Um Estudo em Carmim escrita por EveF


Capítulo 7
Capítulo 7 - Vivendo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas o computador ferrou de vez e só ficou pronto hoje. O capitulo estava pronto desde terça, mas não pude postar.
Espero que gostem desse como gostaram do outro, ele é uma preparação para uma nova fase da história...

Boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/97652/chapter/7

Hermione estava desacostumada a dormir sozinha, isso era fato. Não conseguia dormir antes da madrugada, quando cansada de rolar na cama, seus olhos se fechavam. As primeiras noites foram as piores... Ela sentia falta do modo como dormia junto a ele, das sensações que provocava em seu corpo com um simples toque, o cheiro dele que ainda estava impreguinado em suas roupas. Mas mesmo após dois meses ainda sentia falta, aliás, podia dizer que sentia ainda mais, como uma dor crescente em seu coração.

Mas ia sobrevivendo aquela separação. Seu pingente nunca deixava de ter um brilho vermelho, lembrando-a de sua decisão, mas estranhamente em certos momentos do dia podia ver um fraco brilho verde competir com a vermelha e isso acalmava seu coração. Ela só queria entender o porquê de afastá-la assim justo quando estavam mais próximos. Era algo que ela em breve descobriria...

Draco por sua vez parecia não sofrer do mesmo mal da castanha. Quem o visse diria que continua como sempre fora. Só ele sabia o quanto sofria todos os dias, acostumara-se com a presença e o perfume dele pela casa, o silêncio tão compreensivo, os sorrisos francos, a lascívia que se desprendia dela todas as noites. Mas ia sobrevivendo, tentando viver enquanto esperava a morte paciente. Caminhava por longas horas durante a noite, sentia-se melhor nesse período, talvez por causa do sangue de lobisomem que o condenara ao seu destino de morte. Nessas caminhadas, por diversas vezes se viu perto de onde sabia ficar a casa da castanha e ficava ali tentando descobrir qualquer sinal dela.

Dois meses, haviam sido dois meses de tristeza para ambos. Embora ocupassem seus dias com diversas coisas, havia espaço para a saudade ali.

Mais um dia Hermione acordava sozinha e suspirava. Estava começando a achar que nunca se acostumaria a dormir ou acordar sozinha. Arrumou-se rapidamente e dirigiu-se ao St. Mungus, chegando antes de seu horário de trabalho para visitar Rony que estava em tratamento:

_Bom dia, Ron. – disse sem muita animação.

_Bom dia, Mione. Que bom que veio me ver, sabe, sinto sua falta. Não vejo a hora de sair daqui para ficarmos juntos de novo. Será como nos velhos tempos.

Hermione soltou um longo suspiro. Ele recuperava-se lentamente, não estava mais violento, mas continuava obsessivo a ponto de achar que ficariam juntos no final de tudo.

_Ron... – começou a explicar pela sei lá, décima ou seria décima quinta vez? Não lembrava. Só sabia que repetia aquilo como uma oração todos os dias. – Não vamos mais ficar juntos. Deixamos de ter qualquer coisa, lembra?

_Ah, é. Você está com o Malfoy agora. Tinha esquecido. Mas posso te conquistar novamente, Mione. Afinal fomos ou não felizes juntos?

Odiava decepcioná-lo ou dizer aquilo, mas como havia explicado o outro medibruxo, sempre mostrar a realidade era a melhor forma de ajudá-lo. Alimentar suas esperanças quando não havia nenhuma era pior.

_Sim, eu estava com o Draco. Mas veja Ron, não há mais como ficarmos juntos. Entenda... Fui mais feliz com o Malfoy em poucos meses do que fomos em anos. Sinto muito, mas não desistirei do Draco para ficar com você.

O olhar de Roy era entristecedor, ainda havia esperança.

Hermione não pode deixar de se comover. Abraçou-o e disse em seu ouvido:

_Ainda seremos amigos para sempre: Você, o Harry e eu. Isso a amizade que sinto por ambos nunca mudou.

