Alguns temas parecem tão pesados que é preciso, na verdade, delicadeza para escrever sobre eles. É tão fácil prender-se a estereótipos, afinal de contas, e também à visão que os fãs têm sobre os personagens que por vezes torna-se praticamente impossível discorrer sobre eles sem cair no lugar-comum e no óbvio. E é justamente aí, nesse pontinho, que Verde-gris acerta em cheio. Há sentido do começo ao fim, traços inesperados e um cuidado perfeito para trazer à tona uma inocência e um romance delicado que pouquíssimos autores conseguiriam construir para um casal como Narcisa e Lúcio. Mas é claro que a Marie está acima de escritores normais, e consegue isso com uma proeza quase que modesta. Suas palavras são bem escolhidas e postas em ordem numa sagacidade adoravelmente cândida, de forma que leitor algum tem escolha que não se render e se deixar levar. Quase que seduzido. Obrigada, Ma, por essa experiência maravilhosa.

Algumas histórias você tem que recomendar. Não é nem mesmo uma escolha; você lê a fic e ela te dá pausa, te deslumbra, te inspira, fica na sua cabeça. Verde-gris foi assim pra mim. Ela tem todo o espírito das melhores one-shots, toda a graça. É até que bem simples, na verdade, bem doce, e mesmo assim passa toda a identidade do que é ser sangue-puro, ser da Sonserina. É um ideal distorcido, mas ainda assim um ideal, e é algo central para certos personagens. A Marie soube trabalhar isso com delicadeza e tato, e o resultado foi surpreendente. Somando isso com a habilidade com que ela desenvolveu o relacionamento do Lúcio e da Narcisa, você tem uma fanfic singular.
Vale a pena ler, sério mesmo.