Apenas para Lembrar escrita por VenusHalation


Capítulo 5
Capítulo 4 - Fácil esquecer




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Ulquiorra desviou os pensamentos. Era insano pensar daquela forma, e ele ainda mantinha um pouco de sanidade, deveria parar de assistir aqueles filmes. Moveu-se do quarto em passos silenciosos.

Antes de chegar a sair do apartamento, olhou os cômodos da sala e cozinha completamente bagunçados, Orihime realmente havia feito uma bagunça naquela noite. Pacotes de pipocas de micro-ondas, pequenos potes de sorvete já derretido pelo tempo fora do congelador, panelas sujas de um jantar não tocado e aparentemente queimado. Tudo aberto, e nem ao menos comidos. Desperdício. E bagunça, certamente, deixava Schiffer “doente”, ele era organizado e limpo demais para deixar o apartamento daquela forma. Suspirou começando a limpar cada espaço da casa de maneira perfeccionista, silenciosa e rápida, como somente Ulquiorra poderia fazer.

Terminou em menos de uma hora, e resolveu preparar um café da manhã para a jovem, afinal, ela não havia comido bem na noite passada, preparou um suco com algumas frutas na geladeira, colocou geléia de uva na mesa e deixou a torradeira fazer seu trabalho, indo observar a vizinha que ao menos se mexia na cama. Chegou mais perto, e viu que pelas bochechas rosadas uma lágrima descia, ela chorava dormindo.

– Kurosaki-kun... – Ela sussurrou no sono, uma voz suave e embargada.

O moreno presente no quarto franziu o cenho, não se sentia agradável ao ouvir aquele nome. Desde o Hueco Mundo era obrigado a ouvir a voz quebrada, daquela garota, chamar sempre “Kurosaki-kun” isso o irritava tanto que jurou que mataria o shinigami de cabelo laranja na frente dela e nisso ele havia falhado. Schiffer levou as mãos aos bolsos da calça quando ouviu o barulho da torradeira e saiu do quarto e preparou a mesa.

Orihime foi despertada pelo cheiro de torrada quente invadindo seu quarto, levantou assustada, saindo do quarto, cambaleante, quase que imediatamente parando de frente para porta ao ver a casa organizada e a mesa posta, olhou para os lados e viu em cima da mesa próximo ao seu café da manhã os DVDs que havia emprestado ao vizinho. Aproximou-se tocando a mesa perfeitamente arrumada com a ponta dos dedos, não se sentou, apenas abriu a porta do apartamento descendo até o apartamento de Ulquiorra, este abriu a porta.

– O que quer, mulher? – Ele disse seco.

– Obrigada, Ulquiorra-san! – Ela se curvou.

– É apenas isso? – Ele mantinha a expressão séria. – Não precisava agradecer, você parecia estar num estado deplorável, digna de pena. Tente manter sua casa organizada. – Ele fechou a porta.

Orihime parou intrigada diante da porta, quem ele pensava que era para trata-la assim?

Na verdade ele era bem confuso, nunca falava e aparecia sempre em seu apartamento para pegar filmes, a tratava de maneira fria, mas ao mesmo tempo lhe fazia agrados. Como entenderia aquele homem de olhar sério?

Inoue bateu na porta novamente, o moreno apenas saiu pela porta de seu apartamento fechando-a atrás de si.

– Não cansa? – Ulquiorra perguntou parando de frente para mulher.

– E você... – Ela mantinha a cabeça baixa fazendo o manto de cabelos ruivos lhe cobrirem o rosto. – Não cansa de ser sozinho?

– Eu lhe fiz uma pergunta mulher. – Ele limitou-se a dizer apenas.

– Eu me cansei de ser sozinha... – Ela soluçava recebendo de volta o silencio do Cuarto - Percebi agora que cansei de ser sozinha... Por mais que eu tente e me esforce, eu não posso esperar que ele seja meu, pois, ele já é de alguém... E um eu sem ele... – a voz dela era embargada. – É um “eu” sozinho e eu cansei disso. – A ruiva olhou nos olhos de Ulquiorra mostrando os olhos inchados e as bochechas molhadas. – Ele está com outra pessoa e eu estou sozinha... Me sinto completamente sozinha e...

– Esqueça-o – Ulquiorra foi cortante. – Esqueça-o e viva sua vida por você, não por ele.

– Não posso esquecê-lo!

– Não parece ser tão difícil para você esquecer-se de alguém, mulher. – Ulquiorra entrou no seu apartamento deixando a jovem ruiva chorando do lado de fora.

Orihime ainda chorava confusa, subiu para o próprio apartamento, mas não sabia mais se chorava só pelo fato de ter visto Ichigo e Rukia juntos no terraço no dia anterior ou das palavras nada gentis de Ulquiorra. Afinal, nunca seria fácil esquecer aquele amor que Ichigo impregnara sem querer no coração dela, nunca esqueceria Kurosaki, nunca. Afinal, como para Ulquiorra, ela poderia esquecer-se de alguém assim?

Ulquiorra sentia-se entediado, na verdade, tinha dito que não veria mais filme algum daquele gênero, porém, ainda lhe restava um único DVD, seu tédio era demais.

– Efeito Borboleta. – Leu o título para si.

Viu o filme até o final, embora o homem sempre voltasse ao passado e tentasse mudar as coisas, tudo dava errado. Mas se Ulquiorra pudesse, mesmo que lhe dessem consequências futuras, gostaria de mudar o passado para o dia em que sequestrou aquela mulher. Poderia até ter morrido, mas nunca ter o desejo tão estúpido de virar humano. Pensou no que mais poderia mudar, mas ele não tinha um passado. Na verdade nem se lembrava ou se importava com isso. Afinal, se ele foi um hollow, não havia nada de que valia a pena se lembrar. Fechou os olhos e lembrou-se daquela mulher tocando-lhe as mãos se desfazendo em pó, aquilo sim valia a pena ser lembrado. Talvez esse choro todo dela fosse por causa daquele tal coração.

– O que eu estou pensando? – Disse para si massageando a testa com a ponta dos dedos.

Inoue ainda estava deitada e em meio ao choro acabou adormecendo novamente, estava tendo um sonho esquisito. Ulquiorra estava pálido como um morto, estava vestido com uma completa roupa branca, trazia uma máscara de ossos na cabeça, nos olhos riscos verdes que lembravam rastros de lágrimas. Ele se aproximava e entregava a ruiva uma pulseira de ferro.

– Você só pode se despedir de uma única pessoa, mulher. – Ele dizia.

Ela acordou assustada, olhando a janela, devia ser umas duas horas da tarde.

– Que sonho... – Orihime abraçava as pernas em cima da cama. - Esquisito...


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Notas finais do capítulo

Nyaaaaaaaaaaah... Desculpem a demora T^TMas o fim de semestre foi corrido, então, tive que esperar as merecidas férias!