Existem coisas na vida em que você simplesmente escolhe acreditar. O exemplo mais claro disso talvez estivesse presente na minha infância, quando a voz carregada do padre aos domingos de manhã nos ensinava sobre extraordinárias criaturas celestiais, mais conhecidas como anjos, em que deveríamos depositar fé. Nunca achei que acreditaria em uma baboseira dessas, e agora, cá estou eu.
Mas não me refiro àqueles anjos que moram nos céus em castelos feitos de nuvens. A espécie rara da qual falo vive por aí com seu all star gasto e o inseparável caderno de desenhos, onde rabiscos desconexos e ilegíveis ganham vida, enquanto um sorriso idiota e inabalável que reflete seu coração de ouro sempre brinca em seus lábios.
Suas asas foram machucadas, mas mesmo assim te ajuda a curar suas feridas, porque afinal, esse é o tipo de anjo com a incumbência de mostrar que apesar de cruel, a vida também pode ter seu lado extraordinário.

No fundo, acho que cada nós só quer ser aceito. Não ela.
Skye Shoulder definitivamente não atendia a qualquer padrão imposto pela sociedade, ou ao menos conseguia se encaixar em algum grupo.
Não era a valentona briguenta, mesmo que tivesse a capacidade de ser muito grosseira quando queria e passasse mais tempo na diretoria do que na sala de aula (não me surpreenderia se já tivesse sido presa). Nem andava com a turma dos góticos, ainda que só usasse roupas escuras e fosse fã de bandas indies estranhas, com nomes que mais pareciam marcas de margarina. Muito menos fazia o tipo nerd, embora fosse inegavelmente brilhante.
Era simplesmente a garota antissocial que discutia com os professores, usava calças folgadas, blusas estranhas e dirigia uma picape velha.
Era simplesmente ela.
A garota que me mostraria o quão esquisito o amor podia ser, e que viria a se tornar a minha esquisita.