Efêmero é a one de uma delicadeza corrosiva. É delicada porque o modo como as palavras fluíram na história é tão natural que o leitor sente-se completamente absorvido por ela; e é corrosiva porque há uma agonia e uma angústia que perpassa a história do começo ao fim que de certa maneira incomoda quem está lendo. Mas é um incômodo positivo e vale a leitura, porque o modo como os sentimentos da personagem são apresentados e descritos é tocante, o modo como as pequenas coisas do cotidiano se encaixam para construir a melancolia que se abate sobre a personagem é tocante.

Por meio de uma bicicleta não usada, de um único prato na mesa, de um quarto vazio, de um móvel que se limpa para passar o tempo, nós conseguimos ganhar a dimensão e sentir o peso e a dor de uma ausência. E o encaminhamento dado aos sentimentos é tão intenso que tudo que eu desejei durante a leitura era chegar ao final para descobrir se aquela dor se extinguiria de alguma maneira. Entretanto, apesar dos meus vícios como leitora desejarem um final previsível, Efêmero foge a regra e surpreende no desfecho com uma frase final tão tocante quanto o resto da história. Uma frase que só aqueles que conhecem ou já conheceram o cotidiano de um relacionamento são capazes de identificar. Para aqueles gostam de temáticas que envolvem o cotidiano, de temáticas simples, mas que se tornam grandiosas por causa do trabalho com as palavras; essa one com certeza é uma das melhores opções do site.

A escrita impecável e praticamente profissional nos mostra que, provavelmente, estamos diante de alguém com um futuro promissor. Alguém capaz de poetizar o cotidiano merece e deve ser lido hoje e sempre.

Beijos, Fernanda e obrigada. Muito obrigada por me proporcionar essa leitura.

Se me dissessem que encontraria texto de tamanha beleza escondido nas camadas do Nyah, eu diria que era mentira.
Com o coração fraco e dolorido me despeço dessa história que me contorceu e sacudiu com a delicadeza e perfeição na qual as palavras foram inseridas. Poesia e angústia unidas como se tivessem sido fundidas, como se uma pertencesse a outra.
Poucos autores me estilhaçaram como a criadora desta obra de arte convertida em vocábulos, e poucas histórias abriram espaço aninhando-se em meu cerne como esta.

Efêmero é suficiente. Uma história suficiente para segurar o peso do seu cotidiano. Suficiente para te tirar do chão. É curto por natureza como deve ser, mostrando a capacidade incrível da autora de impressionar com o pouco.
Nunca tinha recomendado uma história antes, mas este realmente o merece. Se você, leitor, como eu, procurava uma história para estimular seus sentidos, mente e interpretação, aqui está seu tesouro. Não só recomendo ler a história, mas também apreciá-la. Leia, e aproveite alguns momentos em um ambiente fora do seu.