Helena é bela, mas sofrida. É a brasileira que, hoje, morre em esquinas e becos por conta do ódio dos outros; é a realidade que a mídia transforma em normal, quando deveria ser bizarro. Helena é a minoria que alguns olham e diz que devem se submeter à maioria, é a minoria que, no momento atual, treme e sufoca de medo, escondida entre as quatro paredes que chama de lar porque o mundo lá fora é aterrorizante demais.
Helena é o medo que senti quando olhei para a TV e vi quem seria nosso presidente. É a dor no peito que senti quando percebi que eu não estava segura, mas que existiam muitas outras Helenas lá fora que estavam em pior condição que eu. Eu não sou negra como Helena, não nasci em uma favela, muito menos em uma cidade grande, mas sou mulher como ela, sou LGBTQ como ela e o meu medo é o mesmo que o dela.
Helena não é um conto que deve ficar aqui, trancafiado nessa única página da internet, porque Helena - e as Marias e Anas, Gabrielas, Déboras, e tantas outras - já estão presas demais, com correntes demais as prendendo em uma sociedade que parece que não avança pra frente - não quer avançar pra frente. Então eu venho aqui, não recomendando uma história, mas clamando que deixem Helena falar, rir, chorar, gritar e lutar, deixem ela ser lida por outras Helenas, deixem ela fazer outras chorarem como chorei e, finalmente, deixem ela criar força e esperança para não se esconderem diante da opressão, não se abalarem, não esconderem as guarras e a voz. Deixem as Helenas lutarem, viverem e amarem!

O fim de uma vida as vezes sempre é marcado por um sorriso, ou últimas palavras, últimos carinhos. Quando morremos nós vemos aquilo que mais queremos em nossa vida, as vezes é só um rolo de filmes mostrando seus melhores momentos, mostrando que você fez bem e que está na hora de descansar, em outros casos você vê as pessoas que você mais amam sorrindo pra você, com você, dando suas bençãos para que você possa descansar em paz, sem sofrimentos o dores.
Muitos diriam que alguém ao se matar fora um covarde, alguém que tinha tanto medo de viver como de morrer, e escolheu a saída mais fácil para acabar com essas dúvidas e angustias, eu diria que essas pessoas que dão um fim a sua própria existência são mais corajosas do que aparentam, tem mais forças do que o requisitado e que amam e sentem mais do que qualquer um, mas tem sua falha fatal: egoísmo. Pessoas que fazem isso também são egoístas, mas não porque não pensam nos outros, mas sim porque pensam demais nas pessoas ao seu redor, nas pessoas que ama. Pessoas assim pensam que sua existência é tão dispensável que só traz dor e angústia para aqueles ao seu redor, que deveria sumir pois assim a vida daqueles que antes faziam de tudo para girar ao redor do seu, vai começar a girar ao redor dos deles, sem ter que aguentar um fardo em suas vidas.
Bea, você é uma garota corajosa, destemida, e egoistamente gentil. Eu diria que você ao mesmo tempo que buscava dar felicidade para aqueles que ama, também buscava a sua, do seu modo desesperado e caridosamente mórbido. Eu espero que aqueles que você ama tenha alcançado a felicidade sem você, já que era o que queria, mas ao mesmo tempo eu desejo que eles ainda façam seus corações baterem com marteladas de saudades, pois você não deve ser esquecida, pois você foi misericordiosa consigo e com os outros. Eu espero que você tenha alcançado sua felicidade, que guie sua irmã, que seja um bom anjo da guarda e que goste de ver os sorrisos daqueles que ama, mesmo que ainda carregados de perda e saudade.
Pois assim como seu sorriso, Beatrice, você deve ser eterna.
Carinhosamente, Infinite