Apenas para Lembrar escrita por VenusHalation


Capítulo 4
Capítulo 3 - O que é amor?




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Ulquiorra tentou dormir, mas a dor de cabeça o incomodava, além disso, aquela presença deitada no futon o incomodava ainda mais. Abriu os olhos esmeraldinos mais uma vez olhando a ruiva babando abraçada a um travesseiro. Tinha uma expressão tão tranquila e feliz, tão diferente da chorosa que ele via na época do Hueco Mundo.

– Irritante. –Pensou de novo, levantando-se dessa vez.

Encontrou suas roupas penduradas a um varal na janela, o céu, diferente dos dias anteriores, estava limpo. Trocou-se e olhou mais uma vez a mulher no chão, completamente desconfortável. Suspirou e a pegou no colo colocando-a na cama.

– Aizen-sama provavelmente me mataria se a deixasse assim. – Ele disse ajeitando um fio de cabelo que caia no rosto de Orihime.

Ele se aproximou pegando, com cuidado, uma mecha de cabelo nas mãos e cheirando, era um cheiro tão bom, doce, cheiro de mulher. Ela se virou, fazendo-o soltar o cabelo rapidamente.

– Estou ficando louco? -Pensava indo de volta para seu apartamento.

Cheiro de mulher. Aquilo permaneceu gravado nele pelo resto do dia. Ulquiorra nunca havia chegado tão perto dela nem mesmo no Hueco Mundo e aquele, realmente, era um cheiro atordoante, aquilo sim mexia com seus sentidos humanos. Loucura.

Lembrar do cheiro dos cabelos daquela mulher o fazia se sentir como um hollow com a voraz fome de uma alma com a mais apetitosa reiatsu. Seria ela tão “saborosa” como uma alma seria por seu cheiro? Deu seu sorriso mais discreto, praticamente imperceptível, pois, ainda existia um hollow cheio de fome ali.

– Idiota... – Respirou fundo. –Sou apenas um lixo humano agora.

Recuperou-se dos pensamentos insanos e jogou-se na cama, já fechava os olhos procurando pensar em outra coisa quando a campainha tocou. Levantou relutante e atravessou o pequeno apartamento abrindo a porta para a visitante ruiva.

– Ulquiorra-san, desculpe incomodá-lo, mas Fiquei preocupada com sua saúde, pois a febre estava alta e... – Ela estendia uma caixinha de bento enrolada num pano. – Eu fiz isso e quero saber se quer jantar.

Ele olhou confuso. Ser humano não quer dizer ser educado o tempo inteiro e esse jeito meigo e insistente dela o irritava. Ela ainda era um lixo.

– Estou bem. – Ele já empurrava a porta fazendo menção de fechá-la. - Não precisa se preocupar, mulher.

– Bom... – Orihime parecia não se incomodar com a grosseria. – Sei que deve estar cansado, mas precisa se alimentar ou vai ficar doente de novo!

Schiffer suspirou e assentiu, abrindo a porta sem dizer uma só palavra e enquanto isso Orihime dizia coisas das quais ele não prestava atenção e arrumava a pequena mesa de centro dele para o jantar.

– Prontinho! – Ela sorriu ajeitando as duas caixinhas de bento na mesa. – Espero que goste Ulquiorra-san! Vamos comer? – Ela o olhou.

Ele apenas olhava a mesa pensando o quanto aquela situação era irônica, há algum tempo atrás ele era quem levava comida a ela e agora a situação era contrária. Muito, muito irônico.

– Ulquiorra-san, vai ficar aí de pé? – Ela se aproximou o puxando pelas mãos.

O toque.As mãos dela eram macias e quentes, mas notou algo errado ali, uma textura diferente no dedo indicador. Um curativo.

– O que houve com seu dedo? – O moreno perguntou.

– Ah! Apenas me corte quando cortava alguns legumes, não se preocupe. – Orihime olhava o próprio dedo. – Agora, vamos comer!

O jantar não estava tão bom. Camarões com legumes e mel não era algo muito tragável, mas o corte no dedo dela o fez sentir que não ficaria confortável se não comesse.

– Fico feliz que sua febre tenha passado, Ulquiorra-san.- Ela juntou os dedos. - Obrigada por me colocar na cama...

Schiffer sentia necessidade de agradecer.

– Obrigado, mulher. Mas não pense que por isso poderá invadir minha casa sempre que quiser.

– Sim... – Ela olhou para o chão. – Acho que já está tarde, então, eu já vou. Boa noite! – A ruiva se levantou caminhando até a porta sem receber uma palavra em troca.

Ulquiorra trancou a porta e começou a recolher a bagunça deixada pelo jantar, enquanto limpava se deparou com uma caixa de DVD deixada no fundo do pano que enrolava o bento. Deu-se conta de que talvez tivesse espantado a ruiva com o ultimo comentário, mas não se importava.

