Um Estudo em Carmim escrita por EveF


Capítulo 3
Capítulo 3 - Desventuras


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. De acordo com minhas expectativas faltam apenas dois para a história terminar, mas vai de vocês. Se quiserem que a história seja um pouco maior é só mandar reviews com a opinião de vocês.Agradeço a todas que me enviaram reviews, minha inspiração vem de vocês.

Esse capítulo parece que está um pouco maior que os outros e tendência é só aumentar.
Boa leitura e espero que gostem.



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Hermione descia a escada ansiosa, não sabia qual seria a reação do Malfoy quando a visse daquele jeito. Nunca havia sido uma mulher de futilidades, mas havia momentos em que caprichava em demonstrar o quanto era linda e este era um desses momentos. Desejou que estivesse tão linda quanto imaginava, de certa forma era algo que devia à ele.

 

Quando chegou aos degraus mais baixos viu o largo sorriso que Draco lhe dava e corou levemente. Ele lhe estendeu a mão ajudando a descer os últimos degraus e ofereceu o braço para a castanha:

 

_Você está linda, Granger. – sussurrou no ouvido da moça. – Sinto que hoje a noite todos me invejarão por ter ao meu lado uma mulher tão bela e fascinante.

 

Hermione arrepiou-se com o calor da respiração dele e com a voz tímida agradeceu o elogio. Sentiu uma sensação de conforto ao ver que realmente agradou aquele homem. Seguiram para a festa, mal sabia o quanto aquela noite seria importante para ambos.

 

#~#~#~# 

 

Chegaram a festa de braços dados e foram imediatamente cercados pelos repórteres, Draco a vez posar para algumas fotos, entrando logo em seguida. Todos os pescoços giravam para ver Draco Malfoy e sua acompanhante e todas as bocas cochichavam quem seria tal mulher.

Apesar de ter um papel tão importante na guerra, quase ninguém sabia como Hermione Granger era e mesmo aqueles que já tinham visto-a não a reconheceriam. Ela estava envolta em tamanha beleza e simpatia que logo todos a elegeram a dama da festa. Draco por sua vez passeava orgulhoso levando pela mão a mulher mais perfeita que já tinha conhecido. Não era como se fosse seu troféu, mas sim como um presente dos céus para dar-lhe um pouco de alento ao desespero que seguia cada uma de suas noites.

 

Mesmo estando em uma festa, Draco tinha negócios a discutir e por isso teve que abandonar Hermione por algum tempo. Ela então vagou um pouco pelo salão e servindo-se de champagne saiu para a varanda. A noite estava fresca e pôs-se a admirar toda a suntuosidade da festa. Nunca havia se imaginado estar numa festa como aquela. Tantas coisas que nunca havia pensado e que agora faziam parte de sua vida, que a castanha admirou-se consigo mesmo. Suas divagações foram cortadas pela voz carregada de sotaque que a chamava:

 

_Herrmyoni? – Perguntou Krum.

 

Ela virou-se assustada para o antigo namorado:

 

_Vítor? – queria que estivesse sonhando. – O que faz aqui?

 

O homem não respondeu, apenas abraçou a moça com vontade e beijou-lhes os cabelos:

 

_Que saudade, Herrmyoni. Sentirr muito a sua falta.

 

Hermione por um momento deixou-se ser abraçada por aquela lembrança do passado e sorriu para Krum:

 

_Também senti saudades! Mas o que faz aqui, tão longe de casa?

 

Vítor afrouxou um pouco o abraço, o suficiente para ver o rosto dela:

 

_Fui convidado pelos anfitriões, eles são acionistas do time de quadrribol em que jogo.  – olhou cada detalhe do rosto dela, alisou a pele da moça e sorriu ainda mais. – Vocêrr estarr linda, Herrmyoni. Linda. – e a abraçou mais uma vez.

 

Hermione sorriu sentindo o calor daquele abraço. Era bom encontrar uma lembrança agradável.

 

_Vocêrr me lembrarr do Baile do torrneio. Estarr ainda mais linda do que naquele dia.

 

O Baile de Inverno. A cena de ciúmes de Rony. O final horrível de uma noite que deveria ter sido perfeita. Rony. Era por isso que havia chorado quando viu o vestido, tão parecido com aquele que usou tão carregado de lembranças dolorosas de um passado que tentava esquecer todos os dias. Ela se soltou dos braços de Krum com lágrimas a brotarem de seus olhos.

