A excelência com que Eponine cria suas narrativas não me surpreende. O que me surpreende todas as vezes em que as leio é o sentimento que transborda de mim, vulgarmente são lágrimas. Suas histórias conseguem vir de algum lugar da autora que é completamente desconhecido por seus leitores e ao mesmo tempo intensamente familiar, para quem sente similar. 8 de março não é uma data comemorativa. Eponine transporta nossas personagens femininas BRUXAS, (transporta-nos e transporta-se) como a mulher que se levanta, DEMOLINDO com socos os muros de homens (de racismo, de violência, de sexualidade compulsória, de id de gênero cegas com nomes revolucionários), [reforçados pela manutenção social], para alcançar sua excelência. E alcança. Se levanta. Ainda que os socos tenham destruído suas mãos, seu psicológico, sua vontade, Eponine evidencia com maestria a nossa história: sangrenta. Eponine alimenta esperança: nos levantemos.

Ao invés de um comentário, decidi por fazer uma recomendação. Não há razão para não fazê-la, porque estou deslumbrada. Talvez a leitura de uma história devesse existir muito antes da leitura de Harry Potter e A Pedra Filosofal, pois são leituras assim que nos desafogam de uma existência condenada a odiar com tanta veemência um personagem que, apesar de culpado, também possui seus atenuantes. Essa história é para aqueles que estão prontos para desanuviar a sordidez de Petunia e compreender a humanidade de Lily, não a encarando como uma santa perpétua e muito menos a condenando, mas tornando-a, antes de mãe do Harry e amada de James, Lily Evans: irmã da tia Petunia. Eu recomendo fortemente essa história, porque ela possui uma característica muito única de compreensão não forçosa, que parece não eximir totalmente a culpa de nenhuma das duas, nos forçando a nós entrarmos na embarcação de problemas de relacionamento com as mãos dadas às duas, sem pender pro lado óbvio da garota mais bonita do rolê. Petunia ainda persiste como a tia que peca por omissão e arrogância cega. E Petunia é assombrada diariamente quando a persegui-la pelos cantos da casa, encontra os olhos de Lily combinados à lembrança da infância e de uma irmã que não volta — e não voltava há muitos anos,— nunca mais.

Eu confesso que ainda não terminei de ler os capítulos postados, porque ainda prefiro prolongar o efeito dessa história. Ler Zerstören tem um ritual pra mim: fico ausente de mim e do mundo por alguns minutos, lendo com cuidado cada palavra escrita, sabendo que ela foi escrita com esse mesmo cuidado. Portanto, eu mesma não poderia decepcionar a escritora lendo algo tão cuidadoso, com desleixo. Gosto de me dedicar a essa história e a recomendo fortemente, pois ela faz nos faz sentir. São muitas emoções e eu não saberia enumerá-las, já que são muito diversas e intensas. Com personagens apaixonantes, dúvidas que são supridas no momento certo, da maneira correta, uma escrita, então, completamente profissional. A autora parece ter um domínio sobre o mundo bruxo e sua rotina nunca antes visto, senão pela própria J.K.R. Eu ouso compará-la, mas apenas porque realmente me transporto para aquele mundo quando leio essa história, mesmo que tenha algumas adaptações da própria obra e isso só a torna mais interessante. Com outras histórias, onde os personagens são desligados da personalidade original, não funcionam muito bem, mas com Zerstören, os motivos pelos quais as personagens foram mudando a própria atitude, é feita com maestria. Pra concluir (juro!), temos aqui uma história que há nas entrelinhas todo o carinho e dedicação da autora, uma história envolvente, bem escrita, bem desenvolvida e muito interessante. Assim como James, nós sempre parecemos precisar de um cigarro pra acalmar os ânimos depois de engolir um capítulo.

A primeira one shot que me sinto fortemente compelida a recomendar. Essa escrita completamente hipnotizante me conquistou e superou minhas expectativas de um final concreto para o Jesse.
Senti-me como se estivesse lendo um genuíno relato sobre o futuro do Jesse ou a perspectiva da derrocada de sua vida como sendo algo além do melancólico e do trágico, porque, convenhamos que apesar de querer imaginá-lo feliz e completo, a verdadeira vida futura de Jesse Pinkman só pode ser feliz se assemelhada à perspectiva mais esperançosa do final dessa One Shot.
Eu não quero entregar nada, até porque já postei isso nos comentários, mas a leitura é incrível e muito bem alinhada com o enredo da série, que sempre trouxe algo além do visual. Essa shot foi capaz de trazer-nos, com a intimidade que só as palavras são capazes de oferecer, perto de Jesse. Tudo acontece numa experiência muito gostosa de ler e tão bem escrita que dá vontade de ir mais além. E olha que é uma vontade muito grande. Melhor escrita que eu já vi no Nyah! Vou acompanhar esse perfil, com certeza, daqui em diante, e também voltarei para ler mais algumas vezes essa descrição tão enxuta sobre o nosso querido Jesse Pinkman.