Outis, do grego antigo, "ninguém".

Parecia que ia dar tudo certo.
Sempre que Lua pensava em como era a sua vida antes de seu corpo ter sido brutalmente violado, era disso que lembrava: De como parecia que ia dar tudo certo. Sua vida acadêmica estava na melhor fase, sua vida financeira estava quase estabilizada. Estava de bem consigo mesma. Mas, por mais intensamente que desejasse, essa não era mais sua realidade. Seus sonhos haviam sido arrancados de suas mãos da forma mais dolorosa que poderia imaginar.
Traumatizada, largou a faculdade, o emprego e voltou para a casa de seus pais. Suas crises de pânico pioravam a cada dia e sair de casa era uma tortura. Inconscientemente, Lua foi construindo um muro ao seu redor, passando a viver sozinha num mundo que era impenetrável.
Ou parecia ser.
Contra a sua vontade, a moça vai a um grupo de apoio à vítima, onde conhece alguém que conhece a sua dor e torna sua passagem pela Terra um pouco menos miserável. Alguém que estava sempre presente, até que, num piscar de olhos, não estava mais.
Sem rumo, sem foco e sozinha, Lua precisa se libertar.