 

_O que foi, querrida? Eu disserr alguma coisa errrada?

 

_Não, não. – sua voz estava embargada pelo choro que tentava engolir. – Está tudo bem, só estou chorando de felicidade por ter te encontrado de novo. – não gostava de mentir assim, mas não havia outro caminho.

 

Krum segurou suas mãos e as beijou:

 

 _Não chorrre, querrida. Estarr tudo bem. Aceitarr dançarr comigo?

 

Hermione balançou a cabeça em sinal de afirmação e seguiu para o salão ao lado de Krum. Ele segurou sua cintura, trazendo-a para mais perto e conduziu-a pelo salão em uma dança. Não era um exímio dançarino, mas sua presença era alegre. Começaram a conversar sobre coisas diversas, até que Krum que lhe perguntou:

 

_Não vejo nem Harrry nem Rrrony por aqui. Pensei que você estivesse com eles.

 

Uma nuvem passou pelo rosto de Hermione:

 

_Vim com outra pessoa, Krum.

 

_Mas você não estarr noiva de Rrrony?

 

_Não mais, Vítor, não mais. – e dizendo isso o deixou sozinho no meio do salão.

 

Um par de olhos cinza seguia cada movimento da castanha, a viu dançar com Krum, a rir com ele e deixá-lo sozinho. O dono daqueles olhos pediu licença aos seus anfitriões e foi atrás dela. Encontrou-a chorando silenciosa em um canto afastado do jardim. Sentou-se ao lado dela:

 

_O que ele disse que a fez chorar, Granger?

 

Sem deixar de olhar para o chão, respondeu:

 

_Não disse nada. Eu... eu... só me lembrei de momentos ruins. Não precisa se preocupar comigo, Malfoy. Não sou sua responsabilidade. Nem eu nem minhas lágrimas.

 

_Por que você é tão cabeça dura, Granger? Você é minha empregada, então é minha responsabilidade. Deixe de pensar que não tenho coração. Posso ser arrogante, orgulhoso, mas ainda assim, consigo me comover com uma mulher chorando. – levantou-se e estendeu um lenço.

– Dance comigo. Já disse para não chorar pelas lembranças passadas. Hoje a noite você deve começar a construir novas lembranças e dessa vez, alegres.

 

Hermione pegou o lenço e enxugou as lágrimas, segurando a mão de Draco em seguida. Ao chegar ao salão, Draco dirigiu-se a orquestra e fez um pedido. Depois envolveu a cintura da moça e pegando sua mão, conduziu-a ao som de uma valsa. Nos braços dele, ela pareceu flutuar ao invés de dançar, seus passos eram firmes, mas graciosos. Todos admiravam ainda mais o casal que dançava. Dançaram mais algumas músicas, sempre com leveza e em silêncio. Era incrível como pareciam compreender-se mutuamente apenas com rápidos olhares.

 

Ao perceber que ela sentia-se um pouco cansada, Draco sugeriu que fossem a alguma mesa para descansar. Hermione aceitou prontamente a sugestão. Escolheram uma mesa bem afastada e ele foi buscar bebidas para ambos. Ao aproximar-se do bar, Draco foi abordado por Vítor Krum. Apesar de ele ser maior, o loiro não se deixou intimidar pelo húngaro:

 

_Vítor Krum, que surpresa reencontrá-lo em um baile.

 

_O que vocêrr estarr fazendo dançando com Herrrmyoni?

 

_Ora, você mesmo disse. – sorriu irônico. – Estávamos dançando.

 

_Vocêrr entenderrr minha pergunta, Mafoie.

 

_Não devo explicações a você, Krum. Se sua ex-namoradinha não lhe disse, não serei eu a dizer. Com licença, tenho que fazer companhia a uma dama.

 

Krum olhou intrigado. Desde quando Hermione e Draco eram amigos?

 

#~#~# 

 

_Granger, tenho que terminar alguns negócios. Assim que terminar, poderemos ir.

 

_Não se preocupe comigo, Malfoy. Pode ficar o tempo que quiser, posso voltar para a mansão sozinha.

