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Sweeter
ID: 238433
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  • 23/11/2012


  • [E que essa seja uma descrição tão longa que ninguém queira/consiga ler]

    Depois de mais de três anos resolvo escrever algo além do "alguém com olhos boca e nariz". Mas porque não me impressiona tanto o fato do Nyah, um site para leitores e escritores, trazer uma pergunta tão filosófica quanto essa. Quem sou eu? To tentando descobrir ainda.

    No momento sou uma garota de quase dezessete anos, com os ouvidos aguçados, porque alguma mulher da vizinhança( que agora me parece ter a voz similar à uma antiga amiga infância) chora um pranto sofrido, reclama de dor. Talvez algum castigo. Talvez um corte. Talvez alguma problema na saúde. Não sei. Tem gritos de um homem, provavelmente um bandidinho menor, que pergunta entre xingamentos o que houve, como resposta, apenas "tá doendo, dói demais". Agora me ocorreu que ela pode estar em trabalho de parto também. Adolescente grávida é o que não falta aqui. Não sei. As poucas chances que tive de saber, foram arruinadas por um cachorro que uivava ruidosamente por causa da agitação incomum às 4h da manhã.

    Agora porque isso está aqui? Me dou conta que isso me moldou também, de certa forma. Coisas assim são relativamente comuns nas favelas do glorioso Estado do Rio de Janeiro. Não eram há menos de uma década. Pelo menos não aqui onde eu moro, na baixada. fui descobrir que morava em uma favela aos oito anos de idade. Moro aqui desde de os três. Fui boneca das meninas da vizinhança, mais velhas que eu. Assim como todos os meus colegas de classe (com exceção de um, na terceira série- Que repetiu). Mais nova e mais inteligente- modéstia à parte- que a maioria de todos que encontrei aqui. Nunca me senti entre iguais aqui. Na minha cabeça, quando meu pai me levava de bicicleta à escola pela manhã, estava a melodia "Bon Jour", cantada por Bela ao despertar. Minha história favorita. Assim como ela, não me adapto as pessoas de onde vivo. Sou diferente. Penso diferente. Minha barriga é de gordura de bacon, queijo e presunto e minhas estrias são da paixão pelo refrigerante. Não acho que transar seja sinônimo de maturidade e muito menos que ter um filho me faz mais adulta. Quero respeito pelo que sou, não pelo que tenho. E assim, bati o pé,  fui cursar o segundo grau na Melhor escola pública do Rio de Janeiro. Dane-se que o CPII foi melhor no Enem. Enquanto todo mundo sonhava com A escola de tio Pedro 2( inclusive eu) fui conquistada pelas goteiras do Cefet. E fui. Eu- que mal ia comprar pão sozinha- pegava 4 ônibus por dia, para ir e voltar do amado ceferno (E por causa disso esqueci do Nyah, até esse ano). Fui assaltada no segundo mês de aula, então descobri uma força que não sabia que tinha: A de levantar às 5h, tomar um banho, vomitar o café, e refazer o trajeto: Eu tinha trabalho pra apresentar, meu grupo precisava de mim. E isso me mudou também. Morro de medo do escuro lá de fora.

    Agora, concentrando, o porque de eu escrever isso: Uma lagartixa. Depois de eu não conseguir dormir, por ter lido, por causa de uma pergunta relativamente simples de um amigo querido, e por causa de pensamentos altamente reflexivos, fiquei com fome(e com vontade de escrever isso). Por causa do ataque de uma barata voadora ao meu quarto na noite de ontem, resolvi dormir com meus pais hoje. Desviei com cuidado das pernas deles, e assim que abri a porta, minha preciosíssima gata (que ultimamente tenho achado que é um dragão disfarçado) me chamou. Pra procurá-la, acendi a luz da sala, vendo -na parede que me separava da cozinha- uma pálida e esbugalhada lagartixa. Bem, eu tenho pavor de lagartixa e nunca ia me arriscar a passar perto dela. Então tô aqui, escrevendo isso.

    Duas personagens me encantam: Annabeth Chase e Astrid Hofferson, Além, é claro de Bela( de A Bela e a Fera). 

    De certa forma, Me vejo um pouco nelas. Não pela aparência física, visto que elas são loiraças guerreiras, e eu, bem... alguns reconhecem que tenho cabelo loiro. Mas de corpo e rosto, eu me definiria um filhote de cruz credo, mas nada que roupas legais e  alguma maquiagem( que eu ando sem grana e paciência pra comprar- pra desespero do meu espelho) não resolvam. Lutar? Força:0, habilidade: -3. Mas gosto de bater. Provocar dor é uma sensação estranhamente boa. Mas, voltando, é a personalidade delas que me lembra a mim um pouco( Salve, Amália Rodriguez!*). O peso de responsabilidade, a determinação e a língua afiada. O saber demais das coisas e a ideia quase sempre clara do que é o certo a se fazer. Eu já disse língua afiada? Bem, o título de pior das amiguinhas não é meu por acaso. Realizei o sonho de diversas pessoas de fazer o "Turn Down for what". Quase sempre tenho que me desculpar com o alvo, pela humilhação. As melhores são quando eu percebo o coro de "Aiiiii" " podia ter dormido sem essa" ou " bninha, a pior das amiguinhas" e me dou conta de que eu pensei em voz alta, ou que o comentário era mais pesado do que parecia. Me chamam de má por isso. E eu gosto um pouco.

     Mas bem, elas me inspiram. A emagrecer, a bater e a esperar algum dia, alguém corajoso como Percy e Soluço, descobrir a maciez do meu coração. Putz, isso ficou meloso... não é coisa minha normalmente. Sou uma romântica incompreendida. É por isso que estou solteira. Quase dezessete anos, e lábios intocados. 

    Eu tenho mania de sair correndo quando leio uma cena legal, tipo um momento crítico. Na verdade, basta essa cena me fazer imaginar uma cena legal que eu já saio correndo num pulo. Ah... tenho tonteiras quando m levanto rápido, então já viu, né...

    Se alguém ler até aqui me manda uma mensagem, dizendo o que achou.

    Lembrei da coisa mais importante em mim, e que sua ausência faria todo o texto acima ser diferente. O que me ergueu da lama do meu próprio pensamento, e me acordou de mim mesma. Algumas igrejas proíbem a filosofia. Mas Ela me ensinou a pensar. E me mostrou que pensar não é o caminho. Ao meu Deus. Que deu a Vida e a Esperança. 

    Esse não é um texto evangelístico( Até porque, eu mesma detesto isso), mas sou cristã protestante ativa e isso é parte de mim, e vai influenciar minha escrita, não é mesmo, Weber?( A única coisa que aprendi em sociologia... ou seria Durkheim?)E isso não me faz ser pior ou melhor do que ninguém, apenas me permite ter uma visão diferente dos demais. Isso mudou minha vida. 

    E me faz ser que eu sou.

    Pessoinha essa que eu não faço ideia de quem seja.

    Mas sou eu. E sou amada por quem importa. E isso é o que me ajuda a não ser tão romântica ao ponto de ver a morte como um alívio.

     

    Se algum maluco leu até aqui -Eu meio que fiz isso pra não ser lido- e não entendeu nada, parabéns(ou meus pêsames) você andou um passo pra me conhecer.

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     



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