Separou-se dele e despediu, deixando um Rony destruído, porém cada vez mais consciente das mudanças que ocorridas durante seu período de loucura.

Momentos depois da saída de Hermione, um sorriso veio juntar-se a tristeza de Rony, era o sorriso brilhante de uma moça de curtos cabelos negros. Carol Ascher era seu nome, assistente do medibruxo responsável pelo tratamento do ruivo. Diariamente acompanhava o progresso da cura dele e passavam horas conversando, descobrindo coincidências entre si e gostos iguais. Hermione observava a conversa entre eles e sorria. Aquele sim era o caminho para a cura de seu amigo, alguém que o amasse de verdade.

Caminhava distraída pelos corredores do hospital quando bateu em alguém. Antes mesmo de ver já sabia quem era somente pela sensação que provocou aquele toque:

_Draco... – disse quase sem voz.

_Hermione. – respondeu tentando parecer indiferente. Tão indiferente quanto era possível diante daquela mulher.

Ela lhe olhou nos olhos e sorriu.

_Estou indo me encontrar com o Dr. Hook, tenho hora marcada. – tentou justificar sua presença ali.

_É, eu sei. Ele havia me avisado. Estou indo naquela direção, podemos ir juntos, se a companhia de uma sangue-ruim não lhe for inconveniente.

O arrependimento lhe perpassou o coração. Amaldiçoava-se todos os dias pelo que havia dito na tentativa de afastá-la, de fazê-la lhe esquecer. Começaram a caminhar juntos com o silêncio que era tão familiar. Ele suspirou fundo e resolveu falar:

_Hermione, desculpe-me por aque...

Ela colocou seu dedo sobre os lábios dele, interrompendo:

_Sabe, aqui tem um belo jardim com estrelas que brilham dia e noite. Você tem tempo até o Dr. Hook chegar, não quer ir lá conhecer? – perguntou sorrindo.

Como resistir aquilo? Porque lutar tanto contra aquele sorriso? Sentia-se fraco em sua vontade de ficar longe porque cada vez mais era atraído a ela.

_Tudo bem. – e a seguiu pelos corredores.

Chegando ao jardim sentaram-se lado a lado em um dos bancos, Hermione jogou sua cabeça para trás para observar as estrelas. Draco a contemplava, tentando fixar cada gesto da mulher.

Look at the stars,

Look how they shine for you,

And everything you do,

Yeah, they were all yellow

_É estranho, não? Que cor acha que elas possuem, Draco?

O loiro levantou seus olhos para ver as estrelas como ela fazia:

_Parecem amarelas para mim.

So then I took my turn,

Oh what a thing to have done,

And it was all Yellow

_Amarelas, hein? Sempre pensei que fossem brancas. Mas olhando bem, parecem mesmo amarelas. – ela fechou os olhos como se estivesse se banhando na luz daquelas estrelas. – afinal, Draco, porque quis me afastar?

Foi pego de surpresa pela pergunta. Não havia como escapar quando ela voltou aqueles orbes castanhos e encarou seus olhos.

_Não sou o melhor para você, Hermione, entenda. Você merece alguém melhor do que eu.

I drew a line,

I drew a line for you,

Oh what a thing to do,

And it was all yellow

_E se eu não quiser alguém melhor? Mas simplesmente quiser apenas você?

_Você não pode, Hermione.

_E porque não? – perguntou voltando-se para as estrelas.

Draco levantou-se e ficou de costas para ela novamente:

_Porque eu decidi assim. Não insista. – e saiu.

Ela sorriu e disse apenas para as estrelas, enquanto segurava seu pingente brilhante entre os dedos:

_Nunca diga o quê posso ou não, Malfoy. Ainda não desisti de te amar.

Look at the stars,

Look how they shine for you,

And all the things that you do

Draco estava confuso. Não sabia o que sentia ainda, sentia necessidade dela, da presença dela, talvez realmente fosse amor. Mas todo esse amor que sentia era como uma lembrança de que precisava se afastar. Chegou ao consultório de Dr. Hook, que já o aguardava:

_Malfoy, como tem passado?