 

_O que acha que sou, Granger? Você veio comigo e irá embora comigo.

 

_Isso soa muito possessivo vindo de você, Malfoy.

 

_É. Digamos então que essa noite você é minha. Então seja uma boa menina e me obedeça.

 

Os olhos de Hermione estreitaram-se:

 

_Você não é meu dono, Malfoy.

 

_É, tem razão, não sou. Mas ainda assim, hoje estás sob meus cuidados. Acostume-se com a idéia.

 

_Ora, seu...

 

_Discutimos isso em casa. – e caminhou na direção de seus contatos.

 

Ela ficou ali naquela mesa, aguardando enquanto ele discutia com os irlandeses. A noite havia sido divertida, por que ele gostava de estragar as coisas com aquele seu ar petulante?

 

Meia hora depois, ambos se despediam de algumas pessoas e voltaram para a mansão. Ao chegarem, Hermione percebeu algo que a deixou preocupada, Draco exibia um ar cansado mesmo que tentasse disfarçar.

 

_Malfoy, sente-se bem?

 

_Sim, estou bem. Só preciso dormir e claro, tomar todas aquelas poções. – dizendo isso subi as escadas rumo ao seu quarto.

 

Hermione seguiu resignada, será que ele nunca contaria quando estivesse sentindo alguma coisa? Chegou ao seu quarto, tomou um banho e vestiu sua camisola colocando um robe por cima. Foi até o quarto do Malfoy e bateu na porta, pedindo licença para entrar. Encontrou o loiro saindo do banheiro vestindo apenas uma calça preta. Ela corou e suspirou. Nunca se acostumaria a vê-lo assim, mesmo que já tivesse visto muitas e muitas vezes naqueles três meses. Draco sorriu ao ver as bochechas vermelhas dela. Era uma das coisas que mais gostava nela.

 

Tomou todas as poções devidas e iam deitar-se quando uma coruja entrou por sua janela. A coruja posou frente a Hermione e esticou a pata, aonde estava preso um pergaminho. Ela pegou a carta e leu em silêncio, Draco viu a expressão dela se iluminar a cada linha que lia. Ao terminar, estendeu a carta ao loiro que prontamente a pegou. Eram boas notícias. Seus exames mostravam que as poções estavam fazendo dando certo e alguns dos efeitos da doença estavam sendo retardados.

 

_Sabe o que isso significa, não é Malfoy?

 

Ele levantou a moça pela cintura e começou a rodopiar pelo quarto:

 

_Você é realmente incrível, Granger! Estamos a um passo da cura. Estou a um passo de voltar a sonhar! – e ria enquanto rodopiava com ela em seus braços.

 

Hermione compartilhava daquela alegria do loiro, seu trabalho e dedicação estavam surtindo efeito. Ela ria como se houvesse ganhado um elogio da Profª. McGonagall.

 

Com tantos rodopios, ficaram tontos e caíram sobre a cama de Draco. Ele caiu por cima dela, olhando-a como se nunca antes a tivesse visto. Seus lábios soltavam longos suspiros, o robe abriu-se revelando a pele branca do inicio da curva dos seios que subiam conforme respirava. Por um momento seus olhos encontraram-se, era cinza no castanho, eles fecharam-se enquanto as bocas se aproximavam.

 

Draco beijou intensamente aqueles lábios róseos e era retribuído na mesma intensidade. Hermione sentiu seu corpo arrepiar-se quando as mão dele começaram a censurar sua roupa. Ainda de olhos fechados, sentiu seus lábios sendo abandonados em favor do pescoço. Os lábios de Draco exigiam cada pedaço daquela pele macia para seus beijos e suas mãos procuravam pelos caminhos escondidos sob o toque da seda. Nenhum dos dois tinha a exata noção do que faziam, seguindo cada um o instinto de homem e mulher. Malfoy distribuía beijos e mordidas pelo pescoço de Hermione, que havia começado a acariciar os cabelos e as costas dele. Um farfalhar de asas de coruja os fez despertar daquele delírio.

 

Ele levantou a cabeça e a olhou assustado. Ela continuava de olhos fechados, sentindo a pele queimar onde antes havia estado a boca dele. Abriu os olhos lentamente e corou diante daquele olhar confuso que lhe era lançado.

