É, eu sei. Eu sou toda errada. Não existe possibilidade de me entender… É como tentar montar um cubo mágico com uma venda nos olhos. Minha risada é estranha, e um pouco mais engraçada do que a piada em si.  Sou difícil. Difícil de decifrar, de amar, mas não difícil de conquistar. Ah, uma risadinha, uma indireta boba, e pronto. Eu tenho a mania de fazer listas, e de ficar acordada toda madrugada escrevendo cartas que ninguém nunca vai ler. Tento parar de fingir que minha vida é um conto de fadas, mas simplesmente não  consigo parar de acreditar em um final feliz. Eu sei. Eu não sou qualquer estereotipo de garota perfeitinha. Eu faço o que acho certo pra mim, não mereço nenhum título de miss simpatia. Eu acordo de mau humor quase todos os dias, eu sei. Eu faço birra, manha, chantagem emocional. Sou péssima em puxar assunto, e minhas piadas são sem graça.  Meu cabelo está sempre bagunçado e preso num coque, e eu me dou melhor escrevendo do que falando. Sou viciada em romance, seja em livro ou em filme. Amo dias de chuva e chá de frutas silvestres. Odeio qualquer tipo de esporte em time, apenas pelo simples fato de que não sei jogar nenhum deles. Faço natação desde meus três anos de idade, e é um dos únicos jeitos que eu encontro para não pensar em nada. Componho músicas em inglês, escrevo como uma maníaca e toco violão. 

"Escrever. Por que escrevo? Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. E para evocar e fixar o percurso que realizei, as terras, gentes e tudo o que vivi e que só na escrita eu posso reconhecer, por nela recuperarem a sua essencialidade, a sua verdade emotiva, que é a primeira e a última que nos liga ao mundo. Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão." Vergílio Ferreira