Deixou tudo organizado e limpo e sentou-se no sofá, ainda se sentia indisposto e a dor de cabeça persistia. Olhou o DVD largado em cima da mesa, não estava fazendo nada mesmo, resolveu ver o que aquela mulher assistiria. Inseriu o DVD no aparelho e sentou novamente no sofá não se interessando tanto até o filme trazer consigo logo no início algo sobre corações. Ao ouvir essas palavras foi prestando atenção a cada detalhe mínimo, cada expressão, movimentos, frases... Tudo. O filme falava sobre um casal que enfrentava dificuldades para ficar juntos. Mas o que chamava a atenção de Ulquiorra não era a história óbvia e de enredo pobre e sim o que o homem dizia a mulher. A frase “Meu coração é seu” seguida de um abraço apertado e um beijo apaixonado que levavam a um “Eu te amo”. Aquilo sim, ele poderia ver milhares de vezes, mas não entendia.

Conseguiu ver o filme várias vezes apenas naquela noite, até que amanhecesse. O moreno estava atento como uma criança curiosa descobrindo algo novo. E de fato era novo.

Esperou dar 9 horas em ponto e subiu até o apartamento da vizinha que o atendeu um pouco sonolenta, coçando os olhos.

– Bom dia, Ulquiorra-san... – Ela bocejou.

– Vim entregar isso. – Ele estendeu o DVD. – Tem mais?

– Mais? – Orihime olhou confusa. – Mais filmes?

– É.

– Tenho alguns na prateleira mas...

– Me empreste. – Ele entrou no apartamento analisando as prateleiras.

– Você não... – A ruiva já ia reclamar sobre a invasão, mas ela mesma já invadira o apartamento dele, sorriu e se aproximou ainda segurando a capa do DVD esquecido. - Gostou deste aqui que levei ontem?

– Lhe devolvo amanhã. – Ulquiorra empilhava alguns muitos DVDs nos braços sem dificuldade e já descia.

Inoue fechou a porta, confusa, mas como havia acabado de acordar essas coisas não a incomodavam. Ligou o computador e olhou para a foto de Ichigo que guardava para si.

– Sabe, Kurosaki-kun. – Ela tocou a tela do computador. – Ontem foi a primeira vez que fiquei mais tempo com o vizinho novo. Ulquiorra é bem calado e um pouco mal educado, os olhos dele são melancólicos e ele não sorri, mas ele parece tão vazio, tão... Só.

~*~

Ulquiorra não se sentia cansado, via filmes e mais filmes, que aquela mulher o emprestara a força, um após o outro e a única coisa em comum ali era o amor. Abraços, beijos, os corpos se movimentando em perfeita harmonia, e sempre falando do tal coração. Coração que ele se lembrava de carregar em suas mãos, mas ainda não entendia, como usá-lo, não sabia nada sobre amor. Comprou livros, pesquisou em computadores, mas não havia definição. Alguns diziam que amor era algo que consumia. Outros uma dor intensa e muitas vezes incurável. Abstinência de alguém. Sede. Vontade.

Aquela era outra manhã de sábado e Ulquiorra desceu para devolver os mais uma pilha de filmes para Orihime. Bateu na porta, mas não era atendido. Queria mais filmes, não gostava de invadir, mas resolveu tentar entrar.

Sucesso, porta destrancada.

A televisão da sala estava ligada, na mesa de centro havia um pote de sorvete, pipocas e alguns chocolates e Orihime estava largada no sofá dormindo encolhida, talvez pelo fato da janela estar aberta e ela usar a mesma minúscula camisola daquele dia. Observou a mulher por um tempo e recobrou a consciência, levantando a mulher nos braços levando-a até a cama.

O moreno deitou-a, ela apenas se mexeu, fazendo aquela insistente coxa se mostrar. Ele tentou observar, não podia deixar de evitar o mínimo de desejo. Queria tocá-la. Ulquiorra sabia o que era desejo, já havia sido hollow para lembrar-se do desejo de matar, mas descobriu que desejo era uma vontade que ia além. Corpo, curvas, pele, voz. Para ele era como entrar na puberdade tardiamente e agir por puro instinto. Um conjunto de coisas que começaram a fazer sentido naquele momento, vendo-a assim, observando calmamente o corpo da ruiva como nunca e sentindo aquele cheiro de mulher que o atordoava. Chegou mais perto dela, lhe arrumando os cabelos ruivos e notou os olhos inchados, havia chorado aquela noite e muito. Aquela expressão frágil a tornava tão mais bela e pura.

Era assim que ela ficava no Hueco mundo. Deitada, chorando. Era assim que ele se lembrava dela, aquela era ela. Orihime era como um anjo: intocável naquela cama, daquela forma, e Ulquiorra um demônio capaz de ter os pensamentos mais absurdos.

– “Você consegue me irritar de todas as maneiras, mulher.”– Ele tentava se convencer de que não pensava tais coisas.

Schiffer riu por dentro, observando-a assim começava a entender as velhas piadinhas de Nnoitra e Grimmjow.


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Notas finais do capítulo

Demorou, eu sei T^TMas fim de semeste é TENSO!Enfim...Valeu toodo mundo pelos reviews!Mas vamos continuar, né?Estrelinhas? Reviews? Pontinhos? *-*