 

Draco saiu de cima dela e foi até a janela. Estava confuso com o que acabará de fazer. Havia sido um erro tentar ter aquela mulher para si por alguns momentos?

 

Ela por sua vez pensava no porque haviam interrompido o contato. Será que ele não a desejava? Pelo contrário, será que sentia nojo dela, de seu “sangue trouxa”? Não esperou pela resposta, fechando o robe saiu do quarto, decidida a não mais voltar ali em nenhuma outra noite.

 

#~#~# 

 

Hermione quase não dormiu durante a noite, sua cama parecia estranha e seu quarto extremamente abafado, como se o ar só existisse em um local da casa. Acordou cedo e desceu para o café pensando em como se encarariam. Mas ao chegar a sala, Cratus lhe avisou que Malfoy havia saído sem tomar sua refeição. Não sabia se respirava aliviada por adiar o encontro fatídico ou se mandava um berrador por causa da irresponsabilidade dele. Achou melhor cuidar de suas pesquisas e estudos, ao menos esqueceria o beijo e o toque do loiro. No final da manhã recebeu uma coruja de Draco com uma mensagem fria e impessoal avisando que não sabia se chegaria para o jantar. Suspirou. Esperava que ao menos ele se lembrasse de comer.

 

Passou o dia naquela mansão e pela primeira vez realmente sentiu solidão ali.  Antes havia a noção de que ele estava sob o mesmo teto, agora nem isso existia e estava lhe incomodando essa sensação. Estava descendo as escadas quando ouviu o som de aparatação no hall. Respirou fundo e criou coragem para falar com ele. Quando atravessou a porta que dava acesso aquele cômodo estancou. Draco havia trazido visitas.

 

#~#~#

 

Draco levantou-se mais cedo que de costume, não conseguiu dormir pensando no que teria acontecido se houvesse continuado. Seria que ela lhe odiaria? Será que entenderia que realmente a desejava? Será que nesse momento ela estaria com nojo dele? Ela havia saído de seu quarto sem dizer nenhuma palavra, sem qualquer reação. Para ele teria sido melhor que houvesse gritado, brigado com ele, o silêncio dela era perturbador. Aproveitou que teria algumas reuniões naquele dia e se preparou para passar o dia fora. Pediu a sua secretária que reservasse um restaurante para o almoço e mandasse algo para o desjejum assim que chegou ao escritório, tinha que manter a rotina estabelecida por Hermione sob o risco de não viver até o dia seguinte se fugisse as regras.

 

O dia passou cansativo, mas compensador. Porém um recado no meio da tarde estragou o seu humor. Era um recado do cicatriz pedindo uma conversa. Qual o assunto que eles teriam em comum? Se fosse a Granger, porque somente agora? Por mais que detestasse ver a cara de panaca de Harry Potter, Draco aceitou o convite.

 

Harry entrou no escritório de Draco com a varinha em mãos, em posição de ataque. Malfoy sorriu irônico:

 

_Veio para conversar ou duelar, Potter? Pensei que duelos fossem proibidos pelo Departamento de Aurores, mas pelo visto, estou mais informado do que você, que é o chefe do departamento.

 

Harry apertou ainda mais a varinha em sua mão:

 

_O que fez com ela, Malfoy? Que tipo de golpe sujo usou para fazer Hermione ficar ao seu lado?

 

_Passou pela sua cabeça que ela veio até mim de sua própria vontade? Ou você acredita que ela não tem vontade própria? Decida-se, Potter, não tenho o dia inteiro para você.

 

Harry abaixou sua mão sentindo-se derrotado. Malfoy tinha razão, a Hermione era destemida o suficiente para tomar esse tipo de decisão sozinha.

 

_Ela é dona de sua própria vida, mas eu não entendo porque decidiu isso. Há três meses que a procuramos, ela simplesmente sumiu sem deixar rastro e quando vejo, está posando para fotos do Profeta Diário ao seu lado. Foi um choque.

 

Draco olhou interrogativo para Potter.

 

_Então a Granger não falou nada a você ou a qualquer um dos pobretões? Nem mesmo ao noivo?

 

_Não. Ela simplesmente deixou um bilhete dizendo que não queria mais se casar com o Rony e sumiu dois meses antes da cerimônia. Você sabe o que aconteceu com ela para tomar essa decisão, Malfoy?