_Bem, não tenho tido crises nos últimos meses.

_Haha, eu sabia que a minha aluna lhe faria bem. Ela te colocou mesmo na linha, hein.

_É, tenho que reconhecer. Ela soube destruir uma vida de maus hábitos.

O sorriso do medibruxo se desfez lentamente:

_Infelizmente, seus exames mostram que a doença continua avançando, apesar dos cuidados e mudanças. Há meses que a evolução deles vem se acelerando.

_É, eu sei.

_Me diga, porque não contou a Granger? Ela como sua medibruxa também deveria saber disso, não entendo porque me pediu segredo e pior ainda, porque a mandou embora.

_Ela não precisa saber que o esforço dela foi em vão. Já disse que estou conformado com minha morte, não preciso de nada além das poções que me garantem  sanidade e evitam as dores.

_Está errado em pensar assim, Draco. Sua mãe me pediu para te ajudar a não desistir de viver. E agora me aparece você, desistindo de tudo.

_O senhor não entenderia.

_Draco! Estou lhe falando agora como amigo de longa data, você tem chances de cura. As pesquisas avançaram muito, estamos perto de algo agora?

_Assim como estavam perto há 7 meses atrás? – sorriu sarcástico. – Não, doutor, estou bem vivendo do jeito que estou. Fico feliz apenas em não sofrer muito.

_Não deveria pensar assim.

_Não penso em outra coisa desde que aquele sangue de lobisomem me contaminou e me levou direto para a morte. Fique feliz que ao menos sou orgulhoso o suficiente para não pensar em suicídio. – levantou-se e seguiu para a porta. – Até mais ver, Dr.

_Draco! Desistir de viver já é suicídio! – a porta então se fechou. – Que menino mais teimoso! Pensei que uma mulher pudesse fazê-lo querer viver, mas acho que estou com um caso perdido em mãos.

Horas depois, Draco jantava com Blaise, um dos poucos amigos que restaram. Aqueles que não foram mortos na guerra ou estavam presos ou não eram considerados seus amigos.

_Cara, você deveria sair um pouco dessa mansão. Viajar, conhecer outros lugares.  Deveria aproveitar o que lhe resta de vida.

_Não sei... não estou a fim de sair.

_Deixa disso, Draco. Vamos lá, ânimo. Prefere ficar aqui se lamentando como um velho do que sair e aproveitar como o jovem que é?

_É, talvez prefira.

Blaise viu o olhar perdido do amigo:

_Draco, você que a mandou embora. Ficar aqui só o fará se lembrar dela. Se quiser que ela o esqueça, talvez devesse tentar esquecê-la primeiro.

Draco ficou pensativo:

_É, talvez eu devesse fazer isso mesmo. Talvez...

Hermione estava deixando sua sala de pesquisa após analisar os resultados dos últimos exames de Draco. Mesmo que ele não quisesse, continuaria a cuidar dele a distância e preocupava se com a progressão dos sintomas de sua doença. Andava apressada quando alguém impediu seu caminho. Olhou e ficou surpresa por quem era:

_Vítor. Não esperava te encontrar aqui, ainda mais a esta hora.

_Eu estarr passando aqui perrto e resolverr te convidarr para jantarr. Fiz mal? – disse oferecendo o braço para a castanha.

_Não... – sorriu. – Na verdade, acho que preciso mesmo me distrair dos meus problemas. Aonde pensa em ir? – segurou em seu braço e saíram caminhando.

Conversaram por horas, até que Vítor ofereceu-se para levá-la em casa. Saíram juntos do restaurante aos risos e não perceberam que ao longe alguém os fotografava. Como um verdadeiro cavalheiro Vítor deixou Hermione na porta de seu apartamento e se foi, apesar de esperara até o último momento por um convite da mulher para entrar.

Hermione novamente não teve uma noite de sono fácil, mas ao menos pode dormir sorrindo lembrando-se do encontro com Draco.

