mesmo. - Kouyou respondeu.

 - Pelo que percebi, vocês estão prestes a se casar. Meus parabéns. - o corretor sorriu cordialmente pelo retrovisor.

 - Ah, muito obrigado. - Uruha agradeceu e eu sorri, murmurando um agradecimento também.

 - Que tipo de casa vocês procuram?

 - Uma casa de dois quartos ou mais. - explicou o loiro.

 - Ah, então pretendem ter filhos?

 - Sim.

 - Não. - respondi ao mesmo tempo que Uruha.

 - Definitivamente sim. - ele interveio.

 - Mas não agora. - completei.

 - Entendo. - o senhor meneou, sorrindo - E quanto à localização?

 - Meguro seria o ideal. Mas Setagaya também serve.

 - São ótimos bairros. Temos vários imóveis nessas condições. A maioria bem perto de escolas, sabe, para as crianças.

 - Uma pública, espero, já que serão sete... ou mais. - murmurei.

 - Perdão, eu não ouvi o que a senhorita disse. Pode repetir? - o homem se virou, olhando para mim quando parou no sinal.

 - Eu disse que seria ótimo, já que não teremos tempo de levá-los de carro até a escola. - menti, ouvindo Uruha rir baixo ao meu lado. - Não tem nenhuma casa amarela no seu itinerário, tem?

 - Não, nenhuma. - respondeu o vendedor e eu percebi o quanto ele achou estranha aquela pergunta.

Nosso pequeno passeio foi basicamente constituído de umas vinte casas, algumas mais tradicionais e mais baratas, outras mais modernas e caras, outras ainda com um ar ocidental e preço exorbitante. Conforme avançávamos, eu começava a achar mais e mais que nosso apartamento era mais do que suficiente para nós dois. Até que chegamos àquela casa em Meguro. Olhando de fora ela não parecia ser tão diferente assim das outras casas daquela rua. Era clara, tinha uma sacada grande na frente e alguns arbustos plantados perto da calçada que levava à garagem. Quando entramos, um cheiro doce de chá invadiu meus sentidos. O sol penetrava os cômodos vazios, dando-lhes uma impressão confortável. Uruha seguia o corretor pelos quartos, ouvindo sobre as vantagens da casa e eu fiquei para trás, ainda parada no meio do que seria a sala de estar, olhando em volta, notando como o pé-direito alto do piso inferior conferia à casa uma sensação de amplitude. Subi as escadas atrás deles e vasculhei os quartos vagarosamente. Parei à porta do quarto principal, olhando para o chão, admirada com o tom de dourado que o sol conferia ao tatami. Kouyou surgiu atrás de mim, calado, tocou-me o ombro e sorriu pra mim. Então eu disse:

 - Gosto dessa.

 - Eu também.

 - É perfeita. - murmurei, vendo-o sorrir docemente.

 - Certamente não tem margaridas, mas nós podemos plantar umas. - ele brincou, me fazendo rir.

 - E então... O que acha, senhorita Anna? - o senhor apareceu no corredor.

 - Nós gostamos dessa. - respondi sorrindo.

 - É definitivamente uma ótima escolha. - ele completou. - Pretendem fazer uma proposta eu presumo...

 - Ah... - foi então que caí na real. Uma casa daquelas devia custar muito. - Em quanto ela está avaliada?

 - 136 milhões a princípio. - o vendedor respondeu. Ele provavelmente notou a expressão de espanto em meu rosto e então continuou. - É, eu sei. É um valor alto, mas o investimento é ótimo. Além do mais nossas condições são flexíveis. Podemos negociar de uma maneira que fique melhor pra vocês.

 - Nós vamos precisar de um tempo pra pensar. - disse Kouyou.

 - Tudo bem. Pensem o quanto precisarem, quando decidirem entrem em contato comigo. Mas lembrem-se de que uma casa assim é para a vida toda. - sorriu amistosamente.

Então nós fomos para casa e eu só conseguia pensar na casa em Meguro. Podia nos ver morando ali, era perfeita pra nós dois. Mas de novo eu tinha medo. Não queria que déssemos o passo maior do que nossas pernas. Tudo viria ao mesmo tempo, a festa de casamento, a casa, lua-de-mel, despesas demais em um curto espaço de tempo. Estava tentando ser responsável, mas a tal casa não me saía da cabeça. Comentei com Kouyou a possibilidade de nos mudarmos sim, mas para um outro apartamento, talvez maior, mais bem localizado. Ele pareceu relutante, percebi que tinha gostado da casa tanto quanto eu. E não se mostrava muito feliz quando eu dizia que era um passo grande demais pra se tomar e que não sabia se estávamos prontos pra isso. A verdade é que ambos passamos dias e dias pensando naquela casa, evitando tocar no assunto, achando que pensar era o melhor a se fazer.

Quando encontrei Anna na semana seguinte, contei-a sobre a casa e sobre o quanto havia gostado dela.

 - Eu acho que vocês deviam comprá-la. Quero dizer, já que gostaram tanto assim. - ela disse - Não que eu não concorde que seja um grande passo, mas vale a pena.

 - Você acha?

 - Acho sim. E pelo que você diz, é uma ótima casa, deve ter muita gente interessada, se eu estivesse no seu lugar, eu não deixaria essa oportunidade passar.

 - Talvez. Mas precisa de muito planejamento antes de qualquer coisa.

 - E tenho certeza que se você e o Uruha colocarem essas cabecinhas pra funcionar vocês darão um jeito.

 - Tomara, Anna. - eu sorri. - Então... Tem saído muito ultimamente? - disfarcei.

 - Ai Deus... - ela riu - Quem te contou?

 - Garotos falam, Marie, garotos falam. - balancei a cabeça, rindo.