 

_Se ela não contou a você, não seria para mim que contaria. E ademais, mesmo que tivesse me contado eu não diria a você. É um assunto dela.

 

_Você e ela... Não estão juntos, né? Vocês não estão apenas...

 

_Dormindo juntos? Tendo um caso? Não sabia que pensava que sua amiga fosse uma vadia, Potter.

 

_Não penso que a Mi seja assim, seu crápula.

 

_De qualquer forma, Potter, a única coisa que posso fazer é levá-lo até ela. Não te diria nada mesmo que soubesse.

 

_E quando posso ir?

 

_Hoje mesmo se quiser. Mas se ela não quiser falar com você ou se fizer qualquer coisa contra ela, juro que não sairá de lá como chegou. Se ela quiser, podem conversar a vontade. Não irei impedir ou atrapalhar.

 

_E porque faria isso?

 

_Com certeza não é por sua causa.

 

#~#~#

 

Aparataram no hall de entrada e logo Draco ouviu o som dos passos dela. Quando a porta de abriu, ele a viu se petrificar. Caminhou até ela e segurou sua mão, puxando-a levemente para si enquanto sussurrava em seu ouvido:

 

_Ele quer conversar com você. Se não quiser, eu o expulso. A decisão é sua.

 

Hermione respondeu no mesmo tom de voz, ainda um pouco assustada:

 

_Tudo bem, conversarei com ele.

 

Draco beijou os cabelos dela e saiu, deixando-os a sós.

 

Harry olhava abismado a cena que passava diante de seus olhos. Malfoy parecia ter todo um cuidado com sua amiga e ela parecia retribuir em confiança. Nunca imaginou algo do tipo em toda a sua vida. Cauteloso aproximou-se dela e pegou sua mão:

 

_Mi, porque você está aqui? Ele fez alguma coisa para te obrigar a morar com ele?

 

Já refeita do susto, Hermione puxa sua mão da de Harry:

 

_Acha que não consigo tomar minhas próprias decisões, Harry? Que eu realmente preciso ser obrigada a morar com o Malfoy? Por favor, sou crescida o suficiente para decidir sobre minha vida de livre e espontânea vontade.

 

Harry começou a rir.

 

_Do que está rindo, Harry? Eu disse alguma piada?

 

_Não... Mas falou igual ao Malfoy agora quando perguntei a ele sobre você.

 

_E o que ele te respondeu?

 

_Me disse que nunca me diria, mesmo que soubesse. Mas permitiu que viesse até aqui para conversar com você. A convivência com ele está te afetando...

 

_Não está não, Harry. E se veio aqui para rir de mim ou me criticar, melhor ir embora.

 

_Desculpa, Mi. Eu... Nós. Estávamos preocupados. Dois meses antes do casamento você some sem dar qualquer explicação. Te procuramos, mas ninguém sabia nada sobre você. Até que hoje vi sua foto no Profeta com o Malfoy. Consegue imaginar o tanto de coisas ruins que imaginei?

 

_Harry, foi o melhor a ser feito. E não quero falar sobre isso.

 

_Tudo bem. Só me diga uma coisa: que tipo de relação mantém com o Malfoy? Ele te trata bem?

 

_Minha relação com ele é estritamente profissional, Harry. Sou apenas a medibruxa particular dele.

 

Ela se pegou pensando no beijo da noite anterior e no quanto queria que sua relação com ele fosse além do profissional.

 

_Ufa. Imagino o que o Ron diria se soubesse que está morando com o Malfoy.

 

Hermione despertou de seus devaneios ante a citação do nome de seu ex-noivo.

 

_Ele não sabe ainda?

 

_Não. Só a Gina e eu. Aliás, só ela te reconheceu naquela foto e então me avisou. Acho que o Ron ainda não sabe, mas nem tenho como confirmar. Desde que você sumiu quase não o vejo. Tornou-se recluso, ele está sofrendo muito por sua causa, Mi.

 

_Não me importa. Se quiser continuar sabendo de mim, Harry, não conte ao Ron que sabe onde estou. Se fizer isso, pode ter certeza que sumo outra vez.

