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Alessandra Mota
ID: 272997
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  • 28/01/2013


  • Urgência da Arte
    Assim como o sonho é um fator de equilíbrio mental do homem, um país sem arte é um país enfermo.
    A arte é o ouro das nações, seu lastro, seu conteúdo mais profundo. É a arte que permite às nações sonharem, encontrarem seu próprio destino. Cabe, portanto àqueles que detêm o poder, aqueles que têm a responsabilidade de conduzir os destinos do país, interpretar o sonho dos artistas, integrando-os ao projeto da nação brasileira. Uma nação que não sonha, isto é, que não produz arte, está fadado a morrer.
    Como escreveu Herbert Read, uma nação despojada de arte pode lograr a ordem externa, pode acumular riquezas e ter poderio. Mas se carece de sensibilidade estética, estes atributos cairão por terra com quê empurrada por seu próprio peso, por sua falta de equilíbrio e proporção.
    Se na interpretação de Bechelard, a imagem é excesso de imaginação, posso reescrever Descartes dizendo: Imagino, logo existo. Se existo, produzo imagens. Criador de imagens, como qualquer ser humano, o artista, contudo, pode concretizá-las num suporte ou objeto e, assim, intervir na vida social, mudando o nosso meio formal, modificando hábitos visuais e sociais, gerando novos comportamentos, denunciando injustiças etc.
    Suas imagens ganham, assim, uma dimensão maior, tocando fundo a alma do país. É como se o artista, ao criar imagens que são suas, fruto de sua imaginação, estivesse simultaneamente atendendo a necessidade do povo de cristalizar em imagem o que ela pensa do país, de seus governantes, de seu cotidiano cada vez mais difícil.
    Um país não se constrói apenas com usinas, ferrovias e grandes empreendimentos econômicos. Um país se constrói também com arte, isto é, com imagens. A imagem de um país, seu caráter ou identidade, está sendo elaborado continuamente pelos artistas. Eles criam uma espécie de arquivo multifacético ou pluriimagístico do Brasil. Arquivo a ser consultado por qualquer um que queira conhecer melhor o país onde vive, seja ele crítico de arte, antropólogo, psicanalista, médico, político ou sociólogo.
    A arte é a resposta contra tudo que diminui, amedronta, achincalha, menospreza. A arte não é luxo, mas uma necessidade vital, inadiável, urgente, urgentíssima.

    Frederico Morais.