Ele tinha o sonho de escrever a essência dos sentimentos, em dar a eles uma imagem em palavras. Gostaria de poder descrever a dor, de entender a tristeza, de decifrar o amor. Ele queria compreender essas tais ‘emoções’ que não se importavam com sua raça, classe ou nacionalidade. Quem eram elas? O que elas queriam? Por que algumas eram tão boas, e outras faziam com que não quisesses sair da cama?

Ele queria entender o que nenhum homem jamais entendeu.

No fundo, eu acho que ele só queria se entender. Acho que ele só estava adentrando em um labirinto de perguntas, em que a resposta era ele. Talvez ele estivesse em uma busca desesperada pela verdade, pelo autoconhecimento. Talvez todo poeta sonhe em viver suas poesias. Todo escritor que vivencia seu próprio conto. Talvez ele não fosse diferente. Mas o pobre escritor estava mais perdido que uma bússola sem seu norte. 

Ele talvez não quisesse entender os sentimentos, nem as pessoas. Quem sabe ele não tinha ambições de escrever para o mundo, nem de ficar rico. 

Talvez ele só quisesse que os outros soubessem o que ele sente. Talvez ele só quisesse se entender, para enfim ser feliz.