 

_Mi, o que aconteceu para agir assim em relação ao Ron? O que aconteceu entre vocês?

 

_Não te interessa. Agora se me der licença, tenho coisas a fazer.

 

_Só uma última coisa, Mi. A Gina quer saber se pode vê-la. Ela está com saudades, sabe.

 

_Pode. Se o Malfoy permitir, acho que ela poderia até mesmo vir aqui.

 

_Ele não está te tratando como prisioneira, está?

 

_Não, Harry. Mas a casa é dele, então ele deve permitir que visitas receber. Sou livre para ir e vir dessa casa, mas não posso controlar quem entra ou quem sai.

 

_Entendo. Vou indo, Mi. – abraçou a castanha com carinho. – Se o Malfoy te fizer alguma coisa, me avise. Não confio nele.

 

_Não se preocupe, Harry. Sei lidar com o Malfoy.

 

Harry então desaparatou e Hermione dirigiu-se a sala de jantar onde certo loiro a estaria esperando. Assim que entrou na sala de jantar, Malfoy lhe perguntou:

 

_Ele já foi? Nem esperou meu convite para jantar? Que mal educado, esse seu amigo, Granger.

 

_Não acredito que você sinta realmente isso, Malfoy. Mas em todo caso, na próxima vez que ele vier, poderá convidá-lo.

 

_Próxima vez? Ah, é, não te ouvi chamando o St. Mungus, então devo concluir que fez as pazes com o cicatriz. Quanto tempo mais para voltar para o cabelo de fogo? – a feição de Draco estava tranqüila, mas por dentro começava a sentir ciúmes da castanha.

 

Hermione respirou profundamente tentando controlar-se:

 

_Não diga bobagens, Malfoy. Pensei que fosse mais inteligente que isso. Não quero nem pretendo voltar para o Ronald. Ele é água passada, prefiro construir um futuro sem ele.

 

Draco sorriu. Era uma boa resposta e acalmava a serpente que havia dentro de si. Ela se sentia livre. Pena que ele não poderia dizer o mesmo...

 

_Bem, vamos jantar. Cratus, pode servir.

 

Hermione retribuiu o sorriso. Seguiu-se o silêncio comum a todas as refeições dos dois, mas dessa vez ambos sentiam que havia muito que se falar, principalmente sobre a noite passada. Mas nenhum deles dizia a primeira palavra.

 

Mais tarde naquela mesma noite, ao terminar de tomar suas poções, Draco de costas para Hermione, diz:

 

_Granger... Sobre ontem. Bem, quero pedir desculpas. Não devia ter te atacado daquele jeito, não sei o que se passava pela minha cabeça. Espero que me perdoe e não me odeio mais do já odeia. – para ele era difícil dizer aquilo, cada uma daquelas palavras saiam de sua boca com dificuldade. Ele havia percebido que a queria, mas que não poderia desejar isso.

 

Hermione olhou para ele sem saber o que dizer. Não queria que lhe pedisse desculpas, queria que beijá-lo de novo. Mas suspirou. Talvez fosse melhor assim.

 

_Tudo bem, Draco. – disse quando saia do quarto. – Mas não achei ruim o que acontece ontem. E definitivamente, não te odeio.

 

Draco virou-se, mas a porta já estava fechada e se encontrava sozinho no quarto. Havia mesmo entendido direito? Seus ouvidos não o haviam enganado? Pela primeira vez a castanha o havia chamado pelo seu primeiro nome e ainda disse que não o odiava. Ele tinha chances. Mas que chances tinham se estava condenado a morrer? Deitou-se em sua cama e dormiu feliz.

 

Hermione não compreendia porque disse o nome dele. Mas admirou sua coragem. Adormeceu pensando que afinal ele não havia nojo dela, simplesmente não queria que o odiasse. Será que havia uma chance? O que realmente sentia pelo loiro?

 

#~#~#

 

Enquanto todos dormiam, em algum canto obscuro de Londres, móveis eram quebrados por um homem ruivo enquanto um exemplar do Profeta Diário com a foto de Hermione e Draco pousava amassado em um canto. Ele não conseguia suportar a idéia de que sua mulher estava com a “fuinha oxigenada”. Ela era dele, sempre foi. Preferia matá-la do que vê-la com outro homem.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Deixem reviews ^^