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Acácia
ID: 507846
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  • 14/08/2014


  • Quando eu te olho pelo espelho que são as dimensões da sua loucura e da minha tristeza, tento morrer. Não me matar, mas me morrer inteira por sua falta, fatalidade, fadiga. Em todas as onze dimensões eu sou tua e tu não és minha e talvez por isso eu prefira o mundo amarelo-roxo, em que tudo é mentira e verdade. Nada existe. Nem a tristeza, nem a ausência. Ah, a ausência meu Deus, meu único Deus. Aqui no ingênuo mundo do quebra-cabeça eu não preciso ser.

    Enquanto vento posso me destilar. Posso esquecer de existir e de você. E então, não existo, não sou. Estou feliz.

    (Tente flutuar nessa ponte subterrânea, como eu, tente esmagar as folhas das árvores engolidoras de amores, tente me amar, tão impossível quanto as outras, eu sou tua, tão impossível. Não sou de ninguém, às vezes falo estética porque é bonito. Mentira é de beleza. A minha cara de friagem é tua, e o resto é da subversão, o meu espelho quebrado é barco de viagem prateado, bonecas de vidro que engordou tanto que não. Que não. Que não. Que não pode nem tentar flutuar nem fingir ser de ninguém, eca, eca, eca, eu sou de vidro, rachando-cuspindo-chorando o meu sangue e o sangue daquela garota tailandesa. Se você voltasse do trem sem fim, colaria os pedaços com matéria-prima de rubis ígneos e nós seríamos felizes na nossa inexistência).

    Porque escrevo eu não sei, não sei porque vivo. Brincadeiras de roda, é a Terra, é o meu vício de palavras bonitas e minha falta de beleza. Em dobro triste, a inexistência é minha companhia-triste-louca-feliz: artificial.

    A-má-lia.

    Dentro da estação de inexistência esperando.

    Esperando.

    Esperando.

    O trem de vidro que não vai chegar.

    Esperando a chuva-flor que me transformará de vidro a plástico a borracha a algodão a mim.

    Esperando.