 - Ah, foi ótimo, Anna. Eu adorei. Ele é muito divertido pra falar a verdade.

 - Eu sei. Ai que bom... Você andava meio tristinha de uns tempos pra cá. É bom que você saia com um cara legal, se divirta, nem que não seja sério, mas só pra espairecer mesmo.

 - Eu não sei, pode ser um pouco cedo pra dizer, mas eu acho que tem algo a mais. - ela corou um pouco.

 - Nossa... - encolhi os ombros sorrindo - Que bom. Tô torcendo por vocês.

 - E eu tô torcendo por você e pelo Uru e pela casa em Meguro.

 - Conte comigo, Marie. - pisquei. Naquele momento meu telefone tocou, era Uruha. - Alô?

 - Onde você tá? - ele parecia animado.

 - Tô almoçando com a Anna. O que houve?

 - Vai demorar pra vir pra casa?

 - Não, já tô saindo daqui. - respondi, achando estranho o comportamento do Takashima.

 - Ok, tô te esperando. - e desligou.

 - Deus, acho que o Uruha chegou no final do arco-íris e levou o pote de ouro pra casa. - eu ri - Vou indo. Me liga, vamos sair de novo, quem sabe a quatro?

Corri pra casa, já que a voz de Kouyou ao telefone fez parecer que ele tinha sido abduzido e visto aliens verdinhos e saltitantes que tinham lhe dado gominhas alucinógenas. Subi as escadas do prédio, apressei-me até o fim do corredor e quando finalmente abri a porta, Kouyou encontrava-se caminhando de um lado para o outro na sala, tão inquieto quanto eu jamais o vira. Quando notou que eu havia chegado ele andou até mim e começou, um tanto ofegante:

 - Anna... Você não vai acreditar...

 - Calma, respira. - eu cheguei a achar graça naquilo.

 - Comprei a casa, Anna. - disse, um sorriso largo se formando em seu rosto.

 - Que? - balancei a cabeça e jurei que ele só podia estar brincando.

 - A casa... De Meguro... É nossa. - apontou uma pequena pilha de papéis sobre a mesa de centro.

 - Kouyou... - peguei os papéis e examinei-os perplexa, notando que se tratava de um contrato de escritura de um imóvel. - Meu Deus...

 - Não é ótimo?! - ele não conseguia parar de sorrir. - Eu fui à imobiliária hoje cedo e dei a entrada.

 - Você comprou a casa?

 - Comprei. - me olhou confuso, achando estranho que eu parecesse não ter entendido.

 - Foi uma pergunta retórica, Kouyou! - acho que dessa vez ele percebeu que eu não estava tão feliz quanto ele planejara - Você comprou a casa!

 - E isso é um erro por que...?

 - Kouyou! Você foi até lá e comprou uma droga de uma casa! - ele realmente se assustou quando eu joguei os papéis em cima da mesa. - Uma casa, pelo amor de Deus!

 - Eu achei que você tivesse gostado da casa. - indignação brotou de sua voz.

 - E gostei. Mas isso não significa que você pode ir até lá e simplesmente comprá-la sem me consultar! Não é como se você tivesse comprado uma guitarra nova, Takashima, é uma casa! Uma casa!

 - Não é você quem sempre diz que eu demoro demais pra me decidir e acabo perdendo as oportunidades?!

 - Isso não é um corte de cabelo novo ou animal de estimação! É uma casa de 136 milhões de ienes! Seu irresponsável!

 - Irresponsável?! Olha, Anna, me desculpa por ter comprado a sua casa perfeita. Me desculpa por querer te fazer feliz!

 - Kouyou, esse dinheiro não vai sair da sua mesada. Cresça!

 - Por que é que você nunca tem certeza de nada, Anna?! Por que sempre tem que titubear desse jeito? - e saiu, sem dizer nada, batendo a porta atrás de si.

Ele tinha ficado fulo, mas não mais que eu. Era loucura o que ele tinha feito. 136 milhões não é dinheiro que se acha na rua. Mas por um lado ele tinha razão. Eu sempre receava demais e isso devia irritá-lo. Algumas horas passaram e eu comecei a me sentir mal pelo que tinha dito. A verdade era que ele fizera aquilo em nome da nossa felicidade, fizera para que não nos arrependêssemos mais tarde e lamentássemos ter perdido a chance de comprar a casa que ambos julgávamos perfeita. Então eu peguei umas coisas, entrei num táxi e fui até Meguro. Desci em frente à casa e vi o carro de Kouyou estacionado do outro lado da rua. Entrei na casa em silêncio, aproveitando que a porta estava aberta. Uruha encontrava-se parado perto da janela alta da sala de estar, contra o sol, encarando o chão.

 - Sabia que podia te encontrar aqui. - andei em sua direção.

 - Ainda tem tempo de retirar a entrada e desfazer o contrato. - murmurou, enfiando as mãos nos bolsos.

 - Nada disso. Não quero outra família morando na nossa casa. - falei, e então ele me olhou sem entender. - Me desculpa por ter gritado. Eu... Foi um gesto lindo, Uru. Irresponsavelmente lindo.

 - Sei que devia ter te consultado antes, pra gente poder planejar tudo. Mas eu não queria perder a casa em hipótese alguma.

 - Tudo bem. Eu entendo. A gente vai dar um jeito. - eu sorri - Eu trouxe um futon, uns cobertores e uma garrafa de vinho, será que tá bom pra primeira noite na nossa casa?

 - Tá ótimo. - retribuiu-me o sorriso e veio me abraçar.

Passamos aquela noite acordados até tarde, andando pela casa, fazendo planos bobos e então adormecemos abraçados no futon no meio da sala de estar. 


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Notas finais do capítulo

Briguinha básica, sorry ._.



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