A noite havia passado devagar para o loiro também, pois ficou pensando no que lhe disse Blaise. Será que o melhor seria mesmo se afastar de tudo que a lembrava? Estava indeciso quanto a isso até que viu a edição do Profeta Diário, aonde estava estampada uma fotografia de Hermione e Vítor Krum de braços dados, rindo. A seguinte manchete podia ser lida abaixo da foto:

“Krum e Granger: novo casal?”

“Vítor Krum, famoso jogador de quadribol e Hermione Granger, medibruxa famosa por sua atuação durante a guerra ao lado de Harry Potter, foram vistos ontem saindo de um restaurante como um feliz casal de namorados. Depois do final do conturbado noivado com Ronald Weasley, famoso auror, Hermione parece estar colecionando namorados ricos. Primeiro foi seu suposto envolvimento com Draco Malfoy, visto que por diversas vezes foram vistos juntos em clima de cumplicidade e segundo fontes confiáveis chegaram a morar juntos por alguns meses. Agora, a medibruxa parece ter voltado a se relacionar com seu antigo namorado, Vítor Krum. Hermione e Vítor conheceram-se no Torneio Tribruxo ocorrido em Hogwarts e mantiveram um breve relacionamento.”

E a reportagem continuava traçando um retrospecto do relacionamento de Vítor e Hermione até aquela noite. Draco amassou o pergaminho e o atirou longe. Levantou-se e resolveu conversar com Blaise. Irrompeu na casa do amigo enquanto ele ainda tomava o café:

_A que devo a honra de tal visita, Draco?

_Você já leu?  - disse apontando para o jornal.

_Já. Mas não sei por que está tão irritado. Você não queria exatamente isso, que ela o esquecesse e ficasse com outro? Pronto. Parece que ela estava tentando fazer isso.

_Não é isso! Quero dizer, claro que queria isso, mas... – sentou-se derrotado. – Não esperava que realmente acontecesse. Ontem ela me pareceu decidida a não me esquecer e hoje, isso. Não pensei que doeria tanto.

_Cara, você a ama, admita. E amor dói. Eu sei disso.

A conversa foi interrompida pela entrada de uma morena bonita e sorridente:

_A que devemos essa visita surpresa, Draco?

_Bom dia, Pansy. Como vai?

_Gorda e inchada como uma baleia, mas bem. Não vejo a hora de o nosso filho nascer. – Pansy sorriu e beijou os lábios de Blaise. – Ficarei aliviada em ter meu filho em meus braços ao invés de carregá-lo na barriga. Mas do que falavam? Era sobre a sangu..., digo, a Granger?

_É. Qual outro assunto preferido de nosso amigo nos últimos meses? – disse Blaise entregando o pergaminho a esposa que leu com atenção.

_Mas não era isso que você queria, Draquinho? Então, deixe de bobagem e pare de chorar pelos cantos. O Draco que conheci não era mole como um grifinório, pelo contrário, era um frio sonserino.

_Eu sugeri a ele que viajasse, tirasse umas férias, conhecesse gente nova.

_È, acho que farei isso mesmo, Blaise. A Pansy tem razão, não posso ficar chorando pelos cantos. Sou um sonserino no final das contas. Obrigado pela atenção e desculpem ter atrapalhado o café de vocês.

_Oras, não se preocupe, querido. Você sempre é bem vindo aqui. – respondeu Pansy agarrada ao pescoço do marido.

Draco riu. Ainda não estava acostumado em ver aqueles dois juntos, mesmo que já estivessem casados há quase 3 anos. Despediu-se e antes de sumir nas chamas verdes da lareira disse a Pansy:

_O Draco que você conheceu nunca havia amado de verdade...

Pansy sorriu cúmplice para Blaise. É ele tinha razão. Na verdade, em Hogwarts nenhum deles havia amado alguém verdadeiramente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A música é Yellow do Coldplay. Coloquei pq é uma das músicas do meu começo de namoro e a considero muito especial...

Obrigada pelas reviews que recebi, vocês me inspiram a continuar a escrever. ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um Estudo em Carmim" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.