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Cahh
ID: 175459
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  • 10/07/2012


  • O sangue corre nas veias dele exatamente da mesma forma como corre nas suas. Os olhos dele precisam piscar e lubrificar o globo ocular com a mesma frequência que os seus. Ele inspira oxigênio e inspira esse mesmo gás contaminado pelo que há dentro dele, assim como você. Ele come, dorme, tem calafrios, vai à igreja todos os domingos, treme, chora, aperta os olhos instintivamente na presença de luz forte e morre; assim como você. Diariamente. Repetida e monotonamente. O que ele não percebe (assim como você), é que, ao mesmo tempo em que o oxigênio que ele inspira na busca incessante pela sobrevivência garante a animação do corpo, oxida todos os tecidos do corpo dele por onde passa, destruindo e envelhecendo cada célula do corpo que o psicológico fraco dele luta diariamente para proteger e sustentar. E o destrói inconscientemente se tornando a prova viva da maior ironia existencial: suprir a necessidade de viver depende da morte diária.
    E você se perde. Se afoga, sufoca, se prende. “Então é por isso que é dito que a morte leva à vida eterna?” Então matá-lo seria o favor de eternizar a conquista pela qual ele luta com cada componente de seu corpo e mente todos os dias? Ou talvez o seu psicológico seja tão fraco e covarde quanto o dele e tenha criado toda uma teoria como desculpa por deixar seu orgulho te engolir por inteiro. Você sente a respiração ofegante do peito que lateja sob a palma da sua mão, sente e ouve o ar quente que mutila desesperado as narinas dele. Olhos arregalados e assustados, mas valentes. Coração quase quebrando os ossos, rasgando a pele e pulando para fora do peito. Você fraqueja. Afrouxa as mãos num grito particular pedindo silenciosamente que ele fuja sem que você precise demonstrar a desistência. Que culpa ele tem de amá-la de melhor forma que você?”
    Consciente Inconsciente, Ana Luísa K.



    Carina Lopes Gama mudou seu nome para Cahh12/03/2013